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ISBN 978-85-363-0333-8
1. Educação – Métodos de investigação educacional – Observações pedagógicas.
I. Acúrcio, Marina Rodrigues Borges. II. Andrade, Rosamaria Calaes de. III. Título.
CDU 37.012
objetividade na comunicação, para evitar perda de tempo e imprimir rumo às ações; transparência nas decisões, para
merecer a confiança de todos. Tudo isso exige a sabedoria de ouvir mais e falar menos, para ser um bom negociador.
O diretor escolar – gestor e líder – precisa também estudar, para atualizar-se e conhecer as mais recentes contri-
buições dos educadores sobre os processos de capacitação de lideranças educacionais, entre os quais se destacam:
• Antônio Nóvoa (Portugal) – Autor de livros sobre a nova forma de pensar a formação continuada e a atuação
dos educadores e professores;
• Boudewijn van Velzen (sociólogo e educador holandês) – Consultor educacional especializado em desenvol-
vimento pessoal e trabalho coletivo (aprender com os outros);
• Charles Hadji (França) – Aborda em seus livros a formação permanente do professor como uma necessidade
da era profissionalizante;
• Philippe Perrenoud (Genebra/Suíça) – Tem vários livros publicados no Brasil, nos quais discute as competências
a serem desenvolvidas por professores e alunos.
Para que a escola cumpra o seu papel social hoje, é necessário que a direção supere o enfoque de administração e construa
o de gestão, marcado por transformações, especialmente no que se refere a algumas concepções e aspectos básicos, passando:
• Da ótica fragmentada para a globalizadora, em que todos participam da organização escolar, de forma interativa.
• Da limitação de responsabilidade pelos resultados para a sua expansão, promovendo a redefinição de respon-
sabilidades, centradas no todo, independentemente das funções diferenciadas.
• Da ação episódica para o processo contínuo, porque a ação centrada em eventos é vazia de resultados, e a
educação é um processo longo e contínuo.
• Da hierarquização e burocratização para a coordenação, pois a organização coletiva depende da contribui-
ção individual, mas em ações coordenadas.
• Da ação individual para a coletiva, porque o espírito de equipe, a participação e a democracia são o grande desafio
da gestão educacional.
O novo conceito de gestão escolar associa-se, pois, à democratização e à participação consciente e responsável de
toda a comunidade escolar no processo decisório, em ações articuladas e conjuntas, visando a um ensino de qualidade.
vaga na escola, mas a um ensino de qualidade, que respeite as diferenças culturais e individuais e o direito à justa
distribuição dos bens culturais e materiais, conforme o Art. 27 da mesma Declaração: “Todo homem tem direito de
participar livremente da vida cultural da comunidade, do progresso científico e de seus benefícios e de fruir as artes”.
Tudo isso será viabilizado pelo desenvolvimento das competências que possibilitam a inclusão do sujeito na
sociedade letrada e na era da informação do mundo pós-moderno, como cidadão, consciente de seu compromisso
com a coletividade, disposto a lutar por direitos e deveres iguais para todos.
É esse conceito de ensino, como forma fundamental de integração do homem na sociedade, que se quer tornar
acessível a todos na escola. E este é o compromisso e a função da escola eficaz: garantir que os alunos aprendam a
pensar, a fazer, a ser e a conviver, tendo acesso a todo o tipo de informação e conhecimento, no momento certo, com
prazer e facilidade. Para isso, é preciso rever a dinâmica da escola, de sua gestão aos currículos e às práticas pedagó-
gicas, visando a uma escola de qualidade, alegre e democrática.
A ESCOLA EFICAZ
Uma escola com qualidade e eficácia é gerida com competência, agilidade, criatividade e entusiasmo, de forma
participativa e colegiada, sendo que a direção deve estar:
• Aberta às necessidades da comunidade. • Empenhada em planejar, coordenar e avaliar a di-
• Atenta à atualização dos professores e de sua prática nâmica da escola diante da realidade atual.
pedagógica. • Pronta para resolver os desafios da gestão escolar,
• Conectada aos avanços científicos e tecnológicos. numa visão democrática de projeto global da esco-
• Comprometida com a formação integral e o sucesso la, para atender às contínuas exigências e às novas
dos alunos. demandas da sociedade.
Tudo isso deve estar definido no projeto pedagógico, que é a chave da gestão escolar, devendo ser revisto a cada
ano e reformulado naquilo que for necessário. Dessa forma, garante-se a identidade da instituição e a sua conexão
com a realidade da comunidade a que serve, pois a tradição que não é renovada morre por si mesma.
Uma escola eficaz tem um diferencial que a distingue, que pode ser a sua capacidade de adaptação aos novos
tempos, atendendo às novas exigências da sociedade. Isso exige que a direção tenha uma visão estratégica global,
que lhe permita gerar mudanças positivas e respostas rápidas, com flexibilidade e eficiência.
O final do ano letivo é um bom momento para a direção da escola, junto com a sua equipe, rever a sua gestão e
buscar soluções inovadoras e criativas para os desafios do cotidiano escolar.
É também um momento de revisão de sua postura na liderança escolar, nas dimensões política, administrativa e
pedagógica, com a intenção de revitalizar suas ações educacionais e gerenciais. É um momento de reflexão para
14 A gestão da escola
compreender sua responsabilidade como gestora, animadora e agente de transformação e de desenvolvimento, para
garantir a identidade de sua instituição escolar.
Para melhor organizar o seu trabalho e a sua escola, a direção pode começar agrupando e classificando os
desafios nas três dimensões que, entrelaçadas, constituem o espaço escolar:
Periodicamente, os desafios elencados deverão ser revistos, avaliando-se em que dimensão a atuação da direção
tem sido mais significativa, ou menos eficaz, fazendo uma “correção de rota” e buscando ajuda, se necessário, para
reelaborar a rotina de funcionamento da escola, junto com os professores e os funcionários.
1. Fazer um diagnóstico da escola, utilizando um questionário aplicado ao corpo docente, aos funcionários,
alunos e famílias, para levantar as principais necessidades e expectativas da comunidade escolar, interna e
externamente, nas três dimensões do espaço escolar.
2. Elaborar um planejamento estratégico trienal, com metas a curto, a médio e a longo prazos, para atender às
exigências levantadas no diagnóstico (com assessoria externa, se necessário).
3. Fazer previsão orçamentária anual, para alocação de verbas necessárias à execução das metas prioritárias (a
curto prazo) do planejamento estratégico, definidas participativamente, a partir da tabulação dos dados do
questionário aplicado (primeira tarefa).
4. Levantar as necessidades de manutenção e atualização do patrimônio escolar.
5. Rever os principais documentos da escola (Organograma, Regimento Escolar, Projeto Pedagógico, Proposta
Curricular), para atualizá-los e adequá-los à contribuição significativa dos modernos pensadores da educação,
às orientações legais (Diretrizes Curriculares Nacionais [LDB], Parâmetros Curriculares Nacionais [PCN] e Re-
soluções Curriculares Nacionais [RCN]) e às novas exigências e necessidades emergentes da comunidade.
6. Criar instâncias de gestão participativa, como Conselho Consultivo, Grêmio Estudantil e Associações (de
pais, de professores e funcionários, de ex-alunos).
Coleção Escola em Ação 15
CONCLUSÃO
Na complexidade do contexto atual, é muito difícil para o diretor assumir sozinho a direção de uma escola. Ele
deve ter discernimento para cercar-se de uma equipe competente e com ela estabelecer um processo de gestão
colegiada, pautada num planejamento estratégico aberto às inovações necessárias, com foco no sucesso dos alunos.
16 A gestão da escola
Essa equipe, assim como o diretor, precisará investir continuamente em seu crescimento pessoal e profissional,
para garantir as três competências indispensáveis a um bom profissional hoje:
• Competência humana, para trabalhar com pessoas, sabendo colocar-se no lugar do outro e ter atitudes favo-
ráveis a um bom ambiente de trabalho.
• Competência política, para ver a escola, a sociedade e o sistema educacional como um todo, presumindo as
implicações de suas decisões para a escola e para a comunidade.
• Competência técnica, para buscar os subsídios necessários à sua função, atento às exigências legais e às inova-
ções científicas e tecnológicas indispensáveis ao bom desempenho da instituição.
As novas estruturas familiares, sociais, econômicas, empresariais e políticas, nacionais e mundiais, requerem um
novo modelo de escola, com responsabilidade social, que forme um novo tipo de cidadão. E isto só será possível com
um novo estilo de gestão escolar, para o qual o diretor deve sensibilizar-se e preparar-se. Os textos deste quarto volume
da Coleção Escola em Ação, se lidos sob essa nova ótica, poderão contribuir para isto. Eles expressam a visão e a
experiência de cada autor em sua trajetória pessoal e profissional no universo escolar. Foram elaborados cada um em
seu próprio estilo e síntese reflexiva.
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São Paulo: Cortez, 2001.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.