Você está na página 1de 6

Ensino Médio

100 O Discurso como prática social: oralidade, leitura, escrita, Literatura


Língua Portuguesa e Literatura

8
A MÁQUINA
DO TEMPO
 Carmen Rodrigues Fróes Pedrão1

possível viajar no tempo? Quais


os meios de que dispomos para
tal?

Morta no chão
A sombra
É uma comparação.
(Millôr Fernandes)
Colégio Estadual Castro Alves - Cornélio Procópio - PR
1

A Máquina do Tempo 101


Ensino Médio

Um passeio pelo tempo poderá nos levar a


antigas concepções de mundo e nos mostrará
como essas visões primeiras se transformaram
na nossa atual perspectiva de olhar para o
mundo, ancorados nos conhecimentos da
ciência.
Os primeiros seres humanos, como nós,
sentiram a necessidade de entender o mundo
em que habitavam, a sua origem, o porquê
da existência das coisas e dos fenômenos
cotidianos. Ao contrário de nós, no entanto,
eles não dispunham dos meios avançados
de observação de que dispomos hoje. Eles
contavam apenas com os sentidos do seu
corpo, notadamente a visão, e usavam muito a
imaginação. Podemos afirmar que as primeiras
explicações para a existência do mundo e
 www.saturnismo.com

de seu funcionamento eram de natureza


mitológica. Você sabe o que é mito ou visão
mitológica de mundo? As atividades propostas,
na seqüência, têm como objetivo ajudá-lo a
responder a essa questão.

PESQUISA

• Pesquise num dicionário os significados das palavras mito e mitologia.


• Leia os seguintes textos:
- da Bíblia, leia Gên 1 até 2, 1-4 // Jó 38, 1-41.
- do livro As mais belas lendas da mitologia, de José Feron, Émile Genest e Marguerit Desmurger,
que está na biblioteca da sua escola, leia o capítulo intitulado “Urano e Cibele, Titã, Crono e
Réia”.
• O que essas distintas visões têm em comum? Como a Terra aparece nelas?

Esses são apenas alguns exemplos de textos míticos. Podemos


dizer que o pensamento mitológico foi uma das primeiras formas de
pensar do ser humano. Mas, o aprimoramento das suas capacidades de
observação, a invenção de novos aparelhos e o surgimento de novas
técnicas, aos poucos, foram efetuando uma transformação nessa forma
de pensar, tornando-a racional. O pensamento mítico cedeu lugar ao
pensamento racional, científico.
Se, para os antigos, a Terra era plana, era o centro do universo
com o Sol girando em seu redor, nós adquirimos a noção de nossa
pequenez: habitamos um planeta rotundo, entre outros existentes no

102 O Discurso como prática social: oralidade, leitura, escrita, Literatura


Língua Portuguesa e Literatura

nosso sistema solar. Sabemos que estamos


numa viagem galáctica constante em torno do
sol. E todo o sistema solar, com o Sol, a Terra,
a lua e os outros planetas viajam juntos rumo
ao ápex, à estrela Vega, da Constelação de
Lira. Sabemos que o Sol é a estrela principal
do nosso sistema planetário, mas sabemos
que também existem outros sóis, em outras
galáxias em movimento. E no espaço sideral,
talvez infinito, saímos de uma noção de mundo
circunscrita à nossa existência e passamos a
ter uma noção de um universo mais amplo,

 www.biblelife.org/
mais vasto e complexo, que se espalha pelo
espaço sob os influxos da colossal explosão
inicial que a Física chama de Big Bang.
Há quem diga que algumas das luzes dessa
 Big Bang
explosão, após uma viagem no tempo/espaço,
estejam sendo vistas por nós, habitantes da
Terra, somente agora.

ATIVIDADE

A propósito, há no livro didático de Filosofia um capítulo que talvez possa ajudá-lo a entender melhor
essa transformação: “Do Mito à Filosofia”.
Também o livro chamado O Mundo de Sofia, de Jostein Gaarder, que está na biblioteca da escola,
traz interessantes conhecimentos a respeito desta transformação, do ponto de vista da filosofia.
• Leia os capítulos referentes ao Renascimento e ao Barroco e anote em seu caderno um resumo
da visão do universo a partir de Newton. Seu pensamento se enquadra dentro da mitologia ou
da ciência? Quais princípios, segundo ele, explicariam a universalidade dos fenômenos? O que
prende a lua na órbita da Terra e a Terra na órbita do Sol?

Na esteira dessas teorizações da Física, chegou-se ao conceito de


‘buraco negro’. Imagine um corpo celeste muito, muito grande, um
corpo de grande massa. Esse corpo seria um atrator potencial de corpos
com massa menor que a sua, e mesmo de corpos sem massa, que se
precipitariam em sua direção. E cada um deles, ao cair, integraria a
sua massa naquele gigante que o atraiu. A massa desse corpo atrator
seria continuamente aumentada, potencializando, cada vez mais, o seu
poder de atração. Isso, indefinidamente, até o ponto em que esse
gigante atingisse uma massa tal que, através de uma força gravitacional
incomensurável, começasse a atrair para dentro de si as suas próprias
beiradas. O gigante começaria a encolher... a gravidade a aumentar
mais e mais... quanto mais corpos celestes se precipitassem em sua
direção, maior seria a sua massa e menor o seu tamanho.

A Máquina do Tempo 103


Ensino Médio

Esses corpos existem e com uma gravidade


tão grande que nem a luz pode escapar de
sua força de atração, daí o nome de buraco
negro.
No livro didático de Física, há um Folhas,
intitulado Gravitação, que traz informações
mais detalhadas sobre os buracos negros. O
desenho a seguir é uma representação, feita
 www.gsfc.nasa.gov

pela Nasa, de um buraco negro.


O termo buraco não tem o sentido usual,
mas traduz a propriedade de que os eventos
em seu interior não são vistos por observadores
externos. E essa característica acentua a carga
 Buraco Negro
de mistério que ronda esse assunto.
Bem, vocês podem se perguntar, e o que isso tem a ver com
viagens no tempo? Nós ainda não chegamos a essa possibilidade, mas
a ciência tem seus caminhos... Leia o texto que segue, a respeito de
uma extensão do buraco negro:

Uma das muitas hipóteses da Física que causam perplexidade é a do Buraco de Verme.
A especulação científica sobre o buraco de verme foi proposta por Albert Einstein e Nathan
Rosen em 1935, como uma extensão do conceito de buracos negros. A teoria básica é que uma
série de pontos, que mudam constantemente de posição, conectam diferentes partes do Univer-
so permitindo viagens de um lugar do espaço-tempo para outro sem as limitações comuns do
espaço. Uma maneira de idealizá-lo é pensar no espaço como um interminável queijo suíço dota-
dos de contínuos buracos formados com túneis que se interconectam. A tese estabelece a pos-
sibilidade de uma viagem para fora da nossa região local de espaço-tempo para outra região do
mesmo universo. Ou ainda uma possível conexão que pode existir entre o nosso universo e um
outro universo. Essa conexão é chamada de ponte Einstein-Rose.
 http://www.geocities.com/pinetjax/11.htm

Há um desenho que esquematiza


o buraco de verme:

104 O Discurso como prática social: oralidade, leitura, escrita, Literatura


Língua Portuguesa e Literatura

ATIVIDADE

“E a coisa mais bela que o homem pode experimentar é o mistério. É esta a emoção fundamental
que está na raiz de toda ciência e arte. O homem que desconhece esse encanto, incapaz de sentir
admiração e estupefação, esse já está, por assim dizer, morto, e tem os olhos extintos. (...)”
Einstein
• Se você tivesse a chance de passar agora por um buraco desses, para que tempo gostaria de
viajar? Por quê?
• E se você fosse parar em um outro universo, como ele seria?
Selecione uma das perguntas acima e utilize a força do seu conhecimento e da sua imaginação
para produzir um texto que esboce uma resposta.

Se os buracos de verme permitem viagens


no tempo, é coisa que ainda não podemos
afirmar – ficamos na dependência dos físicos,
nas especulações científicas. Mas que há um
modo de viajar no tempo, inclusive para outros

 www.oraculartree.com
universos, isso não se pode negar.
Acompanhe, a seguir, algumas dessas
viagens:

1ª. VIAGEM

CANÇÃO DE MUITO LONGE

Foi-por-cau-sa-do-bar-quei-ro

E todas as noites, sob o velho céu arqueado


de bugigangas,
A mesma canção jubilosa se erguia.

Acanoooavirou
Quemfez elavirar? Uma voz perguntava.

Os luares extáticos...

A noite parada...
 www.ardies.com

Foi por causa do barqueiro,


Que não soube remar.  Givan. Crianças na ciranda, s/d. Arte Naif, 24x34 cm. Galeria Jacques Ardies,
Mário Quintana São Paulo.

A Máquina do Tempo 105

Você também pode gostar