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QUÍMICA ANALÍTICA

QUALITATIVA

Hg2+, Bi3+,Cu2+,Cd2+ e Pb2+

CH3CSNH2 1M / 0,3 M HCl

HgS, Bi2S3, CuS, CdS e


PbS
HNO3 6 M sob aquecimento

Hg Bi3+,Cu2+,Cd2+ e Pb2+
S
NH4OH conc.
[Cd(NH3)4]2+, [Cu(NH3)4]2+
HC Bi(OH)3 e Pb(OH)2
l
Cd2+, Cu 2+
KOH
Glicerina 1:1 3M
Cd(OH)2 Bi(OH)3 [Pb(OH)4]2-
NaOH 6M

Profa. Dra. MÁRCIA GUEKEZIAN


2

FACULDADE DE SÃO BERNARDO DO CAMPO

CURSO DE QUÍMICA

LABORATÓRIO DE QUÍMICA ANALÍTICA QUALITATIVA

Profa. Dra. MÁRCIA GUEKEZIAN

Aluno: Código:

Turma:
3

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 4
1.1 INSTRUÇÕES GERAIS PARA O TRABALHO NO LABORATÓRIO 5
1.2 TÉCNICOS DE ANÁLISE SEMIMICRO (MESOANÁLISE) 6
2. PRINCÍPIOS DE ANÁLISE DE CÁTIONS 9
2.1. EXEMPLO ESQUEMÁTICO DE UMA ANÁLISE SISTEMÁTICA 10
3. CÁTIONS DO GRUPO DO ÁCIDO CLORÍDRICO 12
3.1 PROVAS E REAÇÕES RECOMENDADAS PARA A IDENTIFICAÇÃO 12
DOS CÁTIONS Ag+ e Pb2+
3.2 SEPARAÇÃO DOS CÁTIONS DO GRUPO DO HCl 16

3.2.1 Procedimento para a separação e Identificação de Ag+ e Pb2+ 16


4. CÁTIONS DO GRUPO DO SULFETO DE HIDROGÊNIO (ÁCIDO 18
SULFÍDRICO)
4.1 PROVAS E REAÇÕES RECOMENDADAS PARA A IDENTIFICAÇÃO 19
DOS CÁTIONS Pb2+, Bi3+, Cu2+
4.2 SEPARAÇÃO DOS CÁTIONS DO GRUPO DO SULFETO DE 22
HIDROGÊNIO (ÁCIDO SULFÍDRICO)
4.2.1 Procedimento para a Separação e Identificação de Pb2+, Bi3+ e Cu2+ 22
5. CÁTIONS DO GRUPO DO SULFETO DE AMÔNIO 25
5.1 PROVAS E REAÇÕES RECOMENDADAS PARA A IDENTIFICAÇÃO 26
DOS CÁTIONS Ni2+, Co2+, Fe2+, Fe3+, Mn2+, Al3+, Cr3+ e Zn2+

5.2 SEPARAÇÃO DOS CÁTIONS DO GRUPO DO SULFETO DE AMÔNIO 34

5.2.1 Procedimento para a Separação e Identificação de Ni2+, Co2+, Fe2+, Fe3+, 34


Mn2+, Al3+, Cr3+ e Zn2+
6. CÁTIONS DO GRUPO DO CARBONATO DE AMÔNIO 38

6.1 PROVAS E REAÇÕES RECOMENDADAS PARA A IDENTIFICAÇÃO 39


DOS CÁTIONS Ca2+, Ba2+, Sr2+ e Mg2+
6.2 SEPARAÇÃO DOS CÁTIONS DO GRUPO IV 44

6.2.1 Procedimento para a Separação e Identificação de Ca2+, Ba2+, Sr2+ e Mg2+ 44


4

7. CÁTIONS DO GRUPO DOS SOLÚVEIS 48

7.1 PROVAS E REAÇÕES RECOMENDADAS PARA A IDENTIFICAÇÃO 48


DOS CÁTIONS Na+, K+ e NH4+
7.2 SEPARAÇÃO E IDENTIFCAÇÃO DOS CÁTIONS Na+, K+ e NH4+ 50
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 51
5

1. INTRODUÇÃO

O objetivo da Química Analítica é desenvolver a base teórica para os métodos da


análise química usados na determinação da composição de substâncias ou misturas.
Em análises operacionais, primeiro se determina a composição qualitativa da
amostra, onde são investigados quais as espécies químicas presentes. Em segundo lugar,
determina-se a composição quantitativa dessas espécies. Isto se justifica pois o método
adequado para a determinação de um componente em particular deve ser selecionado
quando são conhecidas as demais espécies constituintes da amostra.
Há uma variedade de métodos e técnicas que podem ser aplicados na análise
qualitativa. Freqüentemente, uma técnica ou método depende da quantidade da amostra a
ser analisada.
De maneira geral, tem-se:

Método de Análise Massa da Amostra Volume


Macroanálise 0,1 - 10 g 5 - 100 mL
Semimicroanálise 10 - 100 mg 0,05 - 5 mL
(mesoanálise)
Microanálise 1 - 10 mg décimos de mL

A macroanálise por envolver amostras maiores exige uma análise mais demorada
(precipitações, filtrações), enquanto a microanálise exige aparelhagem de dimensão
especial e técnicas específicas.
A semimicroanálise (mesoanálise) combina as vantagens da macroanálise e evita
as desvantagens da microanálise. Requer um tempo menor em relação à macroanálise e
não envolve aparelhagem especializada como na microanálise.
Para entender os métodos de análise qualitativa e os princípios nos quais estes se
fundamentam, serão estudados apenas os íons (cátions e ânions) mais representativos.
A identificação dos íons se baseia nas propriedades físicas e químicas dos
mesmos, como por exemplo, cores e produtos de reação com determinados reagentes. Os
produtos mais comumente usados na identificação de um dado íon são: soluções
coloridas, gases facilmente identificáveis através da cor e cheiro, formação de compostos
pouco solúveis (precipitados) e suas características.
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São poucos os reagentes específicos para a caracterização de um determinado íon


em mistura, uma vez que as reações estarão sujeitas a interferência de outros
componentes presentes na amostra. Desta forma, o modo mais eficiente de se analisar
uma amostra, é separá-la em vários grupos, cujos íons apresentam propriedades
semelhantes entre si, e analisar cada grupo separadamente.
Os cátions serão separados em cinco grupos. Quatro deles possuem um reagente
de grupo. O quinto, contém os cátions que formam produtos solúveis com a maioria dos
reagentes, de modo que não existe um reagente de grupo.

1.1. INSTRUÇÕES GERAIS PARA O TRABALHO DE LABORATÓRIO

O trabalho que se realiza em um curso prático de Química Analítica requer, além


de grande dedicação e interesse, muito cuidado e atenção.
Para facilitar esse trabalho, serão dadas algumas instruções que, devidamente
observadas, auxiliarão na obtenção de bons resultados, fator muito importante no
aprendizado dessa disciplina.

a) O aluno deverá estudar as experiências com antecedência, registrando no caderno de


laboratório, as observações e conclusões que fez, após a execução das mesmas.

b) Deve-se evitar o desperdício de soluções, reativos, reagentes sólidos, gás e água


destilada.

c) Dever-se usar água destilada ao se preparar uma solução ou ao se proceder uma


diluição.

d) Deve-se tomar o máximo cuidado para não contaminar os reagentes sólidos e as


soluções. Não introduzir conta-gotas nos frascos das soluções estoque, nem espátulas
sujas nos reagentes sólidos.

e) O material de vidro deve ser lavado após sua utilização. Em geral, lava-se primeiro
com água corrente e depois enxágua com pequenos volumes de água destilada; quando
necessário, usar sabão ou detergente; em certos casos, pode-se usar pequenas porções de
ácido muriático (ácido clorídrico comercial) na limpeza do material.
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f) Todas as operações nas quais irá ocorrer desprendimento de gases tóxicos devem ser
executadas na capela, bem como as evaporações ácidas, amoniacais, etc.

g) É indispensável tomar o máximo cuidado ao se trabalhar com ácidos concentrados,


especialmente se precisarem ser aquecidos. Nunca se deve adicionar água ao ácido;
deve-se sempre fazer a operação inversa, ou seja, adicionar o ácido à água.

h) Ácidos e bases concentrados atacam a pele e a roupa e por essa razão devem ser
utilizados com o máximo cuidado, principalmente na neutralização de um com outro,
pois a reação é violenta.

Em caso de acidente com substâncias cáusticas, a parte atingida deve ser lavada
imediata e abundantemente com água corrente e o fato comunicado imediatamente ao
professor assistente.

Em caso de queimadura, cortes ou qualquer outro acidente, o professor deve ser


prontamente comunicado.

i) É indispensável o uso de avental no laboratório.

1.2. TÉCNICAS DE ANÁLISE SEMIMICRO (MESOANÁLISE)

1. Agitação: A mistura de duas soluções exige uma agitação, já que a difusão não ocorre
rapidamente. Desta forma, todas as soluções devem ser agitadas enquanto os reagentes
são adicionados.

2. Aquecimento: Muitas reações químicas exigem aquecimento, entretanto, não se deve


aquecer as soluções em tubos de ensaio pequenos diretamente sobre a chama, o que
provocaria perda de uma parte ou até de todo o líquido. O procedimento mais adequado é
o aquecimento em banho de água fervente. Deve-se observar que o nível de água seja
mantido durante o uso do banho e que a água ferva brandamente, para evitar um
consumo muito rápido. Caso seja necessário ferver a solução, utilizar então uma cápsula
ou cadinho de porcelana que podem ser aquecidos diretamente sobre a tela de amianto.
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3. Evaporação: Para concentração ou a total eliminação da água das soluções, faz-se a


evaporação em pequenas cápsulas de porcelana, num banho de água fervente ou de areia.
Pode-se ainda, tomados os devidos cuidados, aquecer diretamente sobre a chama.
Quando se fizer uma evaporação à secura, a cápsula deve ser retirada da chama enquanto
existem algumas gotas do líquido. O calor residual é suficiente para completar a
evaporação.

4. Precipitação: Este processo ocorre quando duas soluções reagem e formam um


produto sólido (corpo de chão). Usualmente, a precipitação é feita em tubos de ensaio e
de acordo com algumas normas:

- Os reagentes devem ser adicionados lentamente (gota a gota) e misturados através de


agitação. Isto permite a melhor formação do precipitado e impede a sua contaminação.

- A precipitação feita sob aquecimento em banho de água fervente é mais favorável do


que a frio, uma vez que a velocidade da reação e a extensão da reação aumentam.

- Não se deve adicionar um grande excesso de reagente para evitar que ocorra dissolução
do precipitado devido a formação de complexos solúveis ou pelo efeito salino.

- Na separação de íons por precipitação torna-se necessário verificar se a precipitação foi


completa. Este teste é feito adicionando-se uma gota do reagente precipitante ao líquido
sobrenadante. A ausência da formação de precipitado no sobrenadante confirma a
precipitação completa.

5. Centrifugação: Na semimicroanálise a filtração é substituída pela centrifugação, o que


elimina as filtrações demoradas. O precipitado sedimenta em menos de 60 segundos. O
tubo de ensaio contendo a solução deve ser contra-balanceado colocando-se um outro
tubo em posição diametralmente oposta na centrífuga e contendo igual volume de água.

6. Remoção do centrifugado: O líquido sobrenadante separado do precipitado após a


centrifugação é chamado centrifugado e pode ser removido através de uma micropipeta,
com os devidos cuidados para não remover o precipitado.

7. Lavagem do precipitado: Após a remoção do centrifugado, resta ainda um pouco deste


com o precipitado e que deve ser retirado para não provocar interferência na análise. A
9

lavagem é feita com adições sucessivas de pequenas porções de água destilada (ou
solução específica). Após cada adição, é feita a mistura, a centrifugação e a remoção do
novo centrifugado com o auxílio de uma micro pipeta.

8. Remoção do precipitado: Ocasionalmente é necessário sub-dividir um precipitado e


transferí-lo para outros recipientes. O tubo de ensaio onde se encontra o precipitado pode
ser aquecido brandamente para remover o máximo de precipitado, usar então uma micro
espátula e remover o restante. Pode-se ainda adicionar água destilada e agitar a fim de
formar uma suspensão que será facilmente retirada do tubo de ensaio

OBSERVAÇÕES:

a) As reações a serem feitas devem ser estudadas antes de cada aula;

b) Após o término de cada grupo analisado haverá uma prova sobre os assuntos teóricos
e práticos já estudados;

c) É importante que o valor do pH das soluções seja sempre observado, com o auxílio de
papel indicador.

d) As reações devem ser escritas na sua forma iônica. Apenas serão escritos na forma
molecular, eletrólitos pouco ionizados (CH3COOH, H2S, [Ag(NH3)2]+, NH4OH) e pouco
solúveis (AgCl, BaCO3).

Ex. Nitrato de bário + Carbonato de sódio:

2+ 2-
Ba + CO3 BaCO3
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2. PRINCÍPIOS DE ANÁLISE DE CÁTIONS

Para fins de análise qualitativa sistemática, os cátions são classificados em cinco


grupos, tomando-se por base sua peculiaridade a certos reagentes. Pelo emprego
sistemático dos reagentes de grupo, pode-se tirar conclusões sobre a presença ou ausência
de grupos de cátions e também separar tais conjuntos para uma posterior análise.
A classificação dos grupos baseia-se no modo como os cátions reagem a tais
reagentes pela formação ou não de precipitados.
Os cinco grupos e suas características são apresentados a seguir.

2+ 2+
1. Grupo do HCl - cátions: Ag+, Hg2 e Pb  AgCl, PbCl2 e Hg2Cl2

2+ 2+ 3+ 2+ 2+
2. Grupo do H2S - cátions: Hg , Pb , Bi , Cu e Cd  HgS, PbS,
Bi2S3, CuS e CdS

3+ 3+ 2+ 3+ 2+ 2+ 2+
3. Grupo do (NH4)2S - cátions: Al , Cr , Fe , Fe , Mn , Zn , Ni e
2+
Co  Al(OH)3, Cr(OH)3, FeS, Fe2S3, MnS, ZnS, NiS e CoS

2+ 2+ 2+ 2+
4. Grupo do (NH4)2CO3 - cátions: Ba , Ca , Mg e Sr  BaCO3,
CaCO3, MgCO3 e SrCO3

+ + +
5. Grupo dos solúveis - Na , K e NH4

É importante observar que os reagentes de grupo devem ser adicionados na


seqüência acima especificada, pois do contrário a separação dos grupos é impossível.
Como exemplo, pode-se citar o tratamento de uma amostra contendo os cátions dos
grupos do HCl e H2S com solução de sulfeto de amônio ((NH4)2S); todos os cátions
precipitarão na forma de sulfetos metálicos, MeS, e não se conseguirá separar o grupo do
HCl do grupo do H2S.
Por outro lado, se a amostra for tratada inicialmente com HCl diluído, precipitarão
apenas os cloretos do grupo I uma vez que os cloretos dos cátions do grupo do H2S são
solúveis. Assim, por centrifugação separam-se os cátions do grupo do ácido clorídrico
dos cátions do grupo do ácido sulfídrico.
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2.1. EXEMPLO ESQUEMÁTICO DE UMA ANÁLISE SISTEMÁTICA

Separação dos íons Ag+, Cd2+, Ca2+ e K+ presentes em uma solução aquosa.

Ag+, Ca2+, Cd2+ e K+

HCl diluído (3M)

AgCl Ca2+, Cd2+ e K+


H2S

CdS Ca2+ e K+

(NH4)2CO3

CaCO3 K+
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3 CÁTIONS DO GRUPO DO ÁCIDO CLORÍDRICO

Os íons deste grupo são precipitados na forma de cloretos insolúveis pela adição de um
+ 2+ 2+
leve excesso de ácido clorídrico. Na presença de HCl diluído, os ions Ag , Pb e Hg2
irão formar um precipitado branco de cloreto de prata, cloreto de chumbo e cloreto de
mercúrio (I) (AgCl, PbCl2 e Hg2Cl2).
Para assegurar uma separação adequada dos cátions do grupo I, quando se realiza
a análise de uma amostra contendo cátions de outros grupos analíticos deve-se adicionaar
HCl 3 M à frio. O precipitado contendo os cloretos insolúveis é utilizado para separar os
íons deste grupo dos íons dos demais grupos.

3.1 PROVAS E REAÇÕES RECOMENDADAS PARA A IDENTIFICAÇÃO DOS


CÁTIONS Ag+ e Pb2+

1. Íon prata (Usar uma solução de AgNO3 0,5 M)

a) O íon prata (Ag+), na presença de HCl 3 M produz um precipitado de AgCl branco,


que escurece pela ação da luz.

Ag+ + Cl- AgCl

O precipitado de AgCl é solúvel em HCl 12 M.

AgCl + Cl- [AgCl2] -


dicloridoargentato (I)

O precipitado é solúvel em NH4OH 6 M.

NH4 OH NH3 + H2O

AgCl + 2 NH3 [Ag(NH3)2]+ + Cl-


diaminprata (I)
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Pela adição do HNO3 6 M, o sal amoniacal reprecipita AgCl.

[Ag(NH3)2]+ + Cl- + 2 H+ AgCl + 2NH4+

b) O hidróxido de sódio 0,2 M precipita Ag2O marrom.

2 Ag+ + 2 OH- Ag2O + H2O

O precipitado de óxido de prata é solúvel ou insolúvel em excesso do reagente?

O Ag2O é solúvel em NH4OH 6 M.

Ag2O + 4NH3 + H2O 2 [Ag(NH3)2]+ + 2 OH-

c) O íon prata na presença de K2CrO4 0,5 M precipita Ag2CrO4 vermelho.

2 Ag+ + CrO42- Ag2CrO4

O precipitado é solúvel ou insolúvel em CH3COOH 3 M?

O precipitado é solúvel em HNO3 3 M.

2 Ag2CrO4 + 2 H+ 4 Ag+ + Cr2O72- + H2O

d) Na presença de KI 0,5 M, o íon prata precipita AgI amarelo.

Ag+ + I- AgI

O precipitado é solúvel ou insolúvel em CH3COOH 3 M?

Iodeto de prata é solúvel ou insolúvel em HNO3 3 M?


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e) O hidróxido de amônio (NH4OH 0,2 M) produz inicialmente um precipitado branco


de AgOH que rapidamente passa a Ag2O marrom.

2 Ag+ + 2 NH4OH Ag2O + 2 NH4+ + H2O

2 Ag+ + 2 OH- Ag2O + H2O

O precipitado é solúvel em NH4OH 6 M.

Ag2O + 4 NH3 + H2O 2 [Ag(NH3)2]+ + 2 OH-


diaminprata (I)

f) Uma solução de carbonato de sódio 0,5 M na presença de íons prata precipita Ag2CO3
amarelado.
2 Ag+ + CO32- Ag2CO3

O precipitado é solúvel ou insolúvel em CH3COOH 3 M?

Verificar a solubilidade do precipitado em HNO3 3 M.

2. Íon chumbo (II) (Usar uma solução de Pb(NO3)2 0,5 M)

a) Na presença de HCl 3 M, o íon Pb2+ precipita PbCl2 branco.

Pb2+ + 2 Cl- PbCl2

O precipitado é solúvel ou insolúvel em água quente?

O precipitado é solúvel sob aquecimento em HCl 12 M (conc).

PbCl2 + 2 Cl- [PbCl4]2-


tetracloridoplumbato (II)
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b) Na presença de NaOH 0,4 M, o íon chumbo precipita Pb(OH)2 branco.

Pb2+ + 2 OH- Pb(OH)2

O precipitado é solúvel ou insolúvel em NH4OH 3 M?

Em meio de NaOH 4 M o precipitado é solúvel.

Pb(OH)2 + 2 OH- [Pb(OH)4]2-


tetrahidroxidoplumbato(II)

Pela adição de H2O2 a solução de [Pb(OH)4]2- obtém-se um precipitado pardo de PbO2.

[Pb(OH)4]2- + H2O2 PbO2 + 2 H2O + 2 OH-

c) O íon cromato precipita PbCrO4 amarelo.

Pb2+ + CrO42- PbCrO4

O precipitado é solúvel em HNO3 6 M.

2 PbCrO4 + 2 H+ 2 Pb2+ + Cr2O72- + H2O

O precipitado é solúvel em NaOH 6 M.

PbCrO4 + 4 OH- [Pb(OH)4]2- + CrO42-

Pela adição de CH3COOH 3 M reprecipita PbCrO4.

d) O KI 0,5 M na presença de íons Pb2+ precipita PbI2 amarelo.

Pb2+ + 2 I- PbI2
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O precipitado é solúvel ou insolúvel em CH3COOH 3 M?

Verifique a solubilidade do precipitado em HNO3 3 M.

e) Uma solução contendo íons Pb2+ na presença de Na2CO3 0,5 M precipita PbCO3
branco.

Pb2+ + CO32- PbCO3

O precipitado é solúvel ou insolúvel em CH3COOH 3 M?

Verifique a solubilidade do precipitado em HNO3 3 M.

3.2 SEPARAÇÃO DOS CÁTIONS DO GRUPO DO HCl

3.2.1 Procedimento para a separação e Identificação de Ag+ e Pb2+

Colocar em um tubo de ensaio cerca de 10 gotas de uma solução contendo os


cátions deste grupo. Em seguida adicionar 10 gotas de HCl 3 M (1) e homogeneizar a
solução. Centrifugar. Verificar se houve precipitação completa, e para isto, adicionar
mais 2 gotas de HCl 3M ao sobrenadante. Se a precipitação não foi completa, novamente
centrifugar e com o auxílio de uma pipeta conta-gotas remover o centrifugado.

Tem-se, um resíduo que será chamado de R-I que são os cloretos dos cátions deste
grupo e um centrifugado C-I que deverá ser guardado pois pode conter os cátions
solúveis na forma de cloreto.

Sobre R-I que pode conter PbCl2 e AgCl , adicionar aproximadamente 10 gotas
de água e aquecer com agitação por 5 minutos em banho de água fervente. Rapidamente
centrifugar (2) e a seguir, mantendo o tubo no banho de água fervente, remover
imediatamente o centrifugado e guardar. O centrifugado será chamado de C-II e o resíduo
de R-II. Repetir o processo para o resíduo R-II com a adição de água quente e juntar o
centrifugado ao anterior, C-II.
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O resíduo R-II pode conter AgCl enquanto o centrifugado deverá ser utilizado
para confirmar a presença do íon Pb2+.

No centrifugado C-II adicionar 5 gotas de uma solução de acetato de sódio 1 M e


em seguida de 3-4 gotas de K2CrO4 0,5 M. A formação de um precipitado amarelo
confirma a presença dos íons Pb2+.

No resíduo R-II alcalinizar com NH4OH 6 M e agitar. Essa solução pode conter
[Ag(NH3)2]+. Adicionar HNO3 6 M gota a gota, agitando até que o meio se torne ácido
(verificar com o auxílio de uma papel indicador de tornassol). A formação de um
precipitado branco indica a presença dos íons Ag+.

NOTAS SOBRE O PROCEDIMENTO

(1) Um leve excesso de HCl diluído causa uma precipitação completa dos cátions
do grupo do HCl e previne a formação de oxi-cloretos de bismuto. Entretanto, uma alta
concentração de HCl deve ser evitada, já que nestas condições a solubilidade dos cloretos
insolúveis aumenta devido à formação de complexos.

(2) O cloreto de chumbo (PbCl2) é bastante solúvel em água quente, mas precipita
se a solução esfria. O teste para o íon Pb2+ falha se a solução não for mantida sob
aquecimento. Para remover o centrifugado, deve-se manter o tubo em banho de água
fervente.
18

4. CÁTIONS DO GRUPO DO SULFETO DE HIDROGÊNIO (ÁCIDO


SULFÍDRICO)

Os cátions deste grupo apresentam como característica marcante, o fato de seus


sulfetos serem insolúveis em ácidos minerais diluídos, fato que não ocorre com os
sulfetos do grupo III que são solúveis neste meio. Esta diferença de comportamento é
utilizada para separar os íons deste grupo dos ions dos demais grupos.
O reagente precipitante dos cátions deste grupo é o ácido sulfídrico (H2S). Os
ions deste grupo numa solução aquosa de ácido sulfídrico (0,3 M em H+) precipitam
como sulfeto de mercúrio (II) - HgS (preto), sulfeto de chumbo (II)- PbS (preto), sulfeto
de cobre (II) -CuS (preto), sulfeto de cádmio - CdS (amarelo) e sulfeto de bismuto -
Bi2S3 (marrom). A precipitação do grupo pode ser feita, borbulhando-se gás
sulfídrico (H2S) na solução ou através da adição de um reagente como a tioacetamida
(CH3CSNH2) que, por sofrer hidrólise, fornece H2S.
O uso direto do H2S, entretanto, não é favorável pois apresenta inconveniente
como odor desagradável e alta toxicidade. Esses problemas podem ser minimizados com
uma solução de tioacetamida, gerador de H2S ou S2- em solução.
A tioacetamida hidrolisa lentamente em água e rapidamente em meio ácido ou
básico com aquecimento (80-90 oC), dando origem ao H2S ou S2-, conforme as reações:

Em meio neutro: CH3CSNH2 + 2 H2O CH3COOH + NH3 + H2S

Em meio ácido: CH3CSNH2 + H2O CH3CONH2 + H2S

Em meio básico: CH3CSNH2 + 3OH- CH3COO- + NH3 + S2- + H2O

A concentração de sulfeto em solução aumenta gradativamente, ocorrendo na presença


dos ions metálicos uma precipitação homogênea. Um precipitado formado nestas
condições apresenta-se mais puro e em forma de cristais maiores e, portanto, mais
facilmente separado da solução do que os precipitados coloidais formados pelo simples
borbulhamento de H2S.
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4.1 PROVAS E REAÇÕES RECOMENDADAS PARA A IDENTIFICAÇÃO DOS


CÁTIONS Pb2+, Bi3+, Cu2+

1. Íon chumbo (II) (Usar solução de Pb(NO3)2 0,5 M)

a) Na presença de tioacetamida, em meio de HCl 0,5 M e aquecimento em banho de água


fervente, haverá a formação de um precipitado preto de PbS.

2 Pb2+ + 2 HCl + S2- ClPbSPbCl

ClPbSPbCl + 2 S2- PbS + 2 Cl-

O PbS é solúvel ou insolúvel em HNO3 6 M à quente?

b) O hidróxido de amônio 3M precipita Pb(OH)2 branco.

Pb2+ + 2 OH- Pb(OH)2

O precipitado é solúvel em NaOH 6 M.

Pb(OH)2 + 2 OH- [Pb(OH)4]2-


tetrahidroxidoplumbato (II)

O precipitado de hidróxido de chumbo é solúvel ou insolúvel em excesso de hidróxido


de amônio 6 M?

c) Uma solução de ácido sulfúrico 0,5 M na presença de íons Pb2+ precipita PbSO4
branco.

Pb2+ + SO42- PbSO4


20

O precipitado é solúvel em solução de hidróxido de sódio 6 M.


PbSO4 + 4 OH- [Pb(OH)4]2- + SO42-
tetrahidroxidoplumbato (II)

2. Íon bismuto (III) (Usar uma solução de Bi(NO3)3 0,5 M)

a) Na presença de 10 gotas de tioacetamida 1 M, em meio de HCl 0,5 M e sob


aquecimento da solução, haverá formação de um precipitado acastanhado de sulfeto de
bismuto.

2Bi3+ + 3 S2- Bi2S3

O precipitado é solúvel ou insolúvel em HCl 6 M?

O sulfeto de bismuto é solúvel ou insolúvel em HNO3 6 M à quente?

b) O hidróxido de sódio 0,2 M na presença de Bi3+ precipita Bi(OH)3 branco. Este ao


ferver transforma-se em hidróxido de bismutilo, amarelado.

Bi3+ + 3 OH- Bi(OH)3

Bi(OH)3 BiOOH + H2O

c) Uma solução de NH4OH 0,2 M adicionada a uma contendo íons bismuto(III)


executada da mesma maneira que a reação anterior, conduz aos mesmos resultados.

d) Uma solução de estanito de sódio, recentemente preparada (veja nota a seguir),


adicionada a uma solução de íons bismuto, precipita Bio preto.
21

Nota: A solução de estanito, [Sn(OH)4]2- tetrahidroxidoestanato (II), é preparada


tratando 1 cristal de cloreto de estanho (II) com uma solução de hidróxido de sódio 6 M,
até que o precipitado, que inicialmente de forma, seja completamente dissolvido.

Sn+ + 2 OH- Sn(OH)2

Sn(OH)2 + 2 OH- [Sn(OH)4]2-

Bi3+ + 3 OH- Bi(OH)3


----------------------------------------------------------------------------
2 Bi(OH)3 + 3 [Sn(OH)4]2- 2 Bio + 3 [Sn(OH)6]2-
hexahidroxidoestanato (IV)

3. Íon cobre (II) (Usar uma solução de Cu(NO3)2 0,5 M)

a) Na presença de tioacetamida 1 M, em meio de HCl 0,5 M e aquecimento da solução,


precipita CuS negro.

Cu2+ + S2- CuS

O precipitado é facilmente solúvel em ácido nítrico 6 M à quente.

3 CuS + 8 H+ + 2 NO3- 3 Cu2+ + 3 S + 2 NO + 4 H2O

b) Uma solução de hidróxido de sódio 0,2 M na presença de Cu2+ precipita Cu(OH)2


azul claro.

Cu2+ + 2 OH- Cu(OH)2

Se a solução for aquecida à temperatura de ebulição, o precipitado se torna preto devido


à sua transformação no respectivo óxido.
22

Cu(OH)2 CuO + H2O

c) Uma solução de NH4OH 0,2 M adicionada lentamente à solução contendo íons


cobre(II), haverá de início a formação de um precipitado azul claro de hidróxido de
cobre. O precipitado dissolve-se facilmente em excesso de reagente, e a solução
resultante fica intensamente colorida de azul, devido à formação do complexo de
tetra(amin)cobre (II), [Cu(NH3)4]2+.

Cu2+ + 2 NH4OH Cu(OH)2 + 2 NH4+

Cu(OH)2 + 4NH3 [Cu(NH3)4]2+

d) O íon ferrocianeto [Fe(CN)6]4-, em meio neutro ou em meio de ácido acético


precipita Cu2[Fe(CN)6] marrom-avermelhado.

2 Cu2+ + [Fe(CN)6]4- Cu2[Fe(CN)6]


hexacianidoferrato (II) de cobre (II)

4.2 SEPARAÇÃO DOS CÁTIONS DO GRUPO DO SULFETO DE HIDROGÊNIO


(ÁCIDO SULFÍDRICO)

4.2.1 Procedimento para a Separação e Identificação de Pb2+, Bi3+ e Cu2+

Retirar uma alíquota de 15 gotas da solução amostra contendo os cátions Pb2+,


Bi3+ e Cu2+ e acidificar com ~ 4 gotas de HCl 3 M. Juntar a esta solução 25 gotas de
solução de tioacetamida 1 M. Aquecer em banho de água fervente por aproximadamente
15 minutos. Após este tratamento, adicionar 10 gotas de H2O e 5 gotas adicionais de
tioacetamida 1 M; aquecer novamente em banho de água fervente por mais 10 minutos
(1). Centrifugar e remover o centrifugado. O centrifugado C-I deverá ser reservado, pois
pode conter cátions dos grupos do sulfeto de amônio, carbonato de amônio e cátions
solúveis. O resíduo R-I deverá conter os sulfetos dos cátions deste grupo.
23

No resíduo R-I deverão ser colocadas 10 gotas de HNO3 6 M (2) aquecer quase à
ebulição por aproximadamente 10 minutos agitando constantemente. Se sobrar muito
resíduo, repetir o processo. Essa solução pode conter Pb2+, Bi3+e Cu2+.

Adicionar, gota a gota, NH4OH concentrado sob agitação, até essa solução tornar-
se alcalina e então mais 5 gotas em excesso. Centrifugar. Obtém-se um centrifugado C-II
e o resíduo R-II.

O centrifugado II, obtido após a adição do NH4OH concentrado pode conter o íon
complexo solúvel [Cu(NH3)4]2+. A coloração azul do centrifugado II indica a presença
de íons Cu2+.

O resíduo R-II pode conter os hidróxidos de Bi3+ e Pb2+. Adicionar cerca de 15


gotas de KOH 3 M, agitar e aquecer brandamente em banho-maria. Centrifugar a solução.
O sobrenadante será chamado de centrifugado C-III e o resíduo de R-III. Repetir o
processo para o resíduo R-III com a adição de KOH 3 M e juntar o novo centrifugado ao
anterior (C-III). O resíduo R-III pode ser BiOOH. Lavar com 5 gotas de água e desprezar
a água de lavagem. Adicionar 10 gotas de solução de estanito de potássio recentemente
preparada (3). O rápido enegrecimento do resíduo indica a presença do íons Bi3+.

O centrifugado III pode conter [Pb(OH)4]2-. Tornar o meio ácido, adicionando


ácido acético CH3COOH 3 M (4). Adicionar cerca de 5 gotas de cromato de potássio 0,5
M. A formação de um precipitado amarelo confirma a presença de íons Pb2+.

NOTAS SOBRE O PROCEDIMENTO

(1) Na análise de todos os grupos juntos, o centrifugado deve ser fervido para
eliminar o H2S, e então guardado para análise dos demais grupos.
A não eliminação do H2S que, sob a ação do oxigênio do ar, oxida o S2- a SO42-,
causaria a precipitação dos cátions do grupo do carbonato de amônio como sulfatos,
especialmente o sulfato de bário, o que impede a separação dos grupos do sulfeto de
amônio e carbonato de amônio.
24

No entanto, caso o grupo do (NH4)2CO3 seja analisado imediatamente, a


eliminação do H2S não é necessária pois a oxidação dos íons sulfeto é lenta.

(2) Os sulfetos de Cu2+, Bi3+ e Pb2+ são dissolvidos porque os íons S2- são
oxidados pelo íon NO3-, em meio ácido, a enxofre So.

(3) Para preparar a solução de estanito de potássio, adicionar NaOH 6 M, gota a


gota, a 1 cristal de cloreto de estanho(II) até que se forme um precipitado gelatinoso de
hidróxido de estanho (II) e, a seguir, seja dissolvido:

Sn2+ + 2 OH- Sn (OH)2


Sn(OH)2 + 2 OH- [Sn(OH)4]2-
tetrahidroxidoestanato (II)

(4) Deve-se acidificar o meio para evitar que íons Bi3+, que podem estar
presentes, também precipitem com CrO42- impedindo a identificação dos íons Pb2+. Por
outro lado deve-se empregar um ácido fraco a fim de não deslocar o equilíbrio para o íon
Cr2O72-.

2 CrO42- + 2 H+ Cr2O72- + H2O


25

5. CÁTIONS DO GRUPO DO SULFETO DE AMÔNIO

Este grupo é constituído por 8 cátions que são precipitados como sulfetos e
hidróxidos, numa solução tamponada com NH4OH/NH4Cl contendo sulfeto de amônio.
A mistura contém o sulfeto de ferro (II) - FeS (preto), sulfeto de níquel (II)- NiS (preto),
sulfeto de cobalto (II)- CoS (preto), sulfeto de manganês (II) - MnS (rosa), sulfeto de
zinco - ZnS (branco) e o sulfeto de ferro (III) - Fe2S3 (preto), cujos produtos de
solubilidade são muito maiores, o que permite a sua separação dos íons do grupo do H2S,
e os hidróxidos de hidróxido de alumínio - Al(OH)3 (branco), hidróxido de crômio (III) -
Cr(OH)3 (verde), cujos produtos de solubilidade são muito menores que os de seus
sulfetos correspondentes.
A separação dos íons dos grupos do H2S e (NH4)2S é acompanhada por um
controle rigoroso da concentração de íons sulfeto. Numa concentração de ~10-23 M
usada para a precipitação dos íons do grupo II somente os sulfetos dos cátions dos grupos
do HCl e H2S têm os produtos de solubilidade ultrapassados.
A alta concentração de sulfeto necessária para precipitação deste grupo é obtida
numa solução amoniacal. Essa solução alcalina também produz a precipitação de Cr(III) e
Al(III) como hidróxidos. Entretanto, se a concentração de OH- na solução for muito
elevada, haverá também a precipitação do íon magnésio (cátion do grupo do
(NH4)2CO3) como hidróxido, junto com os cátions do grupo III.
As condições necessárias para precipitar os cátions deste grupo e impedir a
formação do hidróxido de magnésio são aparentemente contraditórias. A concentração do
OH- deve controlar o aumento da concentração de S2- a um valor que, satisfaça os
produtos de solubilidade dos sulfetos deste grupo. Deve também permitir a precipitação
do Al3+ e Cr3+ como hidróxidos, mas não exceder a concentração necessária para formar
o hidróxido de magnésio.
Desde que o hidróxido de magnésio é mais solúvel que o hidróxido de alumínio e
crômio, sua precipitação é evitada tamponando-se a solução de amônia com um excesso
de íons amônio, que devido ao efeito do íon comum, reduz a concentração de íons OH-
de tal modo que o Ks do hidróxido de magnésio não seja atingido.
26

5.1 PROVAS E REAÇÕES RECOMENDADAS PARA A IDENTIFICAÇÃO DOS


CÁTIONS Ni2+, Co2+, Fe2+, Fe3+, Mn2+, Al3+, Cr3+ e Zn2+

1. Íon níquel (Usar solução de Ni(NO3)2 0,5 M)

a) Na presença de (NH4)2S e em meio amoniacal (NH4OH 1 M/ NH4Cl 1 M) , haverá


formação de um precipitado preto de NiS.

Ni2+ + S2- NiS

O precipitado é solúvel em HNO3 6 M à quente.

3 NiS + 2 NO3- + 8 H+ 3 Ni2+ + 2 NO + 4 H2O + 3 S

b) O hidróxido de sódio 0,2 M na presença de íons Ni2+ precipita Ni(OH)2 de coloração


esverdeada.

Ni2+ + 2 OH- Ni(OH)2

O precipitado é solúvel ou insolúvel de CH3COOH 3 M?

O hidróxido de níquel é solúvel ou insolúvel em HNO3 3 M?

c) O hidróxido de amônio 0,2 M dá inicialmente a formação de um precipitado verde que


se dissolverá em excesso de reagente, dando à solução uma coloração azul claro.

Ni2+ + NH4OH Ni(OH)2 + 2 NH4+

Ni(OH)2 + 6 NH4OH [Ni(NH3)6]2+ + 2 OH- + 6 H2O


hexa(amin)niquel (II)
27

d) Com solução de dimetilglioxima em meio fracamente amoniacal, há formação de um


precipitado vermelho floculoso.
Ni2+ + 2 HDMG Ni(DMG)2 + 2 H+
bis(dimetilglioximato)níquel (II)

2. Íon cobalto (Usar uma solução de Co(NO3)2 0,5 M)

a) Na presença de (NH4)2S, em meio amoniacal (NH4OH 1 M/ NH4Cl 1 M), haverá a


formação de um precipitado preto.

Co2+ + S2- CoS

O sulfeto de cobalto também é solúvel em ácido nítrico 6 M.

3 CoS + 2 NO3- + 8 H+ 3 Co2+ + 2 NO + 4 H2O + 3 S

b) O hidróxido de sódio 0,2 M precipita Co(OH)X um sal básico.

Co2+ + NO3- + OH- Co(OH)NO3

Por ebulição, o sal básico se transforma em hidróxido de cobalto de cor vermelho-pálida.

Co(OH)X + OH- Co(OH)2 + X-

Com aquecimento, o precipitado na presença de H2O2 se oxida à Co(OH)3 de coloração


castanha.

2 Co(OH)2 + 1/2 O2 + H2O 2 Co(OH)3

c) A solução de tiocianato de amônio 0,5 M em meio alcoólico, na presença de Co 2+,


torna-se azul a fase orgânica devido a formação do íon complexo tetratiocianatocobaltato
(II).
28

Co2+ + 4SCN- [Co(SCN)4]2-

d) Uma solução de dimetilglioxima na presença de íons cobalto produz um precipitado


de coloração pardo-avermelhada.

3. Íon ferro(II) ( Usar uma solução de nitrato de ferro (II) recém-preparada)

a) Na presença de (NH4)2S, em meio amoniacal, haverá a formação de um precipitado


preto de sulfeto de ferro (II).

Fe2+ + S2- FeS

O precipitado é facilmente solúvel em HCl 6 M.

FeS + 2 H+ Fe2+ + H2S

b) Uma solução de hidróxido de sódio 0,2 M na presença de Fe2+ presença de Fe(OH)2


esverdeado.

Fe2+ + 2OH- Fe(OH)2

O precipitado é insolúvel em excesso de reagente.

A solução exposta ao ar vai tornando-se marrom, devido à oxidação de Fe(II) à Fe(III)


pelo oxigênio atmosférico.

2 Fe(OH)2 + 1/2 O2 + H2O 2 Fe(OH)3 ferrugem

c) O hidróxido de amônio 0,2 M produz um precipitado idêntico ao anterior


29

d) Íons ferricianeto adicionado a uma solução contendo íons Fe (II) dá formação de um


precipitado azul-escuro denominado azul-de-turnbull.

Fe2+ + [Fe(CN)6]3- Fe3+ + [Fe(CN)6]4-

4 Fe3+ + 3 [Fe(CN)6]4- Fe4[Fe(CN)6]3


hexacianidoferrato (II) de ferro (III)

4. Íon ferro(III) (Usar solução de cloreto de ferro (III) 0,5 M)

a) Na presença de (NH4)2S, em meio amoniacal, haverá a formação de um precipitado


preto de sulfeto de ferro.

2 Fe3+ + 3 S2- Fe2S3

O precipitado é solúvel em ácido clorídrico 6 M, havendo liberação de H2S.

Fe2S3 + 4 H+ 2 Fe3+ + 2 H2S + 3 S

b) O hidróxido de sódio 0,2 M precipita Fe(OH)3 vermelho-acastanhado.

Fe3+ + 3 OH- Fe(OH)3

O precipitado é insolúvel em excesso do reagente.

c) O hidróxido de amônio 0,2 M precipita Fe(OH)3, idêntico ao anterior.

d) Íons ferrocianeto, na presença de íons ferro (III) dá a formação de um precipitado azul


intenso de hexacianidoferrato (II) de ferro (III) (azul-da-prússia).
30

4 Fe3+ + 3 [Fe(CN)6]4- Fe4[Fe(CN)6]3

e) Uma solução de tiocianato de amônio 0,5 M na presença de íons ferro (III) torna a
solução vermelho intenso.

Fe3+ + 6 SCN- [Fe(SCN)6]3-


hexatiocianatoferrato (III)

5. Íon manganês (Usar solução de Mn(NO3)2 0,5 M)

a) O íon manganês na presença de (NH4)2S, em meio amoniacal, haverá formação de um


precipitado cor de rosa de MnS.

Mn2+ + S2- MnS

O precipitado é solúvel em HCl concentrado.

MnS + 2 H+ <====> Mn2+ + H2S (efetuar a dissolução na capela).

b) O hidróxido de sódio 0,2 M na presença de Mn2+ precipita Mn(OH)2 branco.

Mn2+ + 2 OH- Mn(OH)2

O precipitado é solúvel ou insolúvel em excesso de reagente?

O precipitado oxida-se em contato com o oxigênio do ar, tornando-se acastanhado


devido a formação do dióxido de manganês.

Mn(OH)2 + 1/2 O2 MnO2 + H2O


31

c) Com hidróxido de amônio 3 M executado de maneira idêntica à reação b), fornece os


mesmos resultados.

d) Na presença de íons Mn2+ uma ponta de espátula de bismutato de sódio, algumas


gotas de HNO3 3M, torna a solução violeta devido a oxidação de Mn2+ à MnO4-.

2 Mn2+ + 5 NaBiO3 + 14 H+ MnO4- + 5 Bi3+ + 7 H2O + 5 Na+

6. Íon alumínio (Usar solução de Al(NO3)3 0,5 M)

a) O íon Al3+ na presença de (NH4)2S, em meio amoniacal, haverá a formação de um


precipitado gelatinoso de hidróxido de alumínio.

Al3+ + 3 H2O Al(OH)3 + 3 H+ (hidrólise)

3 (NH4)2S + 3 H2O 3 NH4OH + 3 HS- + 3 NH4+ (hidrólise)

3 NH4OH 3 NH4+ + 3 OH-

3 H+ + 3 OH- 3 H2O
--------------------------------------------------------------------------------------------
Al3+ +3 H2O + 3 (NH4)2S 3 HS- + 6 NH4+ + Al(OH)3

b) O hidróxido de sódio 0,2 M na presença de Al3+ precipita Al(OH)3 branco.

Al(OH)3 + OH- [Al(OH)4]-


tetrahidroxidoaluminato (III)

c) Uma solução de hidróxido de amônio 3 M na presença de íons Al3+ produz um


precipitado branco de Al(OH)3 .
32

Al3+ + 3 NH4OH- Al(OH)3 + 3 NH4+

O precipitado é solúvel ou insolúvel em excesso de reagente?

7. Íon crômio (Usar solução de Cr(NO3)3 0,5 M)

a) O íon Cr3+ na presença de (NH4)2S, em meio amoniacal, haverá a formação de um


precipitado verde-acinzentado de hidróxido de crômio.
Cr3+ + 3 H2O Cr(OH)3 + 3 H+ (hidrólise)

3 (NH4)2S + 3 H2O 3 NH4OH + 3 HS- + 3 NH4+ (hidrólise)

3 NH4OH 3 NH4+ + 3 OH-

3 H+ + 3 OH- 3 H2O
--------------------------------------------------------------------------------------------
Cr3+ +3 H2O + 3 (NH4)2S 3 HS- + 6 NH4+ + Cr(OH)3

b) Uma solução de NaOH 0,5 M, na presença de Cr3+ precipita Cr(OH)3 verde-


acinzentado.

Cr3+ + 3 OH- Cr(OH)3

Com a adição de NaOH 6 M haverá dissolução do precipitado devido a formação do


complexo de tetrahidroxidocromato (III) (cromito).

Cr(OH)3 + OH- [Cr(OH)4] -

Na solução contendo o íon cromito adicionar 10 gotas de H202 3%. Aquecer a ebulição
por aproximadamente 3 minutos, até cessar o desprendimento de oxigênio. A solução se
torna amarela devido a formação de CrO42-.
33

[Cr(OH)4]- + H2O2 + 2 OH- CrO42- + 4 H2O

c) O hidróxido de amônio 0,2 M dá, inicialmente, formação do hidróxido de crômio (III)


levemente solúvel em excesso de reagente devido à formação de amin-complexos de
crômio de coloração levemente rosada, observada após aquecimento da solução.

Cr3+ + 3 OH- Cr(OH)3

Cr3+ + 6 NH3 [Cr(NH3)6]3+


hexa(amin)cromio (III)

8. Íon zinco (Usar solução de Zn(NO3)2 0,5 M)

a) O íon Zn2+ na presença de (NH4)2S, em meio amoniacal, haverá formação de um


precipitado branco de sulfeto de zinco.

Zn2+ + S2- ZnS

O precipitado é solúvel ou insolúvel em CH3COOH 3M?


O precipitado é solúvel em HCl 6M.

ZnS + 2 H+ Zn2+ + H2S (realizar a dissolução na capela).

b) Com uma solução de NaOH 0,2 M haverá, de início, a formação de um precipitado


branco de hidróxido de zinco.

Zn2+ + 2 OH- Zn(OH)2

O precipitado é solúvel em NaOH 4 M devido a formação do complexo incolor


tetrahidroxidozincato (II).
34

Zn(OH)2 + 2 OH- [Zn(OH)4]2-

c) Uma solução de hidróxido de amônio 0,2 M, na presença de íons Zn2+, produz


inicialmente um precipitado branco de Zn(OH)2 que se dissolverá em excesso de
reagente com formação do complexo incolor tetra(amin)zinco (II).

Zn2+ + 2 OH- Zn(OH)2

Zn(OH)2 + 4 NH3 [Zn(NH3)4]2++ 2 OH-


tetra(amin)zinco (II)

d) O íon ferrocianeto precipita Zn3K2[Fe(CN)6]2 branco.

3 Zn2+ + 2 K+ + 2[Fe(CN)6]4- Zn3K2[Fe(CN)6]2


hexacianidoferrato (II) de potássio e zinco

O precipitado é solúvel ou insolúvel em HCl 3 M?

O precipitado é solúvel em excesso de solução de hidróxido de sódio 4 M com formação


do complexo [Zn(OH)4]2- , tetrahidroxidozincato (II).

5.2 SEPARAÇÃO DOS CÁTIONS DO GRUPO III

5.2.1 Procedimento para a Separação e Identificação de Ni2+, Co2+, Fe2+, Fe3+,


Mn2+, Al3+, Cr3+ e Zn2+

Colocar em um tubo de ensaio cerca de 5 gotas de cada uma das soluções de


nitratos ou cloretos de cátions desse grupo. Iniciar a análise com a identificação de Fe(II)
e Fe(III). Para tanto, fazer os seguintes testes.

Ferro(II)
Retirar 5 gotas da solução amostra e acidificar com CH3COOH 3 M. Juntar ~ 5
gotas de uma solução de K3[Fe(CN)6] 0,2 M (hexacianidoferrato (III) de potássio);
haverá o aparecimento de um precipitado azul pálido (azul-de-turnbull).
35

Ferro(III)
Retirar 5 gotas da solução amostra e acidificar com CH3COOH 3 M. Juntar ~ 5
gotas de uma solução de K4[Fe(CN)6] 0,2 M (hexacianidoferrato (II) de potássio); haverá
o aparecimento de um precipitado azul intenso (azul-da-prússia).

Retirar ~ 20 gotas da solução amostra restante e transferi-las para um tubo de


ensaio. Aquecer esta solução à ebulição e adicionar hidróxido de amônio 3 M até o meio
ficar ligeiramente alcalino. Juntar solução de sulfeto de amônio até que a precipitação
tenha sido quantitativa, mantendo-se a temperatura a cerca de 60 oC durante 10 minutos.
Este procedimento deve ser realizado na capela.

Centrifugar. A solução sobrenadante será chamada de centrifugado C-I e o


precipitado de resíduo R-I.

O centrifugado C-I contém os cátions dos grupos do carbonato de amônio e dos


solúveis.

O resíduo R-I contém os sulfetos e hidróxidos dos cátions deste grupo. Acidificar
o resíduo com HCl 3 M e aquecer durante 5 minutos. Centrifugar. Se houver dissolução
completa do precipitado conclui-se a ausência dos íons Ni2+ e Co2+ (1).
O resíduo R-II pode conter os íons Ni2+ e Co2+. Este deve ser tratado com 12
gotas de HNO3 6 M e aquecer por 5 minutos mantendo o tubo em banho de água
fervente. Tratar essa solução com 10 gotas de água e separar em duas porções:

Na primeira porção faz-se a identificação do íon de cobalto da seguinte forma:


Adicionar NaF em excesso e 10 gotas de solução alcóolica de NH4SCN 0,5 M pelas
paredes do tubo de ensaio. O aparecimento de uma cor azul esverdeada na junção dos
dois líquidos confirma a presença do íon cobalto (2).

Na outra porção verifica-se a presença do íon níquel. Alcalinizar o meio com


NH4OH 3M, juntar NaF em excesso e 4 gotas de dimetilglioxima. A formação de um
precipitado avermelhado indica a presença de Ni2+ (3).

O centrifugado C-II poderá conter os íons Fe2+, Fe3+, Mn2+, Al3+, Zn2+ e Cr3+.
A solução clorídrica é tratada com NaOH 4 M até o meio tornar-se alcalino, 10 gotas de
36

H2O2 3 % (10 volumes) e aquecida em banho de água fervente durante 15 minutos (4,5).
Centrifugar e separar o centrifugado C-III do resíduo R-III.

O R-III contém MnO2.xH2O e Fe(OH)3. Adicionar 15 gotas do HNO3 6 M e


aquecer por 5 minutos. Separar essa solução em duas partes:

Na primeira parte, juntar, aproximadamente, 0,2 g de bismutato de sódio sólido.


Agitar bem e, então, centrifugar. O aparecimento de uma cor púrpura avermelhada
(violeta) no líquido sobrenadante, indica a presença do íon Mn2+ (6).

Na segunda parte verifica-se a presença do íon Fe3+, adicionando-se ~ 2 gotas de


NH4SCN 0,5M (tiocianato de amônio). O surgimento de uma coloração vermelho-sangue
indica a presença do íon ferro.

Se o centrifugado C-III apresentar uma cor amarela o íon CrO42- está presente.
Esta coloração serve para identificar a presença do íon crômio.

Para a identificação de Al3+, acidificar a solução com HCl 3 M (utilizar papel de


tornassol) e depois adicionar algumas gotas de NH4OH 6 M até obter cheiro
amoniacal(7). Agitar a solução e aquecer por aproximadamente 10 minutos. Um
precipitado branco floculoso indica a presença de Al3+. Centrifugar. O sobrenadante será
chamado de centrifugado-IV.

Ao centrifugado-IV que contém o [Zn(NH3)4]2+ acidificar com CH3COOH 3 M


e adicionar 5 gotas de sulfeto de amônio 0,5 M. A formação de um precipitado branco
confirma a presença de Zn2+.

NOTAS SOBRE O PROCEDIMENTO

(1) CoS e NiS dissolvem muito lentamente em HCl. Um precipitado preto nessa
etapa, que dissolve somente após a adição de HNO3, indica a presença de níquel ou
cobalto ou ambos. Se com HCl a dissolução for completa, não há necessidade de
adicionar HNO3.
37

(2) O íon complexo azul tetratiocianatocobaltato (II), [Co(SCN)4]2- não é estável


em solução aquosa. Uma solução alcóolica de NH4SCN quando adicionada à superfície
da solução aquosa contendo íons de cobalto, uma coloração azul aparece na junção dos
dois solventes. Pode ser necessário adicionar mais do que 10 gotas do reagente. Se a
solução é agitada durante a adição de NH4SCN alcoólica, a cor característica pode não
aparecer.

(3) A presença de íons Fe3+ interfere nos testes de identificação dos íons de
cobalto e níquel. Esta interferência de Fe3+ pode ser eliminada adicionando-se fluoreto
de sódio. O fluoreto reage apenas com os íons Fe3+ para produzir o íon
hexafluoridoferrato (III) estável e incolor, que não reage com os reagentes usados para a
identificação de cobalto e níquel.

(4) Deve-se evitar um grande excesso de H2O2 3%. Os hidróxidos de ferro,


cobalto e níquel podem estar dispersos numa solução fortemente básica.

(5) O H2O2 é adicionado a fim de oxidar os íons Cr3+ a CrO42-, ao mesmo


tempo, os hidróxidos de ferro (II) a ferro (III) e cobalto (II) a cobalto (III). O hidróxido de
manganês é oxidado a dióxido de manganês hidratado.

(6) Em solução ácida o NaBiO3 (bismutato de sódio) oxida os íons Mn2+ a


MnO4- de cor púrpura.

(7) A precipitação de hidróxido de alumínio é praticamente completa numa


solução tampão de amônia e cloreto de amônio. Zinco não é precipitado como hidróxido,
mas é mantido em solução como complexo tetra(amin)zinco (II), [Zn(NH3)4]2+.
38

6. CÁTIONS DO GRUPO DO CARBONATO DE AMÔNIO

Os elementos cálcio, estrôncio, bário e magnésio pertencem ao grupo IIA da


Tabela Periódica. Devido as suas configurações eletrônicas similares, estes elementos
apresentam semelhança em suas propriedades. No entanto, o elemento que apresenta
propriedades mais diferenciadas neste grupo é o magnésio, devido ao seu pequeno
tamanho, o que leva, muitas vezes, este íon metálico não ser incluído neste grupo de
separação analítica.
Os cátions deste grupo não formam compostos pouco solúveis com HCl, H2S e
(NH4)2S, mas com (NH4)2CO3 formam precipitados brancos.
Entre os fatores que atuam sobre a precipitação dos carbonatos está a temperatura.
No estado sólido, o (NH4)2CO3 se decompõe lentamente em carbamato e água.

(NH4)2 CO3 NH2COONH4 + H2O

Desta maneira, o carbonato de amônio comercial contém sempre uma pequena


quantidade de carbamato que pode ser eliminado sob aquecimento da solução a
temperatura de ~ 80oC.
Além da eliminação do carbamato, o aquecimento da solução para a precipitação
dos carbonatos do grupo IV acelera a transformação dos precipitados amorfos dos
carbonatos em precipaitados cristalinos, mais fáceis de centrifugar e que adsorvem menos
ions estranhos.
Os íons Ca2+, Sr2+, Ba2+ formam carbonatos com solubilidades semelhantes em
água, (Ks ~ 10-9) enquanto o Mg2+ forma o carbonato mais solúvel do grupo (Ks~10-5).
Os íons Ba2+, Sr2+ e Ca2+ são totalmente precipitados com carbonato de amônio em
soluções contendo excesso de íons amônio. Nestas condições o Mg2+ não precipita como
carbonato.
Os carbonatos formados são separados e facilmente solubilizados em meio de
ácido acético 3 M.
Uma das maneiras de se identificar esses cátions precipitados é através do teste de
chama. Somente os compostos voláteis, preferivelmente os cloretos, dão espectro
satisfatório para identificação. Mesmo empregando HCl concentrado nos testes de chama,
a presença de ânions não voláteis (fixos) diminui a sensibilidade dos testes. Entre os íons
deste grupo, o íon magnésio é o único cátion que não proporciona nenhuma coloração à
39

chama do bico de Bunsen. Assim a prova de chama não se presta para a identificação dos
íons deste elemento.

6.1 PROVAS E REAÇÕES RECOMENDADAS PARA A IDENTIFICAÇÃO DOS


CÁTIONS Ca2+, Ba2+, Sr2+ e Mg2+

1. Íon cálcio (Usar uma solução de Ca(NO3)2 0,5 M)

a) Na presença de uma solução de carbonato de amônio 1 M, íons Ca 2+ precipitam


CaCO3 branco.
Ca2+ + CO32- CaCO3

O precipitado é solúvel em CH3COOH 3 M.

CaCO3 + 2 H+ Ca2+ + H2O + CO2

b) Uma solução de cromato de potássio 1 M produz ou não um precipitado com o íon


cálcio?

c) Uma solução de oxalato de amônio 0,25 M na presença de íons cálcio precipita, em


meio neutro, CaC2O4 branco.

Ca2+ + C2O42- CaC2O4

O precipitado é solúvel em HCl 3 M.

CaC2O4 + 2 H+ Ca2+ + H2C2O4

d) Uma solução de ácido sulfúrico 0,5 M na presença de íons cálcio produz um


precipitado branco de CaSO4 sob aquecimento.
40

Ca2+ + SO42- CaSO4

O precipitado é consideravelmente solúvel em água. Na presença de etanol a solubilidade


diminui.

e) Teste de coloração da chama: o íon cálcio confere uma cor vermelho-alaranjada à


chama não luminosa da bico de Bunsen.

2. Íon bário (Usar uma solução de Ba(NO3)2 0,5 M)

a) Na presença de uma solução de carbonato de amônio 1 M, íons Ba 2+ precipitam


BaCO3 branco.

Ba2+ + CO32- BaCO3

O precipitado é solúvel em CH3COOH 3 M.

BaCO3 + 2 H+ Ba2+ + H2O + CO2

b) Uma solução de cromato de potássio 1 M precipita BaCrO4 amarelo.

Ba2+ + CrO42- BaCrO4

O precipitado é solúvel ou insolúvel em CH3COOH 3 M?

O precipitado é solúvel em HCl 3 M.

2 BaCrO4 + 2 H+ 2 Ba2+ + Cr2O72- + H2O

c) Uma solução de oxalato de amônio 0,5 M na presença de íons Ba2+ precipita, em


meio neutro, BaC2O4 branco.
41

Ba2+ + C2O42- BaC2O4

O precipitado é solúvel em HCl 3 M à quente.

BaC2O4 + 2 H+ Ba2+ + H2C2O4

d) Uma solução de ácido sulfúrico 0,5 M na presença de íons bário produz um


precipitado branco finamente dividido de BaSO4.

Ba2+ + SO42- BaSO4

d) Teste de coloração da chama: o íon bário confere uma cor verde-amarelada à chama
não luminosa da bico de Bunsen.

3. Íon estrôncio (Usar uma solução de Sr(NO3)2 0,5 M)

a) Na presença de uma solução de carbonato de amônio 1M, íons Sr2+ precipitam SrCO3
branco.

Sr2+ + CO32- SrCO3

O precipitado é solúvel em CH3COOH 3 M.

SrCO3 + 2 H+ Sr2+ + H2O + CO2

b) Uma solução de cromato de potássio 1M precipita SrCrO4 amarelo.

Sr2+ + CrO42- SrCrO4

O precipitado é solúvel ou insolúvel em CH3COOH 3 M?


42

O precipitado é solúvel em HCl 3 M.

2 SrCrO4 + 2 H+ 2 Sr2+ + Cr2O72- + H2O

c) Uma solução de oxalato de amônio 0,5 M na presença de íons Sr2+ precipita, SrC2O4
branco.

Sr2+ + C2O42- SrC2O4

O precipitado é solúvel ou insolúvel em CH3COOH 3 M?

O precipitado é solúvel em HCl 3 M.

SrC2O4 + 2 H+ Sr2+ + H2C2O4

d) Uma solução de ácido sulfúrico 0,5 M na presença de íons estrôncio produz um


precipitado branco finamente dividido de SrSO4.

Sr2+ + SO42- SrSO4

O precipitado é levemente solúvel em ácido clorídrico em ebulição.

d) Teste de coloração da chama: o íon estrôncio confere uma cor vermelho-carmin à


chama não luminosa da bico de Bunsen.

4. Íon magnésio (Usar uma solução de Mg(NO3)2 0,5 M)

a) Uma solução de carbonato de amônio 1M na ausência de cloreto de amônio precipita


carbonato básico de magnésio, branco.

5 Mg2 + 6 CO32+ + 7 H2O 4 MgCO3.Mg(OH)2.5H2O + 2 HCO3-


43

Na presença de cloreto de amônio 1 M nenhuma precipitação ocorre devido a formação


dos íons hidrogenocarbonato.

NH4+ + CO32- NH3 + HCO3-


b) O hidróxido de sódio 0,2 M precipita Mg(OH)2 branco, insolúvel em excesso de
reagente.

Mg2+ + 2 OH- Mg(OH)2

O precipitado é solúvel em cloreto de amônio 1 M.

c) O íon hidrogenofosfato, na presença de cloreto e hidróxido de amônio, forma um


precipitado de fosfato de amônio e magnésio, branco

Mg2+ + NH3 + HPO4 -- Mg(NH4)PO4

Teste da estrela: Colocar sobre uma lâmina de vidro 1 gota de Mg(NO3)2 0,5 M + 1 gota
de HCl 6M + 1 cristal de K2HPO4 + 1 gota de NH4OH 3M, observar o aspecto dos
cristais de Mg(NH4)PO4, na forma de estrelas ou ramos de árvores, sob o microscópio.
44

6.2 SEPARAÇÃO DOS CÁTIONS DO GRUPO IV

6.2.1 Procedimento para a Separação e Identificação de Ca2+, Ba2+, Sr2+ e Mg2+

Numa amostra contendo os íons Ca2+, Ba2+, Sr2+ e Mg2+ adicionar 5 gotas de
cloreto de amônio 1 M. Aquecer a solução em banho de água fervente e juntar cerca de
10 gotas de carbonato de amônio 1 M. Agitar vigorosamente a solução para
homogeneizar e centrifugar. Verificar se a precipitação foi quantitativa adicionando
algumas gotas de carbonato de amônio 1 M ao líquido sobrenadante. Se ainda houver
precipitação, repetir esse procedimento até não haver mais precipitação pela adição de
carbonato de amônio ao sobrenadante. O líquido sobrenadante será chamado de C-I e o
precipitado de R-I. Separar o sobrenadante do precipitado.

O precipitado deve ser lavado com pequenas porções da solução de carbonato de


amônio.
O centrifugado C-I e as primeiras porções da água de lavagem devem ser reunidos
e evaporados até cerca de 1 mL. Nesta solução faz-se a identificação do Mg2+.
O íon Mg2+ é identificado através do teste da estrela, que consiste na formação de
cristais de Mg(NH4)PO4 vistos sob um microscópio.
Colocar 1 gota da solução de magnésio contendo uma pequena quantidade de
NH4Cl sobre o vidro de relógio. Em seguida juntar 1 gota de solução de NH4OH diluída
e um pequeno cristal de K2HPO4.12H2O. Observar a formação dos cristais ao
microscópio.
A figura, a seguir, mostra os cristais do sal formado pela cristalização lenta de
soluções diluídas.
45

Quando a cristalização é rápida e as soluções são mais concentradas ou soluções


que contém maior quantidade de sais de amônio, resultará cristais em forma de estrela ou
ramos de árvore, como mostra a figura abaixo.

O resíduo R-I contendo os carbonatos de Ca2+, Sr2+ e Ba2+ é dissolvido pela


adição do menor volume possível de ácido acético 3 M. Em seguida, esta solução é
tamponada pela adição de solução de acetato de sódio 1 M (volume mais ou menos igual
ao do ácido acético adicionado previamente). Adicionar 5 gotas de solução de dicromato
de potássio 1 M (1). Centrifugar.
46

O resíduo R-II deve conter BaCrO4. Adicionar 10 gotas de HCl concentrado e


aquecer em banho de água fervente até que o volume se reduza a metade. Confirmar a
presença do íon bário fazendo o teste de chama (2).

O centrifugado C-II pode conter os íons Ca2+ e Sr2+. Alcalinizar a solução com
hidróxido de amônio 3 M adicionando em seguida carbonato de amônio 1 M. Centrifugar
(3).
Dissolver o resíduo que será chamado de R-III com o menor volume possível de
CH3COOH 3 M. Levar esta solução à ebulição e adicionar 10 gotas de uma solução de
sulfato de amônio 1 M até obter-se a precipitação quantitativa de SrSO4. Centrifugar.
Obtém-se, assim um centrifugado C-IV e um resíduo R-IV.

O resíduo deve ser SrSO4. Adicionar 10 gotas de HCl concentrado (4) e confirmar
a presença de íons Sr2+ fazendo o teste de chama.

O centrifugado C-IV pode conter os íons Ca2+. Adicionar 15 gotas de


(NH4)2C2O4 0,25 M e aquecer em banho de água fervente por 5 minutos. Um
precipitado branco ou uma solução turva indicam a presença de íons Ca2+. Centrifugar.

O resíduo deve ser de CaC2O4. Adicionar 10 gotas de HCl concentrado e


confirmar a presença de íons Ca2+ fazendo o teste de chama.

NOTAS SOBRE O PROCEDIMENTO

(1) Cromato de bário não precipita na presença de alta concentração de íons H +,


assim, o uso de CH3COOH é adotado ao invés de um ácido forte.

(2) BaCrO4 não é suficientemente volátil para dar o teste de chama, que é um
teste adicional; conseqüentemente este composto deve ser convertido a um sal de bário,
que seja mais volátil. Por evaporação e adição de HCl concentrado, o cromato é reduzido
a íons Cr3+ de acordo com a equação:

2 BaCrO4 + 16 H+ + 6 Cl- 2 Ba2+ + 2 Cr3+ + 8 H2O + 3 Cl-


47

A solução de íons Ba2+ em excesso de HCl dá um excelente teste de chama.

(3) A finalidade desta etapa é remover os íons coloridos de cromato e dicromato.


Nas etapas subseqüentes, Sr2+ e Ca2+ são transformados em SrSO4 e CaC2O4
(precipitados brancos finamente divididos) que não podem ser facilmente vistos numa
solução colorida.

(4) Embora o SrSO4 não seja apreciavelmente solúvel em HCl concentrado, uma
quantidade suficiente de íons Cl- intensifica a coloração da chama.
48

7. CÁTIONS DO GRUPO DOS SOLÚVEIS

Os íons deste grupo são deixados em solução após a separação de todos os outros
cátions. Os íons dos metais alcalinos Na+ e K+ são os maiores cátions do período à que
pertencem, possuem carga pequena e a estrutura de gás nobre. Devido a isso, apresentam
uma fraca atração por ânions e moléculas, e como consequência a maioria de seus sais
são solúveis em água e seus íons raramente formam complexos.
O íon amônio está incluído neste grupo por apresentar características semelhantes.
Este grupo de cátions não possui um reagente específico para separá-los e a
identificação de cada um deve ser feita numa solução contendo todos os íons sem prévia
separação.

7.1 PROVAS E REAÇÕES RECOMENDADAS PARA A IDENTIFICAÇÃO DOS


CÁTIONS Na+, K+ e NH4+

1. Íon sódio (Usar solução de NaNO3 0,5 M)

a) Teste da coloração da chama. Esta prova é feita utilizando-se um fio de


níquel/crômio limpo e chama oxidante de um Bico de Bunsen, do seguinte modo: toca-
se, com o fio metálico a solução cujo cátion se quer identificar e coloca-se a ponta do fio
na região mais fria da chama oxidante. Para o íon sódio, a prova será positiva se a chama
azulada torna-se amarela. Caso se trate de substância sólida, na qual se pretenda
identificar o sódio ou qualquer outro íon, convém, primeiro, tocar o fio em HCl
concentrado e, em seguida, tocar a substância.

2. Íon potássio (Usar uma solução de KNO3 0,5 M)

a) Uma solução de hexanitrocobaltato (III) de sódio* precipita hexanitrocobaltato (III) de


potássio, em meio de CH3COOH 3M.

3 K+ + [Co(NO2)6]3- K3[Co(NO2)6]
ppt amarelo
b) Teste da coloração da chama. Os íons potássio conferem um coloração violeta (lilás)
a chama não luminosa do bico de Bunsen. A chama amarela produzida por pequenas
49

quantidades de íons sódio mascaram a cor violeta. Por esta razão, neste teste a coloração
violácea deve ser observada através de um vidro azul de cobalto.

3. Íon amônio (Usar solução de NH4Cl 1 M)

a) O íon amônio em solução aquosa produz uma solução de caráter ácido. Verificar o
efeito de hidrólise com o papel de tornassol azul.

NH4+ + H2O NH4OH + H+

b) Solução de hidróxido de sódio 4 M na presença de íons amônio produz o


desprendimento de amônia gasosa sob aquecimento.

NH4+ + OH- NH3 + H2O

O gás desprendido pode ser identificado com um chumaço de algodão umedecido com
fenolftaleína colocado na boca do tubo de ensaio.

c) Uma solução de hexanitrocobaltato (III) de sódio precipita hexanitrocobaltato (III) de


amônio em meio de CH3COOH 3 M.

3 NH4+ + [Co(NO2)6]3- (NH4)3[Co(NO2)6]


ppt amarelo

d) O reativo de Nessler produz um precipitado amarelo com o íon NH4+

NH4+ + 2 [HgI4]2- + 4 OH- HgO.Hg(NH2)I + 7 I- + 3 H2O


50

7.2 SEPARAÇÃO E IDENTIFCAÇÃO DOS CÁTIONS Na+, K+ e NH4+

Colocar em um tubo de ensaio 10 gotas de cada uma das soluções de


nitratos dos cátions sódio, potássio e amônio. Fazer o teste de chama com a
amostra, para isso tocar o fio na amostra e levar na chama do bico de Bunsen a
coloração amarela indica a presença de íons sódio.
Mergulhar o fio na amostra e colocar o vidro azul de cobalto na altura dos
olhos (para absorver as raias amarelas) e levar o fio na chama do bico de Bunsen a
coloração violeta indica a presença dos íons potássio.
Colocar algumas gotas da amostra em um tubo de ensaio e verificar a
presença do íon NH4+, com a adição de algumas gotas do reativo de Nessler.
Colocar 15 gotas da amostra em um tubo de ensaio, adicionar 5 gotas de
hidróxido de sódio 4 mol.L-1 (não deixar escorrer na parede do tubo), fechar o
tubo com algodão umedecido com fenolftaleína e aquecer durante 5 minutos em
banho de água fervente e verificar se o algodão torna-se vermelho rosado,
indicando a presença de gás amônia proveniente do íon amônio. Para identificar os
íons potássio deve-se eliminar os íons amônio, retirando-se o algodão e mantendo-
se o aquecimento por 10 minutos (comprovar a eliminação do íon amônio, quando,
uma tira de papel de filtro umedecida em fenolftaleína e colocada na boca do tubo,
não se tornar rosa). Após esta etapa ajustar o valor de pH próximo a 7,0 através da
adição de algumas gotas de ácido acético (verificar com papel indicador universal)
e adicionar hexanitrocobaltato (III) de sódio, a formação de um precipitado
amarelo de hexanitrocobaltato (III) de potássio indica a presença do íon potássio.
51

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALEXEYEV, V. N. Análise Qualitativa; Edições Lopes da Silva, Porto, 1982.

BACCAN, N.; ALEIXO, L. M.; STEIN, S. e GODINHO, E. S. Introdução a


Semimicroanálise Qualitativa; Editora da UNICAMP, Campinas, 5a edição, 1990.

SKOOG, D. A. e WEST, D. M. Fundamentos de Química Analítica. Cengage Learning,


São Paulo, 2014.

VOGEL, A.I. Química Analítica Qualitativa; Editora Mestre Jou, tradução da 5a edição,
São Paulo, 1981.

WISMER, R. K. Qualitative Analysis with Ionic Equilibium, 2a edição, Macmillan


Publishing Co., Nova York, 1991.

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