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AULA: CALCIFICAÇÃO PATOLÓGICA

CÁLCIO
• 90% do cálcio do organismo está localizado nos ossos e nos dentes
• Na forma de hidroxiapatita
• Em uma dieta normal se ingere entre 600 a 1000mg de cálcio por dia
• No sangue o cálcio está presente na forma de íons livres
• É fundamental na coagulação sanguínea e na contração muscular
• A calcemia normal deve estar entre 8,8 a 10,4 mg%

CALCIFICAÇÃO
• É o depósito de cálcio nos tecidos
• Patológico ou não
• A quantidade de massa óssea no esqueleto é resultado do equilíbrio entre
a formação e a reabsorção óssea
• Esse equilíbrio é fundamental na manutenção da integridade do esqueleto
e está relacionado com a concentração fisiológica de cálcio
• Os osteoblastos (formação) e os osteoclastos (reabsorção) são as células
responsáveis por essa remodelação
• A calcificação fisiológica é regulada por vários fatores:
• Hormonais (Tireóide e Paratireóide)
• Nutricionais
• Sanguíneos
• Íons cálcio e fosfato

CALCIFICAÇÃO PATOLÓGICA
• Quando os sais de cálcio são depositados em tecidos não osteóides
(tecidos moles): artérias, cartilagens, válvulas e órgãos.
• É um processo comum em várias doenças
• É um processo irreversível
• Na calcificação patológica, além do cálcio, depósito de Ferro, Chumbo e
outros íons podem ocorrer

COMPLICAÇÕES: As consequências da calcificação patológica dependem do


local e da intensidade da deposição dos sais de cálcio

CALCIFICAÇÃO DISTRÓFICA
• Tipo de calcificação patológica mais frequente
• Ocorre de maneira localizada nos tecidos
• Processo lento e prolongado
• Origina-se de uma lesão pré-existente
• Degeneração,
• Necrose,
• Inflamação
• Atinge principalmente paredes de vasos, tendões e válvulas cardíacas
• Os detritos de lesões que não foram degradados, absorvidos ou
fagocitados, permanecem no tecido e funcionam como uma matriz
orgânica para a deposição de sais de cálcio
• É encontrada em áreas de necrose, sejam do tipo coagulativa, caseosa
ou liquefativa
• Em órgãos tubulares (ductos e vesículas), a calcificação envolve células e
leva a formação de cálculos
• Os cristais de cálcio das calcificações patológicas são similares à
hidroxiapatita do osso
• Também se desenvolve nas valvas cardíacas envelhecidas ou
danificadas, causando rigidez e prejudicando ainda mais a sua função

PATOGENIA DA CALCIFICAÇÃO DISTRÓFICA


• Aumento da alcalinidade local
Tecidos que sofreram degeneração ou necrose estimulam a precipitação de
cálcio nos tecidos, devido ao aumento da alcalinidade.

• Aumento da fosfatase alcalina


Em tecidos que sofreram lesão, há um aumento da liberação da fosfatase
alcalina, facilitando a formação de fosfato de cálcio

• Presença de proteínas extracelulares


Em tecidos que sofreram morte celular, proteínas como o colágeno ficam
mais livres para a associação com o cálcio, estimulando sua deposição

Calcificação distrófica – ASPECTO CLÍNICO


Qualquer que seja o local do depósito, os sais de cálcio aparecem
macroscopicamente como:
• Grânulos ou grumos finos brancos, muitas vezes palpáveis como
depósitos arenosos;
• Consistência arenosa ou pétrea
• Coloração esbranquiçada

CALCIFICAÇÃO DISTRÓFICA - HISTOLOGIA


• Histologicamente, os sais de cálcio exibem aparência granular, amorfa e
basofílica (HE).
• Eventualmente, células necróticas individuais formam cristais que são
incrustados pelos depósitos de minerais.
• A aquisição progressiva de camadas externas cria configurações
lamelares (Corpúsculos de Psamoma)
• Os corpúsculos de psamoma podem se desenvolver em alguns tipos de
câncer, como o de tireoide.
CAUSAS DE CALCIFICAÇÃO DISTRÓFICA
• Necrose (isquêmica, caseosa)
• Inflamação (pleura, peritônio e pericárdio)
• Endotélio vascular (placas ateromatosas)
• Células descamadas dos túbulos renais
• Tumores
• Processos inflamatórios crônicos granulomatosos (tuberculose)

Embora a calcificação distrófica possa ser simplesmente um sinal de alerta de


uma lesão celular prévia, com frequência causa uma disfunção do órgão, como
no caso na doença valvular calcificada e aterosclerose.

ATEROSECLEROSE
• É o acúmulo de placas de gordura e colesterol nas paredes das artérias
• Restringe o fluxo sanguíneo levando à sérias complicações
• Predispõe à trombose

CALCIFICAÇÃO METASTÁTICA
• É mais disseminada no organismo
• Não necessariamente ocorre onde existe uma lesão pré-existente
• Deposição de cálcio em tecidos normais sempre que há hipercalcemia.
• Pode atingir qualquer local do corpo, mas tem predileção pelos rins,
pulmões, estômago, coração e artérias.
• Pulmão: a diminuição da liberação de CO2 aumenta o pH à Precipitação
de sais
• Estômago: o aumento do HCl estimula a secreção do suco pancreático
(alcalino) à Precipitação de sais
• Rins: excreção da amônia eleva o pH à Precipitação de sais

CONSEQUÊNCIAS DA CALCIFICAÇÃO METASTÁTICA


• As calcificações geralmente causam disfunção clínica
• Podem produzir imagens radiológicas
• A hipercalcemia tem uma condição clínica mais importante que a
calcificação em si, e pode produzir importantes alterações sistêmicas.
• O envolvimento maciço dos pulmões produz achados radiográficos e
déficits respiratórios.
• Depósitos maciços no rim podem causar lesão renal com o tempo.

HIPERCALCEMIA
Há 4 causas principais de hipercalcemia:
1. Aumento da secreção de paratormônio (PTH)
• O PTH é responsável pelo equilíbrio dos níveis de cálcio no organismo
• O aumento do PTH leva à reabsorção óssea
• Eleva o nível de cálcio no sangue
HIPERPARATIREOIDISMO
• Excesso de funcionamento das glândulas paratireoides
• Produção excessiva do hormônio da paratireóide (PTH) pelas glândulas
paratireoides
• Origem primária: adenoma, hiperplasia ou carcinoma das paratireóides
• Origem secundário: insuficiência renal crônica
• Tendência ao desenvolvimento de cálculos renais
TUMOR MARROM DO HIPERPARATIREOIDISMO
• Secundário ao hiperparatireoidismo e a alteração do metabolismo do
cálcio
• Aumento de volume indolor
• Lesão multiloculares
• Dentes flutuantes

2. Destruição de tecido ósseo


• Decorrente de tumores primários da medula óssea (mieloma múltiplo,
leucemia)
• Metástases esqueléticas (câncer de mama)
• Imobilização por períodos prolongados

3. Distúrbios relacionados à vitamina D


• Intoxicação por vitamina D à favorece a absorção de cálcio
• Hipercalcemia idiopática da lactância (síndrome de Williams):
sensibilidade anormal e níveis aumentados de vitamina D
SÍNDROME DE WILLIAMS
• “Gene da felicidade”
• Face de duende
• Retardo mental
• Problemas cardíacos
• Padrão estrelado da íris

4. Insuficiência renal
INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA
• Perda da capacidade de filtração dos néfrons
• Causas mais comuns: hipertensão e diabetes
• Tratamento: diálise/ transplante renal

CALCIFICAÇÃO METASTÁTICA
Em todos os casos, os sais de cálcio assemelham-se a depósitos amorfos não
cristalinos ou, em outras vezes, como cristais de hidroxiapatita.

CÁLCULOS, CONCREÇÕES E LITÍASES


• Cálculos = pedra
• Concreções = material endurecido
• Litíase = processo de formação de pedras

CÁLCULOS
• São massas sólidas, concretas e compactas.
• Esferóides, ovóides ou facetadas
• Massas sólidas e compactas de consistência argilosa a pétrea
• É formado por deposição sucessiva de sais ao redor de um agregado de
células descamadas, grumos bacterianos, corpos estranhos, etc.
• Forma um estrutura radiada caracterizada por sucessivas camadas
concêntricas
• Podem se formar:
• No interior de órgãos (rins, bexiga, vesícula biliar)
• Nas cavidades do organismo (peritônio)
• Em condutos (ureter, ducto salivar)
• E no interior de vasos
• Podem levar à obstrução, à lesão ou à infecção de ductos
• Principalmente no pâncreas, próstata, tratos urinário e biliar e glândula
salivar

TIPOS DE LITÍASE
VESÍCULA BILIAR à Colelitíase / Colélitos
TRATO URINÁRIO à Urolitíase / Urólitos
BRÔNQUIOS à Broncolitíase / Bronquiólitos
GLÂNDULAS SALIVARES à Sialolitíase / Sialolitos
VASOS à Flebolitos / Arteriolitos

SIALOLITÍASE (DUCTO SALIVAR)


• Os sialólitos são estruturas calcificadas que se desenvolvem dentro do
sistema ductal salivar.
• Surgem através da deposição de sais de cálcio ao redor de bactéria,
células do epitélio do ducto ou corpos estranhos na luz do ducto
• Sua formação pode ser provocada pela obstrução parcial do ducto.
• Não está relacionada a nenhum transtorno sistêmico do cálcio ou do
metabolismo do fósforo.
• O longo, tortuoso e ascendente ducto da glândula submandibular
(Wharton), bem como a sua secreção mucóide e espessa, podem ser
responsáveis pela maior tendência de formação de cálculo salivar.
• Ocorre principalmente em glândulas salivares maiores.
• Pode causar dor e aumento de volume, principalmente durante as
refeições
• Radiograficamente, se apresenta como uma massa radiopaca

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