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FAC SÃO ROQUE – CURSO DE PSICOLOGIA

POLÍTICAS PÚBLICAS E TERCEIRO SETOR

Psicologia
Profª. Adriana

Abiqueila P. S. Carvalho 519100043


Glaucileia Haack 519100119
José Rossini 519100302
Rebecca H. Hamon de Souza 519200094
Thallison Felipe Aguiar 519100042

30/03/2023

1
SUMÁRIO

1. Políticas Públicas e Terceiro Setor ................................... 3


1.1 Introdução...........................................................................................................3

1.2 Objetivo.................................................................................................................3

1.3 Método..................................................................................................................4

2. Discussão.................................................................................................4

2.1 Vulnerabilidade................................................................................................4

2.2 Políticas Públicas.............................................................................................6

3. Dados da Instituição...................................................................................12

3.1 Localização da Sede....................................................................................12

3.2 Missão..............................................................................................................13

3.3 Visão.................................................................................................................13

3.4 Valores.............................................................................................................13

3.5 Intervenção feita pela Instituição .......................................................13

3.6 Entrevista com a Psicóloga da Instituição........................................13

4. Proposta de Intervenção.........................................................................14

5. Papel do Psicólogo nas instituições..................................................14


6. Conclusão.........................................................................................................17
7. Referências Bibliográficas.....................................................................18

2
1 Políticas Públicas e Terceiro setor

1.1 Introdução
Ao olharmos para o contexto brasileiro, esse olhar nos remete a situações extremas
entre a riqueza e a pobreza, sendo que esta nos leva a um olhar para a vulnerabilidade
social, onde os membros das famílias, em especial, crianças e adolescentes ficam
expostos a situação de risco, frente ao álcool, às drogas, a violência familiar, a
prostituição infantil, a falta de escolaridade e de forma mais ampla em uma falta de
oportunidades para uma mudança de situação.

Frente a essa dicotomia em nossa sociedade, instituições governamentais e


terceirizadas viram a necessidade de uma intervenção de forma mais contundente e
incisiva visando o bem-estar desses sujeitos frente a um contexto que em muitas das
vezes não favorecem a emancipação e autonomia.

Foi com base nessa visão de ajudar esses indivíduos a se melhor colocarem frente a
uma sociedade discriminatória e sem auxílio das “quase inexistentes e ineficazes”
políticas públicas que surgiram as instituições terceirizadas – instituições não
governamentais que em muitas das vezes fazem o papel das políticas públicas.

Este referido trabalho tem como título “O Fazer da Psicologia Social frente ao
contexto de vulnerabilidade social e políticas públicas; Ele foi desenvolvido com base
em uma pesquisa bibliográfica sobre o tema e duas entrevistas com profissionais da
área, em que definimos vulnerabilidade social, relacionamos com o ECA e
contextualizamos as políticas públicas e para melhor exemplificar mencionaremos com
um trabalho desenvolvido por uma instituição, finalizando com uma discussão sobre o
papel do psicólogo nesse contexto.

1.2 Objetivo
Nosso objetivo é entender a relação entre políticas públicas e terceiro setor, assim
como o fazer do profissional de psicologia frente a esses contextos.

1.3 Método
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, na qual foi utilizada uma entrevista semi-
estruturada que foi analisada de acordo com técnicas de análise de conteúdo
temático com revisão da literatura.

Revisão bibliográfica

3
Pesquisa ao google acadêmico pelos seguintes descritores

Terceiro Setor– Políticas Públicas – Vulnerabilidade

2 Discussão

2.1 Vulnerabilidade
A definição sobre vulnerabilidade remete à ideia de fragilidade e de dependência
que se conecta à situação de crianças e adolescentes, principalmente os de menor
nível socioeconômico. Devido à fragilidade e dependência dois mais velhos, esse
público torna-se muito submisso ao ambiente físico e social em que se encontra. Em
algumas situações, o estado de vulnerabilidade pode afetar a saúde, mesmo na
ausência de doenças, mas com o abalo do estado psicológico, social ou mental das
crianças e adolescentes.

Para melhor compreensão de vulnerabilidade é necessário adentrar em uma


discussão conceitual, ressaltando as discrepâncias e os elementos compartilhados ou
não pelas matrizes discursivas.

O termo vulnerabilidade tem sua origem no latim vulnerare, que significa ferir,
lesar, prejudicar. Com isto inerente ao ser humano naturalmente necessitado de ajuda,
diz ao Estado estar em perigo ou exposto a danos em razão da fragilidade, atrelada à
existência individual, e eivada em contradições.

Nas áreas de saúde e assistência social, o conceito de vulnerabilidade do ser


humano não sofrerá danos, mas está a ele suscetível pelo fato de possuir
desvantagens para mobilidade social, não sendo possível alcançar patamares elevados
de qualidade de vida em função de sua cidadania debilitada. Assim o ser humano
desvalido pode possuir e ser apoiado na criação de capacidades para a mudança da
sua condição.

Compreende-se assim que a vulnerabilidade não se trata apenas de uma condição


natural que não permite contestações, isso porque é perceptível que o estado de
subdesenvolvimento não está apenas vinculado a contextos individuais, todavia
relacionado ao coletivo. Concepções menos centradas nos sujeitos como autores de
sua própria impotência, são aceitas nas teorias que defendem que o ser humano
desenvolve capacidade e adquire ativos para lidar com as diversidades de acordo com
os materiais que estiverem disponibilizados de acordo com seu histórico de vida. Do
contrário o que consta são situações de desigualdade que marcam a diferenciação no
usufruto de direitos.

4
2.2 Políticas Publicas
Até 1900, final do Império e início da República, não tem nenhum registro do
desenvolvimento de políticas sociais no Brasil. O povo carente ficava sob a
responsabilidade da igreja católica. Havia um sistema de roda na instituição das Santas
Casas de misericórdia vindo da Europa, onde as mães deixavam as crianças
abandonadas sem identificação ( Roda dos desvalidos). Estas instituições atuavam
também com os doentes, órfãos e desprovidos.
Em 1927, o código de menores proibiu esse sistema, agora as mães precisavam
entregar as crianças em mãos, pois o registro era obrigatório. Um código criado pelo
juiz Mello Mattos à população menor de 18 ano, tido em “situação irregular”.
“O menor, de um ou outro sexo, abandonado ou delinquente, que tiver menos de 18
anos de idade, será submetido pela autoridade competente às medidas de assistência
e proteção contidas neste Código.” 1
Porém, com isso, o destino de muitas crianças e adolescentes ficava no poder e
julgamento do juiz. Essa época entre 1900 e 1930, fica marcada no Brasil o início das
lutas sociais por um Comitê de defesa proletária que lutou pela proibição do trabalho
de menores de 14 anos, entre outros.
Entre 1930 e 1945, começa então o Estado novo, um período marcado pela
instalação das políticas sociais, uma delas a legislação trabalhista, porém criticada por
favorecer apenas aos que tinham carteira assinada. Nesse período autoritário foi
criado a SAM (Serviço de Assistência ao Menor), um órgão do Ministério da Justiça,
onde tinha atendimento diferenciado aos menores infratores, e abandonados. Esse
sistema, mais tarde, é visto pela opinião pública como “universidade do crime”, algo
desumanizante.
Nessa época também foram criadas outras entidades federais ligadas à primeira
dama. Os programas eram práticas assistencialistas de atenção à criança e ao
adolescente de baixa renda que visavam o campo de trabalho. Entre eles estão:
LBA – Ligação Brasileira de Assistência;
Casa do pequeno Jornaleiro;

1
(grafia original) Código de Menores – Decreto N. 17.943 A – de 12 de outubro de 1927
5
Casa do pequeno Lavrador;
Casa do pequeno Trabalhador.
O período de 1945 a 1964, segundo o ponto de vista da organização popular, foi
marcado por duas tendências: O aprofundamento das conquistas sociais em relação à
população de baixa renda e o controle da mobilização e organização que começa a
surgir nas comunidades. Uma abertura política do governo Vargas.
No ano de 1964, início do regime militar, o autoritarismo volta com grande força,
tirando a liberdade de opinião, reprimindo os direitos sociais e punindo sem piedade
em nome do poder público. Nesse período militar, ficou registrado dois documentos
para a área da infância.
1ª A lei que criou a Fundação Nacional do Bem-Estar do menor – FUNABEM – (Lei.
4.513 de 01/12/64.
2ª O código de Menores de 79 (Lei 6.697 de 10/10/1979).
Essa lei, constituiu de uma “revisão” do Código de menores de 1927, porém, não
mudou o modo de agir com crianças, e adolescentes, muito observável com o termo
“autoridade judiciária”, que aparece várias vezes tanto no código de menores de 79,
quanto na lei de 64.
Em plena ditatura militar, em meados de 70, surge um interesse dos pesquisadores
acadêmicos, em estudar a população de risco e a situação das crianças e adolescentes
de ruas. Foi de tão grande importância trazer essa discussão de políticas públicas e
direitos humanos, que perdura até hoje no mundo acadêmico.
A década de 80, foi representativa para os movimentos sociais pela infância
brasileira. Com o fim da ditadura há uma reabertura democrática, uma organização em
defesa das crianças e adolescentes para uma mudança no código, na qual eles
pudessem ser sujeitos de direitos e contar com uma Política de Proteção Integral.
“Em 5 de outubro de 1988, foi então
promulgada a Constituição Brasileira
que, marcada por avanços na área
social, introduz um novo modelo de
gestão das políticas sociais – que conta
com a participação ativa das

6
comunidades através dos conselhos
deliberativos e consultivos.”2
Tendo como base, conteúdos da Doutrina de Proteção Integral da Organização das
Nações Unidas, um grupo na Assembleia Constituinte compromete-se com o tema da
criança e adolescente, garantindo a eles direitos fundamentais de sobrevivência,
integridade física, psicológica e moral, contra maus tratos, exploração, etc.
Com isso fica o ponto de partida para o ECA (Estatuto da Criança e Adolescente)
promulgadas nos próximos anos, mais precisamente em 13 de julho de 1990.
Observa-se que, antes da Constituição (1988) e do ECA (1990), não havia um
reconhecimento como cidadãos de direitos às crianças e adolescentes em
vulnerabilidade social. Como muitas delas representavam um risco para a sociedade,
eram tomadas ações higienistas.
Alguns autores trazem suas definições sobre políticas públicas.
Souza (2010, p. 69), resume políticas públicas como:
(...) o campo do conhecimento que
busca, ao mesmo tempo, colocar o
“governo em ação” e/ou analisar essa
ação (variável independente) e, quando
necessário, propor mudanças no rumo
ou curso dessas ações (variável
dependente). A formulação de políticas
públicas constitui-se no estágio em que
governos democráticos traduzem seus
propósitos e plataformas eleitorais em
programas e ações, que produzirão
resultados ou mudanças no mundo
real.3

2
Gisella Werneck
3
SOUZA, C. Estado da Arte da pesquisa em políticas públicas. In: HOCHMAN, G.;
ARRETCHE, M.; MARQUES, E. (Org.). Politicas públicas no Brasil. Rio de Janeiro: Fiocruz,
2010.p. 65-86
7
A definição trazida por Rodrigues (2010, p.13) expressa bem essa relação entre
Estado e sociedade na formulação de políticas públicas:
Política Pública é o processo pelo qual
os diversos grupos que compõem a
sociedade –cujos interesses, valores e
objetivos são diferentes –tomam
decisões coletivas que condicionam o
conjunto dessa sociedade. Quando
decisões coletivas são tomadas, elas se
convertem em algo a ser compartilhado,
isto é, em uma política comum.4

Entendemos que o objetivo de politicas públicas, é assegurar os direitos sociais,


prover e fornecer recursos, proporcionando bem-estar para que cada cidadão possa
planejar e concluir suas ações de modo igualitário na sociedade.
Porém, como bem colocou Souza (2010) infelizmente, muitos se apropriam do título
para autopromoção, e não para um bem comum, onde as decisões são tomadas em
conjunto como traz Rodrigues (2010).
Com muitas falhas nas políticas públicas, surge então, vários outros segmentos, para
suprir as necessidades sociais como: empresários, instituições religiosas, autoridades
políticas, médicos, psicólogos, educadores, assistentes sociais, enfim, o setor
terceirizado.
A todas essas pessoas, profissionais e entidades públicas e privadas, que promovem
e executam ações e projetos sociais. Finalizamos aqui com um parágrafo bem reflexivo
do professor e Doutor em Psicologia Social, Silvio José Benelli.
“ O desafio consiste em construir práticas de atenção psicossociais que possam
superar tanto as praticas disciplinares quanto as de controle na atualidade. Para que a
Assitencia Social, incluindo os psicólogos, possa buscar um efetivo equacionamento do
problema social, é preciso que se paute radicalmente – logo de inicio - , pelo
enunciado ético que deve orientar seus efeitos: O sujeito cidadão de direitos. “

4
RODRIGUES, M. M. A. Políticas públicas.São Paulo: Publifolha, 2010.(Coleção Folha Explica)

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3 Dados sobre a Instituição e intervenção proposta
3.1 Localização da Sede
Associação Educacional Beneficente Vale da Benção – A.E.B.V.B

Rua Bom Pastor, 300 – Bairro Vale da Benção – Araçariguama/SP

CEP: 18147000

CNPJ: 50.811.330/0001-35

3.2 Missão
Garantir direitos ás crianças, adolescentes e famílias em situação de vulnerabilidade
social, capacitando-o para o exercício da cidadania, tendo como base uma referência
cristã, visando a transformação integral.

3.3 Visão
Ser uma instituição que glorifica a Deus, promovendo ações transformadoras na
vida de crianças, adolescentes, famílias e comunidades.

3.4 Valores
Amamos a Deus sobre todas a coisas, temos a Bíblia como referencia de fé e prática,
valorizando a pratica da oração, respeitamos as pessoas, agimos com ética;
administramos com responsabilidade, exercemos liderança compartilhada,
construímos parcerias, preservamos e respeitamos o meio ambiente onde
convivemos.

Em seu Planejamento Estratégico, atesta os seguintes Princípios Norteadores:

 Atuar na defesa dos direitos de indivíduos em situações de


vulnerabilidade social e daqueles cujos vínculos familiares e
comunitários já tenham sido rompidos, conforme
prerrogativas do SUAS, ECA e LOAS;

 Trabalhar, na perspectiva da articulação de uma rede de


atendimento de base local, em parceria com órgãos públicos
e privados;

 Trabalhar a inclusão de acordo com as diferenças


individuais;

9
 Garantir atividades psicopedagógicas, culturais, esportivas,
de lazer, e profissionalizantes, conforme as demandas
pessoais;

3.5 Intervenção feita pela Instituição


Programa Arte & Vida Nasceu em 2014 com o objetivo de atender crianças e
adolescentes em vulnerabilidade do município de Araçariguama. Segue o objetivo
geral do programa - Proporcionar espaço de convivência e formação para a cidadania,
fortalecendo o vínculo familiar, desenvolvendo as potencialidades e o protagonismo,
através de atividades lúdicas, culturais e esportivas para 200 crianças e adolescentes,
matriculados na Rede Pública de Ensino do Município de Araçariguama – conforme
diretrizes da Política Nacional da Assistência Social – PNAS.

3.6 Entrevista com a psicóloga da instituição R.L - Como é a atuação do psicólogo


nesse projeto?
Como trabalhamos com fortalecimento de vínculos familiares e prevenção contra
todo tipo de violência o psicólogo tem um papel importantíssimo na unidade para
atender e orientar as famílias e as crianças e adolescentes através de grupos de
conversas.

4 Proposta de Intervenção
A instituição mencionada possui caracterização de nível terceirizado, portanto não é
uma organização vinculada diretamente ao governo. Como proposta de intervenção
ela é associada a diversas ramificações, desde o trabalho artesanal e manual com
crianças e adolescentes até o recrutamento de jovens para o mercado de trabalho.
A execução do trabalho deve-se ao intuito de reestabelecer a relação da criança, do
jovem e do adolescente em estado de vulnerabilidade com a sociedade, inserindo e
ofertando meios para que os mesmos se desenvolvam apesar dos contextos de
violência, abuso, e fragilidade.

5 Papel do psicólogo nas instituições


Como já foi visto neste trabalho, a história da assistência às crianças e adolescentes
passa pela própria história da criança e adolescentes, assim como as diversas ações do
governo em relação a elas.

Dentro desta perspectiva podemos também fazer um levantamento da história da


inserção do psicólogo na Assistência Social. Com o caminhar da história, podemos ver

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que novas leis referentes às crianças e adolescentes foram sendo aprovadas, como o
ECA em 1990, que puseram a criança no centro do cuidado e proteção, o que permitiu
uma maior participação do psicólogo na área de assistência, como podemos perceber
no texto a seguir, “(…) a partir da década de 1990, o psicólogo foi paulatinamente se
inserindo em espaços institucionais (...)” (YAMAMOTO, O H & OLIVEIRA I F, 2010, pg
19)

Nesta pesquisa, chamou-nos atenção duas citações a respeito dos caminhos desta
inserção, uma através da educação e outra através da saúde. CRUS, HILLESHEIM &
GUARESCHI (2005), fazem menção de uma inserção da Psicologia na assistência às
crianças já por volta de 1931- 1934, através da educação, quando as crianças foram
tomadas como objeto psico-médico-biológico.

YAMAMOTO, O H & OLIVEIRA I F, (2010, pg 19), atestam que a criação do SUAS, em


2005, teve grande influência na inserção dos psicólogos na assistência, “(...) a
estruturação do SUAS e seus sistemas de proteção básica e especial são a grande porta
de entrada de psicólogos na assistência social.”
Com tudo isto, pode se dizer, “(...) o psicólogo tem presença significativa recente na
assistência social brasileira(...)” ( NERY (2009) & SENRA (2009), apud YAMAMOTO, O
H & OLIVEIRA I F, 2010, pg 19)
Contudo, em um primeiro momento, considerando o contexto econômico do país e
da profissão de psicologia dentro deste contexto, esta inserção foi feita como mais
uma opção de trabalho e com uma visão herdada da prática clínica, isto é, com alvo no
indivíduo e na sua subjetividade.
O campo da psicologia no contexto da Assistência social cresceu, há hoje um grande
número de psicólogos trabalhando em instituições, assim como em órgãos do governo.
O contexto de trabalho é social e por definição deveria buscar a transformação social,
mas infelizmente ainda se vê práticas que são importadas do modelo clínico.
Faz-se necessário um repensar desta prática, levando os psicólogos a se engarem
em atividades que visem o grupo no qual o indivíduo está inserido, como por exemplo,
trabalhos voltados para comunidade, trabalhos com grupos, visitas a famílias de
atendidos, apoio aos cuidadores, entre outras atividades.
Dentro das novas especificações sobre o trabalho do psicólogo na assistência social,
há algumas diretrizes a serem seguidas, o trabalho é em rede, dentro de uma equipe
multidisciplinar, tendo como foco a família. Neste sentido o seu trabalho precisa ser
ampliado, saindo da visão focada no indivíduo, para uma proteção integral. Segundo
ALBERTO M F P et al ( 2008, pg 564) , “(…) O papel do psicólogo no sistema de
garantias, junto ao de outros profissionais, passa, então, a ser o de um viabilizador de
direitos(...)”.

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Entretanto, não podemos ocultar o fato que quando essas crianças e adolescentes
chegam às instituições, estarão possivelmente afetados por uma história marcada
pelas consequências da desigualdade social, cheia de sofrimentos, de perda dos
vínculos familiares, de violência doméstica e das consequências das drogas e álcool,
trazendo consigo muitas vezes uma bagagem de maus-tratos, abuso sexual e
exploração. Esta clientela também necessitará de um acompanhamento
individualizado, levando em conta sua história pessoal e familiar.
Neste contexto, a função de escutar, de apoiar, de se colocar no lugar do outro se
faz necessária, enfim de uma ação terapêutica se faz necessária. Para isto, pode-se
contar com a parceria de profissionais que atendem individualmente na rede de
assistência do governo.
Podemos então concluir que o psicólogo inserido na assistência social, adquire
multifunções, faz parte de uma equipe multidisciplinar, apoia tanto a criança e o
adolescente, assim com da instituição da qual faz parte. Olhando não somente para o
indivíduo, como o centro da problemática, mas sim, para o indivíduo que é fruto de um
contexto sócio, econômico cultural o qual também necessitar de intervenção.
Ainda há muitas dificuldades a ser vencidas, como talvez a falta de conscientização
por parte do próprio profissional e das instituições sobre a amplitude de sua atuação e
também em relação às políticas públicas, o que nos leva para a grande necessidade no
âmbito da formação de profissionais com esta visão integral.

6 Conclusão
Com base no trabalho apresentado podemos concluir que o fazer da psicologia
social em contextos de vulnerabilidade perpassa pela história dessa atividade no Brasil,
nos levando a entender a necessidade da criação de leis apropriadas para a defesa da
integralidade da criança e adolescente. Observamos que através da negligência Estatal,
tivemos a elaboração do setor terciário visando o atendimento no âmbito social. Por
essa negligência, porém apropriadas e embasadas nas leis, puderam em muitos casos
dar voz aos que outrora estavam silenciados.

Esse fazer passa por um olhar mais acentuado do profissional para o indivíduo
(criança e adolescente), olhando ele como um todo, visando sua subjetividade e
levando em conta o contexto em que está inserido, o qual também necessita de
intervenção, assim podendo dialogar com o indivíduo, a comunidade e as diferentes
políticas públicas.

Vê-se que a atuação do psicólogo se faz indispensável, já que ele ajuda a compor em
muitas das vezes, ações para a prevenção e combate de situações de vulnerabilidade.

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Fica sob a responsabilidade desse profissional também o desenvolvimento das
potencialidades, tanto no âmbito individual quanto no comunitário.

Em suma, o fazer da psicologia social em contextos de vulnerabilidade, visa em


primeiro lugar a identificação do cenário, em segundo o dialogo tanto com o sujeito ,
quanto com o coletivo, buscando uma emancipação e um protagonismo e em terceiro
lugar o psicólogo busca junto com as políticas públicas uma que se adeque, ou possa
suprir as demandas apresentadas.

7 Referências

- ALBERTO, Maria de Fátima Pereira et al. O papel do psicólogo e das entidades junto a
crianças e adolescentes em situação de risco. Psicol.cienc.prof., Brasília, v.28, n.3, 2008

- YAMAMOTO, Oswaldo Hajime; OLIVEIRA, Isabel Fernandes de. Política Social e


Psicologia: uma trajetória de 25 anos. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília , v. 26, n.
spe, 2010 Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
37722010000500002&lng=en&nrm=iso>. access
on 23 Mar. 2014. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-37722010000500002.

- ENSAIO. Cad.. Pública 34/3 26 de março de 2008 https://doi.org/10.1590/0102-


311X00101417 Rev. Paul. Pediatr.vol.31 no 2 São Paulo june 2013
https://doi.org/10.1590/S0103-05822013000200019

- REZENDE, P. A. O estatuto da criança e do adolescente e o acolhimento familiar

http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/download/O_ECA_e_o_acolhimento_fa
miliar.pdf

- www.conselhodacrianca.al.gov.br

- https://ojs.unesp.br/index.php/revista_proex/article/view/868/1096

- http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-166X2016000400735&script=sci_arttext

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