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DIREITO

ADMINISTRATIVO
Organização da Administração Pública
Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista – Parte 1

Prof. Denis França


Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista

Pode-se falar no gênero “empresas estatais”, do qual são espécies:


• Empresas públicas.
• Sociedades de economia mista.

Muita atenção às características comuns e às diferenças entre esses dois


tipos de empresas estatais.
Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista

Características comuns das empresas estatais:


• Sua criação é autorizada por lei.
• Em regra estarão sujeitas a um regime predominantemente de direito
privado (regime híbrido).
• Podem ter por finalidade a prestação de serviços públicos ou
desenvolvimento de atividades econômicas.
** Observação: CF/88, art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta
Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só
será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou
a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista

Características comuns das empresas estatais:


• Não gozam, em regra, dos privilégios processuais, fiscais, civis, contratuais
etc típicos das entidades de direito público (CUIDADO: há exceções, que
serão melhor vistas adiante).
• Seus agentes são regidos pela CLT (empregados públicos).
• Submetem-se a algumas limitações típicas do Estado, com incidência de
regras de direito público, tais como a obrigatoriedade da realização de
concurso público, vedação à acumulação de cargos, licitações (embora
com regras próprias) etc.
Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista

Diferenças entre empresas públicas e sociedades de economia mista:


• Capital: na empresa pública é 100% público.
• Forma societária: as sociedades de economia mista devem
necessariamente assumir a forma de sociedades anônimas e se submetem
à lei nº 6.404/76, regime não obrigatório para as empresas públicas, que
podem inclusive ser unipessoais.
• Foro processual: as empresas públicas federais terão as causas judiciais
de que participem julgadas pela Justiça Federal, por força do art. 109, I da
CF/88.
Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista

Diferença mais importante atualmente:


• A depender da atividade da empresa estatal, ela poderá gozar de
benefícios típicos da fazenda pública, inclusive da imunidade recíproca.
• Portanto, a distinção mais relevante na prática não depende do tipo de
estatal, mas da atividade desempenhada.
• Requisitos para a incidência dos privilégios públicos: desempenho de
serviço público e ausência de regime concorrencial.
Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista

• STF, ADPF 387: É aplicável o regime dos precatórios às sociedades de


economia mista prestadoras de serviço público próprio do Estado e de
natureza não concorrencial.

• STF, RE 627242: É aplicável às companhias estaduais de saneamento


básico o regime de pagamento por precatório (art. 100 da Constituição),
nas hipóteses em que o capital social seja majoritariamente público e o
serviço seja prestado em regime de exclusividade e sem intuito de lucro.
Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista

• STF, RE 638.315-RG: “A Empresa Brasileira de Infraestrutura


Aeroportuária - INFRAERO, empresa pública prestadora de serviço público,
faz jus à imunidade recíproca prevista no art. 150, VI, a, da Constituição
Federal”.

• Caso mais emblemático: ECT (Correios). O mais curioso é que nem toda
atividade dos correios é desprovida do regime concorrencial, pois há
monopólio constitucional (serviço postal) conjugado com atividades nas
quais há concorrência (entrega de encomendas etc). Há várias decisões
judiciais importantes sobre os Correios acerca desse tema, destacando-se
a seguinte:
Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista

• STF, RE 601.392-RG (Tema 235): “Os serviços prestados pela Empresa


Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT, inclusive aqueles em que a
empresa não age em regime de monopólio, estão abrangidos pela imunidade
tributária recíproca (CF, art. 150, VI,a e §§ 2º e 3º)”.
• STJ, REsp 1.400.238: “2. A ECT, empresa pública federal, presta em
exclusividade o serviço postal, que é um serviço público e assim goza de
algumas prerrogativas da Fazenda Pública, como prazos processuais,
custas, impenhorabilidade de bens e imunidade recíproca. Nesse sentido, o
prazo de 5 anos previsto no Decreto 20.910/1932 para a Fazenda Pública
deve ser aplicado também para a ECT.”

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