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BELÉM
2013
Brenda Torres de Melo
Fernanda Cybelle Gomes Sena
Belém
2013
SUMÁRIO
Introdução 4
Método 6
Sujeito 6
Equipamentos e Materiais 6
Ambiente Experimental 7
Rotina de laboratório 7
Procedimentos específicos 8
Resultados e discussão 12
Medida do Nível Operante 12
Treino no bebedouro 12
Modelagem 14
Reforçamento Contínuo 15
Extinção 18
Considerações Finais 23
Referência Bibliográfica 24
Anexos
RESUMO
O presente relatório traz os resultados de pesquisas sobre a Análise Experimental do
Comportamento, realizadas por acadêmicas do curso de Psicologia da Universidade Federal
do Pará. As pesquisas foram realizadas acerca dos experimentos em laboratório, através da
observação direta, fundamentadas nas teorias de B.F.Skinner, com o objetivo de analisar a
interação dos comportamentos do sujeito com o ambiente, a influência da manipulação do
contexto nas respostas emitidas pelo indivíduo, a eficácia dos esquemas de reforçamento entre
outras variáveis. As experiências tiveram como sujeito experimental um rato albino Wistar,
macho. Para tanto foram feitas acerca dos processos de condicionamento operante o registro
do Nível operante, Treino ao Bebedouro, Modelagem do comportamento de Pressão à Barra,
seguida de Reforçamento Contínuo e Extinção. Como resultado foi obtido modificações no
comportamento do sujeito diante da liberação ou não do reforço e as consequências dessa
manipulação.
O termo behaviorismo foi publicado pela primeira vez em um artigo de 1913 pelo
americano John B. Watson, o mesmo responsável pela montagem do primeiro Laboratório de
Psicologia na Universidade de Leipzig, na Alemanha, em 1879. O termo inglês behavior
significa “comportamento”, daí Behaviorismo (Comportamentalismo, Teoria
Comportamental, Análise Experimental do Comportamento, ou simplesmente Análise do
Comportamento). Logo, Watson definia uma psicologia como ciência do comportamento,
evitando relacionar a Psicologia à consciência ou à mente, onde o método utilizado era
observação e experimentação (BAUM, 1999).
Conforme Bock e Teixeira (2002) relatam, ao sentir sede em seu habitat, um rato
“certamente manifestará algum comportamento que lhe permita satisfazer sua necessidade
orgânica. Esse comportamento foi aprendido por ele e se mantém pelo efeito proporcionado:
saciar a sede. Assim, se deixarmos um ratinho privado de água durante 24 horas, ele
certamente apresentará o comportamento de beber água no momento em que tiver sede.
Sabendo disso, os pesquisadores da época decidiram simular esta situação em laboratório sob
condições especiais de controle, o que os levou à formulação de uma lei comportamental. Um
ratinho foi colocado na “caixa de Skinner” — um recipiente fechado no qual encontrava
apenas uma barra. Esta barra, ao ser pressionada por ele, acionava um mecanismo
(camuflado) que lhe permitia obter uma gotinha de água, que chegava à caixa por meio de
uma pequena haste.”
Para tanto, Millenson (1975) relata que, antes de iniciar um experimento e relacionar
os efeitos resultantes das consequências das respostas emitidas, deve-se observar e registrar o
comportamento apresentado pelo sujeito antes do condicionamento. Essa observação é
conhecida como Nível Operante.
Sujeito
Equipamento e Material
Ambiente Experimental
O biotério de ratos era comporto por dois compartimentos, dividido por uma porta de
alumínio. Na primeira sala, de dimensões de 3,03 x 2,48 x 2,87 m, ficavam alojadas as
gaiolas-viveiro (dimensões 1,5 x 0,46 x 1,53 m) com os sujeitos experimentais, dispostas em
estantes de gaiolas. Havia ainda nessa sala, uma mesa com balança para pesagem dos sujeitos
e jornal para forragem da gaiola de transporte. Dois baldes permaneciam na sala, um com
ração e outro com palha de arroz. Apesar de haver duas lâmpadas no biotério, a iluminação
era natural, vinda das duas janelas (uma do biotério e outra da sala para higienização), a
temperatura era constante e mantida por um aparelho condicionador de ar (temperatura de
aproximadamente 18ºC) e um exaustor. A segunda sala (sala para higienização) tinha
dimensões de 2,48 x 3,05 x 1,98 m, e cotinha um balcão azulejado com tanque e pia inox ao
lado. No tanque, as gaiolas de transporte eram depositadas para lavagem e as gaiolas-vivieiro,
para secagem; a pia era usada para higiene das mãos dos experimentadores. Havia também na
sala de higienização, uma mesa com diversas gaiolas de transporte limpas, para uso diário na
coleta.
Rotina de Laboratório
Ao término de cada sessão, o sujeito era levado novamente ao Biotério, onde a água
era disponibilizada por 15 ou 30 minutos, dependendo da fase do estudo. Passado esse tempo
o sujeito retornava à privação.
A cada três dias, a troca das gaiolas-viveiro era feita, forrando-se uma gaiola limpa
com nova palha de arroz e ração.
Procedimentos Específicos
Nível Operante
O objetivo desta fase foi medir a frequência da pressão à barra (RPB), assim como
medir o nível operante dos outros comportamentos do animal, antes da intervenção. A sessão
durou 20 minutos
Treino ao bebedouro
O sujeito foi colocado na câmara e deu-se início à sessão. O cronômetro foi iniciado às
16h10min do dia 08 de novembro do presente ano. Uma das experimentadoras manipulava a
caixa de controle enquanto a outra fazia anotações na folha de registro, minuto à minuto, que
estava posicionada à direita da câmara para que o sujeito não percebesse os movimentos,
podendo interferir, assim, no experimento.
O sujeito estava privado de água por 24h, não demorando, assim, para encontrar a gota
de água.
Modelagem da RPB
Nesta fase, o objetivo foi instalar no repertório do sujeito a resposta de pressão à barra
através do encadeamento de comportamento operante, fortalecendo comportamentos do
sujeito que mais se aproximem do comportamento alvo, ou seja, até que o animal obtenha o
reforço (água) sem a intervenção das experimentadoras.
O objetivo desta fase foi reforçar cada resposta de pressão à barra do indivíduo,
visando produzir uma taxa de respostas moderadamente alta.
O cronômetro foi zerado por uma das experimentadoras, enquanto a outra anotava as
RPB’s e as outras respostas emitidas pelo sujeito a cada minuto na folha de registros.
Em cada sessão o sujeito experimental, ao pressionar a barra, recebia reforço sem que
houvesse a intervenção por parte de alguma das experimentadoras. Cada sessão teve a
duração de 20 minutos, e após cada sessão o animal recebia 15 minutos de água.
Extinção da RPB
O objetivo desta fase foi verificar a taxa de pressão à barra do sujeito experimental
quando retirado o reforço (água) antes utilizado para promover o seu aparecimento, o
aumento e manutenção da frequência dessa resposta.
Como se pode notar na Figura 1, a classe de resposta que o sujeito mais apresentou foi
de “farejar” (F), apresentando 108 ocorrências, seguida de “ficar parado” (P), com uma
ocorrência de 76, “andar” (A) com 55 ocorrências, “erguer-se” (E), com 40 ocorrências,
obtendo-se um menor número de ocorrências a classe de resposta “coçar-se” (C) com 29
ocorrências, seguido de “limpeza” (L), com 20 ocorrências, “espirrar” (Es) com 19
ocorrências, “respostas de contato com o bebedouro” (RCBe), apresentando 8 ocorrências,
“resposta de contato com a barra” (RCB), com 6 ocorrências, e por fim, defecar (Df) com 1
ocorrência. Nesta fase, o sujeito não apresentou resposta de pressão à barra (RPB). Observou-
se uma grande variabilidade comportamental, com predominância de comportamentos
exploratórios.
5
Taxa (resp/min)
0
A E F P L RCB RCBe RPB C Es Df
Classes de Resposta
Figura 1. Taxas dos comportamentos emitidos pelo sujeito durante a sessão de Nível Operante, de duração de 20
minutos. Legenda: A=andar; E=erguer-se; F=farejar; P=parar; L=limpeza; RCB=resposta de contato com barra;
RCBe= resposta de contato com bebedouro; RPB= resposta de pressão à barra; C=coçar; Es=espirrar;
Df=defecar.
Treino ao bebedouro
25
20
Tempo de reação (s)
15
1º momento
10
2º momento
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Nº tentativas
Figura 2. Tempo de reação, em segundos, do sujeito a cada tentativa, na sessão de treino ao bebedouro. Série 1 =
sessão 1 e Série 2 = sessão 2.
5
Taxa (resp/min)
0
A P F E C RCB L
Classe de resposta
Figura 3. Taxas dos comportamentos emitidos pelo sujeito durante a sessão do Treino ao Bebedouro. Legenda:
A=andar; P=parar; F=farejar; E=erguer-se; C=coçar; RCB=resposta de contato com barra; L=limpeza.
Modelagem da RPB
Tabela1. Número de reforços liberados para cada classe de resposta na sessão de modelagem
Classe de resposta Número de reforços
Farejar a barra 2
Erguer-se sobre a barra 5
RPB 5
A fase de Reforçamento Contínuo foi realizada em três sessões, cada uma de duração
de 20 minutos. A Figura 4. abaixo apresenta a quantidade das respostas acumuladas de RPB
por minuto em cada sessão de CRF.
120
100
RPB acumuladas
80
60 1ª sessão
2ª sessão
40
3ª sessão
20
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Tempo (min)
Figura 4. Respostas acumuladas de pressão à barra emitidas pelo sujeito, por minuto, em cada sessão de CRF.
A Figura 5., apresentada a seguir, representa a taxa de RPB para cada intervalo de 10
minutos para cada uma das sessões. Fica visível que com o decorrer do tempo a taxa de RPB
vai diminuindo, isto se deve, supostamente, ao fato de o animal estar saciado devido os
reforços recebidos. A sessão que apresenta a maior taxa de RPB é a 3ª sessão. Observa-se que
a primeira sessão começa com uma taxa maior que a segunda, decaindo esta taxa nos dez
últimos minutos.
8
Taxas de RPB 6
4 1ª sessão
3 2ª sessão
3ª sessão
2
0
10 20
Tempo (min)
Figura 5. Taxa de RPB para cada intervalo de 10 minutos para cada uma das sessões.
Abaixo está a Figura 6. que representa a variação das taxas de RPB na fase de
Reforçamento Contínuo comparado ao Nível Operante.
5
Taxa de RPB (resp/min)
0
Nível Operante 1ª sessão de CRF 2ª sessão de CRF 3ª sessão de CRF
Figura 6. Taxa de RPB nas sessões de Nível Operante e em cada uma das sessões de CRF.
4
Taxa (resp/min)
3 1ª sessão
2ª sessão
2 3ª sessão
0
A E Es C Ca F L P RCBe RCB RPB
Classe de respostas
Figura 7. Taxa de outras classes de respostas emitidas pelo sujeito – incluindo a resposta de pressão à barra –
para cada sessão. Legenda: A=andar; E=erguer-se; Es=espirrar; C=coçar; Ca=cair; F=farejar; L=limpeza;
P=parar; RCBe= resposta de contato com o bebedouro; RCB=resposta de contato com barra; RPB=resposta de
pressão à barra.
A partir da Figura 7., podemos observar que a classe de resposta “andar” na primeira
sessão apresentou uma taxa de 0,65 respostas por minuto, havendo um aumento na segunda
sessão, passando a ser de 0,8 respostas por minuto, mantendo-se constante na terceira sessão.
A resposta de “erguer-se” apresentou taxas de 1 resposta por minuto, 1,6 resp/min e 1,15
resp/min, nas 1ª, 2ª e 3ª sessões de CRF respectivamente. A resposta “espirrar” aumentou
gradativamente, supostamente devido o sujeito estar privado de água. A classe de resposta
“coçar” se manteve constante durante a fase de reforçamento contínuo, apresentando uma taxa
de 0,65 respostas por minuto. O sujeito caiu uma vez na primeira sessão, e outra na segunda
sessão, não apresentando este comportamento na terceira. A resposta de “farejar” apresentou
uma variação pequena, 1,35 resp/min na primeira sessão, 1,25 resp/min na segunda sessão, e,
1,2 resp/min na terceira sessão. A resposta de “limpeza” com 2,5 resp/min na primeira sessão,
caiu um ponto na segunda sessão, passando na terceira sessão a apresentar uma taxa de 0,9
resp/min. A classe “parar” caiu 0,5 pontos no final do CRF. A “resposta de contato com o
bebedouro” teve uma taxa, na primeira sessão, igual a 0,25 resp/min, aumentando na segunda
sessão, apresentando uma taxa de 0,6 resp/min, e caindo na última sessão para 0,55 resp/min.
A “resposta de contato com barra” apresentou taxas de 0,95 resp/min, 1,35 resp/min e 0,65
resp/min, nas 1ª, 2ª e 3ª sessões respectivamente. E, por fim, a “resposta de pressão à barra”
que se manteve constante nas 1ª e 2ª sessões apresentando um taxa de 3,65 resp/min,
aumentando a taxa para 5,6 resp/min na última sessão.
Nesta fase, percebe-se que o objetivo foi alcançado. O sujeito obteve os reforços sem a
intervenção das experimentadoras, havendo um aumento moderadamente alto da taxa de
respostas de RPB. Foi possível comparar os dados até aqui obtidos, percebendo que no Nível
Operante não houve RPB, mas uma vez enfatizando a eficácia desta fase.
Extinção da RPB
70
60
Frequência acumulada
50
40
RPB
30
RCB
20
10
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Tempo (min)
Figura 8. Frequências acumuladas de RPB e RCB emitidas pelo sujeito na primeira sessão de extinção.
70
60
Frequência acumulada
50
40
RPB
30
RCB
20
10
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Tempo (min)
Figura 9. Frequências acumuladas de RPB e RCB emitidas pelo sujeito na segunda sessão de extinção.
70
60
Frequência acumulada
50
40
30 RPB
RCB
20
10
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Tempo (min)
Figura 10. Frequências acumuladas de RPB e RCB emitidas pelo sujeito na terceira sessão de extinção.
Analisando os três gráficos acima, pode-se perceber a brusca redução nas frequências
de resposta de pressão à barra e de contato com a barra. Onde na primeira sessão de extinção,
o sujeito pressionou a barra 62 vezes, e apresentou resposta de contato com a barra 36 vezes.
Na segunda sessão, o sujeito emitiu 12 respostas de pressão à barra, e 8 respostas de contato
com a barra. Na terceira, e última, sessão o número de ocorrências de pressão à barra emitidas
pelo sujeito passou a ser igual a 5, e o número de ocorrências de resposta de contato com a
barra foi igual a 9. Na Figura 9, nota-se que a partir do segundo minuto, o número de
ocorrências de RPB se mantém constante até o final da sessão.
O gráfico abaixo apresenta as taxas de RPB em cada nível já realizado (nível operante,
sessões de CRF e sessões de extinção).
5
Taxa de RPB (resp/min)
0
Nível CRF 1 CRF2 CRF3 Extinção1 Extinção 2 Extinção 3
Operante
Figura 11. Taxa de resposta de pressão à barra emitida no nível operante, nas sessões de CRF e nas sessões de
extinção.
Nota-se que no Nível Operante o sujeito experimental não emitiu nenhuma resposta de
pressão à barra. Nas duas primeiras sessões de CRF o número de ocorrências de RPB foi o
mesmo e igual a 73, já na terceira sessão esse número aumentou, o sujeito emitiu 112 RPB,
corespondendo a uma taxa de 5,6resp/min. Nas sessões de extinção nota-se que houve uma
diminuição brusca no número de ocorrências de RPB. Na primeira sessão de extinção houve
uma certa resistência à extinção, havendo, pois, ainda, um número considerável de
ocorrências de RPB, com taxa igual a 3,1 resp/min. Já nas segundas e terceiras sessões,
percebe-se que o objetivo da fase foi alcançado, pois há um enfraquecimento da resposta
operante RPB, que no último nível de extinção apresentou apenas 5 ocorrências.
A figura a seguir, das taxas de RPB a cada 10 minutos de cada sessão de extinção.
8
5
Taxa de RPB
4 1ª sessão
2ª sessão
3
3ª sessão
2
0
10 20
Tempo (min)
Figura 12. Taxas de RPB a cada intervalo de dez minutos, para cada uma das sessões de extinção.
4
Taxa (resp/min)
3 1ª sessão
2ª sessão
2 3ª sessão
0
A C Ca E Es F L Mb Mj P RCBe
Classe de resposta
Figura 13. Taxa dos “outros comportamentos” apresentados pelo sujeito em cada sessão de extinção. Legenda:
A=andar; C=coçar; Ca=cair; E=erguer-se; Es=espirrar; F=farejar; L=limpeza; Mb=morder barra; Mj=mijar;
P=parado; RCBe=resposta de contato com bebedouro.
Assim, a partir desses gráficos, pode-se observar que o objetivo deste nível foi
alcançado, uma vez que extinção é um processo de enfraquecimento de uma resposta
operante.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por fim, quando foi retirado o reforço a RPB enfraqueceu gradativamente alcançando
uma taxa de x RPB por minuto, na última de três seções de extinção. Havendo, pois, uma
queda abrupta na frequência de RPB do exercício de reforçamento contínuo para a extinção,
ficando clara a relação entre respostas e estímulos reforçadores.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Bock, Ana M. B., Furtado, O. &Teixeira, Maria de L. T. (2002). Psicologias: uma introdução
ao estudo de Psicologia. São Paulo: Saraiva.