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Beatriz Machado de Almeida

Emergências cirúrgicas – Aula 2 1

Via Aérea Avançada


obstruir, compreendendo o porquê da utilização da
ROTEIRO
cânula de Guedel.
• Anatomia; Já na parte cervical, existe a laringe que é uma
• Abordagem inicial da via aérea; estrutura cartilaginosa, que assim como os ossos,
• Suporte de oxigênio; proporcionam suporte à musculatura, já que os
• Via aérea definitiva: Intubação Orotraqueal; músculos se originam e se inserem em ossos e
• Erros comuns. cartilagens. Então, é um conjunto de cartilagem,
músculos e membranas interconectadas, que são
ASPECTOS ANATÔMICOS
responsáveis pela fonação e servem de porta de
entrada para o trato respiratório inferior.

Na conformação da laringe existe uma estrutura


anterior que é a cartilagem tireoide de onde partem
membranas em direção a cartilagem cricoide (logo
atrás). Sobre essas membranas repousam músculos,
são envoltas por mucosa e formam as cordas vocais.

A glote é uma estrutura que do ponto de vista


anatômico ela não existe, o que existe é a rima glótica
(abertura entre as cordas vocais) e esse espaço
entre as cordas vocais pode ser ocluído no caso de
A via aérea, topograficamente, é dividida em dois
uma reação anafilática, pois a mucosa e os vasos
segmentos: a via aérea superior (compreende o
ficam dilatados e o espaço pode ser obstruído. Com
segmento acima da 4º vértebra cervical) e inferior
isso, compreende-se o porquê, nesses casos, fazemos
(abaixo da 4º vértebra).
um furo abaixo das cordas vocais, ou seja, abaixo
A traqueia engloba uma parte na superior e outra da cartilagem tireoide, para que o ar adentre.
na inferior e é o ponto de divisão.
ABORDAGEM DAS VIAS ÁEREAS
A via aérea superior é formada por:

• Fossas nasais; Qual é o seu nome?

• Faringe; No atendimento inicial


• Laringe; ao politraumatizado, o
• Parte inicial da traqueia. atendimento é dividido em avaliações com medidas

Toda essa estrutura, exceto a laringe, é formada por auxiliares e de ressuscitação que se subdividia em

um conjunto de músculo estriado envolto de mucosa, primária (ABCDE do trauma/priorização de

que recebe um comando do SNC que envia um sinal condutas) e secundária (história ampla/exame físico

e ele executa a contração aplicando um “tônus”. A completo com foco no diagnóstico e tratamento

manutenção desse tônus é o que faz com que a definitivo).

língua fique na sua posição. Se porventura essa No ABCDE, na avaliação primária, sabemos que a letra
transmissão do impulso nervoso pelo axônio seja A designa a abertura da via aérea, ou seja, nessa
comprometida, como por exemplo um sangramento, situação, deve se: aspirar a via aérea e fazer as
faz com que a língua fique flácida, com isso, ela manobras, pois assim garante-se a perviedade dessa
acaba “caindo” /defletindo e oclui a via aérea. É por via.
esse motivo que se faz as manobras de Chin-Lift e
Em B, que representa o exame físico do aparelho
de Jaw-Thrust, para elevar e não deixar a língua
respiratório, tem como finalidade o diagnóstico das
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patologias que são eminentemente letais, como por adianta apenas dar oxigênio, devemos deixá-lo
exemplo, pneumotórax hipertensivo, hemotórax acoplado a uma máquina que ventile por ele.
maciço, pneumotórax aberto, pois apresentam um
B – BREATRING – APARELHO RESPIRATÓRIO
tratamento que evita que o paciente evolua para
um processo de hipoxemia. É importante lembrar que • Ver/ Ouvir/ Sentir;
a respiração é um processo celular, o processo de • Simetria torácica;
troca gasosa é ventilação e ocorre por gradiente de • Padrão ventilatório;
pressão em que o ar vai da maior para menor • Murmúrio vesicular;
pressão; quando você dilata a caixa torácica, quando • Ruídos adventícios.
há uso de musculatura acessória temos aumento do
Em B, o objetivo é diagnosticar e tratar as
diâmetro anteroposterior do tórax diminuindo a
patologias eminentemente letais, para assim,
pressão. Por conta disso “puxa” mais ar.
garantir a ventilação a adequada.
Resumo: A e B (pontos iniciais da avaliação do
SUPORTE DE OXIGÊNIO
politrauma) representam diretamente a via aérea,
pois se o indivíduo não ventila, não tem O2 e não CATETER NASAL
ocorre respiração celular, evoluindo para isquemia e
necrose, que pode cursar com morte encefálica, PCR. • Baixa gravidade;
• Fluxo máximo: 5L/min;
A – AIRWAYS - VIAS AÉREAS • Cada L/min aumenta de 3-4%
• Via aérea está pérvia? da FiO2.
• Paciente consegue manter oxigenação? No momento inicial, é fornecido oxigênio em forma
• Paciente consegue proteger a via aérea? de otimização como no esquema acima em TODO
MOMENTO DE AGIR: politrauma. No ATLS preconiza-se o uso da máscara
não reinalante, mas na prática há uma gradação, que
• Manobras para elevação da mandíbula;
se inicia pelo cateter passando pela máscara de
• Aspirar vias aéreas;
venturi e, por fim, a máscara não reinalante.
• Retirar corpos estranhos;
• Suplementar O2: mesmo que ele esteja Temos 3 modalidades ascendentes, onde
ventilando bem, pois na hora que o indivíduo aumentamos o fluxo de oxigênio (mais litros de
respira ele respira o ar ambiente que tem 21% O2/min) e aumentamos a FiO2, ou seja, a fração
de oxigênio, na hora que é fornecido o oxigênio inalada de oxigênio (concentração de O2 no ar).
aumenta a concentração. É uma forma de No cateter, é fornecido teoricamente da fonte
otimizar a oxigenação. 100%, mas esse O2 se dissipa com os ares do
• Via aérea definitiva. ambiente e consegue-se uma FiO2 3 a 4% a mais
Na transição para B, devemos decidir e avaliar, em cada litro, com máximo de 5 L por minuto.
depois de realizar as manobras, aspirar e A análise para decidir “qual o suporte” é subjetiva,
suplementar O2, se essa suplementação está sendo sendo que algumas literaturas citam 94% e outras
suficiente ou se o paciente tem um comprometimento 92% da saturação periférica de oxigênio (a
da ventilação (parte mecânica). O paciente pode ter quantidade de hemoglobina que está com oxigênio
começado bem, mas está com uma demanda de na periferia).
oxigênio grande, apresentando um processo
MÁSCARA DE VENTURI
catabólico intenso, e o pulmão não está funcionando
direito. Então, busca por ar dilatando a cavidade A máscara de Venturi é composta por uma máscara
intratorácica, usando a musculatura acessória facial, uma traqueia toda em sanfona onde o ar é
(aumenta mais o volume anteroposterior do tórax). conduzido e ela fica acoplada ao diluidor, que são
Nesse momento, temos a tiragem e, nesses casos não esses aparelhos coloridos. Cada cor é uma FiO2, ou
seja, uma concentração de oxigênio. Isso não é
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padronizado, depende da marca, então tem que saber tem comprometimento neurológico severo (como
que em determinada marca, a cor X representa pacientes com Glasgow ≤ 8), você tem que lançar
tantos %. E também já sabemos que se a FiO2 está mão de uma via aérea definitiva. Via aérea definitiva
em 50%, o fluxo máximo vai ser de 12 L por minuto. é a passagem de um tubo balonado (com balão, com
Essa é a lógica de entender esse colorido. Você vai cuff) pela via aérea superior. A lógica desse tubo é
fornecer mais oxigênio em um fluxo também maior. servir de via para o acoplamento do paciente a um
ventilador mecânico que vai fazer a função do
pulmão até que ele se reestabeleça e reassuma o
controle ventilatório.

GARANTIR A VIA AÉREA

Garantir a via aérea: Intubação endotraqueal,


cricotireoidostomia e traqueostomia.

A via aérea definitiva se divide em:

MÁSCARA NÃO REINALANTE • Via aérea cirúrgica: engloba a


cricotireoidostomia e a traqueostomia – que são
O nome da máscara é não condutas de exceção;
reinalante porque nela • Via aérea não cirúrgica: Intubação
existe um ponto por endotraqueal: pode ser oro/nasotraqueal. É o
onde o oxigênio entra método de escolha para a garantia de uma via
(como mostra na imagem). Esse oxigênio é aprisionado aérea definitiva.
no reservatório e na máscara facial o paciente exala
CO2, que sai através da válvula – que é unidirecional.
Na hora que o CO2 vai para fora, a pressão ali
diminui, e o paciente inspira o ar que está dentro
do reservatório. Então ele inala praticamente (mas
não chega a 100%) 100% de O2. Então, é máscara
com reservatório ou máscara não reinalante, porque
você não reinala o CO2, diferente da máscara de
Venturi, onde você exala CO2 e ele se mistura com
o O2. Por isso que não chega a 100%. Esse seria o
extremo do fornecimento de oxigênio. Então, conceitualmente, a via aérea definitiva é a
passagem de um tubo com cuff insuflado pela via
Quando passar para o papel, tem que saber escrever
aérea superior. Temos a via aérea definitiva por tubo
que “o paciente está em ar ambiente”. Se ele está
endotraqueal – oro ou naso, sendo que na urgência
em ar ambiente, ele ventila em ar ambiente, ele não
se utiliza o tubo orotraqueal, enquanto que com o
recebe O2 suplementar. Quando ele não está em ar
nasotraqueal existiria um risco de fratura de base
ambiente, ele está em ¨ventilação espontânea¨, mas
de crânio ou lesão de osso etmoide e, por isso, ela
com suplementação de O2 por
está resguardada para situações de intubação
máscara/cateter/máscara de Venturi”. Se ele não
difícil e intubações eletivas nas cirurgias.
estiver em ventilação espontânea, ele está em
ventilação mecânica. Nesse caso, escreve “paciente A via aérea cirúrgica é para situações em que não

em ventilação mecânica” e descreve depois os se pôde utilizar ou não conseguiu utilizar a via

parâmetros ventilatórios daquele paciente. aérea não cirúrgica. No caso, a escolha é a


cricotireoidostomia – que é uma incisão na membrana
Na situação em que você forneceu oxigênio e o
cricotireoidea, é um procedimento relativamente
paciente evoluiu com uma piora ou não teve
simples onde você acessa a membrana (parte
melhora; ou em situações extremas onde o paciente
anterior avascular - não tem estruturas
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vasculonervosas). Ela está indicada na falha da • Incapacidade de manter a via aérea patente:
intubação (3 tentativas de um intubador experiente paciente com comprometimento neurológico.
em 10 minutos) e nos casos em que a IOT está • Incapacidade de ventilar: seja por processo
contraindicada, por exemplo, em fraturas panfacial infeccioso, seja por trauma.
(2 ou mais ossos da face). Porque na laringoscopia • Incapacidade de oxigenar: paciente com
você pode agravar o quadro. Lembrando que com os hipoxemia, chocado.
ossos da face, quanto mais lesão, mais • Evitar deterioração clínica: paciente que está
sangramento, agravando ainda mais o quadro. piorando, deterioração clínica aparente.

A traqueostomia, na urgência, é um procedimento de


OS 7 P´S DA INTUBAÇÃO
ainda mais exceção porque ela está agregada a um
risco maior e exige um conhecimento técnico maior. • Preparação;
Geralmente é indicada como substituta da • Pré-oxigenação;
cricotireoidostomia, que pode ficar até 72 horas. • Pré-tratamento;

Logo acima da membrana cricotireoidea estão as • Paralisia com indução;

cordas vocais, então na hora em que há a incisura • Posicionamento;

para a cricotireoidostomia, você vai gerar um • Passe o tubo;

processo de inflamação e, consequentemente, • Pós-intubação.

cicatrização, que pode levar à fibrose das cordas


1 - PREPARAÇÃO
vocais e deixar a pessoa muda. Por isso a
cricotireoidostomia não pode ser deixada por muito • Monitorizar;
tempo, assim como o tubo endotraqueal. Existe um • Garantir acessos venosos;
tempo de 15 até 17, 19 dias, e você vai ter que • Testar laringoscópio;
trocar pela traqueostomia, mas na urgência em si, é • Fio-guia;
basicamente para crianças menores de 7 anos que • Medicações;
vão precisar de uma via aérea cirúrgica. Porque, • Bolsa-máscara (AMBU);
nesses casos, a cricotireoidostomia pode levar a • Aspirador;
uma lesão grave das cartilagens por elas serem • Via aérea difícil?
muito frágeis, o que pode deixar a criança também
Na preparação, você avalia o material e o paciente.
sem voz.
Você vê se o laringoscópio está funcionando, você vai
As alternativas, que são a máscara laríngea e o selecionar as lâminas (lembrar que as lâminas retas
combitube são para os fracassos. A máscara laríngea são priorizadas em crianças e as curvas para os
é para quando você não consegue intubar e ela não adultos – das curvas, a número 4 tem indicação
é uma via aérea definitiva, é uma forma provisória, praticamente universal). Quanto à escolha do tubo,
um paliativo, até que se consiga uma via aérea é 7,5 para mulheres e 8 para homens. Nos casos de
definitiva, seja ela cirúrgica ou não cirúrgica. Do exceção, que são homens muito longilíneos, é 8,5.
ponto de vista prático, ela tem indicação para Tubos 7 são geralmente ineficazes, e você não pode
cirurgias de curto período em que você vai ventilar passar um tubo muito pequeno porque vai vazar ar
o paciente muito superficial, mas não para garantir pela lateral do tubo e vai ventilar de forma ineficaz.
via aérea. Você vai conferir também se o ambu está ok. O ambu
é uma máscara não reinalante com pressão positiva,
INTUBAÇÃO ENDOTRAQUEAL
ela fornece O2 a 100%, mas pela bolsa, você
consegue ejetar aquele gás até a via aérea mais
A indicação de via aérea baixa, então se tem uma pressão a mais.
definitiva é a intubação
VIA AÉREA DIFÍCIL?
endotraqueal do tipo orotraqueal.
É preciso saber se a via aérea é difícil. Se a via
aérea for difícil, você vai se preparar e falar com a
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enfermeira que a via aérea é difícil. Já tem que O segundo passo é a pré-
deixar dois tubos prontos, preparar mais remédio, oxigenação: ambu (dispositivo
e se preparar para uma situação de conflito, de valvulado) com pressão positiva
catástrofe. Essa é a função da via aérea definitiva. durante 3 minutos visando à
oxigenação máxima (teoricamente,
seria 100%, mas é o mais próximo
disso). Isso porque na hora que injeta as drogas
necessárias na sequência rápida, você vai levar a um
quadro de hipoxemia severa. Se esse paciente não
estiver bem oxigenado, ele pode ter repercussões,
por isso que um paciente quando submetido a uma
cirurgia, ele faz um risco cirúrgico. Exemplo: se o
paciente tiver com uma cardiopatia, na hora que
estiver sendo feita a indução, acontece normalmente
Nesse momento existem várias regras. O LEMON é a
a hipoxemia, mas como ele já tem insuficiência
menos ruim, porque não vai dar para você calcular uma
coronariana, ele vai acabar infartando, vai para o
Mallampati (abrir a boca do paciente) sempre. Com o
choque cardiogênico e vai complicar, e por isso é
LEMON, você olha o paciente e consegue definir se
feita a avaliação pré operatória.
aquela via aérea vai ser difícil ou não e vai se
preparar emocionalmente e estruturalmente. A importância da pré oxigenação é essa, onde
oxigena-se o máximo possível, partindo para o
Em relação ao LEMON: você vai olhar para 332 limões
próximo passo.
no pescoço. Olhar/look, avaliar se ele tem prótese
dentária, se tem dentição irregular (é pior devido ao 3 - PRÉ-TRATAMENTO
maior risco de quebrar e ser aspirado), se tem barba
• Reduzir descarga adrenérgica;
ou secreção na via aérea, pois isso já sinaliza um
• Reduzir broncoespasmo;
grau de dificuldade.
• Evitar aumento da PIC.
Depois você vai continuar com o EMON. Olhou, depois
O pré tratamento é o uso do analgésico. A função
vem 332 limões no pescoço. O primeiro 3 – distância
dele é diminuir o efeito tanto do sistema simpático,
entre os incisivos de cima para baixo. Se for menor
quanto do sistema parassimpático na musculatura
do que 3 dedos/3 centímetros, vai ser difícil, a
que compõe a região cervical, seja a musculatura do
abertura da boca é pequena. A distância entre o
esfíncter esofagiano inferior, seja a musculatura
mento e a proeminência laríngea menor que 3 dedos,
lisa da árvore traqueobrônquica.
vai ser difícil, o pescoço é curto. Distância entre a
base do pescoço e a membrana tireóidea menor que Na hora que se laringoscopa o paciente, é considerado
2 dedos, a intubação é difícil. um dos reflexos mais extremos que se pode
receber. Então quando se laringoscopa, o sistema
E na letra N de neck (pescoço), a gente olha a
nervoso autônomo é estimulado, e existe uma
mobilidade do pescoço. Então quando a mobilidade
descarga tanto do simpático, quanto do
é reduzida, invariavelmente a intubação será difícil.
parassimpático, porque o nervo vago, que é o
Todo paciente em uso de colar cervical terá
principal, tem os dois componentes. Com isso, pode
mobilidade reduzida do pescoço, ou seja, todos com
ocorrer o relaxamento do esfíncter esofagiano
colar cervical apresentam via aérea difícil.
inferior, passando líquido para a via aérea, levando
2 - PRÉ-OXIGENAÇÃO a uma pneumonite química, levando a morte na certa.

• Previne hipoxemia; Algumas pessoas dizem que se borrifa xilocaína em

• 3 minutos de O2 100%; spray para diminuir a dor, mas é mentira, primeiro

• Sem ventilação. porque o início da ação da xilocaína em spray é de


3 – 5min, então não dá tempo de fazer esse processo
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de analgesia; na verdade, coloca-se uma substância 5 – POSICIONAMENTO


que diminui o atrito e diminui a estimulação nervosa,
por isso que atualmente o principal utilizado nos No posicionamento, deve-

tubos não é a xilocaína, mas sim lubrificante íntimo, se traçar três linhas

porque diminui o atrito, diminuindo a estimulação. imaginárias: uma é


através da boca,
Existem duas drogas que podem ser utilizadas:
anteroposteriormente; outra é através da via aérea,
Fentanil e Lidocaína, no entanto, a lidocaína teve um
partindo do nariz, em direção a laringe; outra no
recrudescimento depois do COVID-19, porque o seu
sentido coronal.
início de efeito é muito rápido, então ela consegue
fazer a famosa sequência rápida, que vai desde o Essas três linhas devem estar na mesma direção, e

início da pré medicação, até a colocação do tubo em isso vai garantir que o executador visualize a rima

3min para minimizar a contaminação por aerossóis. glótica, que é o espaço que fica entre as pregas

Desse modo, essas drogas possuem efeito analgésico vocais. Caso as linhas estejam em direções opostas

prioritário. (como na figura), a via aérea vai ser muito


anteriorizada e não vai ser possível visualizar.
4 – PARALISIA COM INDUÇÃO
Desse modo, deve-se posicionar os coxins, o soro,
todos os materiais na cabeça e não no ombro, pois
se for colocado no ombro, vai hiperfletir a via aérea
e anteriorizar ainda mais a laringe.

O segundo passo é o uso do sedativo (hipnótico), que


é o midazolan e a cetamina. Esses medicamentos vão Olhando para o paciente, sabe-se que a intubação vai
tirar o indivíduo do status de vigília (consciência), ser difícil quando o mento e o tronco estão na
fazendo com que ele não se lembre do processo (a mesma altura. Em um paciente normal, o mento vai
única meta é essa). estar bem acima do tórax, então subentende-se que
a via aérea está bem posicionada.
Após fazer a sedação, parte para o bloqueio
neuromuscular, fazendo com que a musculatura do Na paciente acima, considerada uma intubação muito
corpo fique flácida, para facilitar a laringoscopia, difícil, é colocado um agregado de lençóis para que a
conseguindo progredir o laringoscópio mais fácil. via aérea dela fique mais posterior, e ao
laringoscopar, seja possível visualizar.
Depois que esses passos forem seguidos, pode-se
fazer manobras auxiliares, como a compressão 6 – PASSE O TUBO
cricóidea (Manobra de Sellick), no sentido
• Segure o laringoscópio
anteroposterior, na direção direita.
com a mão esquerda;
Na hora que as medicações são feitas, deve-se
• Abra a boca com a mão
testar o reflexo córneo palpebral para avaliar se o
direita;
paciente está no ponto de intubar; deve-se
• Empurre a língua para a
estimular a pálpebra, e se ele ainda tiver reflexo,
esquerda;
ou seja, a pálpebra tentar erguer, ele não está
• Avance – veja a epiglote
entregue, sendo necessário fazer mais medicação.
– levante a epiglote;
No entanto, se ele não apresentar reflexo córneo
• Introduzir o laringoscópio no canto direito da
palpebral, pode proceder com o processo.
boca.
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Na hora que o paciente for posicionado, pega-se o 7 – PÓS-INTUBAÇÃO


laringoscópio com a mão esquerda, e com a mão
direita pega a cabeça do paciente, progredindo o • Fixar o tubo;

laringoscópio pela direita, posicionando de forma a • Radiografia;

dividir a língua em metades equidistantes, metades • Sedação;

iguais (se tiver mais língua de um lado do que do outro, • Ventilação mecânica.

vai acabar atrapalhando o campo de visão). Após a intubação, verifica-se pela ausculta e raio X
e acopla o paciente na ventilação mecânica. Após
acoplar o paciente na ventilação mecânica, deve-se
deixar o paciente sedado, deixando que a máquina
faça o processo de recuperação, até que ele se
recupere.
• Veja as cordas vocais;
• Passe o tubo em visão direta; RESUMINDO IOT
• Insufle o Cuff;
• Checar posicionamento.

Progride-se o laringoscópio até o final, até o cabo


do laringoscópio bater nos dentes, retraindo o
laringoscópio na sua direção. Quando isso for feito,
a epiglote cai na frente, e nesse momento, para
atingir a valécula, faz-se o movimento para frente
e para cima (isso vai impedir que se faça o movimento
de váscula, que pode levar a quebra dos dentes). Ao
visualizar as cordas vocais, passa-se o tubo, e
quando o paciente estiver intubado, insufla o CUFF.

Nesse momento, pode-se ter um certo grau de


dificuldade não previsto, que é a visualização das
cordas vocais. Existe uma classificação de Cormack
e Lehane que gradua isso, e, na situação onde te tem
um grau III ou IV, onde o grau de dificuldade é Acima, tem-se resumido tudo dito anteriormente,
elevado, tem um artifício que pode ser utilizado: desde a preparação, até os cuidados pós intubação.
nessas situações, ocorre altas chances de intubar o
ERROS COMUNS
esôfago, e caso isso aconteça, mantém o tubo do
esôfago e usa um Bougie, que é um fio guia mais
POSIÇÃO
maleável, de um silicone mais grosseiro, que deve ser
passado por cima do tubo; se esse fio vai passar por Muitas pessoas acham
cima do tubo, nessa situação o que está acima do que a hiperextensão da
esôfago é a via aérea, então o executador pega um cabeça vai resolver o
outro tubo e passa por cima, retirando o que está problema, mas isso é
no esôfago, jogando fora. mentira, porque quanto
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mais hiperextende, mais anterior fica a via aérea.


O ideal é colocar um coxim atrás da cabeça (e não
no ombro), e isso vai fazer com que se posicione a via
aérea no campo de visão do examinador.

LARINGOSCOPIA

Outro erro é o
movimento de
báscula, que é o
movimento de
alavanca. O certo é o movimento para frente reto e
para cima puxando para a região superior.

Quando ocorre
uma divisão
irregular da
língua, tem-se um
prejuízo na visualização das estruturas,
comprometendo o campo de visão.

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