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Psicologia
Profª. Adriana
30/03/2023
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SUMÁRIO
1.2 Objetivo.................................................................................................................3
1.3 Método..................................................................................................................4
2. Discussão.................................................................................................4
2.1 Vulnerabilidade................................................................................................4
3. Dados da Instituição...................................................................................12
3.2 Missão..............................................................................................................13
3.3 Visão.................................................................................................................13
3.4 Valores.............................................................................................................13
4. Proposta de Intervenção.........................................................................14
2
1 Políticas Públicas e Terceiro setor
1.1 Introdução
Ao olharmos para o contexto brasileiro, esse olhar nos remete a situações extremas
entre a riqueza e a pobreza, sendo que esta nos leva a um olhar para a vulnerabilidade
social, onde os membros das famílias, em especial, crianças e adolescentes ficam
expostos a situação de risco, frente ao álcool, às drogas, a violência familiar, a
prostituição infantil, a falta de escolaridade e de forma mais ampla em uma falta de
oportunidades para uma mudança de situação.
Foi com base nessa visão de ajudar esses indivíduos a se melhor colocarem frente a
uma sociedade discriminatória e sem auxílio das “quase inexistentes e ineficazes”
políticas públicas que surgiram as instituições terceirizadas – instituições não
governamentais que em muitas das vezes fazem o papel das políticas públicas.
Este referido trabalho tem como título “O Fazer da Psicologia Social frente ao
contexto de vulnerabilidade social e políticas públicas; Ele foi desenvolvido com base
em uma pesquisa bibliográfica sobre o tema e duas entrevistas com profissionais da
área, em que definimos vulnerabilidade social, relacionamos com o ECA e
contextualizamos as políticas públicas e para melhor exemplificar mencionaremos com
um trabalho desenvolvido por uma instituição, finalizando com uma discussão sobre o
papel do psicólogo nesse contexto.
1.2 Objetivo
Nosso objetivo é entender a relação entre políticas públicas e terceiro setor, assim
como o fazer do profissional de psicologia frente a esses contextos.
1.3 Método
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, na qual foi utilizada uma entrevista semi-
estruturada que foi analisada de acordo com técnicas de análise de conteúdo
temático com revisão da literatura.
Revisão bibliográfica
3
Pesquisa ao google acadêmico pelos seguintes descritores
2 Discussão
2.1 Vulnerabilidade
A definição sobre vulnerabilidade remete à ideia de fragilidade e de dependência
que se conecta à situação de crianças e adolescentes, principalmente os de menor
nível socioeconômico. Devido à fragilidade e dependência dois mais velhos, esse
público torna-se muito submisso ao ambiente físico e social em que se encontra. Em
algumas situações, o estado de vulnerabilidade pode afetar a saúde, mesmo na
ausência de doenças, mas com o abalo do estado psicológico, social ou mental das
crianças e adolescentes.
O termo vulnerabilidade tem sua origem no latim vulnerare, que significa ferir,
lesar, prejudicar. Com isto inerente ao ser humano naturalmente necessitado de ajuda,
diz ao Estado estar em perigo ou exposto a danos em razão da fragilidade, atrelada à
existência individual, e eivada em contradições.
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2.2 Políticas Publicas
Até 1900, final do Império e início da República, não tem nenhum registro do
desenvolvimento de políticas sociais no Brasil. O povo carente ficava sob a
responsabilidade da igreja católica. Havia um sistema de roda na instituição das Santas
Casas de misericórdia vindo da Europa, onde as mães deixavam as crianças
abandonadas sem identificação ( Roda dos desvalidos). Estas instituições atuavam
também com os doentes, órfãos e desprovidos.
Em 1927, o código de menores proibiu esse sistema, agora as mães precisavam
entregar as crianças em mãos, pois o registro era obrigatório. Um código criado pelo
juiz Mello Mattos à população menor de 18 ano, tido em “situação irregular”.
“O menor, de um ou outro sexo, abandonado ou delinquente, que tiver menos de 18
anos de idade, será submetido pela autoridade competente às medidas de assistência
e proteção contidas neste Código.” 1
Porém, com isso, o destino de muitas crianças e adolescentes ficava no poder e
julgamento do juiz. Essa época entre 1900 e 1930, fica marcada no Brasil o início das
lutas sociais por um Comitê de defesa proletária que lutou pela proibição do trabalho
de menores de 14 anos, entre outros.
Entre 1930 e 1945, começa então o Estado novo, um período marcado pela
instalação das políticas sociais, uma delas a legislação trabalhista, porém criticada por
favorecer apenas aos que tinham carteira assinada. Nesse período autoritário foi
criado a SAM (Serviço de Assistência ao Menor), um órgão do Ministério da Justiça,
onde tinha atendimento diferenciado aos menores infratores, e abandonados. Esse
sistema, mais tarde, é visto pela opinião pública como “universidade do crime”, algo
desumanizante.
Nessa época também foram criadas outras entidades federais ligadas à primeira
dama. Os programas eram práticas assistencialistas de atenção à criança e ao
adolescente de baixa renda que visavam o campo de trabalho. Entre eles estão:
LBA – Ligação Brasileira de Assistência;
Casa do pequeno Jornaleiro;
1
(grafia original) Código de Menores – Decreto N. 17.943 A – de 12 de outubro de 1927
5
Casa do pequeno Lavrador;
Casa do pequeno Trabalhador.
O período de 1945 a 1964, segundo o ponto de vista da organização popular, foi
marcado por duas tendências: O aprofundamento das conquistas sociais em relação à
população de baixa renda e o controle da mobilização e organização que começa a
surgir nas comunidades. Uma abertura política do governo Vargas.
No ano de 1964, início do regime militar, o autoritarismo volta com grande força,
tirando a liberdade de opinião, reprimindo os direitos sociais e punindo sem piedade
em nome do poder público. Nesse período militar, ficou registrado dois documentos
para a área da infância.
1ª A lei que criou a Fundação Nacional do Bem-Estar do menor – FUNABEM – (Lei.
4.513 de 01/12/64.
2ª O código de Menores de 79 (Lei 6.697 de 10/10/1979).
Essa lei, constituiu de uma “revisão” do Código de menores de 1927, porém, não
mudou o modo de agir com crianças, e adolescentes, muito observável com o termo
“autoridade judiciária”, que aparece várias vezes tanto no código de menores de 79,
quanto na lei de 64.
Em plena ditatura militar, em meados de 70, surge um interesse dos pesquisadores
acadêmicos, em estudar a população de risco e a situação das crianças e adolescentes
de ruas. Foi de tão grande importância trazer essa discussão de políticas públicas e
direitos humanos, que perdura até hoje no mundo acadêmico.
A década de 80, foi representativa para os movimentos sociais pela infância
brasileira. Com o fim da ditadura há uma reabertura democrática, uma organização em
defesa das crianças e adolescentes para uma mudança no código, na qual eles
pudessem ser sujeitos de direitos e contar com uma Política de Proteção Integral.
“Em 5 de outubro de 1988, foi então
promulgada a Constituição Brasileira
que, marcada por avanços na área
social, introduz um novo modelo de
gestão das políticas sociais – que conta
com a participação ativa das
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comunidades através dos conselhos
deliberativos e consultivos.”2
Tendo como base, conteúdos da Doutrina de Proteção Integral da Organização das
Nações Unidas, um grupo na Assembleia Constituinte compromete-se com o tema da
criança e adolescente, garantindo a eles direitos fundamentais de sobrevivência,
integridade física, psicológica e moral, contra maus tratos, exploração, etc.
Com isso fica o ponto de partida para o ECA (Estatuto da Criança e Adolescente)
promulgadas nos próximos anos, mais precisamente em 13 de julho de 1990.
Observa-se que, antes da Constituição (1988) e do ECA (1990), não havia um
reconhecimento como cidadãos de direitos às crianças e adolescentes em
vulnerabilidade social. Como muitas delas representavam um risco para a sociedade,
eram tomadas ações higienistas.
Alguns autores trazem suas definições sobre políticas públicas.
Souza (2010, p. 69), resume políticas públicas como:
(...) o campo do conhecimento que
busca, ao mesmo tempo, colocar o
“governo em ação” e/ou analisar essa
ação (variável independente) e, quando
necessário, propor mudanças no rumo
ou curso dessas ações (variável
dependente). A formulação de políticas
públicas constitui-se no estágio em que
governos democráticos traduzem seus
propósitos e plataformas eleitorais em
programas e ações, que produzirão
resultados ou mudanças no mundo
real.3
2
Gisella Werneck
3
SOUZA, C. Estado da Arte da pesquisa em políticas públicas. In: HOCHMAN, G.;
ARRETCHE, M.; MARQUES, E. (Org.). Politicas públicas no Brasil. Rio de Janeiro: Fiocruz,
2010.p. 65-86
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A definição trazida por Rodrigues (2010, p.13) expressa bem essa relação entre
Estado e sociedade na formulação de políticas públicas:
Política Pública é o processo pelo qual
os diversos grupos que compõem a
sociedade –cujos interesses, valores e
objetivos são diferentes –tomam
decisões coletivas que condicionam o
conjunto dessa sociedade. Quando
decisões coletivas são tomadas, elas se
convertem em algo a ser compartilhado,
isto é, em uma política comum.4
4
RODRIGUES, M. M. A. Políticas públicas.São Paulo: Publifolha, 2010.(Coleção Folha Explica)
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3 Dados sobre a Instituição e intervenção proposta
3.1 Localização da Sede
Associação Educacional Beneficente Vale da Benção – A.E.B.V.B
CEP: 18147000
CNPJ: 50.811.330/0001-35
3.2 Missão
Garantir direitos ás crianças, adolescentes e famílias em situação de vulnerabilidade
social, capacitando-o para o exercício da cidadania, tendo como base uma referência
cristã, visando a transformação integral.
3.3 Visão
Ser uma instituição que glorifica a Deus, promovendo ações transformadoras na
vida de crianças, adolescentes, famílias e comunidades.
3.4 Valores
Amamos a Deus sobre todas a coisas, temos a Bíblia como referencia de fé e prática,
valorizando a pratica da oração, respeitamos as pessoas, agimos com ética;
administramos com responsabilidade, exercemos liderança compartilhada,
construímos parcerias, preservamos e respeitamos o meio ambiente onde
convivemos.
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Garantir atividades psicopedagógicas, culturais, esportivas,
de lazer, e profissionalizantes, conforme as demandas
pessoais;
4 Proposta de Intervenção
A instituição mencionada possui caracterização de nível terceirizado, portanto não é
uma organização vinculada diretamente ao governo. Como proposta de intervenção
ela é associada a diversas ramificações, desde o trabalho artesanal e manual com
crianças e adolescentes até o recrutamento de jovens para o mercado de trabalho.
A execução do trabalho deve-se ao intuito de reestabelecer a relação da criança, do
jovem e do adolescente em estado de vulnerabilidade com a sociedade, inserindo e
ofertando meios para que os mesmos se desenvolvam apesar dos contextos de
violência, abuso, e fragilidade.
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que novas leis referentes às crianças e adolescentes foram sendo aprovadas, como o
ECA em 1990, que puseram a criança no centro do cuidado e proteção, o que permitiu
uma maior participação do psicólogo na área de assistência, como podemos perceber
no texto a seguir, “(…) a partir da década de 1990, o psicólogo foi paulatinamente se
inserindo em espaços institucionais (...)” (YAMAMOTO, O H & OLIVEIRA I F, 2010, pg
19)
Nesta pesquisa, chamou-nos atenção duas citações a respeito dos caminhos desta
inserção, uma através da educação e outra através da saúde. CRUS, HILLESHEIM &
GUARESCHI (2005), fazem menção de uma inserção da Psicologia na assistência às
crianças já por volta de 1931- 1934, através da educação, quando as crianças foram
tomadas como objeto psico-médico-biológico.
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Entretanto, não podemos ocultar o fato que quando essas crianças e adolescentes
chegam às instituições, estarão possivelmente afetados por uma história marcada
pelas consequências da desigualdade social, cheia de sofrimentos, de perda dos
vínculos familiares, de violência doméstica e das consequências das drogas e álcool,
trazendo consigo muitas vezes uma bagagem de maus-tratos, abuso sexual e
exploração. Esta clientela também necessitará de um acompanhamento
individualizado, levando em conta sua história pessoal e familiar.
Neste contexto, a função de escutar, de apoiar, de se colocar no lugar do outro se
faz necessária, enfim de uma ação terapêutica se faz necessária. Para isto, pode-se
contar com a parceria de profissionais que atendem individualmente na rede de
assistência do governo.
Podemos então concluir que o psicólogo inserido na assistência social, adquire
multifunções, faz parte de uma equipe multidisciplinar, apoia tanto a criança e o
adolescente, assim com da instituição da qual faz parte. Olhando não somente para o
indivíduo, como o centro da problemática, mas sim, para o indivíduo que é fruto de um
contexto sócio, econômico cultural o qual também necessitar de intervenção.
Ainda há muitas dificuldades a ser vencidas, como talvez a falta de conscientização
por parte do próprio profissional e das instituições sobre a amplitude de sua atuação e
também em relação às políticas públicas, o que nos leva para a grande necessidade no
âmbito da formação de profissionais com esta visão integral.
6 Conclusão
Com base no trabalho apresentado podemos concluir que o fazer da psicologia
social em contextos de vulnerabilidade perpassa pela história dessa atividade no Brasil,
nos levando a entender a necessidade da criação de leis apropriadas para a defesa da
integralidade da criança e adolescente. Observamos que através da negligência Estatal,
tivemos a elaboração do setor terciário visando o atendimento no âmbito social. Por
essa negligência, porém apropriadas e embasadas nas leis, puderam em muitos casos
dar voz aos que outrora estavam silenciados.
Esse fazer passa por um olhar mais acentuado do profissional para o indivíduo
(criança e adolescente), olhando ele como um todo, visando sua subjetividade e
levando em conta o contexto em que está inserido, o qual também necessita de
intervenção, assim podendo dialogar com o indivíduo, a comunidade e as diferentes
políticas públicas.
Vê-se que a atuação do psicólogo se faz indispensável, já que ele ajuda a compor em
muitas das vezes, ações para a prevenção e combate de situações de vulnerabilidade.
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Fica sob a responsabilidade desse profissional também o desenvolvimento das
potencialidades, tanto no âmbito individual quanto no comunitário.
7 Referências
- ALBERTO, Maria de Fátima Pereira et al. O papel do psicólogo e das entidades junto a
crianças e adolescentes em situação de risco. Psicol.cienc.prof., Brasília, v.28, n.3, 2008
http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/download/O_ECA_e_o_acolhimento_fa
miliar.pdf
- www.conselhodacrianca.al.gov.br
- https://ojs.unesp.br/index.php/revista_proex/article/view/868/1096
- http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-166X2016000400735&script=sci_arttext
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