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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE DIREITO

Doenças profissionais

Elementos do 3º grupo
Lurdes Bento
Sónia Rosário Juca
Waite Rahamane
Wilaiza Afonso Wilson
Zakil João Agy

Nampula
2023
Lurdes Bento

Sónia Rosário Juca

Waite Rahamane

Wilaiza Afonso Wilson

Zakil João Agy

Doenças profissionais

Trabalho de carácter avaliativo da


cadeira de Direito do Trabalho, 3º ano,
leccionada pelo docente: Dr Gabriel
Desejado Mepina

Nampula
2023
Índice

Introdução ................................................................................................................................... 3

1. Doenças profissionais ........................................................................................................... 4

1.1. Principais tipos de doenças profissionais ....................................................................... 5

1.2. Lesão por Esforço Repetitivo (LER) e Distúrbios osteomusculares relacionados ao


Trabalho (DORT) .................................................................................................................... 6

1.3. Acções de prevenção das doenças profissionais ............................................................. 8

1.4. O papel dos trabalhadores e empregadores................................................................... 10

1.5. Prova das doenças profissionais ................................................................................... 10

1.6. Manifestação da doença profissional apos a cessação do contrato de trabalho ................. 11

2. Disposições comuns sobre acidentes de trabalho e doenças profissionais: Prevenção de


acidentes de trabalho e doenças profissionais ......................................................................... 11

2.1. Dever de participação do acidente de trabalho ou doença profissional.......................... 11

2.2. Dever de assistência .................................................................................................... 11

2.3. Direito a reparação ...................................................................................................... 12

2.4. Determinação da capacidade residual .......................................................................... 12

2.5. Seguro colectivo por risco profissional normal ............................................................ 13

2.6. Seguro colectivo por risco profissional agravado ......................................................... 13

2.7. Pensões e indemnizações ............................................................................................. 13

2.8. Data de vencimento de pensões e indemnizações ......................................................... 13

2.9. Perda do direito à indemnização .................................................................................. 14

Conclusão .................................................................................................................................. 15

Referências bibliográficas .......................................................................................................... 16


Introdução

O presente trabalho tem como tema doenças profissionais, que constitui uma matéria de grande
importância para o ensino e aprendizagem da cadeira de legislação laboral ou Direito do
Trabalho. Pois elas são ocasionadas ou agravadas pela exposição a ambientes que ofereçam
riscos à saúde física, mental ou social, ceifando a vida de trabalhadores, deixando – os
incapacitados de trabalhar, tornando - os totalmente ou parcialmente improdutivos.

O assunto relativo à prevenção das doenças profissionais é um tema extremamente atual, e ao


mesmo tempo atemporal. Durante a Revolução Industrial, os trabalhadores eram expostos a
ambiente de riscos e períodos extremamente excessivos de trabalho sem o intervalo necessário de
descanso, essas condições extremas causavam doenças físicas como Ler (Lesão por esforço
repetitivo), surdez, intoxicação e psicológicas como depressão, síndrome do pânico e outras mais.

O que não é diferente dos tempos actuais, com o crescimento econômico e o aumento do poder
aquisitivo, o consumo se tornou maior, logo a produção também e junto às cobranças por
produtividade em curto espaço de tempo.

No que se refere a estrutura do trabalho esta organizado da seguinte maneira:

 Capa,
 introdução;
 Desenvolvimento onde estão as abordagens referentes ao tema;
 Conclusão onde consta o resumo ou a síntese no que se refere do assunto tratado;
 Referência bibliográfica onde está contido as obras usadas na elaboração do trabalho.

Para efeitos de elaboração do trabalho foram usadas as obras disponíveis na biblioteca e a internet
que possui um vasto tema que se refere as doenças profissionais.

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1. Doenças profissionais

De acordo com Honwana (2002), a doença é um fenómeno social, que cria uma alteração no
curso normal da vida, podendo ou não reflectir-se no corpo físico visto que as causas são
essencialmente sociais.

Conforme a Lei nº23 /2007 de 1 de Agosto no art. 224, defini – se doenças profissionais como
sendo “toda a situação clínica que surge localizada ou generalizada no organismo, de natureza
tóxica ou biológica, que resulte de actividade profissional e directamente relacionada com ela”
(p.500).

A Lei acima citada diz que São consideradas doenças profissionais, nomeadamente, as resultantes
de:

 Intoxicação de chumbo, suas ligas ou compostos, com consequências directas dessa


intoxicação;
 Intoxicação pelo mercúrio, suas amálgamas ou compostos, com as consequências directas
dessa intoxicação;
 Intoxicação pela acção de pesticidas, herbicidas, corantes e dissolventes nocivos;
 Intoxicação pela acção das poeiras, gases e vapores industriais, sendo como tais
considerados, os gases de combustão interna das máquinas frigoríficas;
 Exposição de fibras ou poeiras de amianto no ar ou poeiras de produtos contendo
amianto;
 Intoxicação pela acção dos raios X ou substâncias radioactivas;
 Infecções carbunculosas;
 Dermatoses profissionais

Na Lei nº 23/2007 de 1 de Agosto numero 3 do art. 224 diz que a lista de situações susceptíveis
de originar doenças profissionais constantes do número anterior é actualizada por diploma do
Ministro da Saúde. As indústrias ou profissões com maior propensão de provocar doenças
profissionais constam de regulamentação específica.

Porem o Decreto nº 62/2013 de 04 de Dezembro acrescenta que se a doença de que padece o


trabalhador não constar da lista nacional das doenças profissionais, mas havendo uma relação
entre ela e o ambiente laboral, o médico assistente deve comprovar a existência dessa relação,

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constituindo-se assim o trabalhador no direito à reparação, nos termos definidos neste
Regulamento. E A lista de doenças profissionais referida anteriormente será revista e actualizada,
sempre que se mostrar necessário, por diploma do Ministro que superintende a área da Saúde.

Contudo doença profissional é aquela que resulta directamente das condições de trabalho e que
causa incapacidade para o exercício da profissão ou morte. As doenças profissionais em nada se
distinguem das outras doenças, salvo pelo facto de terem a sua origem em factores de risco
existentes no local de trabalho. Sendo assim, o funcionário precisa provar que ocorreu uma piora
da saúde por conta da sua função na empresa. Dessa forma, é possível diagnosticar o problema
como uma doença do trabalho.

De acordo com Brito (2021), uma doença profissional é uma perturbação da saúde contraída em
consequência de uma exposição, durante um dado período de tempo, a factores de risco
decorrentes da actividade profissional.

1.1. Principais tipos de doenças profissionais

Oliveira (1997) destacou que, até a década de 1960, as únicas medidas tomadas para os
profissionais estavam relacionadas aos acidentes de trabalho. A partir da década de 1970, a
preocupação com as doenças profissionais passou a ser levada mais a sério, época em que a
classe de profissionais médicos aumentava significativamente e a demanda por trabalhadores
precisavam ser atendidos. O desenvolvimento da indústria do país tem levado ao surgimento de
doenças relacionadas a agentes físicos como ruído, radiação e poeira, além de agentes químicos
como solventes e benzeno, tornando cada vez mais comuns doenças e acidentes.

Como vimos anteriormente a doença profissional é aquela causada devido a realização de algum
trabalho específico a uma determinada actividade, e que está disposto na lista elaborada pelo
Ministério da saúde.

Galafassi (1998) apontou que as principais doenças profissionais estão relacionadas às mais
diversas ocupações, podendo ser listadas as doenças ocupacionais mais comuns:

 Doenças ocupacionais repetitivas: lesões por esforços repetitivos (LER) ou doenças


osteomusculares do trabalho (DORT);

 Doenças respiratórias profissionais: asma ocupacional, silicose, antracnose, leucoplasia,


deposição de ferro;
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 Doenças de pele ocupacionais: doenças de pele ocupacionais, câncer de pele;

 Doenças auditivas ocupacionais: surdez; doenças da visão ocupacional: catarata, desgaste


da visão;

 Doenças ocupacionais sócio – psicológicas: depressão, estresse, ansiedade, síndrome do


pânico.

Na perspectiva do autor explicou que LER e DORT são responsáveis por alterar estruturas
músculo-esqueléticas como tendões, articulações, músculos e nervos. Essas doenças afectam
principalmente aqueles que realizam acções repetitivas excessivas, como agricultores, bancários,
digitadores, operadores de linha de montagem, teleoperadores e profissionais de saúde.

1.2. Lesão por Esforço Repetitivo (LER) e Distúrbios osteomusculares relacionados ao


Trabalho (DORT)

Conforme Gravina (2002), a Lesão por Esforços Repetitivos (LER) é uma síndrome dolorosa que
causa disfunção, causada principalmente por tarefas que produzem movimentos repetitivos locais
ou posturas forçadas. Desde muito antes se falava sobre as lesões inflamatórias causadas por
esforço repetitivo. É um tipo de lesão relacionada às actividades humanas, às vezes pode ser
entendida como uma doença ocupacional, ocorrendo sempre que as exigências físicas das
actividades ou tarefas humanas são incompatíveis. Envolvem alguns factores de risco, como
passar muito tempo na mesma posição, postura incorrecta e levantamento de peso além da
capacidade do corpo.

A lesão se instala lentamente no corpo e pode ser ignorada durante toda a vida de trabalho.
Quando diagnosticada, já danificou a área afectada. Muitas vezes fazendo com que a pessoa que
foi acometida perca o movimento do membro ou região em que se instalou a lesão.

Quanto aos sintomas, Gravina (2002) destacou que o mais conhecido é a dor específica na área
afectada, acompanhada de formigamento e queimação. Essa dor é semelhante à dor de
reumatismo ou fadiga estática, como quando você segura algo com o braço por um longo tempo
sem se mover. Quando o paciente encontra sintomas, ele deve procurar uma avaliação médica e
iniciar o tratamento o quanto antes, pois isso ajuda a diminuir os estragos que essas lesões
causam. Dependendo do grau de estratagema, interrompa temporariamente ou reduza actividade.

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Por se tratar de uma doença profissional, que equivale a um acidente de trabalho, sua ocorrência
deve ser notificada à autoridade competente.

Martins (2002) registou os estágios da lesão por esforço repetitivo com base na evolução e no
prognóstico.

As classificações mais usuais são feitas conforme a evolução e o prognóstico,


classificando as LER/DORT baseadas apenas em sinais e sintomas: 1) Os membros
sofrem com dor e cansaço durante o turno de trabalho, mas apresenta melhoras aos finais
de semana em que não estão expostos ao esforço repetitivo, além do não apresenta
alteração no exame físico e com desempenho normal; 2) Nesse estágio apresentam-se as
dores decorrentes, sensações de cansaço persistente e distúrbio do sono, com incapacidade
para o trabalho repetitivo; 3) Já nesse último estágio, a sensação de dor, fadiga e fraquezas
persistentes, mesmo com repouso, distúrbios do sono e presença de sinais objectivos ao
exame físico (MARTINS, 2002).

Ribeiro (1997) apontou que as indústrias com mais casos de LER são bancárias, comércio,
processamento de dados, têxteis, confecções, química, plásticos, serviços e telecomunicações. As
razões para o envolvimento da LER são muitas e existem muitos métodos de tratamento. No
entanto, a prescrição de um clínico geral é fixar o local da ferida, descansar por um período de
tempo no local sem forçar e usar anticoagulantes por via oral ou externamente. -Anti-
inflamatórios e analgésicos, assim como cursos de fisioterapia e técnicas de treinamento, tornam
as actividades realizadas menos estressantes. Também é importante cooperar com as empresas
para fornecer equipamentos de prevenção de doenças ocupacionais.

Assim como as LER, as doenças músculo – esqueléticas relacionadas ao trabalho (DORT) são
causadas por lesões por esforços repetitivos, mas se manifestam como alterações no pescoço,
braços, punhos e outras extremidades superiores que ocorrem devido ao trabalho. Portanto, é
necessário comprovar se o trabalho é a causa da doença causada por esforços repetidos.

Mais especificamente, Mendes e Dias (1991) definiram DORT como danos aos tendões,
músculos e articulações causados por movimentos repetitivos, principalmente membros
superiores, como ombros e pescoço, levando a dores, cansaço e baixo desempenho profissional,
causados principalmente por digitadores, banco escriturários, operadores de vendas de telefones,
operadores de telefones gerais e secretárias.

Segundo Brito (2021), o termo DORT é adoptado como doenças osteomusculares relacionadas ao
trabalho, mas actualmente é utilizado o nome de doenças osteomusculares relacionadas ao

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trabalho. Os sintomas mais comuns são fadiga excessiva, desconforto após o trabalho, inchaço,
formigamento nos pés e nas mãos, choque nas mãos, dor nas mãos e perda de movimento das
mãos.

1.3. Acções de prevenção das doenças profissionais


De acordo com Organização Internacional do Trabalho (2013), Um grande número de governos e
organizações de trabalhadores e de empregadores dá agora maior ênfase à prevenção das doenças
profissionais. Mesmo assim, a prevenção não está a receber a prioridade imposta pela escala e
gravidade da epidemia.

São necessários esforços concertados, tanto a nível internacional como nacional, para lidar com a
«invisibilidade» das doenças profissionais e corrigir o resultante défice de trabalho digno. A
prevenção eficaz das doenças profissionais exige uma melhoria contínua dos sistemas de SST
nacionais, bem como dos programas de inspecção e prevenção e dos sistemas de indemnização
em todos os Estados – membros da OIT, de preferência na base de um esforço de cooperação
entre governo e organizações de trabalhadores e de empregadores.

A OIT realça que este esforço deve apoiar programas de sensibilização e de promoção, que
deverão incluir campanhas a nível nacional e internacional destinadas a melhorar a compreensão
da magnitude do problema e da necessidade de adopção de uma acção urgente por todas as partes
interessadas (decisores, funcionários de alto nível das autoridades governamentais, instituições de
segurança social, empregadores, trabalhadores e respectivas organizações, inspectores do
trabalho e profissionais de SST).

É também necessário um maior esforço no sentido de compilar dados relevantes para melhorar as
estratégias preventivas das doenças profissionais. A eficácia da prevenção depende da
colaboração a nível nacional entre as instituições de SST e os regimes de protecção contra
acidentes de trabalho e doenças profissionais no âmbito dos sistemas de segurança social.

Caso exista um défice de capacidade preventiva, especialmente nos países em vias de


desenvolvimento, a OIT possui as ferramentas e a experiência necessárias para ajudar a produzir
uma resposta. Quando conhecemos os riscos, podemos agir. Quando precisamos de saber mais
sobre os riscos, podemos melhorar as nossas competências.

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Um bom sistema nacional de SST é crucial para a implementação eficaz de políticas e programas
nacionais de reforço da prevenção das doenças profissionais; tal sistema deverá incluir:

 Leis e regulamentos; sempre que apropriado, acordos colectivos incorporando a


prevenção de doenças profissionais;

 Mecanismos de fiscalização do cumprimento da lei, incluindo sistemas de inspecção de


SST eficazes;

 Cooperação entre os dirigentes e os trabalhadores e os seus representantes na


implementação de medidas de SST;

 Prestação de serviços de saúde no trabalho;

 Mecanismos adequados de recolha e análise de dados sobre doenças profissionais;

 Informação e formação sobre SST;

 Colaboração entre os ministérios do trabalho, os ministérios da saúde e sistemas de


segurança social que abranjam lesões e doenças profissionais.

Estabelecer uma ligação entre a vigilância médica e a monitorização do ambiente de trabalho


ajuda a determinar a exposição dos trabalhadores a perigos para a saúde e se uma determinada
doença contraída pelos trabalhadores está relacionada com a actividade que desempenham,
contribuindo também para evitar a recorrência da doença entre outros trabalhadores.

Na mesma linha de pensamento a Organização Internacional do Trabalho (2013), embora a


vigilância médica tenha como objectivos principais detectar precocemente o impacto para a saúde
e desencadear acções preventivas, facilita também o reconhecimento de doenças profissionais
com longos períodos de latência. Segundo a Convenção n.º 161 sobre os serviços de saúde no
trabalho de 1985, um bom sistema nacional de serviços de saúde no trabalho é fundamental para
auxiliar os empregadores a organizar uma vigilância médica adequada para os seus trabalhadores.
Exigir ao pessoal médico que notifique os serviços de inspecção de SST, ou outras autoridades
competentes, sobre quaisquer suspeitas de doenças profissionais, permitirá uma recolha adequada
de informação para complementar os canais mencionados acima.

A Argentina, a China, a Finlândia, a Malásia, Portugal, a Tailândia, o Reino Unido e o Vietname


implementaram programas nacionais de SST em que a prevenção de doenças profissionais é

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prioritária. A Índia, a República Popular Democrática do Laos, a Papua – Nova Guiné e a África
do Sul foram mais além ao incluir a prevenção das doenças profissionais nas suas políticas e
programas nacionais de SST.

O reforço das inspecções do trabalho é também importante como meio de prevenção das doenças
profissionais, uma vez que contribui para o cumprimento dos requisitos legais. Uma das
prioridades é a prevenção de doenças profissionais, envolvendo acções ao nível do controlo das
exposições no local de trabalho, o envolvimento efectivo dos parceiros sociais, o
desenvolvimento de sistemas para proporcionar melhores dados e o aperfeiçoamento do
enquadramento regulamentar.

1.4. O papel dos trabalhadores e empregadores

De acordo com Organização Internacional do Trabalho (2013), a participação activa das


organizações de trabalhadores e de empregadores é essencial para o desenvolvimento de políticas
e programas nacionais de prevenção de doenças profissionais. Os empregadores têm o dever de
prevenir as doenças profissionais, através da tomada de medidas de prevenção e de protecção
assentes na avaliação e no controlo dos riscos no trabalho. Através de uma participação e de um
diálogo social eficazes, os dirigentes, os supervisores, os profissionais de SST, os trabalhadores,
os representantes dos trabalhadores para a saúde e segurança e os sindicatos têm papéis
importantes a desempenhar.

A inclusão de cláusulas de SST nos acordos colectivos de trabalho é uma forma igualmente
eficaz de melhorar as condições de saúde e segurança no local de trabalho. Os trabalhadores e as
suas organizações têm o direito de participar, a todos os níveis, na formação, supervisão e
implementação de políticas e programas de prevenção.

1.5. Prova das doenças profissionais


Segundo o Decreto nº 62/2013 de 04 de Dezembro para o trabalhador se beneficiar das
disposições deste regulamento relativamente às doenças profissionais, terá de provar:

 Que é portador de uma das doenças constantes da lista nacional de doenças profissionais,
devendo apresentar um mapa passado pela Junta Nacional de Saúde, elaborado em
triplicado destinando-se um à empresa, outro ao trabalhador e ao arquivo na Junta
Provincial de Saúde;

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 Que trabalha habitualmente em alguma das actividades susceptíveis de provocar doenças
profissionais ou que esteve sujeito ao risco dessa doença por virtude da sua actividade
profissional.
 A prova destes factos constitui presunção de que a doença de que padece o trabalhador
está relacionada com o trabalho prestado.

1.6. Manifestação da doença profissional apos a cessação do contrato de trabalho

Segundo a Lei nº 23/2007 de 1 de Agosto, se a doença profissional se manifestar depois da


cessação do contrato de trabalho, o trabalhador conserva o direito de assistência e indemnização.
Cabe ao trabalhador o ónus de prova do nexo de causalidade entre o trabalho prestado e a doença
de que padece.

2. Disposições comuns sobre acidentes de trabalho e doenças profissionais: Prevenção de


acidentes de trabalho e doenças profissionais

De acordo com Lei nº 23/2007 de 1 de Agosto, no art. 226, o empregador é obrigado a adoptar
medidas eficazes de prevenção de acidentes de trabalho e doenças profissionais e a investigar as
respectivas causas e formas de as superar, em estreita colaboração com as comissões de
segurança no trabalho constituídas na empresa. O empregador, em colaboração com os
sindicatos, deve informar ao órgão competente da administração do trabalho sobre a natureza dos
acidentes de trabalho ou doenças profissionais, suas causas e consequências, logo após a
realização de inquéritos e registo dos mesmos.

2.1. Dever de participação do acidente de trabalho ou doença profissional

Conforme a Lei nº 23/2007 de 1 de Agosto no art. 227, a ocorrência de qualquer acidente de


trabalho ou doença profissional, bem como as suas consequências, deve ser participada ao
empregador pelo trabalhador ou interposta pessoa. As instituições sanitárias são obrigadas a
participar aos Tribunais do Trabalho o falecimento de qualquer trabalhador sinistrado e, da
mesma forma, participar à pessoa ao cuidado de quem ele estiver.

2.2. Dever de assistência

A Lei nº 23/2007 de 1 de Agosto diz que em caso de acidente de trabalho ou doença profissional,
o empregador deve prestar ao trabalhador sinistrado ou doente os primeiros socorros e fornecer –

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lhe transporte para um centro médico ou hospitalar onde possa ser tratado. O trabalhador
sinistrado tem direito à assistência médica e medicamentosa e outros cuidados necessários, bem
como ao fornecimento e renovação normal dos aparelhos de prótese e ortopedia, de acordo com a
natureza da lesão sofrida, por conta do empregador ou instituições de seguros contra acidentes ou
doenças profissionais.

Acrescenta a mesma Lei nº 23/2007 de 1 de Agosto que se o trabalhador sinistrado tiver de ser
transportado dentro do país para um estabelecimento distante do seu local de residência, terá
direito, por conta do empregador, a fazer-se acompanhar de um membro da sua família ou de
alguém que lhe preste assistência directa. A fim de acorrer às necessidades imprevistas, por
virtude do seu estado, o trabalhador sinistrado pode, a seu pedido, beneficiar de um adiantamento
do valor correspondente a um mês de indemnização ou pensão. O empregador suporta os
encargos resultantes do funeral do trabalhador sinistrado.

2.3. Direito a reparação

Lei nº 23/2007 de 1 de Agosto impõe que todo o trabalhador por conta de outrem tem direito à
reparação, em caso de acidente de trabalho ou doença profissional, salvo quando resulte
nomeadamente de embriaguez, de estado de drogado ou de intoxicação voluntária da vítima. O
direito à reparação, por virtude de acidente de trabalho ou doença profissional, pressupõe um
esforço do empregador para ocupar o trabalhador sinistrado num posto de trabalho compatível
com a sua capacidade residual. Na impossibilidade de enquadrar o trabalhador nos termos
descritos no número anterior, o empregador poderá rescindir o contrato devendo neste caso
indemnizar o trabalhador nos termos do artigo 128 da Lei de trabalho.

A predisposição patológica do sinistrado, a regular em legislação específica, não exclui o direito


à reparação, se for conhecida do empregador.

2.4. Determinação da capacidade residual

Lei nº 23/2007 de 1 de Agosto no art. 2230 do numero 1 diz que para determinação da nova
capacidade de trabalho do trabalhador sinistrado atender-se-á, nomeadamente, à‫׃‬

 Natureza e gravidade da lesão ou doença, à profissão, idade da vítima, ao grau de


possibilidade da sua readaptação à mesma ou outra profissão, e à todas as demais

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circunstâncias que possam influir na determinação da redução da sua capacidade real de
trabalho.

2.5. Seguro colectivo por risco profissional normal

Lei nº 23/2007 de 1 de Agosto reforça a ideia de que o empregador deve possuir um seguro
colectivo dos seus trabalhadores, para cobertura dos respectivos acidentes de trabalho e doenças
profissionais.

2.6. Seguro colectivo por risco profissional agravado

Lei nº 23/2007 de 1 de Agosto no seu arti. 232, para as actividades cujas características
representem particular risco profissional, as empresas devem possuir um seguro colectivo
específico para os trabalhadores expostos a esse risco.

2.7. Pensões e indemnizações

Lei nº 23/2007 de 1 de Agosto diz que quanto as pensões e indemnizações só acontecem quando
o acidente de trabalho ou doença profissional ocasionar incapacidade de trabalho, o trabalhador
terá direito a:

 Uma pensão no caso de incapacidade permanente absoluta ou parcial;


 Uma indemnização no caso de incapacidade temporária absoluta ou parcial.

A mesma Lei nº 23/2007 de 1 de Agosto diz que só será concedido um suplemento de


indemnização às vítimas de acidente de trabalho ou doença profissional de que resulte
incapacidade e que necessitem da assistência constante de outra pessoa. Se do acidente de
trabalho ou doença profissional resultar a morte do trabalhador, haverá lugar à pensão de
sobrevivência. Nos casos de incapacidade permanente absoluta, a pensão paga ao trabalhador
sinistrado não deverá nunca ser inferior à pensão de reforma a que teria direito por limite de
idade.

2.8. Data de vencimento de pensões e indemnizações

As pensões por incapacidade permanente começam a vencer-se no dia seguinte ao da alta e as


indemnizações por incapacidade temporária no dia seguinte ao do acidente. As pensões por morte
começam a vencer-se no dia seguinte ao da verificação do óbito. Qualquer interessado pode

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requerer a revisão da pensão por incapacidade permanente, alegando modificação nessa
incapacidade, desde que, sobre a data da fixação da pensão ou da última revisão, tenham
decorrido mais de 6 meses e menos de 5 anos.

2.9. Perda do direito à indemnização

De acordo com Lei nº 23/2007 de 1 de Agosto, são motivos suficientes para a perda do direito à
indemnização os actos praticados por qualquer trabalhador sinistrado que:

 Voluntariamente agravar a sua lesão ou, pelo seu manifesto desleixo, contribuir para o seu
agravamento;
 Deixar de observar as prescrições do médico assistente ou de utilizar os serviços de
readaptação profissional postos à sua disposição;
 Fizer intervir no tratamento qualquer outra entidade que não o médico assistente;
 Não se apresentar ao médico ou ao tratamento que lhe for prescrito.

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Conclusão
Chegados ao término da elaboração do presente trabalho, o grupo constatou alguns pontos
importantes: a saúde dos trabalhadores constitui uma importante área da Saúde Publica que tem
como objetivo a promoção e a proteção da saúde do trabalhador, por meio do desenvolvimento de
ações de acompanhamento dos riscos presentes nos ambientes e condições de trabalho, dos
problemas a saúde do trabalhador, a organização e prestação de assistência aos trabalhadores,
compreendendo procedimentos de diagnósticos, tratamento e reabilitação de forma integrada, no
Sistema de Saúde Publica.

Os trabalhadores são todos os homens e mulheres que exercem atividade para sustento próprio ou
de seus dependentes, qualquer que seja sua atividade executada no mercado de trabalho. Estão
incluídas nesse grupo as pessoas que trabalharam assalariado, trabalhadores domésticos,
trabalhadores avulsos, trabalhadores agrícolas, autônomos, servidores públicos, trabalhadores
cooperativos e empregadores.

A maioria dos pacientes com sintomas de LER e DORT é diagnosticada com esses sintomas e
não tem conhecimento de tomar medidas preventivas para evitá-los, e a empresa para a qual
trabalham não fornece um método para isso. Essa doença facilmente evitável é dolorosa para os
pacientes e cara para a empresa para a qual trabalham.

A falta de métodos explicativos para lembrar aos funcionários a posição correta de trabalho, a
necessidade de períodos de descanso, exercícios de relaxamento físico e o desinteresse da
empresa em trabalhar nessas situações exacerbaram esse problema para os municípios. É a
localização de muitas empresas e sectores.

Na identificação de trabalhadores mais susceptíveis a doenças profissionais, principalmente LER


e DORT, é necessária a aplicação de métodos preventivos, como exercícios específicos. Dessa
forma, eles podem ser evitados.

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Referências bibliográficas

Brito, F. R. (2021). Doenças ocupacionais nas relações de trabalho‫ ׃‬causas e reflexos. Gama

Decreto nº 62/2013 de 04 de Dezembro.

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Galafassi, M. C. (1988). Medicina do Trabalho: programa de controle médico de saúde


ocupacional. São Paulo‫ ׃‬Atlas.

Honwana, A. M. (2002). Espíritos Vivos tradições modernas‫ ׃‬a possessão de espíritos no pós –
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INTERNATIONAL LABOUR OFFICE (ILO).(2013). Encyclopaedia of occupational health


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Lei nº 23/2007 de 1 de Agosto.

Martins, K. H. (2002). Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho - do processo de


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Organização Internacional do Trabalho. (2013). Sistema de Gestão da Segurança e Saúde no


Trabalho: Um instrumento para uma melhoria contínua. OIT.

Ribeiro, H. P. (1994). Conversando sobre LER. São Paulo: Afubesp.

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