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É meia-noite...

e rugindo

ATMOSFERA DA NOITE

Passa triste a ventania,

Como um verbo de desgraça,

A NATUREZA É AGONIZANTE

Como um grito de agonia.

E eu digo ao vento, que passa

Por meus cabelos fugaz:

"Vento frio do deserto,

Onde ela está? Longe ou perto?"

QUESTIONAR A NATUREZA PELO SUMIÇO DA AMANTE

Mas, como um hálito incerto,

Responde-me o eco ao longe:

"Oh! minhamante, onde estás?. . .

Nesta estrofe, têm-se a atmosfera da noite, típica dos escritores românticos na


ambientação de seus textos, trazendo um tom sombrio e misterioso ao poema. O eu
lírico, nesta estrofe, se dirige aos ventos, que ele mesmo descreve como agonizantes – a
agonia e a tristeza, enfim, os sentimentos de melancolia, também são clássicos para os
escritores românticos, que sentem a dor devido à perda de um amor- questionando o
sumiço de sua amada e onde ela está. Ou seja, é o homem questionando a natureza pela
sua dor e pela ausência da amada.

Vem! É tarde! Por que tardas?

São horas de brando sono,

ESTAR LONGE DA AMADA É COMO O SONO, O DESLIGAMENTO DA


CONSCIÊNCIA

Vem reclinar-te em meu peito

O DESEJO PELO CORPO E PELO TOQUE DA MULHER

Com teu lânguido abandono! ...

Stá vazio nosso leito...


Stá vazio o mundo inteiro;

A PERDA DA AMADA É COMO O ESVAZIAMENTO DO MUNDO

E tu não queres queu fique

Solitário nesta vida...

ESTAR SEM A AMANTE É ESTAR SOZINHO NA VIDA

Mas por que tardas, querida?...

Já tenho esperado assaz...

Vem depressa, que eu deliro

Oh! minhamante, onde estás? ...

O EU-LÍRICO APENAS SE PREOCUPA COM O DESAPARECIMENTO DA


AMANTE E COM O DESEJO DE QUE ELA VOLTE

Nesta estrofe, têm-se um aprofundamento nos sentimentos do eu-lírico, onde o mesmo


mostra que estar sem sua amada é o mesmo que estar vazio, sozinho e sem consciência-
em um estado de sono- de forma a amante se tornar um motivo de vida, e sua ausência
um motivo de não viver. O eu-lírico delira e deseja a volta da amante, pois sente falta o
toque e do corpo da mulher, apenas se preocupando com a amada e mergulhando em
melancolia, de tal forma a se sentir incompleto de corpo e alma sem sua amada.

Estrela — na tempestade,

Rosa — nos ermos da vida;

lris — do náufrago errante,

Ilusão — dalma descrida!

COMPARAÇÃO DA AMANTE COM A NATUREZA, ELA SENDO A PRÓPRIA


BELEZA DO MUNDO.

Tu foste, mulher formosa!

Tu foste, ó filha do céu! ...

FOSTE NO SENTIDO DE IR EMBORA, DE FALECIMENTO

... E hoje que o meu passado


A AMANTE É O PRÓPRIO PASSADO, ENTÃO A AMADA, EM CERTA MEDIDA,
FOI A PRÓPRIA VIDA

Para sempre morto jaz...

Vendo finda a minha sorte,

ESTAR SEM AMADA É ESTAR SEM SORTE. SEM ELA NÃO HÁ BELEZA

Pergunto aos ventos do Norte...

"Oh! minhamante, onde estás?..."

O EU-LÍRICO CLAMA PELA ALMA DA AMADA, SE PERGUNTA ONDE ELA


ESTÁ E SENTE SUA FALTA

Nesta estrofe se finda a história de maneira a revelar que, em verdade, a amada não
sumiu de verdade. Sumiu do convívio com o homem, porém devido seu falecimento.
Com isto, ela é comparada à própria beleza da natureza em seus detalhes. O eu-lírico
questiona a natureza do paradeiro da alma da amada, o eu-lírico está clamando,
chamando, desejando, ter contato com o espírito da amada.

Na 1° estrofe se dá a situação, o eu-lírico e a atmosfera são apresentadas e surge o


estopim para toda a melancolia do homem, a ausência da amada, ainda sem saber o seu
paradeiro ou sua condição de vida ou não.

Na 2° estrofe, é possível se aprofundar no interior da mente do eu-lírico, que mostra sua


saudade do toque da amada e demonstra sua solidão sem a mesma, exigindo que ela
volte, pois ele delira por ela.

Na 3° estrofe se revela a condição de falecimento da amada e a mesma é posta em


condição de comparação e igualdade com detalhes e elementos constituintes da
natureza. Se revela que, em todo o momento, o homem estava clamando pelo espírito da
amante e desejando se encontrar com o mesmo para se sentir completo, consciente,
novamente. Se revela a situação de desejo de contato com um fantasma e de amor por
um espírito.

ATMOSFERA SOMBRIA DA NOITE

SUMIÇO DA AMANTE E A DOR DEVIDO AO SUMIÇO

O DESEJO CARNAL DA AMANTE- TÍPICO DE CASTRO ALVES

A REVELAÇÃO DA AMADA COMO UM ESPÍRITO


REVELAÇÃO DO DESEJO DE CONTATO COM UM ESPÍRITO- RELAÇÃO DE
PROXIMIDADE COM QUESTÕES SOBRENATURAIS- CLÁSSICA O
ROMANTISMO

IDEALIZAÇÃO E MERGULHO NA PRÓPRIA DOR E PERDA, NA SENSAÇÃO


DE ETERNA BUSCA E QUESTIONAMENTO, NESTE CASO ACERCA DA
AMADA E DE SUA CONDIÇÃO QUE IMPÕEM A AUSÊNCIA DA MESMA.

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