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o PRINCÍPIO DA IGUALDADE ENTRE OS CONJUGUES E

COMPANHEIROS (ART. 226, §5º/CF; ART. 1511/CF) - Há


equivalência de papéis, sendo a família regida por ambos. Em
caso de dúvidas, cabe ao juiz dirimir os conflitos
1º BIMESTRE
DIREITO DE FAMÍLIA o PRINCÍPIO DA NÃO INTERVENÇÃO OU LIBERDADE (ART.
1513/CC; ENUNCIADO 99/STJ) - Proíbe a interferência de
O Direito de família é a área do direito que detém normas qualquer pessoa ou do Estado na constituição da família,
relativas à estrutura, proteção e organização da família. Trata defende seu livre planejamento, a forma do regime de bens,
das relações familiares e dos direitos e deveres referentes a a forma como administrar o patrimônio da família e o pleno
essas relações. É o ramo do Direito que orienta e institui as exercício do poder familiar. Vale ressaltar que esse princípio
normas de convivência familiar. diz respeito não somente à criação, manutenção ou extinção
Dentre os ordenamentos jurídicos que norteiam essa das configurações familiares, mas a sua permanente
aérea, estão: constituição e reinvenção. Não cabe ao Estado ou à sociedade
CF; regular deveres que restringem a liberdade, a intimidade e a
CC; vida privada do indivíduo, quando essas não repercutem no
ECA; interesse público.
Lei de alienação parental (Lei 12.318/2010);
o PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL (ART. 226/CF) - A
função social da família é propiciar um ambiente saudável
para o desenvolvimento de seus membros de forma digna,
principalmente para os filhos menores, pois estes estão se
moldando de acordo com os valores que lhe são repassados.

o PRINCÍPIO DO MAIOR INTERESSE DA CRIANÇA E DO


ADOLESCENTE (ART.227, CAPUT/CF; ART. 1583/CC; ART.
1584/CC; ART. 3º/ECA; ART. 4º/ECA) - Este princípio está
pautado no artigo 227 da Constituição, mencionado ao longo
PRINCÍPIOS DO DIREITO DE FAMÍLIA deste texto, o qual menciona que é dever da sociedade,
o PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA (ART. família e Estado assegurar à criança, adolescente e ao jovem
1º, III/CF) - Está previsto no Art. 1º, Inciso III, da Constituição direitos fundamentais, como o direito à vida, à liberdade, à
Federal de 1988 que o nosso Estado Democrático de Direito dignidade, à educação, ao convívio familiar e ao respeito.
tem como fundamento a dignidade da pessoa humana, sendo
considerado o princípio dos princípios. Diante disto, a pessoa
é supervalorizada e o patrimônio perde importância. o PRINCÍPIO DA PATERNIDADE/PARENTALIDADE
RESPONSÁVEL, E PLANEJAMENTO FAMILIAR (ART. 227, §7º/CF) -
o PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE FAMILIAR (ART. 3º, O princípio da paternidade responsável significa
I/CF) - Por definição, solidariedade é a ligação recíproca entre responsabilidade e está começa na concepção e se estende
duas ou mais pessoas ou responsabilidade recíproca entre os até que seja necessário e justificável o acompanhamento dos
membros de uma comunidade. Trazendo para o contexto filhos pelos pais, respeitando-se assim, o mandamento
familiar, podemos entender como respeito e preocupação um constitucional do art. 227, que nada mais é do que uma
com o outro. garantia fundamental. O planejamento familiar é uma decisão
livre do casal, sendo que não existe qualquer interferência do
Estado nesta questão, porém é de inteira responsabilidade
o PRINCÍPIO DA IGUALDADE ENTRE OS FILHOS (ART. 227, dos pais a convivência com os filhos menores.
§6º/CF; ART. 1596/CC) - Previsto na Constituição Federal e
também no Código Civil, ambos dizem que não pode haver
discriminação entre filhos, havidos ou não dentro do o PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO AO IDOSO (ART. 230/CF;
casamento, e que eles terão os mesmos direitos e ART. 164, III/CF; ESTATUTO DO IDOSO) - O Estatuto do Idoso
qualificações. determina que pessoas com idade igual ou superior a 60
(sessenta) anos sejam destinatárias de uma prioridade com
imediata aplicação aos direitos fundamentais intrínsecos à haja conjugalidade entre elas e sem vínculo de ascendência
pessoa humana, assegurando-lhes todas as oportunidades e ou descendência.
facilidades, para a preservação de sua saúde física e mental UNIPESSOAL: É aquela formada por uma única pessoa, seja
e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, ela solteira, separada, divorciada ou viúva.
em condições de liberdade e dignidade.
HOMOAFETIVA: É a entidade familiar caracterizada pela
união de pessoas do mesmo sexo que se baseia no afeto,
CONCEPÇÃO CONSTITUCIONAL DE FAMÍLIA (ART. 226/CF) amor, respeito e comunhão de vida. Reconhecida a partir da
A família representa a união entre pessoas que possuem ADI 4277 e ADPF 132/RJ.
laços sanguíneos, de convivência e baseados no afeto. POLIAFETIVA: É a união conjugal formada por mais de duas
Segundo a Constituição brasileira, o conceito de família pessoas convivendo em interação e reciprocidade afetiva
abrange diversas formas de organização fundamentadas na entre si. Reconhecimento doutrinário.
relação afetiva entre seus membros. PARALELA: É aquela que se opõe ao princípio da
PLURAL: A Constituição Federal de 1988 adotou a monogamia, a qual um dos cônjuges participa, paralelamente
possibilidade do pluralismo familiar, ou seja, o a primeira família, como cônjuge de outra (s) família (s).
reconhecimento de diversas entidades familiares, Reconhecimento doutrinário.
modificando o entendimento anterior, no qual família era MOSAICO OU PLURIPARENTAL: São aquelas que advêm de
apenas aquela constituída através do matrimônio. uma família monoparental, que, como já se definiu, é aquela
FLEXÍVEL: No âmbito do direito de família, assiste-se ao composta por um dos genitores e seus descendentes,
ingresso de novos sujeitos e ao reconhecimento de outras independentemente da causa que lhe deu origem.
relações, abandonando-se o sistema da unicidade de modelo Reconhecimento doutrinário.
pelo casamento. Se abandonou o conceito formal para adotar
conceito flexível e instrumental que reconhece como família
outras comunidades não constituídas pelo casamento e CASAMENTO
mesmo comunidades materialmente separadas, desde que Casamento é a união voluntária entre duas pessoas que
mantenham como objetivo a função social à qual se destinam. desejam constituir uma família, formando um vínculo conjugal
EXEMPLIFICATIVO: A Constituição Federal de 1988 trata da que está baseado nas condições dispostas pelo direito civil.
Família no Art. 226, trazendo um rol exemplificativo, o qual
não exclui a possibilidade de outros modelos de entidade NATUREZA JURÍDICA DO CASAMENTO
familiar. Teoria clássica: religiosa, prole
Teoria institucional: função social, casamento civil
ESPÉCIES DE FAMÍLIA Teoria contratualista: contrato de natureza especial
Atualmente, o Direito de família segue o modelo Teoria mista ou eclética: instituição como seu
eudemonista, o qual considera a busca de uma vida feliz, seja contrato, comunhão plena de vida
em âmbito individual, seja coletivo, o princípio e fundamento
dos valores morais, julgando eticamente positivas todas as CARACTERÍSTICAS DO CASAMENTO
ações que conduzam o homem à felicidade. São espécies de Solenidade
família: Normas públicas
CASAMENTO CIVIL: É a união entre duas pessoas, que Comunhão plena de vida
estabelecem comunhão plena de vida, com base na igualdade Não comporta termo ou condição (puro e simples)
de direitos e deveres. Liberdade dos nubentes
UNIÃO ESTÁVEL: É uma relação lícita, ou seja, sob a guarda Finalidade do casamento
e proteção legal, entre homem e mulher, em constituição de
família. Pode-se dizer que as principais finalidades do casamento
MONOPARENTAL: Pode ser definida como um arranjo consistem em estabelecer comunhão de vida, regulando-se as
familiar composto pelo pai ou pela mãe, que podem estar na relações sexuais; gerar filhos, cuidar deles e lhes dar
condição de solteiros, separados, divorciados ou viúvos, e educação; primar pela manutenção e mútua assistência entre
seus filhos. os cônjuges, e gerar estabilidade familiar, isto é, o casamento
ANAPARENTAL: É aquela formada entre irmãos, primos ou será um vínculo jurídico entre os cônjuges com o fim de
pessoas que têm uma relação de parentesco entre si, sem que constituir e firmar família, célula inicial da sociedade.
acordo com o CC. Então, desde os 16 anos de idade, é
AFFECTIO MARITALES: É a intenção de constituir família, perfeitamente possível contrair matrimônio, contanto que se
requisito subjetivo para o estabelecimento de uma união tenha autorização dos representantes legais.
estável, devendo já estar presente no momento em que se Maior de 16 anos e menor de 18 anos: Poderá casar aquele
busca o reconhecimento da entidade familiar. que tiver entre 16 e 18 anos com a autorização de ambos os
responsáveis. Em caso de não concordância de um, ou de
ambos os genitores, por justificativa injusta, caberá
HABILITAÇÃO PARA O CASAMENTO suprimento judicial.
O requerimento de habilitação para o casamento será
firmado por ambos os nubentes, de próprio punho, ou, a seu
pedido, por procurador. Não deve haver impedimento, bem IMPEDIMENTOS PARA O CASAMENTO
como os nubentes devem apresentar capacidade para o ato. Os impedimentos são causas que impossibilitam a
Deve ser instruído com os seguintes documentos: realização do casamento por algum motivo. Os impedimentos
Certidão de nascimento ou documento equivalente. podem ser desconhecidos até o momento da celebração do
Autorização por escrito das pessoas sob cuja casamento. Caso o juiz ou oficial de registro tiver
dependência legal estiverem, ou ato judicial que a conhecimento da existência de algum impedimento, será
supra. obrigado a declará-lo. Caso seja celebrado, o casamento será
Declaração de suas testemunhas maiores, parentes considerado nulo/anulável.
ou não, que atestem conhecê-los e afirmem não Os impedimentos são agrupados em três grupos:
existir impedimento que os iniba de casar. impedimentos resultantes de parentesco; impedimentos
Declarações do estado civil, do domicílio e da resultante de casamento anterior e impedimentos resultante
resistência atual dos contratantes e de seus pais, se de crime.
forem conhecidos. IMPEDIMENTOS RESULTANTES DE PARENTESCO:
Certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença Os ascendentes com os descendentes, seja o
declaratória de nulidade ou de anulação de parentesco natural ou civil;
casamento, transitada em julgado, ou de registro da Os afins em linha reta;
sentença de divórcio.
O adotante com quem foi cônjuge do adotado e o
adotado com quem o foi do adotante;
Os interessados em realizar o casamento devem procurar Os irmãos unilaterais ou bilaterais, e demais
o Cartório de Registro Civil da cidade de seu domicilio de um colaterais até o terceiro grau;
deles com os documentos exigidos. O adotado com o filho do adotante.
Estando em ordem a documentação, o oficial fará o edital,
que será fixado durante quinze dias no Registro Civil da IMPEDIMENTOS RESULTANTES DE CASAMENTO ANTERIOR:
cidade de ambos os noivos, e obrigatoriamente será
publicado na imprensa local. As pessoas casadas
Havendo urgência, a autoridade competente, poderá
dispensar a publicação. IMPEDIMENTOS RESULTANTE DE CRIME:
Após a fixação do edital, os nubentes tem o prazo de 90 O cônjuge sobrevivente com o condenado por
dias para se casar. homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu
companheiro.

CAPACIDADE PARA O CASAMENTO Quem pode opor? Qualquer pessoa


PCD: Toda pessoa com deficiência passa a ter plena Quando pode opor? Até a celebração
capacidade civil em regra, como prevê o Art. 6º, I, da Lei
13.146/2015, “inclusive para casar-se e constituir união Como opor? Por declaração assinada com as provas das
estável” dentre outros direitos. alegações
Menor de 16 anos: Não pode se casar aquele que não
tenha plena capacidade de autodeterminar-se de acordo com CAUSAS SUSPENSIVAS DO CASAMENTO
sua vontade. Para o Direito Civil brasileiro, então, a pessoa As causas suspensivas não provocam a nulidade do
menor de idade não poderia contrair matrimonio. Entretanto, casamento, apenas são capazes de suspender a realização do
a idade núbil para o casamento no Brasil é de 16 anos, de
mesmo. Após regularizadas, pode ser realizado o ato. Neste Há cinco fases do procedimento de habilitação:
caso, se realizado, o casamento não será nulo ou anulável, • Documentação;
somente irregular. A sanção principal é o regime da
separação legal ou obrigatória de bens. • Publicação de proclamas e impugnações;
NÃO DEVEM CASAR (ART. 1523/CC): • Certificado de habilitação; e
• Registro do certificado de habilitação
O viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido,
enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der
partilha aos herdeiros; ESPÉCIES DE CASAMENTOS
* Confusão patrimonial. Deve haver
sentença transitada em julgada e/ou
provar a partilha.
A viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por
ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois
do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade
conjugal;
* Confusão de sangue (turbartio
sanguinis)
O divorciado, enquanto não houver sido homologada
ou decidida a partilha dos bens do casal;
O tutor ou o curador e os seus descendentes,
ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a
pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar
a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as
respectivas contas.
* Ordem moral; Enquanto durar a
curatela

Quem pode opor? Pelos parentes em linha reta e pelos


colaterais em segundo grau
Quando pode opor? Até a celebração
Como opor? Por declaração assinada com as provas das
alegações

PROCEDIMENTO PARA O CASAMENTO


O procedimento de casamento está disciplinado nos arts.
1.525 ao 1.542 do CC em conjunto com os arts. 67 ao 76 da
LRP (Lei de Registros Públicos - Lei n. 6.015/1973).
HABILITAÇÃO: Habilitação é fase em que se verifica se os
nubentes estão juridicamente aptos a casar (= se estão
habilitados para tanto). Verifica-se se há ou não algum causa
de invalidade do casamento (arts. 1.548 e 1.550, CC), como a
existência de impedimento matrimonial, o preenchimento da
idade mínima para casar etc. O procedimento de habilitação PROVAS DO CASAMENTO
está disciplinado nos arts. 1.525 ao 1.532 do CC e nos arts. 67 DIRETA: Certidão de casamento.
ao 69 da LRP e ocorre perante o cartório de Registro Civil das
Pessoas Naturais (RCPN). INDIRETA: Posse do estado de casado
(1) nomen: uso do nome de casado;
(2) tratactus: os consortes se tratavam como casos de anulação são: ausência de idade mínima; ausência
casados; e de autorização para casamento de menor; vicio de vontade;
(3) fama: o casal tinha a reputação de casado. incapacidade para manifestar consentimento; realizado por
procuração que foi revogada; e, incompetência da autoridade
celebrante. Para sua decretação é necessário sentença
DIREITOS E DEVERES – art. 1672/CC judicial em ação proposta, em regra, apenas pelo cônjuge
Respeito prejudicado, seus pais ou representantes legais. Os efeitos do
Fidelidade casamento anulado perduram até a decretação da anulação.
Coabitação CASAMENTO INEXISTENTE – Falta de 1 ou mais elementos
Cooperação indispensáveis, ou seja, autoridade competente e declaração
Assistência da vontade.
Demais:
Pacto antenupcial DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJULGAL E DO VÍNCULO
Nome MATRIMONIAL
Planejamento familiar A sociedade conjugal pode deixar de existir, isto é, o
casamento como manifestação real de vontade entre marido
DIREÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL e mulher pode terminar, permanecendo, todavia, o vínculo;
É de ambos os conjugues (art. 1567/CC), no entanto, um só deixando de existir somente, com a morte ou o divórcio.
exerce em caso excepcionais, como quando o conjugue Apenas estas duas formas dissolvem o vínculo,
estiver: I. Em lugar incerto e não sabido; II. Encarcerado; III. autorizando novo casamento, o que não se dá com a
Interditado; IV. Privado de consciência. separação judicial, a nulidade ou a anulação, que não
constituem fatores de dissolução.
CONTRIBUIÇÃO CONJUNTA DAS DESPESAS DO LAR – art.
1568/CC Art. 1.571. A sociedade conjugal termina:
Art. 1.568. Os cônjuges são obrigados a I - pela morte de um dos cônjuges;
concorrer, na proporção de seus bens e dos II - pela nulidade ou anulação do casamento;
rendimentos do trabalho, para o sustento da III - pela separação judicial;
família e a educação dos filhos, qualquer que IV - pelo divórcio.
seja o regime patrimonial.
§ 1º O casamento válido só se dissolve pela morte
de um dos cônjuges ou pelo divórcio, aplicando-se a
DOMICILIO CONJUGAL – art. 1561/CC presunção estabelecida neste Código quanto ao
É o domicilio comum entre os conjugues. ausente.
§ 2º Dissolvido o casamento pelo divórcio direto ou
por conversão, o cônjuge poderá manter o nome de
INVALIDADE DO CASAMENTO casado; salvo, no segundo caso, dispondo em
CASAMENTO NULO - O casamento nulo está previsto no artigo contrário a sentença de separação judicial.
1.548 do Código Civil e ocorre quando o casamento é
celebrado por um cônjuge que tenha impedimento legal. As Separação judicial Dissolve a sociedade conjugal e
causa de impedimento ao casamento estão descritas no artigo
1.521 do mencionado código. No caso do casamento nulo o conserva o vínculo matrimonial
vício que contamina o ato é grave e tem como consequência a
inexistência de seus efeitos. Para sua decretação é necessário Morte ou Divórcio Dissolve a sociedade conjugal e
sentença judicial em ação proposta por qualquer interessado o vínculo matrimonial
ou pelo Ministério Público. Com a decretação da nulidade os
cônjuges voltam ao estado civil anterior.
CASAMENTO ANULÁVEL - Situação prevista no artigo no artigo SEPARAÇÃO JUDICIAL
1.550 do Código Civil. Nesta hipótese o vício que contamina o A separação judicial pode ser considerada como uma
ato do casamento não é tão grave e pode ser sanado dentro etapa antes do divórcio. Então, quando você ou sua esposa
dos prazos previstos na lei, tornando o casamento válido. Os
entendem que já não existe o interesse em partilhar uma vida pressuposto, seja objetivo (como separação de fato) ou
juntos, buscam pelo fim das relações matrimoniais. subjetivo (motivos ou causas determinantes para a decisão)
A Separação judicial é o caminho mais simples e imediato A EC n. 66/2010 derrogou o art. 1.580 da Lei Civil, que
que os casados dispõem para promover dissolução da previa o divórcio por conversão no seu caput e a prévia
sociedade conjugal. separação de fato, por dois anos, para o divórcio direto.
A separação judicial ainda está disciplinada no atual Atualmente, o divórcio direto independe de qualquer prazo de
Código Civil, sob duas perspectivas: 1) separação consensual separação de fato, esta última não sendo mais pressuposto
ou por mútuo consenso; 2) separação litigiosa. para o divórcio direto.
SEPARAÇÃO CONSENSUAL: A separação por mútuo É impossível a discussão de culpa na ação de divórcio ou
consenso decorre de mero acordo entre os qualquer outra causa relativa à intimidade do casal, deveres
cônjuges que desejam pôr fim aos deveres do do casamento, entre outros. Tais questões são incompatíveis
casamento. Tal separação poderá ser judicial ou com o divórcio.
extrajudicial. A homologação judicial do acordo  NATUREZA DA AÇÃO DE DIVÓRCIO: A ação de divórcio
de separação depende da observância dos tem natureza personalíssima, pois é demanda privativa do
requisitos elencados no art. 731, do CPC. Na cônjuge. Não há possibilidade de substituição processual,
separação consensual, seja judicial ou mesmo após a morte, uma vez que a morte já é causa de
extrajudicial (se não houver filhos menores ou dissolução do vínculo matrimonial. No entanto,
incapazes), não há necessidade de se apontar excepcionalmente, se um dos cônjuges for incapaz, é possível
qualquer motivação para se obter a separação. A que o divórcio seja requerido por um curador, caso esteja
lei exige o requisito temporal objetivo de um ano, interditado, por ascendente ou irmão, em ordem preferencial,
o qual está sendo dispensado por força da EC n. a teor do dispõe o art. 1.582 do CC.
66/2010 (Enunciado n. 515, JDC).  INTERVENÇÃO DO MP: A intervenção do MP em ações
de divórcio só ocorrerá se qualquer um dos cônjuges ou algum
SEPARAÇÃO LITIGIOSA: A separação litigiosa é dos filhos for incapaz (art. 178, inc. II), não havendo que se
disciplinada pelos arts. 1.572 e 1.573 do Código cogitar sua intervenção nos demais casos.
Civil, que declina as causas que autorizam o  FORO COMPETENTE: Para a ação de divórcio é
pedido de separação e permite que seja competente o foro de domicílio do guardião do filho incapaz
imputado, ao cônjuge, ato que importe grave ou do último domicílio do casal, se não houver filho incapaz.
violação dos deveres do casamento e torne Por fim, será competente o foro do domicílio do réu da ação
insuportável a vida em comum. de divórcio, se nenhuma das partes residirem no antigo
domicílio do casal.
 A sentença de separação judicial importa a separação de  SOBRENOME DE CASADO: O sobrenome acrescentado
corpos e a partilha de bens; ao nome do outro cônjuge poderá ser excluído em casos de
 Pode ser objeto na ação de separação judicial a guarda e os separação, divórcio e anulação do casamento, nos termos do
alimentos; art. 1.578 do CC.
 O restabelecimento de sociedade conjugal pode ser feito por  PARTILHA PRÉVIA: O divórcio dispensa a prévia
escritura pública, ainda que a separação tenha sido judicial. partilha dos bens, cuja questão poderá ser resolvida em ação
Neste caso, é necessária e suficiente a apresentação de própria.
certidão da sentença de separação ou da averbação da  PROTEÇÃO DOS FILHOS: Os pais permanecerão com
separação no assento de casamento; os mesmos deveres e as mesmas obrigações em relação aos
filhos, como auxílio moral, psicológico, sustento, educação,
DIVÓRCIO orientação, alimentos, se necessário, e guarda dos filhos
(arts. 1.565 e 1.568 do CC). No caso da guarda dos filhos
O divórcio é um direito POTESTATIVO, meio de menores ou maiores e incapazes, em razão da independência
concretização do princípio da dignidade da pessoa humana e e autonomia entre o vínculo de filiação e a relação entre os
do direito fundamental à liberdade. genitores, a regra será a guarda compartilhada. Pode-se ser
Com a edição e a promulgação da EC n. 66/2010 (o aplicada a guarda unilateral, em casos excepcionais.
casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio), restou, no
sistema jurídico brasileiro, apenas o denominado “divórcio
direto”, em que não há necessidade de demonstrar qualquer 2º BIMESTRE
UNIÃO ESTÁVEL
O instituto da União Estável consiste em união DISSOLUÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL
monogâmica entre pessoas que estejam desimpedidos, que A dissolução da união estável é a maneira legal para
mantém convivência publica, continua, duradoura e acabar com seu relacionamento. Isso ocorre porque a união
estabelecidas com o objetivo de constituir família. Entretanto
estável é reconhecida constitucionalmente.
se faltar um desses elementos, não significa que esteja
descaracterizando o instituto. Desse modo, assim como o casamento, a união estável
deve ser legalmente dissolvida. Ou seja, para pôr fim a seu
Os elementos para a caracterização da união estável são: relacionamento, precisará fazer a dissolução de união
 ESTABILIDADE; estável.
 PUBLICIDADE; EXTRAJUDICIAL - A dissolução extrajudicial é feita na sede
 CONTINUIDADE; do Cartório de Notas, onde é lavrada uma escritura pública de
 AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTOS; Dissolução de União Estável. Porém, a dissolução da união
 ÂNIMO DE CONSTITUIÇÃO DE FAMÍLIA (INTUITO estável somente poderá ser feita no Cartório caso o pedido
FAMILIAE) seja consensual e que os conviventes não possuam filhos
menores ou maiores incapazes, onde os conviventes
concordem com os termos da separação, como partilha de
CARACTERÍSTICAS E PRESSUPOSTOS bens, eventual pensão alimentícia, guarda de filhos, etc.
 Convivência de fato JUDICIAL - A dissolução da União Estável deverá ser feita
 Fidelidade via ação judicial quando os conviventes tiverem filhos
 Vida comum menores de 18 anos ou maiores incapazes, ou ainda, quando
 Durabilidade ambos não concordarem em uma separação amigável,
 Notoriedade tornando a separação litigiosa, motivo pelo qual o Poder
Judiciário é o competente para solucionar as questões
referentes a partilha de bens, guarda de filhos, pensão
DEVERES
alimentícia, etc. Como se trata de uma ação judicial, os
As relações na união estável devem seguir a lealdade, conviventes deverão estar assistidos por advogado. Caso a
respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos separação seja consensual, o casal poderá constituir apenas
filhos. um advogado para representá-los. Em caso de separação
O dever de fidelidade recíproca está implícito nos de litigiosa, ambos deverão contratar advogados distintos.
lealdade e respeito.
O dever de respeito, também mencionado no dispositivo FILIAÇÃO
supratranscrito, consiste não só em considerar a
O direito ao reconhecimento da origem genética é
individualidade do outro. Senão também em não ofender os
personalíssimo da criança, não sendo passível de
direitos da personalidade do companheiro, como os
obstacularização, renúncia ou disponibilidade por parte da
concernentes à liberdade, à honra, à intimidade, à dignidade
mãe ou do pai, inexistindo, portanto, a possibilidade de se ter
etc. A assistência constitui também dever recíproco dos
presumido o vínculo paternal.
companheiros, correspondente ao dever de mútua assistência
imposto aos cônjuges. A guarda é, ao mesmo tempo, dever e A filiação pode ser conceituada como sendo a relação
direito dos pais. jurídica decorrente do parentesco por consanguinidade ou
outra origem, estabelecida particularmente entre os
ascendentes e descendentes de primeiro grau.
DIREITOS
O dispositivo inaugural quanto ao tema, o art. 1.596 do CC,
 Direito a alimentos; consagrando o princípio da igualdade entre os filhos, repete
 Meação e regime de bens o que consta no art. 227, §6º da CF.
 Sucessão hereditária Art. 1.596. Os filhos, havidos ou não da relação de
 Contrato de convivência na União Estável casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e
qualificações, proibidas quaisquer designações
 Conversão da União Estável em Casamento discriminatórias relativas à filiação
Art.227, § 6º Os filhos, havidos ou não da relação do
RELAÇÕES PARALELAS – Não é possível casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e
qualificações, proibidas quaisquer designações qual o pai e a mãe declaram o vínculo filiatório. No entanto,
discriminatórias relativas à filiação. admite-se a invalidação quando a manifestação de vontade
for viciada, por erro ou coação. O reconhecimento voluntário,
ESPÉCIES em regra, é unilateral. A exceção se dá em relação ao filho
maior, que não pode ser reconhecido sem seu consentimento.
A filiação possui três espécies, quais sejam: O reconhecimento forçado dos filhos ocorre por meio da ação
Adotiva, oriunda da adoção; de investigação de paternidade ou de maternidade. Trata-se
A presumida, pois se presumem naturais os filhos de ação de estado, de natureza declaratória e imprescritível,
gerados na constância do casamento fundada em direito personalíssimo e indisponível (art. 27,
Natural, que se refere à questão biológica. ECA). - A legitimidade da ação de investigação de
paternidade/maternidade é exclusiva do filho, direito
personalíssimo, indisponível e imprescritível (art. 27 do ECA
GESTAÇÃO DE SUBSTITUIÇÃO e Súmula 149 do STF). A sentença judicial que julga procedente
No âmbito da gestação em substituição, haverá vínculo a ação supre a falta do reconhecimento voluntário e será
biológico com a criança, mas jamais vínculo de filiação ou de averbada no registro de nascimento do filho, fazendo surgir
parentesco (por isso a doadora não é considerada mãe, todos os direitos e deveres decorrentes da relação filiatória,
porque tal qualificação pressupõe vínculo de filiação). Assim, com eficácia ex tunc, declarando o estado de filiação que se
é dispensável, inclusive, a renúncia ao poder familiar da consubstanciou no momento do nascimento. É possível
doadora em relação à criança por ocasião do nascimento. cumular, na ação investigatória, diversos pedidos em
cumulação ao de investigação de paternidade, como o de
INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL petição de herança, anulação de testamento e partilha,
alimentos e outros. - Em relação aos alimentos, o art. 7º da
No âmbito da presunção legal de filiação, também estão Lei n. 8.560/1992 mitigou o princípio dispositivo, ao autorizar
incluídas as técnicas de reprodução assistida, que pode ser o juiz a fixar os alimentos na sentença, quando julgar
viabilizada por meio de reprodução homóloga (envolve procedente o pedido investigatório, independentemente de
material genético dos próprios cônjuges) ou heteróloga pedido expresso da parte. - A legitimidade passiva para a
(efetivada com material genético de terceiro). causa atinge o suposto pai ou, sendo falecido, seus herdeiros.
Ressalta-se que espólio não é parte legítima, em virtude da
PRESUNÇÃO DE PATERNIDADE natureza personalíssima da ação. É cabível litisconsórcio
Firma o Código a presunção de que é pai aquele que o tanto no polo passivo quanto no polo ativo da relação jurídica
casamento demonstra; assim, presume a lei que o filho de processual.
mulher casada foi gerado por seu marido. Pai, até prova em
contrário por ele próprio, produzida, é o marido. Os filhos ALIMENTOS
havidos fora dos períodos legais não são atingidos pela Os alimentos podem ser conceituados como as prestações
presunção firmada pelo art. 1.597. devidas para a satisfação das necessidades pessoais daquele
Legitimidade para contestar a paternidade: na ação que não pode provê-las pelo trabalho próprio. Aquele que
negatória de paternidade, o marido pode questionar a pleiteia alimentos é denominado alimentando ou credor,
paternidade dos filhos nascidos de sua esposa, sendo a ação enquanto aquele que deve pagar é o alimentante ou devedor.
imprescritível (art. 1.601, CC). Ademais, contestada a filiação
pelo pai, seus herdeiros poderão prosseguir com a ação, caso
este fique impedido de fazê-lo (art. 1.601, parágrafo único, QUANTO À ORIGEM, PODEM SER:
CC). Não prevalecerá a negatória de paternidade nos casos
em que já está consolidado o laço filiatório (paternidade
socioafetiva), mesmo que se comprove que o pai ou a mãe
não tenham gerado o filho, em respeito à prevalência do
melhor interesse da criança.
Os alimentos legítimos ou familiares são os que decorrem
de normas de Direito de Família.
RECONHECIMENTO DOS FILHOS
O reconhecimento voluntário é ato livre, personalíssimo, TITULARES DO DIREITO AOS ALIMENTOS LEGÍTIMOS
irrevogável, irretratável, insuscetível de submissão à
condição, termo ou encargo (possui eficácia declaratória), pelo
drástica redução do padrão de vida. Os alimentos
compensatórios não são a regra geral no ordenamento. Eles
só devem ser deferidos excepcionalmente quando houver
drástica redução do padrão de vida de ex-cônjuge em razão
de manifesta desigualdade financeira ocorrida com a partilha
de bens. Não se sujeita à prisão civil.

QUANTO AO DIREITO A ALIMENTOS. O direito aos alimentos


Os alimentos legítimos (= familiares) se restringem ao é:
ambiente familiar e, por isso, só é devido entre parentes PERSONALÍSSIMO - O direito aos alimentos, ou seja, o
(excluídos os colaterais de 3º e 4º grau) e entre ex-consortes. direito de requerer a condenação de outrem ao pagamento de
uma pensão alimentícia à luz do binômio necessidade-
possibilidade é personalíssimo, porque só pertence ao seu
CLASSIFICAÇÃO
titular, que é indicado por lei (os consortes, os ascendentes,
QUANTO À NATUREZA, os alimentos legítimos (ou os descendentes e os irmãos). Trata-se de um direito da
familiares) podem ser classificados em: personalidade, pois é inerente à condição de pessoa humana
• ALIMENTOS CIVIS OU CÔNGRUOS - Alimentos civis ou e se destina à sua sobrevivência digna.
côngruos são aqueles destinados a garantir a manutenção do
alimentado de acordo com o padrão socioeconômico do
INCESSÍVEL - Por ser personalíssimo, o direito aos
alimentante. Assim, por exemplo, se o alimentante desfruta
alimentos (ou seja, o direito a pleitear alimentos de outrem)
de alto padrão, o alimentado deverá receber um valor de
não pode ser cedido a terceiros.
alimentos que lhe assegure fruir desse alto padrão. O
arbitramento (a fixação do valor) dos alimentos côngruos leva
em conta o binômio necessidade-possibilidade mirando IMPRESCRITÍVEL - O direito aos alimentos não prescreve, é
estender o padrão de vida do alimentante ao alimentado. imprescritível. Isso significa que, ainda que o seu titular não
pleiteie alimentos por longo tempo, ele não perderá esse
direito.
• ALIMENTOS NATURAIS, NATURAIS OU INDISPENSÁVEIS -
Alimentos naturais, necessários ou indispensáveis são
aqueles destinados a garantir a manutenção do alimentado IMPENHORÁVEL - Por ser personalíssimo e por destinar-se
de acordo com aquilo que é indispensável para a à sobrevivência, os alimentos são impenhoráveis, conforme
sobrevivência, e não de acordo com o padrão de vida do art. 1.707 do CC. Ninguém pode penhorar os créditos relativos
alimentante. O objetivo é garantir ao alimentado o mínimo a pensões alimentícias.
necessário para um ser humano viver com dignidade. Os
alimentos naturais são exceção! A regra é que os alimentos
sejam côngruos. Por serem exceção, os alimentos naturais só INCOMPENSÁVEL - No caso dos alimentos, os arts. 373, II,
cabíveis quando a lei assim estabelecer, o que ocorre em dois e 1.707 do CC proíbem a compensação de uma dívida de
casos: alimentos com outra, tudo com o objetivo de não
comprometer o custeio da sobrevivência do alimentado.
a) culpa do alimentado pela situação de necessidade (art.
1.694, § 2º, CC); ou
b) culpa do ex-consorte pelo fim do casamento ou da união IRRENUNCIÁVEL E INTRANSACIONÁVEL - Por ser
estável se se tratar de alimentos a ele (art. 1.704, personalíssimo e por ser um direito da personalidade, a regra
parágrafo único, CC). é a de que o direito aos alimentos não pode ser renunciado
nem transferido a terceiros.
• ALIMENTOS COMPENSATÓRIOS - Alimentos
compensatórios são aqueles destinados a impedir uma ATUAL - Os direitos aos alimentos são atuais no sentido de
abrupta queda do padrão de vida do ex-consorte que, com o que eles objetivam ao recebimento de valores alimentares
fim do relacionamento, ficará com um patrimônio irrisório para satisfação de necessidades atuais e futuras. Por essa
comparado com o do outro consorte. Daí se segue que os razão, se o alimentante pleiteia alimentos hoje, os valores a
alimentos compensatórios só são devidos se, com o fim da título de pensão alimentícia se destinarão a custear suas
sociedade conjugal ou convivencial, o ex-consorte sofrer uma despesas à época da propositura da ação.
OFERTA DOS ALIMENTOS
IRREPETÍVEL - A irrepetibilidade dos alimentos decorre da O interessado ofertará um valor que entende justo e
ideia de que o alimentado consome os valores percebidos na pedirá ao juiz de direito que o fixe desde logo a título de
satisfação de suas necessidades vitais, e não em atividades pensão alimentícia.
rentáveis nem em aumento de patrimônio. Por isso, seria A partir da fixação judicial é aquele valor que passa a ser
incompatível com os alimentos o dever de o alimentado devido como alimentos provisórios. Quando o interessado
restituir os alimentos pagos se posteriormente eles vierem a ofertar o valor da pensão, ele deve ponderar quais são os
ser considerados indevidos: o alimentante não pode pedir a seus rendimentos, quais são os rendimentos do outro cônjuge
repetição do indébito, não pode pedir de volta o que pagou. e qual é o valor suficiente para suprir os gastos.
Ao final da ação, após o judiciário analisar as
ALIMENTOS AVENGOS possibilidades e as necessidades das pessoas envolvidas,
Os alimentos avoengos ou pensão avoenga é o dever dos será fixado um valor definitivo da pensão, a forma e o dia do
avós de prestar alimentos quando os pais estão pagamento.
impossibilitados de promover a subsistência dos seus filhos,
como no caso de morte ou insuficiência financeira, por REVISÃO DOS ALIMENTOS
exemplo, estendendo a obrigação aos ascendentes.
Quando o valor da pensão alimentícia é fixado, é levado
Em todos os casos, a obrigação alimentar só poderá ser em consideração os seguintes fatores:
exigida dos avós se forem comprovados dois requisitos: a
necessidade da pensão alimentícia ao menor e a 1. A necessidade de quem recebe;
impossibilidade de pagamento por parte dos pais, que são os 2. A possibilidade de quem paga;
responsáveis imediatos. 3. A proporcionalidade.
Isso significa que, eventualmente, esses três fatores
INDIGNIDADE DO ALIMENTANDO podem mudar. Por conta disso, o valor inicialmente
A indignidade do alimentado pode fazer com que ele perca estabelecido pela Justiça pode não ser mais o adequado.
o direito ao recebimento de pensão alimentícia, conforme Para fazer uma readequação dos valores, entra-se com
determinação do artigo 1.708 do Código Civil: “Com relação uma Ação de Revisão de Alimentos, que visa justificar a
ao credor cessa, também, o direito a alimentos, se tiver revisão da importância paga para a criança.
procedimento indigno em relação ao devedor”. Assim, se o cliente não consegue mais arcar com o valor
Assim como no caso de sucessões é possível ter exclusão estipulado para a pensão, será necessário demonstrar na
de herdeiro por indignidade, também é possível cessar o ação judicial que não tem a possibilidade de arcar com o
direito a alimentos no caso de indignidade do alimentando. pagamento daquela quantia.
A indignidade se caracteriza quando é feita uma ofensa Da mesma forma, se o tutor da guarda da criança precisa
grave que atinja a dignidade do devedor da pensão. que o valor da pensão seja aumentado, pois a quantia
É um comportamento que rompe a solidariedade familiar, estipulada já não atende mais às necessidades da pessoa
pois é algo tão grave que já não há mais que se falar que beneficiária, será necessário provar isso no processo, para
existe solidariedade, decorrente do grau de afetibilidade que o juiz possa concordar com o pedido.
baixíssimo.
Analogicamente, se o alimentando: EXECUÇÃO DOS ALIMENTOS
 Atenta contra vida do alimentante ou cometa crime A prisão civil por dívida só existirá quando o
de homicídio doloso contra ele; inadimplemento for voluntário e inescusável, de obrigação
 Comete ofensa física contra o alimentante;
alimentícia e depositário infiel, conforme preceitua a
Constituição Federal. No entanto, importante salientar que a
 Injúria gravemente ou calunia o alimentante súmula 419 do STJ e a súmula 25 do STF disciplinam que
(violações à honra); descabe a prisão civil do depositário judicial infiel. Portanto,
 Podendo ministrar alimentos, recusa os necessários caso o alimentante deixe de efetuar o pagamento correto dos
que o alimentante precisava (pouco aplicável, visto alimentos, o juiz pode tomar as providências para que tais
que ocorre o contrário). alimentos sejam pagos, inclusive decretando a prisão por até
60 dias do devedor.
Além da prisão existem outras formas de executar-se a CARACTERÍSTICAS DO PODER FAMILIAR
pensão alimentícia, como o desconto em folha de pagamento,  Irrenunciável
caso o devedor esteja empregado e devidamente registrado.
 Intransferível
Quando for feita a execução da sentença, o devedor será
 Inalienável
citado para, em 3 dias, realizar o pagamento devido ou então
se justificar, explicando o motivo de não poder realizar tal  Imprescritível
pagamento. Então, caso o alimentante não realize o
pagamento nem se justifique, o juiz irá decretar a prisão. No CAUSAS DE SUSPENSÃO, EXTINÇÃO, PERDA OU DESTITUIÇÃO DO
caso de prisão, a jurisprudência tem acatado tal decisão PODER FAMILIAR
apenas para os casos de pensões alimentícias vencidas nos
- Morte dos pais ou do filho menor (inciso I, art. 1.635).
últimos 03 meses.
- Emancipação, seja ela voluntária, judicial ou legal.
- Maioridade civil, que na atual legislação ocorrerá aos 18
PODER FAMILIAR anos completos.
TITULARIEDADE - Adoção. Trata-se de forma de colocação do menor em
É o poder dos pais, em igualdade de condições, sobre a família substituta, e por isso é incompatível com o poder
vida pessoal, patrimonial, afetiva e social dos filhos menores familiar dos pais originários. No caso de adoção, os adotantes
(incapazes por idade), com as devidas restrições. Tal poder exercerão o poder familiar, simplesmente porque serão os
não é absoluto e incondicionado. pais.
O poder familiar decorre do vínculo de filiação (art. 1.630 - Por decisão judicial, se restar caracterizada qualquer das
do CC). Os filhos menores estão sujeitos a este instituto hipóteses previstas no art. 1.638 do CC.
protetivo (irrenunciável, intransferível, inalienável e
- Ainda, o poder familiar pode ser suspenso por um
imprescritível), exclusivo dos pais. período de tempo se configurada a situação prevista no art.
No caso de falta do pai e da mãe, o poder familiar cede 1.637 do CC ou, ainda, em caso de alienação parental, a
lugar para o instituto que substitui o poder familiar, a tutela. critério do juiz.
Temos como conteúdo do poder familiar os direitos e
deveres que incumbem aos pais, no tocante à pessoa dos ADOÇÃO
filhos menores, e, ainda, no que tange aos bens dos filhos.
Adoção é o processo afetivo e legal por meio do qual uma
Formas de exercício do poder familiar, previstas no art. criança passa a ser filho de um adulto ou de um casal. De
1.634 do CC:
forma complementar, é o meio pelo qual um adulto ou um
I – dirigir-lhes a criação e a educação; casal de adultos passam a ser pais de uma criança gerada por
II – exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos outras pessoas.
termos do art. 1.584; A adoção pressupõe alguns requisitos, de modo a
III – conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para preservar a integridade psicológica do adotado e,
casarem; principalmente, para evitar adoções com finalidade diversa
IV – conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para do instituto (colocação de pessoas em família substituta).
viajarem ao exterior;
 O adotando deve contar com, no máximo, 18 anos
V – conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para na data do pedido, salvo se já estiver sob a
mudarem sua residência permanente para outro município;
guarda ou tutela dos adotantes;
VI – nomear-lhes tutor por testamento ou documento  Não é possível que o adotante seja ascendente ou
autêntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o
sobrevivo não puder exercer o poder familiar;
irmão do adotado;
VII – representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16
 O adotante deve ser, pelo menos, 16 anos mais
anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, velho do que o adotando;
nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o  No caso de adoção conjunta, é indispensável que
consentimento; os adotantes sejam casados civilmente ou
VIII – reclamá-los de quem ilegalmente os detenha; mantenham união estável, comprovada a
IX – exigir que lhes prestem obediência, respeito e os
estabilidade da família;
serviços próprios de sua idade e condição. O tutor ou curador podem adotar o pupilo ou curatelado,
após a devida prestação de contas de sua administração.
Estão legitimados para requerer a adoção pessoas A adoção internacional é subsidiária e excepcional (apenas
maiores de 18 anos, independentemente do seu estado civil. não admitida quando impossível a colocação da criança ou do
A adoção depende do consentimento dos pais ou do adolescente em família substituta brasileira). Os brasileiros
representante legal do adotando. Tal consentimento será residentes no exterior terão preferência em relação a
dispensado em relação à criança ou adolescente cujos pais estrangeiros. A adoção internacional observará o mesmo
sejam desconhecidos, ou tenham sido destituídos do poder procedimento para as adoções nacionais, arts. 165 a 170 do
familiar. Se o adotando for maior de 12 anos de idade, será ECA, com as adaptações previstas no art. 52 da mesma lei. A
também necessário o seu consentimento, cuja exigência legal criança ou adolescente somente poderia deixar o território
valoriza a vontade do adotando e concretiza o princípio da nacional após o trânsito em julgado da decisão que concedeu
dignidade humana quanto à sua vinculação à família a adoção.
substituta.
Após a consumação da adoção, ela produz efeitos 3º BIMESTRE
jurídicos. O principal efeito jurídico da adoção é atribuir a REGIME DE BENS
condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e
deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer
vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos
matrimoniais.
A adoção é fundada em dois princípios fundamentais:
 Melhor interesse da criança ou do adolescente
adotando
 A adoção deve ser fundada e pautada em motivos
legítimos. O objetivo é evitar a adoção para
finalidades perversas ou com total desvio de
finalidade do instituto. Aliás, a exigência da São modelos pré fabricados de regras de ordem privada
diferença de idade entre adotante e adotado que se relacionam com os interesses patrimoniais ou
corrobora tal fundamento. economicos do casamento ou da união estável
A adoção será precedida de um estágio de convivência  Efeitos patrimoniais
com a criança ou o adolescente, pelo prazo que a autoridade  Obrigatórios
judiciária fixar, observadas as peculiaridades do caso. Tal O CC prevê cinco regime de bens:
estágio poderá ser dispensado se o adotando já estiver sob a
tutela ou guarda legal do adotante durante tempo suficiente Regime da comunhão universal.
para ser possível avaliar a conveniência da constituição do Regime da comunhão parcial, também
vínculo. chamado de regime legal.
Regime da participação final nos aquestos.
Em relação ao nome, a sentença conferirá ao adotado o Regime da separação convencional de bens.
nome do adotante e, a pedido de qualquer deles, poderá
determinar a modificação do prenome. Caso a modificação de Regime da separação legal de bens.
prenome seja requerida pelo adotante, é obrigatória a oitiva
do adotando, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 28 PRINCÍPIOS
do ECA. A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em
julgado da sentença constitutiva. o Autonomia privada (art. 1639 CC)
o Indivisibilidade do regime
O adotado, com a consumação da adoção, tem direito à o Variedade do regime
investigação da sua origem genética, por constituir direito o Mutabilidade (art. 1630, §2º e art. 734 CPC)
fundamental da personalidade da pessoa humana. O direito à
investigação da identidade genética, por óbvio, não gera CLASSIFICAÇÃO
vínculo de filiação (art. 48 do ECA). Pela doutrina são chamados de primários os quatro tipos
Como a adoção é irrevogável, a morte dos adotantes não de regime de bens previstos na lei e chama de secundários
restabelece o poder familiar dos pais naturais. aqueles regimes em que os nubentes, por meio de pacto
antinupcial ou contrato de convivência, criam um novo
regime.
ADOÇÃO INTERNACIONAL
MEAÇÃO da serventia imobiliária (art. 1.657 do CC e arts. 178, V, da
A meação é simplesmente a ideia de cada cônjuge ou LRP).
companheiro possui metade dos bens adquiridos antes e/ou
durante o período de convivência. SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA DE BENS
O regime da separação legal destina-se a proteger alguém
ADMINISTRAÇÃO DOS BENS em consideração de vulnerabilidade patrimonial.
SUSTENTO – Ambos tem o dever; Não se enquadra É devido apenas nas três hipóteses do art. 1.641 do CC:
elementos fúteis à sobrevivência; (1) cônjuge com mais de 70 anos;
PROFISSÃO – Não precisa de autorização do cônjuge para (2) casamento com violação de causa suspensivas; e
administração dos bens referente à profissão, exceto se
aquele bem fazer parte da meação; (3) casamento feito com suprimento judicial em favor de
algum dos nubentes (como no caso de adolescente de 16 anos
BENS PARTICULARES – Próprios bens, não fazem parte da que, por não ter conseguido o consentimento de ambos os
meação pais, pediu autorização judicial com base no art. 1.519 do CC).
BENS COMUNS – Serão administrados por ambos
POSSE DO BEM DO OUTRO – Art. 1652/CC COMUNICAÇAÕ DE BENS
Em princípio, no regime da separação legal, nenhum bem
AUTORIZAÇÃO UXÓRIA (art. 1647/CC) deveria se comunicar, pois se trata de uma “separação de
O que não pode fazer sem autorização do outro, com bens”. Todavia, como o regime é imposto por lei, e não pela
exceção da separação total de bens; vontade, passou a ser admitida a comunicação dos aquestos
(bens adquiridos onerosamente ao longo do casamento) por
 Alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis força da Súmula n. 377/STF.
 Ser parte em ações sobre bens e direitos
 Prestar aval ou fiança
COMUNICAÇÃO PARCIAL DE BENS
 Doação
O regime da comunhão parcial é disciplinado pelos arts.
1.658 ao 1.666 do CC.
SUPRIMENTO JUDICIAL
Em regra, somente os bens adquiridos onerosamente ao
Art. 1.648. Cabe ao juiz, nos casos do artigo longo do casamento se comunicam. Ficam, pois, de fora os
antecedente, suprir a outorga, quando um dos cônjuges
bens anteriores ao casamento bem como os adquiridos
a denegue sem motivo justo, ou lhe seja impossível
concedê-la. gratuitamente ou por sucessão causa mortis na constância do
casamento.

PACTO ANTENUPCIAL
O pacto antenupcial é o negócio jurídico por meio do qual
os nubentes estabelecem as regras patrimoniais (= o regime
de bens) que vigorarão ao longo do casamento. Ele tem de ser
formalizado por escritura pública e só produz efeitos se o
casamento vier a ocorrer (art. 1.653, CC).
É dado prestígio à vontade dos consortes, que só não
podem contrariar normas de ordem pública por força do art.
1.655, CC.
Como o regime de bens de um casal pode interessar a
terceiros (como a credores interessados em saber se podem BENS EXCLUÍDOS (ART. 1659/CC)
ou não penhorar bens em nome de qualquer um dos Art. 1.659. Excluem-se da comunhão:
cônjuges), o legislador exige que o pacto antenupcial seja I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que
facilmente acessível por qualquer pessoa por meio do seu lhe sobrevierem, na constância do casamento, por
registro no Cartório de Registro de Imóveis do domicílio dos doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar;
cônjuges. Esse registro é feito no Livro 3 (“Registro Auxiliar”)
II - os bens adquiridos com valores exclusivamente O regime da participação nos aquestos é regido pelos arts.
pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos 1.672 ao 1.686 do CC. É caracterizado pelo fato de que, ao
bens particulares; longo do casamento, vigoram as regras de separação de bens,
III - as obrigações anteriores ao casamento; mas, no momento do fim da sociedade conjugal, todos os bens
IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo adquiridos onerosamente ao longo do casamento (os
reversão em proveito do casal; “aquestos”) se comunicam.
V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de De uma forma simplificada, esse regime busca garantir
profissão; algo próximo do regime da separação de bens ao longo do
VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; casamento e algo próximo ao regime da comunhão parcial na
VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras dissolução do casamento.
rendas semelhantes.  É obrigatório o pacto antenupcial
 Cada cônjuge possui patrimônio, e lhe cabe, à época
BENS QUE SE COMUNICAM (ART. 1660/CC) da dissolução da sociedade conjugal, direito a metade
dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na
Art. 1.660. Entram na comunhão: constância do casamento
I - os bens adquiridos na constância do casamento por
título oneroso, ainda que só em nome de um dos
cônjuges;
REGIME DE SEPARAÇÃO CONVENCIONAL
II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o No regime da separação convencional de bens, não há
concurso de trabalho ou despesa anterior; comunicação de bens. Não há exceção.
III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, Assim, quando o art. 1.647 do CC dispensa a outorga
em favor de ambos os cônjuges; conjugal para o “regime da separação absoluta”, ele está se
IV - as benfeitorias em bens particulares de cada referindo apenas ao regime da separação convencional, e não
cônjuge; ao legal.
V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de  É obrigatório ter pacto antenupcial
cada cônjuge, percebidos na constância do casamento,  Em regra não tem massa comum
ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão.
TUTELA
COMUNHÃO UNIVERSAL DE BENS A tutela é instituto que visa à proteção de categoria
O regime da comunhão universal é disciplinado pelos arts. específica de incapazes, os menores. É substitutivo do poder
1.667 ao 1.671 do CC. Nele, em regra, todos os bens, mesmos familiar e, por essa razão, com este incompatível. Só haverá
os adquiridos gratuitamente, por herança ou antes do tutela se não houver poder familiar. O tutor protegerá,
casamento, se comunicam: são bens comuns. defenderá e amparará os menores não submetidos ao poder
familiar.
BENS EXCLUÍDOS (ART. 1668/CC) Em regra, os menores são protegidos pelo instituto do
poder familiar, que compete aos pais, em conjunto ou, na falta
Art. 1.668. São excluídos da comunhão: ou impedimento de um deles, ao outro, que o exercerá com
I - os bens doados ou herdados com a cláusula de exclusividade (art. 1.631 do CC). Em caso de ausência ou
incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar; impedimento dos pais, não haverá poder familiar e por essa
II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do razão a proteção dos menores ocorrerá por meio do instituto
herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição da tutela, que supre e substitui o poder familiar.
suspensiva;
Portanto, a tutela é o conjunto de poderes e encargos
III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se conferidos pela lei a um terceiro, para proteger e zelar pela
provierem de despesas com seus aprestos, ou pessoa de um menor (não incapaz) que se encontra fora do
reverterem em proveito comum;
poder familiar, e lhe administra os bens.
IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges
ao outro com a cláusula de incomunicabilidade; É um múnus público, que substituirá o poder familiar
quando este não puder ser exercido por qualquer dos pais
pelos mais diferentes motivos.
REGIME DE PARTICIPAÇÃO FINAL DOS AQUESTROS O tutor assumirá a representação e assistência do menor,
com as restrições impostas pela Lei Civil, no exercício deste
múnus público. A alienação ou oneração de bens do tutelado, tem caráter eminentemente subsidiário, como enuncia o art.
por exemplo, dependerá de autorização judicial. O tutor não 1.732 do Código Civil.
passa a ter poder familiar sobre os menores. Trata-se de A tutela dativa depende, portanto, da ausência de tutores
institutos de alcances diferentes, embora o objetivo se nomeados ou legítimos ou, mesmo que existam, tenham sido
assemelhe. excluídos do múnus público ou escusados da tutela. A
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente remoção por idoneidade também será causa de nomeação de
(arts. 36 a 38), a tutela é a modalidade de colocação da criança tutor dativo.
em família substituta, em que o tutor terá o poder jurídico de
dirigir a pessoa e gerir os bens do menor incapaz, na falta ou
impedimento dos titulares do poder familiar. TUTELA PARA IRMÃOS ÓRFÃOS
O tutor deve primar para que o menor tenha pleno No caso de irmãos órfãos, a Lei Civil impõe a nomeação de
desenvolvimento intelectual, a fim de concretizar a sua um só tutor a fim de preservar o vínculo afetivo entre os
dignidade. irmãos. Ademais, a nomeação de apenas um tutor para
irmãos órfãos facilita a administração dos bens e da vida
O tutor pode ser escolhido e eleito pelos pais, em conjunto pessoal desses menores, a teor do que dispõe o art. 1.733 do
(poder familiar e isonomia) ou, em caso de omissão ou CC.
ausência de nomeação pelos pais, a lei o deferirá. Portanto, a
tutela pode decorrer de nomeação dos pais ou decorrer de Por essa razão, no caso de ser nomeado mais de um tutor
previsão legal (legítima). Essas são as modalidades de tutela. por disposição testamentária sem indicação de precedência
ou preferência, entende-se que a tutela foi cometida ao
primeiro, e que os outros lhe sucederão pela ordem de
TUTELA DOCUMENTAL E TESTAMENTÁRIA (POR NOMEAÇAÕ DOS nomeação, se ocorrer morte, incapacidade, escusa ou
PAIS) qualquer outro impedimento.
A nomeação pelos pais poderá ser por documento No entanto, diante de peculiaridades do caso concreto,
autêntico, público ou particular, por meio da qual nada impede a escolha do segundo tutor ou de terceiro, caso
exteriorizam a vontade de indicar a pessoa que ficará seja melhor para os interesses dos menores. Como já
responsável pelos filhos menores ou por testamento ou ressaltado, na tutela sempre prepondera o princípio do
codicilo (parágrafo único do art. 1.729). O testamento conjunto melhor interesse do menor.
é nulo (art. 1.863 do CC). Nesse caso, cada um dos genitores Nessa hipótese, ainda que o menor herdeiro ou legatário
terá de elaborar um testamento próprio com indicação do esteja sob o poder familiar dos pais ou no regime jurídico da
tutor. tutela, nada impede que o testador nomeie um terceiro,
Como a nomeação de tutor pelos pais pressupõe o pleno curador especial, com a finalidade única de administrar e
exercício do poder familiar (art. 1.634, IV, CC), será nula a gerir os bens objeto da disposição de última vontade. A
nomeação de tutor pelo pai ou pela mãe que, no tempo de sua atuação desse curador especial é limitada aos bens objeto da
morte, não tinha o poder familiar (art. 1.730 do CC). A herança ou legado e, por isso, tal curatela especial convive,
validade da nomeação de tutor pressupõe que, no momento de forma harmônica, com os institutos do poder familiar e da
da nomeação, os pais estejam investidos do poder familiar. tutela.
Assim, se, no momento da nomeação, os pais exerciam
plenamente o poder familiar, mas vêm a perdê-lo por fato
superveniente, por ocasião da morte, a nomeação será AUSÊNCIA DE LEGITIMAÇÃO PARA O EXERCÍCIO DA TUTELA
considerada ineficaz, embora fosse válida no momento da Os tutores, como ressaltado, poderão ser nomeados pelos
nomeação. pais, em conjunto ou isoladamente, em decorrência do poder
Entretanto, em qualquer hipótese, seja em conjunto ou familiar (tutela por nomeação); poderão ser indicados pela lei,
isoladamente, para que a tutela tenha eficácia é essencial queem caso de ausência de nomeação (tutela legítima); ou,
ambos os pais estejam falecidos, ausentes ou impedidos de finalmente, poderão ser nomeados pelo juiz (tutela dativa).
exercer o poder familiar (art. 1.728 do CC). No entanto, no âmbito de qualquer das modalidades de
tutela, é essencial que o tutor, além da capacidade para
exercer esse múnus público, esteja devidamente legitimado
TUTELA NOMEADO PELO JUIZ ou habilitado para tal mister.
A tutela dativa decorre de decisão judicial, como modo de Com a finalidade de proteger e preservar os interesses dos
suprir a ausência de tutores nomeados ou legítimos. Por isso, menores, a Lei Civil, em seu art. 1.735, impede que
determinadas pessoas sejam tutoras ou, se forem, que sejam
excluídas deste múnus públicos, por conta dos mais variados IV - os impossibilitados por enfermidade;
motivos. São os impedidos de exercer a tutela: V - aqueles que habitarem longe do lugar onde se haja de
Art. 1.735. Não podem ser tutores e serão exonerados exercer a tutela;
da tutela, caso a exerçam: VI - aqueles que já exercerem tutela ou curatela;
I – aqueles que não tiverem a livre administração de seus VII - militares em serviço.
bens;
II – aqueles que, no momento de lhes ser deferida a tutela, Art. 1.737. Quem não for parente do menor não poderá
se acharem constituídos em obrigação para com o menor, ser obrigado a aceitar a tutela, se houver no lugar parente
ou tiverem que fazer valer direitos contra este, e aqueles idôneo, consangüíneo ou afim, em condições de exercê-la.
cujos pais, filhos ou cônjuges tiverem demanda contra o
menor;
III – os inimigos do menor, ou de seus pais, ou que tiverem Portanto, a pessoa nomeada poderá rejeitar o encargo se
sido por estes expressamente excluídos da tutela; houver um parente idôneo do tutelado em iguais condições
IV – os condenados por crime de furto, roubo, estelionato, para exercê-lo. Tal dispositivo evidencia que a tutela, em
falsidade, contra a família ou os costumes, tenham ou não primeiro plano, é um encargo da família, e pessoas estranhas
cumprido pena; somente podem ser nomeadas tutoras caso os familiares,
V – as pessoas de mau procedimento, ou falhas em fundamentadamente, não puderem exercê-lo.
probidade, e as culpadas de abuso em tutorias anteriores; A escusa do tutor, motivada em qualquer das situações
VI – aqueles que exercerem função pública incompatível previstas e estabelecidas nos arts. 1.736 e 1.737, deve ser
com a boa administração da tutela. apresentada nos dez dias subsequentes à designação, sob
pena de entender-se renunciado o direito de alegá-la (art.
As hipóteses implicam impedimento ou ausência de 1.738 do CC). A não observância do prazo em referência
legitimação, e não incapacidade. A idoneidade do tutor, nas caracterizará renúncia. Nessa primeira situação, a escusa é
hipóteses subjetivas, deve ser analisada com a devida apresentada antes da aceitação do encargo pelo tutor.
cautela e prudência, com a garantia de que o tutor poderá, por Por outro lado, é possível que o tutor aceite o encargo e,
meio do devido processo legal, apresentar suas razões para depois, apresente a escusa. Nessa hipótese (escusa após a
questionar e impugnar o impedimento contra o mesmo aceitação do encargo), de acordo com a segunda parte do art.
imputado. 1.738 do CC, os dez dias contar-se-ão da data em que o tutor
tiver conhecimento da superveniência da causa que lhe
faculta a escusa.
ESCUSA DOS TUTORES
Após a apresentação da escusa, seja anterior ou posterior
Os tutores, quando nomeados pelos pais, indicados pela à aceitação, esta é submetida à análise judicial, a fim de que
lei ou eleitos pelo juiz, podem escusar-se da tutela, desde que possam ser apuradas as razões e a procedência dos motivos
tal recusa ou escusa seja devidamente justificada. A escusa para a manifestação contrária do tutor em relação ao
não implica proibição. exercício desse múnus público.
Ao contrário, nesse caso, o tutor tem plena capacidade e Nessa perspectiva, de acordo com o art. 1.739 do CC, se o
legitimidade para exercer o múnus público, mas, em razão de juiz não admitir a escusa, exercerá o nomeado a tutela
alguma situação específica de sua vida pessoal ou enquanto o recurso interposto não tiver provimento, e
profissional, pode, de forma legítima, declinar do referido responderá, desde logo, pelas perdas e danos que o menor
encargo. venha a sofrer.
A escusa decorre de ato de vontade do tutor que, O tutor que tiver a escusa indeferida ficará obrigado a
habilitado para exercer o encargo, apresentará a justificativa exercer o múnus público e ainda responderá civilmente pelos
ou razão para não assumir a tutela. As hipóteses em que o eventuais danos que o menor venha a sofrer por atos
tutor poderá, de forma legítima, escusar-se da tutela, estão comissivos e omissivos do tutor, com dolo ou culpa, durante o
arroladas no art. 1.736 e 1.737 do CC. exercício da tutela.
Art. 1.736. Podem escusar-se da tutela:
I - mulheres casadas; RESPONSABILIDADE E REMUNERAÇÃO
II - maiores de sessenta anos;
A responsabilidade e remuneração do tutor, vem prevista
III - aqueles que tiverem sob sua autoridade mais de três no (art. 1752.CC) que “O tutor responde pelos prejuízos que,
filhos; por culpa, ou dolo, causar ao tutelado; mas tem direito a ser
pago pelo que realmente despender no exercício da tutela, tutor (não há cooperação com este) e prestará contas
salvo no caso do art. 1.734 , e a perceber remuneração ao juiz sobre a gestão e a administração patrimonial
proporcional à importância dos bens administrados. Ao exercida pelo tutor. Ao protutor poderá ser arbitrada
protutor será arbitrada uma gratificação módica pela remuneração (§ 1º do art. 1.752 do CC).
fiscalização efetuada. São solidariamente responsáveis pelos
prejuízos as pessoas às quais competia fiscalizar a atividade Se os bens e interesses administrativos de propriedade do
do tutor, e as que concorreram para o dano. O novo diploma menor exigirem conhecimentos técnicos, forem complexos, ou
não mais estabelece um percentual da renda líquida dos bens realizados em lugares distantes do domicílio do tutor, poderá
do menor, adotando um critério subjetivo, pelo qual cabe ao este, mediante aprovação judicial, delegar a outras pessoas,
juiz fixar o quantum da remuneração em proporção à físicas ou jurídicas, o exercício parcial da tutela.
importância dos bens administrados, observados os
Os bens do menor serão entregues ao tutor mediante
princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.
termo especificado deles e seus valores, ainda que os pais o
tenham dispensado. Antes do exercício da tutela, é essencial
EXERCÍCIO DA TUTELA que se realize um inventário pormenorizado e detalhado dos
Ao assumir o encargo (em decorrência de ato de vontade bens do menor que ficarão sob a responsabilidade do tutor.
dos pais, da lei ou do juiz) e, se não houver impedimento No referido inventário, deverá ser indicado o bem, natureza,
(proibição de exercer a tutela) e não apresentada escusa, ou localização, situação e valor.
se esta for indeferida, o tutor passará a exercer a tutela (o De acordo com o parágrafo único do art. 1.745, se o
múnus público). patrimônio do menor for de valor considerável, poderá o juiz
Portanto, a Lei Civil impõe obrigações e deveres ao tutor condicionar o exercício da tutela à prestação de caução
que, se não cumpridos, poderão acarretar responsabilidade. bastante, podendo dispensá-la se o tutor for de reconhecida
Em síntese, o exercício da tutela implicará a administração da idoneidade. A prestação de caução pelo tutor é uma faculdade
vida pessoal e patrimonial do tutelado, ou seja, o tutor será do juiz, a depender das circunstâncias objetivas do caso
responsável, assim como os pais o são, por questões de concreto, em especial a reconhecida idoneidade do tutor.
natureza existencial e patrimonial dos menores. No exercício da tutela, compete ao tutor a prática de atos
Em relação à pessoa do tutelado (questões existenciais), que visam proteger a pessoa do menor e os seus bens ou
incumbe ao tutor dirigir-lhe a educação, defendê-lo e prestar- patrimônio. Por isso, será seu representante ou assistente, a
lhe alimentos, conforme seus haveres e condição; reclamar do depender da idade, é responsável pela boa gestão
juiz que providencie, como houver por bem, quando o menor patrimonial.
haja mister correção; adimplir os demais deveres que Assim, de acordo com o art. 1.747 do CC, compete ao tutor:
normalmente cabem aos pais, ouvida a opinião do menor (que  Representar o menor até os 16 anos, nos atos da
não tem caráter vinculante), se este já contar 12 anos de vida civil, e assisti-lo, após essa idade, nos atos
idade (art. 1.740 do CC). em que for parte (proteção para os atos da vida
Em relação às questões patrimoniais, incumbe ao tutor, civil, da mesma forma que os pais – art. 1.634,
sob a inspeção do juiz, administrar os bens do tutelado, em iv);
proveito deste, cumprindo seus deveres com zelo e boa-fé  Receber as rendas e pensões do menor, e as
(art. 1.741, CC). O tutor administra o patrimônio do tutelado, quantias a ele devidas (decorrência do dever de
da mesma forma que os pais no exercício do poder familiar administração do tutor);
(art. 1.689, II, do CC).
 Fazer-lhe as despesas de subsistência e
O juiz supervisionará a referida gestão patrimonial. Para educação, bem como as de administração,
fiscalização dos atos do tutor, pode o juiz nomear um protutor conservação e melhoramentos de seus bens
(art. 1.742 do CC). (também decorrentes do dever de gestão
O protutor será auxiliar do juízo em relação à patrimonial e pessoal);
fiscalização dos atos do tutor. Trate-se de auxiliar do  Alienar os bens do menor destinados à venda (ou
juiz e não auxiliar do tutor. A nomeação do protutor seja, aqueles bens que, por natureza, devem ser
é facultativa. Apenas as circunstâncias do caso alienados, como safras, mercadorias de
concreto poderão justificar a nomeação de um
estabelecimento comercial para manutenção de
protutor. A função fiscalizatória do protutor não
impede que o juiz destitua o tutor, caso perceba que empresa do tutelado etc. – os imóveis possuem
este está colocando em risco o patrimônio do menor. disciplina própria –, art. 1.750), e finalmente
Como já ressaltado, o protutor fiscalizará os atos do promover-lhe, mediante preço conveniente, o
arrendamento de bens de raiz (ato de gestão nas condições previstas no § 1º do art. 1.753; para se
patrimonial) empregarem em conformidade com o disposto por quem os
houver doado ou deixado, e para se entregarem aos órfãos,
Os atos supramencionados podem ser realizados pelo quando emancipados, ou maiores, ou, mortos eles, aos seus
tutor sem necessidade de autorização judicial. No entanto, o herdeiros.
tutor responderá pela boa gestão patrimonial e, no caso de
dano ao patrimônio do menor, responderá pelo dolo ou culpa. PRESTAÇÕES DE CONTAS PELO TUTOR
Compete ainda ao tutor, com autorização do juiz, pagar as Os tutores são gestores de patrimônio alheio e, nessa
dívidas do menor; aceitar por ele heranças, legados ou condição, devem prestar contas da administração desses
doações, ainda que com encargos; transigir; vender-lhe os bens. A prestação de contas é devida ainda que os pais do
bens móveis cuja conservação não convier, e os imóveis nos tutelado, por ocasião da nomeação do tutor, em ato autêntico
casos em que for permitido; e propor em juízo as ações, ou ou testamento, tenham dispensando o tutor de tal encargo.
nelas assistir o menor, e promover todas as diligências a bem Portanto, eventual cláusula que dispense o tutor de prestação
deste, assim como defendê-lo nos pleitos contra ele movidos. de contas é absolutamente ineficaz, nos termos do art. 1.755
Nessas situações previstas no art. 1.748 do CC, na falta de do CC.
autorização, a eficácia de ato do tutor depende da aprovação
ulterior do juiz. O art. 1.756 do CC estabelece a obrigatoriedade de o tutor,
a cada ano, apresentar um balanço, que não se confunde com
a prestação de contas. No final de cada ano, o tutor deverá
BENS DO TUTELADO apresentar um balanço respectivo que será submetido à
O Código Civil, a fim de conservar o patrimônio do análise.
tutelado, estabelece algumas diretrizes para a gestão A prestação de contas propriamente dita ocorrerá, em
administrativa a ser viabilizada pelo tutor, em especial regra, a cada dois anos ou, a qualquer tempo, se o tutor, por
quando tal administração envolver a posse de dinheiro. qualquer motivo, deixar a tutela (ao deixar a tutela, mesmo
Para atingir tal objetivo, dispõe o art. 1.753 do CC que os antes dos dois anos, deverá prestar contas), e também
tutores não podem conservar em seu poder dinheiro dos sempre que o juiz, desde que devidamente justificado,
tutelados, além do necessário para as despesas ordinárias entender que é conveniente.
com o seu sustento, a sua educação e a administração de seus As contas, de acordo com o parágrafo único do art. 1.757
bens. Tais despesas ordinárias estão especificadas na Lei do CC, serão prestadas em juízo e julgadas depois da
Civil, como se visualiza, por exemplo, nos arts. 1.746 e 1.747, audiência dos interessados. Caberá ao tutor recolher
III, do CC. imediatamente a estabelecimento bancário oficial os saldos,
Se houver necessidade, os objetos de ouro e prata, pedras ou adquirir, com estes, bens imóveis, ou títulos, obrigações
preciosas e móveis serão avaliados por pessoa idônea e, após ou letras, na forma do § 1º do art. 1.753.
autorização judicial, alienados, e o seu produto convertido em A emancipação e a maioridade são causas de extinção da
títulos, obrigações e letras de responsabilidade direta ou tutela (art. 1.763, I, do CC). No entanto, mesmo com a extinção
indireta da União ou dos estados, atendendo-se, da tutela por essas causas, a quitação do menor não produzirá
preferencialmente, à rentabilidade e recolhidos ao efeito antes de aprovadas as contas pelo juiz, subsistindo
estabelecimento bancário oficial ou aplicado na aquisição de inteira, até então, a responsabilidade do tutor. A
imóveis, conforme for determinado pelo juiz. O mesmo responsabilidade do tutor persiste até a aprovação das suas
destino terá o dinheiro proveniente de qualquer outra contas, ainda que cessada a tutela (art. 1.758, CC).
procedência. Nos casos de morte, ausência ou interdição do tutor, as
O § 3º do art. 1.753 prevê sanção ao tutor no caso de contas serão prestadas por seus herdeiros ou representantes
retardamento injustificado na aplicação dos recursos em (art. 1.759, CC).
estabelecimento bancário oficial ou na aquisição de imóveis. Por fim, serão levadas a crédito do tutor todas as
Os valores suprarreferidos, que estiverem à disposição e despesas justificadas e reconhecidamente proveitosas ao
depositados em estabelecimentos bancários oficiais, somente menor (art. 1.760, CC). As despesas com a prestação das
poderão ser retirados e sacados pelo tutor mediante contas serão pagas pelo tutelado (art. 1.761, CC). O alcance do
autorização judicial e desde que visem atender algumas tutor, bem como o saldo contra o tutelado, são dívidas de
finalidades previstas em lei, tais como: despesas com o valor e vencem juros desde o julgamento definitivo das
sustento e educação do tutelado ou a administração de seus contas (art. 1.762, CC).
bens; compra de bens imóveis e títulos, obrigações ou letras,
CESSAÇÃO DA TUTELA enfermos com discernimento reduzido (viciados em tóxicos,
De acordo com o art. 1.763 do CC, cessa a condição de ébrios habituais, os que não puderem exprimir sua vontade
tutelado com a maioridade ou a emancipação do menor ou se por causa transitória ou permanente e os pródigos) e os
o menor passar a se submeter a poder familiar, no caso de portadores de deficiência (desde que deficiência física ou
reconhecimento de filiação ou em função de adoção. mental exija a proteção de curador para ato específico de
natureza patrimonial – Lei n. 13.146/2015).
No caso da emancipação, a pessoa emancipada, embora se
torne capaz para o exercício dos atos da vida civil, permanece Em relação aos enfermos com discernimento reduzido por
na condição de menor. Todavia, a emancipação é justificada causa diversa de deficiência física e mental, a curatela de tais
porque o tutelado já apresenta condições de maturidade pessoas é disciplinada pelo Código Civil, arts. 1.767 a 1.783.
suficiente para os atos da vida civil e, por isso, a proteção, A curatela dos portadores de deficiência possui regime
razão da tutela, desaparece. Se não houver necessidade de jurídico próprio, disciplinado pelo estatuto das pessoas com
proteção, é dispensável o tutor para o menor emancipado deficiência, Lei n. 13.146/2015, com aplicação subsidiária das
entre 16 e 18 anos de idade. A emancipação, nesse caso, regras do CC (em relação à curatela dos enfermos elencados
ocorrerá em procedimento judicial, com a participação do MP, nos arts. 4º e 1.767 do CC) e do CPC, quanto ao procedimento
e o menor deverá ter, no mínimo, 16 anos de idade. da interdição.
A tutela é incompatível com o poder familiar, uma vez que As pessoas com deficiência, física ou mental, como regra,
o substitui. Por isso, se o menor que não está sob o poder são capazes. Por essa razão, foram excluídos do rol de
familiar de qualquer pessoa passa a estar porque foi incapazes (arts. 3º e 4º do CC), bem como da relação de
reconhecido como filho ou porque foi adotado, a tutela cessa pessoas que podem se submeter à curatela (art. 1.767 do CC).
para dar lugar ao poder familiar dos pais que reconhecem ou No entanto, se a deficiência física ou mental acarretar algum
adotam o menor. prejuízo ao discernimento, a proteção poderá se dar pelo
instituto da curatela ou pelo instituto da tomada de decisão
O art. 1.764, do CC, dispõe que as funções de tutor cessam apoiada. Todavia, em relação às pessoas com deficiência, a
quando expira o prazo da tutela (dois anos, de acordo com o curatela é disciplinada no estatuto e não no Código Civil, cujas
art. 1.765 do CC) a que estava obrigado a servir. No entanto, regras passam a ter aplicação subsidiária em relação a eles
poderá o tutor continuar no exercício da tutela além do (pessoas com deficiência que necessitarem da assistência ou
referido prazo se, diante das circunstâncias do caso concreto, proteção de curador).
o juiz julgar conveniente ao menor (parágrafo único do art.
1.765 do CC). Em razão desse prazo, o tutor é obrigado a A curatela protege enfermos quando tais pessoas não
prestar contas de dois em dois anos, conforme o art.1.757 do possuem o completo discernimento para os atos da vida civil,
CC. e será instituída por meio de procedimento especial de
jurisdição voluntária, denominado interdição.
O art. 1.764, II, trata da escusa por fato superveniente à
nomeação. Assim, se durante o exercício da tutela sobrevier
ou surgir fato que caracterize escusa legítima, poderão cessar CARACTERISTICAS DA CURATELA
as funções de tutor, que terá de ser substituído. Os seus fins são assistenciais;
Por fim, também cessam as funções de tutor quando este Tem caráter eminentemente publicita;
é removido, podendo a remoção ocorrer com fundamento em Tem, também, caráter supletivo da capacidade;
qualquer das hipóteses arroladas no art. 1.735 da Lei Civil É temporária, perdurando somente enquanto a
(impedimentos para o exercício da tutela), bem como no rol causa da incapacidade se mantiver (cessando a
meramente exemplificativo do art. 1.766. causa, levanta-se a interdição);
A remoção do tutor poderá ser requerida pelo MP ou por A sua decretação requer certeza absoluta da
qualquer pessoa que tenha legítimo interesse, conforme o incapacidade.
art. 761 do CPC. O procedimento da remoção é o previsto na
Lei Civil, com os acréscimos dos arts. 155 a 163 do ECA. O tutor ESPÉCIES DE CURATELA
será citado para contestar a arguição no prazo de cinco dias
e, após seu esgotamento, seguir-se-á o procedimento comum A curatela pode ser legítima, testamentária ou dativa.
(parágrafo único do art. 761) LEGÍTIMA - é aquela conferida ao cônjuge ou
companheiro, não separado de fato, aos pais, ao
descendente mais apto, preferindo os mais próximos
CURATELA aos remotos, um na falta do outro.
O instituto da curatela também é múnus público destinado
à proteção de outra categoria ou espécie de incapazes: os
TESTAMENTÁRIA – é aquela que o tutor é nomeado Aqueles que, por causa duradoura, não puderem
por ato de última vontade (testamento, codicilo, exprimir a sua vontade;
escritura pública, instrumento particular com firma Os deficientes mentais, os ébrios habituais e os
reconhecida). viciados em tóxicos;
DATIVA - é entregue a pessoa estranha, na falta dos Os excepcionais sem completo desenvolvimento
familiares, devendo recair a quem tenha idoneidade mental;
(art. 1.775, § 3º, Código Civil). Os pródigos (pessoa que gasta ou se desfaz de seus
haveres ou bens).
LEGITIMADOS
Os legitimados para o processo que define os termos da Não é qualquer indivíduo que se encaixa nesses critérios,
curatela, a interdição, são os pais ou tutores; o cônjuge ou de modo que, como vimos, é demandada confirmação médica
qualquer parente; o MP (de forma excepcional) e a própria legal. Ela pode se dar por meio de uma perícia liderada por
pessoa. um profissional imparcial e de confiança do juízo, relatando
que a pessoa não tem condições de decidir sozinha a respeito
O Ministério Público só promoverá interdição:
do destino de suas rendas e bens.
Em caso de doença mental grave;
Nesse processo, a pessoa a ser interditada é representada
Se não existir ou não promover a interdição alguma por outra, que se responsabiliza pela curatela e atua como
das pessoas designadas acima; substituta. O autor da ação deve mostrar o que torna o
Se, existindo, forem incapazes as pessoas indivíduo realmente incapaz, em conjunto com documentos
mencionadas no item acima. que comprovem tal afirmação.
Caso seja declarada a interdição pelo juiz, é nomeado um
O cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou curador, que precisa ser maior de idade, capaz e idôneo para
de fato, é, de direito, curador do outro, quando interdito, tomar a responsabilidade de cuidar do interditado, além dos
segundo o artigo 1.775 do Código Civil. Na falta de cônjuge, o seus bens ou negócios. A prestação de contas ao Poder
curador legitimo são os pais. Judiciário figura como outra função, mediante entrega de
Na falta destes, os descendentes que se mostra mais apto, relatório contábil sobre a gestão do patrimônio da pessoa.
nos quais, os mais próximos precedem os mais remotos.
Na falta das pessoas mencionadas, compete ao DO EXERCÍCIO DA CURATELA
magistrado a escolha do curador dativo.
Nomeado o curador e fixados os limites da curatela pelo
Caso o curador for o cônjuge, e o regime de bens do juiz, caberá ao primeiro exercitá-la na forma da lei,
casamento o de comunhão universal, não será obrigado à incumbindo-lhe, desde logo, prestar compromisso por termo
prestação de contas, salvo determinação judicial, conforme o em cartório (artigo 759, parágrafo 1º, novo CPC), bem como
artigo 1.783 do Código Civil. prestar caução bastante (artigo 1.745, c.c. artigo 1.774, ambos
do CC), que poderá ser dispensada se o patrimônio não for de
INTERDIÇÃO valor considerável ou o curador for de reconhecida
A curatela em favor das pessoas arroladas nos arts. 4º e idoneidade (parágrafo único do artigo 1.745).
1.767 do Código Civil depende do processo de interdição, por Quanto aos atos a serem praticados no exercício da
meio do qual será nomeado curador em favor da pessoa a ser curatela, as principais regras vêm disciplinadas no Código
protegida e decretada a sua interdição. Civil, aplicando-se a esse instituto as mesmas disposições a
A interdição é uma medida que pode ser tomada com respeito da tutela, conforme estatuído no artigo 1.781 do CC,
relação a situações de pessoas total ou relativamente ou seja, aquelas previstas nos artigos 1.740 e seguintes, no
incapazes de exercer atos específicos da vida civil. que couber, com exceção do artigo 1.772. Alguns dos atos
poderão ser praticados diretamente pelo curador sem
A análise da legitimidade e da atuação do MP na interdição autorização judicial, enquanto outros dependerão de aval do
envolve a discussão do Estatuto da Pessoa com Deficiência e juízo da interdição.
do atual CPC.
Em breve resumo, competirá ao curador,
Estão sujeitos a curatela: independentemente de autorização judicial, representar o
Aqueles que, por enfermidade ou deficiência mental, curatelado nos atos da vida civil, receber as rendas e
não tiverem o necessário discernimento para os atos pensões, fazer-lhe as despesas de subsistência, bem como as
da vida civil;
de administração, conservação e melhoramentos de seus (“Quando o curador for o cônjuge e o regime de bens do
bens. casamento for de comunhão universal, não será obrigado à
Por outro lado, somente mediante autorização judicial, prestação de contas, salvo determinação judicial”), subsiste a
competirá ao curador pagar as dívidas existentes, aceitar possibilidade da exigência em razão de determinação judicial.
pelo curatelado heranças, legados ou doações, transigir, Por outro lado, o citado artigo 84, parágrafo 4º, do Estatuto
vender-lhe os bens móveis e os imóveis, propor ações em da Pessoa com Deficiência também prevê essa obrigação e
juízo ou representar o incapaz nas já existentes, adquirir por não faz qualquer ressalva quanto à possibilidade de
si, ou por interposta pessoa, mediante contrato particular, dispensa. Notadamente, a obrigação de prestar contas do
bens móveis ou imóveis pertencentes ao incapaz, dispor dos exercício da curatela é indisponível, nos termos do artigo 763,
bens deste a título gratuito, constituir-se cessionário de parágrafo 2º, do CPC.
crédito ou de direito contra o incapaz.
Além disso, os curadores não podem conservar em seu
poder dinheiro dos curatelados além do necessário para as
despesas ordinárias com seu sustento e administração de
seus bens (artigo 1.753 do CC), devendo eventuais valores
decorrentes de objetos e móveis serem convertidos em títulos
ou obrigações e recolhidos ao estabelecimento bancário
oficial ou aplicado na aquisição de imóveis, conforme for
determinado. O mesmo destino deverá ter o dinheiro
proveniente de qualquer outra procedência (parágrafo 2º do
referido artigo 1.753).
Isso significa que o curador não terá a livre movimentação
de contas bancárias e ativos financeiros do curatelado, tendo
acesso somente às rendas existentes, provenientes de
benefícios previdenciários ou salários, que deverão ser
utilizados para as despesas ordinárias. Em havendo sobras,
estas deverão ser depositadas em conta bancária. Esse é o
entendimento que se faz da análise sistemática dos artigos
1.747 e 1.753 do Código Civil, c.c. artigos 1.774 e 1781 do
mesmo código.
Os valores que existirem em banco oficial, ou seja,
depositados em conta judicial, somente poderão ser
levantados por ordem judicial para as despesas com o
sustento do incapaz, desde que devidamente comprovadas,
ou para administração de seus bens, dentre outros, nos
termos do artigo 1.754 do CC. As movimentações e os ativos
financeiros de titularidade do curatelado somente podem
ocorrer mediante prévia autorização do juízo da interdição,
nos termos dos artigos 1.748 e 1.754 c.c. os artigos 1.774 e
1.781, todos do Código Civil.
Por último, o curador deverá apresentar balanços anuais
e prestar contas a cada dois. Esta obrigação tem previsão
legal (artigos 1.755, 1.756 e 1.757, c.c. artigo 1.774, todos do
Código Civil e artigo 84, parágrafo 4º, da Lei 13.146/15),
sendo inerente ao próprio exercício da administração de
coisas alheias, não podendo ser dispensada sob o fundamento
de idoneidade dos curadores, principalmente em razão da
existência de bens, com patrimônio cuja gestão deve ser
fiscalizada em benefício do incapaz.
Ainda quanto à obrigação de prestação das contas,
conquanto prevista a ressalva do artigo 1.783 do Código Civil

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