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RÁDIO ARREBENTA!!!!!!
Galdino Luiz Ramos Júnior
DIREITO DAS FAMÍLIAS
Capítulo 1. Da Família
A) Um breve Histórico:
A concepção de Família vai se desenvolvendo e alterando-se com o decorrer do caminhar
histórico da humanidade.
Concepções de família encontram-se em diversos momentos da história humana, desde os
tempos primitivos, até a modernidade.
No exame do direito primitivo e sua concepção de família, Friedrich Engels aborda o tema
em seu “A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado”
Na citada obra, Engels, utilizando-se dos ensinamentos de Lewis Morgan, fala da
existência de “endogamia” e “exogamia” nas tribos primitivas, sem que tais termos
indicassem oposição quanto à família.
“Na época, contudo, em que dominava o casamento grupal –e provavelmente existiu
por toda parte, em dado momento – a tribo se dividiu num certo número de grupos,
de gens consanguíneos por linha materna, dentro dos quais estava rigorosamente
proibido o casamento, de modo que os homens podiam certamente tomar suas esposas
dentro da própria tribo, mas tinham de tomá-las fora de sua gens. Assim, se as gens
eram rigorosamente exógamas, a tribo, que compreendia a totalidade das gens, era,
na mesma medida, endógama.”
- Interessante que, em um primeiro momento da concepção de FAMÍLIA, esta baseava-se da
análise da filiação contada segundo a linha feminina, segundo o direito materno (como os
homens viviam em promiscuidade, impossível de se estabelecer, com segurança, a
paternidade).
“Por conseguinte, as mulheres, como mães, como únicos genitores conhecidos da nova
geração, gozavam de elevado grau de apreço e consideração chegando, segundo afirma
Bachofen, ao domínio feminino absoluto (ginecocracia)”. (Engels, em obra citada acima)
1. MATRIMONIALIZADA;
2. PATRIARCAL;
3. HIERARQUIZADA;
4. HETEROPARENTAL;
5. BIOLÓGICA ;
6. INSTITUCIONAL COMO UNIDADE DE PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO
DIREITO DAS FAMÍLIAS
B) CONCEITO DE FAMÍLIA
C) MODELOS DE FAMÍLIA
Vários doutrinadores estabelecem modelos de famílias observadas na atual sociedade contemporânea, a
partir de dois núcleos básicos: o CONJUGAL e o PARENTAL. Vejamos.
1. família matrimonial;
2. família por união estável;
3. família homoafetiva;
4. família mosaico;
5. família monoparental;
6. família parental;
7. família paralela
8. família poliafetiva
DIREITO DAS
FAMÍLIA
MODELOS DE FAMÍLIA
Quadro retirado da obra de Felipe
Quintella e Elpídio Domizetti.
Curso de Direito Civil.
Jurisprudência...
1. Embora criado pela Constituição Federal como guardião do direito infraconstitucional, no estado atual em que se
encontra a evolução do direito privado, vigorante a fase histórica da constitucionalização do direito civil, não é possível ao
STJ analisar as celeumas que lhe aportam “de costas” para a Constituição Federal, sob pena de ser entregue ao
jurisdicionado um direito desatualizado e sem lastro na Lei Maior. Vale dizer, o Superior Tribunal de Justiça, cumprindo
sua missão de uniformizar o direito infraconstitucional, não pode conferir à lei uma interpretação que não seja
constitucionalmente aceita.
2. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento conjunto da ADPF n. 132/RJ e da ADI n. 4.277/DF, conferiu ao art. 1.723
do Código Civil de 2002 interpretação conforme à Constituição para dele excluir todo significado que impeça o
reconhecimento da união contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar, entendida
esta como sinônimo perfeito de família.
Jurisprudência
3. Inaugura-se com a Constituição Federal de 1988 uma nova fase do direito de família e, consequentemente, do
casamento, baseada na adoção de um explícito poliformismo familiar em que arranjos multifacetados são igualmente
aptos a constituir esse núcleo doméstico chamado “família”, recebendo todos eles a “especial proteção do Estado”.
Assim, é bem de ver que, em 1988, não houve uma recepção constitucional do conceito histórico de casamento,
sempre considerado como via única para a constituição de família e, por vezes, um ambiente de subversão dos ora
consagrados princípios da igualdade e da dignidade da pessoa humana. Agora, a concepção constitucional do
casamento – diferentemente do que ocorria com os diplomas superados – deve ser necessariamente plural, porque
plurais também são as famílias e, ademais, não é ele, o casamento, o destinatário final da proteção do Estado, mas
apenas o intermediário de um propósito maior, que é a proteção da pessoa humana em sua inalienável dignidade.
4. O pluralismo familiar engendrado pela Constituição – explicitamente reconhecido em precedentes tanto desta Corte
quanto do STF – impede se pretenda afirmar que as famílias formadas por pares homoafetivos sejam menos dignas
de proteção do Estado, se comparadas com aquelas apoiadas na tradição e formadas por casais heteroafetivos.
5. O que importa agora, sob a égide da Carta de 1988, é que essas famílias multiformes recebam efetivamente a
“especial proteção do Estado”, e é tão somente em razão desse desígnio de especial proteção que a lei deve facilitar
a conversão da união estável em casamento, ciente o constituinte que, pelo casamento, o Estado melhor protege
esse núcleo doméstico chamado família.
Jurisprudência
6. Com efeito, se é verdade que o casamento civil é a forma pela qual o Estado melhor protege
a família, e sendo múltiplos os “arranjos” familiares reconhecidos pela Carta Magna, não há de
ser negada essa via a nenhuma família que por ela optar, independentemente de orientação
sexual dos partícipes, uma vez que as famílias constituídas por pares homoafetivos possuem
os mesmos núcleos axiológicos daquelas constituídas por casais heteroafetivos, quais sejam, a
dignidade das pessoas de seus membros e o afeto.
7. A igualdade e o tratamento isonômico supõem o direito a ser diferente, o direito à
autoafirmação e a um projeto de vida independente de tradições e ortodoxias. Em uma palavra:
o direito à igualdade somente se realiza com plenitude se é garantido o direito à diferença.
Conclusão diversa também não se mostra consentânea com um ordenamento constitucional
que prevê o princípio do livre planejamento familiar (§ 7º do art. 226). E é importante ressaltar,
nesse ponto, que o planejamento familiar se faz presente tão logo haja a decisão de duas
pessoas em se unir, com escopo de constituir família, e desde esse momento a Constituição
lhes franqueia ampla liberdade de escolha pela forma em que se dará a união.
Jurisprudência
8. Os arts. 1.514, 1.521, 1.523, 1.535 e 1.565, todos do Código Civil de 2002, não vedam
expressamente o casamento entre pessoas do mesmo sexo, e não há como se enxergar
uma vedação implícita ao casamento homoafetivo sem afronta a caros princípios
constitucionais, como o da igualdade, o da não discriminação, o da dignidade da pessoa
humana e os do pluralismo e livre planejamento familiar.
9. Não obstante a omissão legislativa sobre o tema, a maioria, mediante seus
representantes eleitos, não poderia mesmo “democraticamente” decretar a perda de
direitos civis da minoria pela qual eventualmente nutre alguma aversão. Nesse cenário, em
regra é o Poder Judiciário – e não o Legislativo – que exerce um papel contramajoritário e
protetivo de especialíssima importância, exatamente por não ser compromissado com as
maiorias votantes, mas apenas com a lei e com a Constituição, sempre em vista a proteção
dos direitos humanos fundamentais, sejam eles das minorias, sejam das maiorias. Dessa
forma, ao contrário do que pensam os críticos, a democracia se fortalece, porquanto esta
se reafirma como forma de governo, não das maiorias ocasionais, mas de todos.
Jurisprudência
Decisão: O Tribunal, por maioria, apreciando o Tema 529 da repercussão geral, negou
provimento ao recurso extraordinário, nos termos do voto do Relator, vencidos os Ministros
Edson Fachin, Roberto Barroso, Rosa Weber, Cármen Lúcia e Marco Aurélio. Em seguida foi
fixada a seguinte tese: “A preexistência de casamento ou de união estável de um dos
conviventes, ressalvada a exceção do artigo 1723, § 1º, do Código Civil, impede o
reconhecimento de novo vínculo referente ao mesmo período, inclusive para fins
previdenciários, em virtude da consagração do dever de fidelidade e da monogamia pelo
ordenamento jurídico-constitucional brasileiro”.
I. Presente prova categórica de que o relacionamento mantido entre a requerente e o falecido entre 08/2000 e a
data do óbito dele se dava nos moldes do artigo 1.723 do Código Civil, mas também a higidez do vínculo
matrimonial do de cujus até o mesmo momento. Caso provada a existência de relação extraconjugal
duradoura, pública e com a intenção de constituir família, ainda que concomitante ao casamento e sem a
separação de fato configurada, deve ser, sim, reconhecida como união estável, mas desde que o cônjuge não
faltoso com os deveres do casamento tenha efetiva ciência da existência dessa outra relação fora dele, o que
aqui está devidamente demonstrado. Ora, se a esposa concorda em compartilhar o marido em vida, também
deve aceitar a divisão de seu patrimônio após a morte, se fazendo necessária a preservação do interesse de
ambas as células familiares constituídas.
Em havendo transparência entre todos os envolvidos na relação simultânea, os
impedimentos impostos nos artigos 1.521, inciso VI, e 1.727, ambos do Código Civil,
caracterizariam uma demasiada intervenção estatal, devendo ser observada sua vontade
em viver naquela situação familiar. Formalismo legal que não pode prevalecer sobre
situação fática há anos consolidada. Sentimentos não estão sujeitos a regras, tampouco a
preconceitos, de modo que, ao analisar as lides que apresentam paralelismo afetivo,
indispensável que o julgador decida com observância à dignidade da pessoa humana,
solidariedade, busca pela felicidade, liberdade e igualdade. Deixando de lado
julgamentos morais, certo é que casos como o presente são mais comuns do que
pensamos e merecem ser objeto de proteção jurídica, até mesmo porque o preconceito
não impede sua ocorrência, muito menos a imposição do “castigo” da marginalização vai
fazê-lo. Princípio da monogamia e dever de lealdade estabelecidos que devem ser revistos
diante da evolução histórica do conceito de família, acompanhando os avanços sociais.
II. Reconhecida a união estável e o casamento simultâneos, como no presente, a
jurisprudência da Corte tem entendido necessário dividir o patrimônio adquirido no
período da concomitância em três partes, o que se convencionou chamar de “triação”.
Não se pode deixar de referir que o caso se centrou mais no reconhecimento da união
estável, de modo que inviável afirmar aqui e agora, com segurança, quais são exatamente
os bens amealhados no período. Além disso, ao que tudo indica, a partilha de bens do
falecido já foi realizada entre os anteriores herdeiros, enquanto que os filhos maiores e
capazes desse não participaram do processo, mas apenas a cônjuge, razão pela qual não
podem ter seu direito atingido sem o exercício do contraditório e da ampla defesa. Ao
juízo de família, na ação proposta, compete apenas reconhecer ou não a existência da
afirmada relação estável da demandante com o de cujus e a repercussão patrimonial a
que essa faz jus, sendo que a extensão dos efeitos patrimoniais que são próprios à
condição de companheira deverá ser buscada em demanda própria.
Apelação parcialmente provida, por maioria.
(TJRS, Apelação Cível 0238235-81.2019.8.21.7000, 8ª Câmara Cível, relator:
Des. José Antônio Daltoé Cezar, data do julgamento: 08/10/2020.)
MARIA BERENICE DIAS – MANUAL DE DIREITO DAS FAMÍLIA
A Autora cita, por sua vez, alguns tipo de NOVAS FAMÍLIAS, seguindo a evolução da
sociedade. Vejamos.
RÁDIO ARREBENTA!!!
DIREITO DAS
FAMÍLIAS
2022.
CAPÍTULO 18 - AMORES PLURAIS
A) Família Simultânea
B) Família Poliafetiva, Poliamor, Poliamorismo, Poliamorosa.
Qual a Diferença?
R – A diferença está no aspecto ESPACIAL. Na família simultânea, temos unidades
familiares distintas, ou seja, são mantidas duas ou mais famílias, com seus caracteres
legais. Cada uma vivendo em sua residência. Na poliafetiva, temos uma única entidade
familiar. Tem-se um verdadeiro casamento, com um diferença: o número de integrantes.
FAMÍLIA POLIAFETIVA
RÁDIO
ARREBENTA!!!
C) FAMÍLIA COPARENTAL
“Quanto as pessoas querem apenas ter filhos, mas não querem estabelecer uma relação de
conjugalidade, ou nem mesmo uma relação sexual. Assim, escolhem alguém para fazerem
uma parceria e conceberem o filho via inseminação artificial.
O filho é registrado em nome de ambos. É estabelecida uma paternidade compartilhada em
que os dois exercem o poder familiar.” (Rodrigo da Cunha Pereira)
D) FAMÍLIA MULTIPARENTAL
§ 8º O enteado ou a enteada, havendo motivo ponderável e na forma dos §§ 2º e 7º deste artigo, poderá requerer ao
juiz
competente que, no registro de nascimento, seja averbado o nome de família de seu padrasto ou de sua
madrasta,
desde que haja expressa concordância destes, sem prejuízo de seus apelidos de família." (NR)
E) FAMÍLIA MULTIESPÉCIE
Família formada com os donos e seus animais de estimação. Animais seres sencientes.
Cada vez mais se fala em guarda compartilhada dos animais, direito de visita, etc..
DIREITO DAS FAMÍLIAS
Civil e Processual Civil. Família. Abandono afetivo. Compensação por dano moral.
Possibilidade. 1. Inexistem restrições legais à aplicação das regras concernentes
à responsabilidade civil e o consequente dever de indenizar/compensar no Direito
de Família. 2. O cuidado como valor jurídico objetivo está incorporado no
ordenamento jurídico brasileiro não com essa expressão, mas com locuções e
termos que manifestam suas diversas desinências, como se observa do art. 227
da CF/1988. 3. Comprovar que a imposição legal de cuidar da prole foi
descumprida implica em se reconhecer a ocorrência de ilicitude civil, sob a forma
de omissão. Isso porque o non facere, que atinge um bem juridicamente tutelado,
leia-se, o necessário dever de criação, educação e companhia – de cuidado –,
importa em vulneração da imposição legal, exsurgindo, daí, a possibilidade de se
pleitear compensação por danos morais por abandono psicológico.
JURISPRUDÊNCIA
“o dano moral exige extrema cautela no âmbito do direito de família, pois deve
decorrer da prática de um ato ilícito, que é considerado como aquela conduta que
viola o direito de alguém e causa a este um dano, que pode ser material ou
exclusivamente moral. Para haver obrigação de indenizar, exige-se a violação de
um direito da parte, com a comprovação dos danos sofridos e do nexo de
causalidade entre a conduta desenvolvida e o dano sofrido, e o mero
distanciamento afetivo entre pais e filhos não constitui, por si só, situação capaz
de gerar dano moral” (TJRS, Apelação Cível n. 0087881-15.2017.8.21.7000, Porto
Alegre, Sétima Câmara Cível, Relª Desª Liselena Schifino Robles Ribeiro, julgado
em 31/05/2017, DJERS 06/06/2017)”
JURISPRUDÊNCIAS
O planejamento familiar cabe à família; decisão do casal. O Estado contribui com esse
planejamento.
“Artigo.Art.
1513 É defeso a qualquer
1.513. É defeso a qualquerpessoa,
pessoa,de
de direito público ou
direito público ouprivado,
privado, interferir na
comunhão de vida instituída
interferir pela família.”
na comunhão de vida instituída pela família.
E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DIZ – artigo 226:
B) Conceitos:
A noção de “casamento” vai se alterando com o decorrer do tempo e os novos modelos de
família.
Vejamos alguns conceitos:
CLÓVIS BEVILÁQUA – 1904:
“Matrimônio é a união permanente entre o homem e a mulher, de acordo com a lei, a fim de se
reproduzirem, de se ajudarem mutuamente e de criarem os seus filhos.”
WASHINGTON
DE BARROS
MONTEIRO
ORLANDO GOMES (livro de 1994):
“O casamento é o vínculo jurídico entre o homem e a mulher que visa o auxílio mútuo
material e espiritual, de modo que haja uma integração fisiopsíquica e a constituição de
uma família.”
MARIA HELENA
DINIZ
MARIA BERENICE DIAS (Manual de Direito das Famílias):
“Casamento tanto significa o ato da celebração como a relação jurídica que dele se
origina: a relação matrimonial. O sentido da relação matrimonial melhor se expressa pela
noção de comunhão de vida, ou comunhão de afetos. O ato do casamento cria um
vínculo entre os noivos, que passam a desfrutar do estado de casados. A plena comunhão
de vida é o efeito por excelência do casamento.”
Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald
C) NATUREZA JURÍDICA
Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização
de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade
civil.
Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no parágrafo
único do art. 1.631. Art. 1.518. Até a celebração do casamento podem os pais ou tutores
revogar a autorização. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)