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O General
Inteligência
Fator
Não assunto em psicologia tem provocado
polêmica pública mais intensa
do que o estudo da inteligência humana.
Desde o início, pesquisas sobre como
e por que as pessoas diferem em geral mental
habilidade tornou-se vítima de políticas e
agendas sociais que obscurecem ou distorcem
mesmo os cientistas mais bem estabelecidos
descobertas. Os jornalistas também costumam apresentar uma
visão da pesquisa de inteligência que é
exatamente o oposto do que a maioria dos
especialistas em inteligência acredita. Para estes e
outras razões, compreensão pública de
inteligência está muito aquém da preocupação
pública sobre isso. Os especialistas em QI discutindo
seu trabalho na arena pública pode parecer
como se tivessem caído no
toca do coelho no País das Maravilhas de Alice.
O debate sobre inteligência e
O teste de inteligência se concentra na questão de
saber se é útil ou significativo avaliar as pessoas
de acordo com um
única dimensão principal do conhecimento
competência. Existe realmente um general
capacidade mental que comumente chamamos de
“inteligência”, e é importante nos assuntos práticos
da vida? A resposta, baseada em
décadas de pesquisa em inteligência, é um
inequívoco sim. Não importa a forma deles
ou conteúdo, testes de habilidades mentais
invariavelmente apontam para a existência de um
fator que permeia todos os aspectos da cognição.
E esse fator parece ter
influência considerável na vida de uma pessoa
qualidade de vida prática. Inteligência como
medido por testes de QI é o único mais
preditor eficaz conhecido do indivíduo
desempenho na escola e no trabalho. Isto
também prevê muitos outros aspectos do bem-
estar, incluindo as chances de uma pessoa
divórcio, abandono do ensino médio,
estar desempregado ou ter filhos ilegítimos
crianças.
Até agora, a grande maioria dos pesquisadores
de inteligência considera essas descobertas
garantido. Ainda na imprensa e em público
debate, os fatos são normalmente descartados,
24 Apresentações da Scientific American
Apesar de alguns populares
asserções, um único fator
para inteligência, chamada g,
pode ser medido com QI
testa e prevê o sucesso na
vida
por Linda S. Gottfredson
subestimado ou ignorado. Esta deturpação reflete
um choque entre uma visão profundamente
parecia ideal e uma realidade teimosa. O ideal,
implícito em muitas críticas populares de
pesquisa de inteligência, é que todas as pessoas são
nascem igualmente capazes e que a desigualdade
social resulta apenas do exercício de
privilégio. A realidade é que a mãe
A natureza não é igualitária. As pessoas são de fato
desigual em potencial intelectual - e
eles nascem assim, assim como eles são
nascido com diferentes potenciais de altura,
atratividade física, talento artístico, destreza
atlética e outras características. Embora
experiência subseqüente molda esse potencial,
nenhuma quantidade de engenharia social pode
fazer indivíduos com amplamente divergentes
aptidões mentais em iguais intelectuais.
Claro, existem muitos tipos de
talento, muitos tipos de habilidade mental e
muitos outros aspectos da personalidade e
caráter que influencia a pessoa
chances de felicidade e sucesso. O
importância funcional do estado mental geral
habilidade na vida cotidiana, no entanto, significa
que sem restrições onerosas
liberdade individual, diferenças de mentalidade
competência provavelmente resultará em
desigualdade. Este abismo entre iguais
oportunidades e resultados iguais talvez seja o que
mais incomoda os americanos
o tema da inteligência. O público
sabe intuitivamente o que está em jogo: quando
pediu para classificar as qualidades pessoais, a fim de
de desejabilidade, as pessoas colocam inteligência
perdendo apenas para a boa saúde. Mas com um
abordagem mais realista para o intelectual
diferenças entre as pessoas, a sociedade poderia
acomodar melhor essas diferenças
e minimizar as desigualdades que eles criam.
Extraindog
No início do estudo centenário de
inteligência, os pesquisadores descobriram que
todos os testes de habilidade mental classificavam os
indivíduos mais ou menos da mesma maneira. Embora
Copyright 1998 Scientific American, Inc.
testes mentais são muitas vezes projetados para
medir domínios específicos de cognição - fluência
verbal, digamos, ou habilidade matemática,
visualização espacial ou memória - pessoas
que se saem bem em um tipo de teste tendem a
se dão bem com os outros, e as pessoas que
fazer mal geralmente fazê-lo em todo o
quadro. Essa sobreposição, ou intercorrelação,
sugere que todos esses testes medem
algum elemento global de capacidade intelectual,
bem como habilidades cognitivas específicas. Em
últimas décadas, os psicólogos têm
dedicou muito esforço para isolar esse
fator geral, que é abreviado g,
dos outros aspectos da capacidade cognitiva medidos
em testes mentais.
A extração estatística de g é por
formado por uma técnica chamada fator
análise. Apresentado na virada do
século pelo psicólogo britânico Charles
Spearman, a análise fatorial determina a
número mínimo de dimensões subjacentes
necessárias para explicar um padrão de
correlações entre medições. A
fator geral que permeia todos os testes não é,
como às vezes se argumenta, um resultado
necessário da análise fatorial. Nenhum fator geral
foi encontrado na análise de testes de
personalidade, por exemplo; em vez disso, o
método geralmente produz pelo menos cinco
dimensões (neuroticismo, extroversão,
conscienciosidade, amabilidade e abertura
a ideias), cada um relacionado a diferentes
subconjuntos de testes. Mas, como observou Spearman,
um fator geral emerge da análise dos testes de
habilidade mental, e levando
psicólogos, como Arthur R. Jensen de
a Universidade da Califórnia em Berkeley
e John B. Carroll da Universidade de
Carolina do Norte em Chapel Hill, confirmaram suas
descobertas nas décadas seguintes.
Em parte por causa dessa pesquisa, a maioria dos
especialistas em inteligência agora usa g como o
definição de inteligência.
O fator geral explica mais
diferenças entre indivíduos no desempenho em
diversos testes mentais. Isso é
Inteligência Humana
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de Anúncios
Parnaso
verdadeiro independentemente de qual habilidade
específica um teste pretende avaliar,
independentemente do conteúdo manifesto do
teste (seja palavras, números ou figuras) e
independentemente da forma como o teste é
administrado (na forma escrita ou oral, para
um indivíduo ou para um grupo ). Testes de
habilidades mentais específicas medem essas
habilidades, mas todos refletem g em graus
variados também. Portanto, o fator g pode ser
ostestes.
extraído de pontuações em qualquer bateria diversa de testes de habilidades mentais também
Por outro lado, como todo teste mental é
“contaminado” pelos efeitos de habilidades
mentais específicas, nenhum teste mede apenas
g. Mesmo as pontuações dos testes de QI –
que geralmente combinam cerca de uma dúzia
de subtestes de habilidades cognitivas
específicas – contêm algumas “impurezas”
que refletem essas habilidades mais restritas.
Para a maioria dos propósitos, essas impurezas
não fazem diferença prática, e g e IQ podem ser
usados de forma intercambiável. Mas se eles precisarem,
compreender novos conceitos e assim por diante -
O Fator de Inteligência Geral
por Paul Klee
pesquisadores de inteligência podem separar
estatisticamente o componente g do QI. A
capacidade de isolar g revolucionou a pesquisa
sobre inteligência geral, porque permitiu aos
investigadores mostrar que o valor preditivo
dos testes mentais deriva quase inteiramente
desse fator global, e não das aptidões mais
específicas medidas pelos testes de inteligência.
Além de quantificar as diferenças individuais,
oferecem uma visão sobre o significado da
inteligência na vida cotidiana. Sabe-se que
alguns testes e itens de teste se correlacionam
melhor com g do que outros. Nesses itens, o
“ingrediente ativo” que exige o exercício de g
parece ser a complexidade.
Tarefas mais complexas requerem mais
manipulação mental, e essa manipulação de
informações - discernir semelhanças e
inconsistências, fazer inferências,
Copyright 1998 Scientific American, Inc.
BRIDGEMAN
BIBLIOTECA
ARTE
DE
MODELO HIERÁRQUICO de inteligência é
semelhante a uma pirâmide, com g no ápice;
outras aptidões são dispostas em níveis
sucessivamente inferiores de acordo com sua especificidad
institui a inteligência em ação. De fato, a
inteligência pode ser melhor descrita como a
capacidade de lidar com a complexidade cognitiva.
Essa descrição coincide bem com as
percepções leigas da inteligência. O fator g é
especialmente importante exatamente no tipo
de comportamento que as pessoas geralmente
associam à “inteligência”: raciocínio, resolução
de problemas, pensamento abstrato,
aprendizado rápido. E enquanto o próprio g
descreve aptidão mental em vez de conhecimento
acumulado, o estoque de conhecimento de uma
pessoa tende a corresponder ao seu nível g ,
provavelmente porque esse acúmulo representa
uma habilidade anterior em aprender e
compreender novas informações. O fator g
também é o único atributo
Explorando a Inteligência 25
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1.
A B
série numérica
3. 2, 4, 6, 8, _, _
4. 3,6,3,6, _,_
5. 1,5,4,2,6,5, _, _
6. 2,4,3,9,4,16, _,_
EXEMPLOS DE ITENS DE QI semelhantes aos dos testes atuais requerem
o candidato a preencher os espaços vazios com base no padrão
que melhor distingue as pessoas
considerados superdotados, medianos ou retardados.
Várias décadas de análise fatorial
pesquisas sobre testes mentais confirmaram uma
modelo hierárquico de habilidades mentais.
A evidência, resumida de forma mais eficaz no
livro de Carroll de 1993, Human
Habilidades Cognitivas, coloca g no ápice em
este modelo, com aptidões mais específicas
dispostas em níveis sucessivamente inferiores: o
chamados fatores de grupo, como verbal
habilidade, raciocínio matemático, espacial
visualização e memória, estão logo abaixo
g, e abaixo delas estão as habilidades que são
mais dependente de conhecimento ou experiência,
como os princípios e práticas
de um determinado trabalho ou profissão.
Alguns pesquisadores usam o termo
“inteligências múltiplas” para rotular esses conjuntos de
capacidades e realizações estreitas.
Psicólogo Howard Gardner de Harvard
A universidade, por exemplo, postulou
que oito “inteligências” relativamente autônomas são
exibidas em diferentes
domínios de realização. Ele não
contesta a existência de g , mas o trata como
um fator específico relevante principalmente para o
desempenho acadêmico e para situações que
assemelham-se aos da escola. Gardner faz
não acredita que os testes possam medir
frutuosamente suas inteligências propostas; sem
testes, ninguém pode no momento determinar
se as inteligências são realmente independentes
26 Apresentações da Scientific American
Raciocínio matricial
2.
C D E A B C D E
Analogias
7. irmão:irmã A. pai:
criança B. mãe C. prima D. amiga
8. piada: humor lei:
A. advogado B. misericórdia C. tribunais D. justiça
S.GOTTFREDSON
LINDA
Respostas:
2.D;
A;
3.
1. 7.B;
3,
5.
10,
6;
3,
4. 8.D
25;
5,
6.
7;
12;
nas imagens, números ou palavras. Porque eles podem variar em
complexidade, tais tarefas são úteis para avaliar o nível g .
pendentes de g (ou entre si). Além disso, não subproduto das oportunidades de
está claro até que ponto aprender habilidades e informações valorizadas em uma
As inteligências de Gardner tocam a personalidade determinado contexto cultural. Verdade, o
traços ou habilidades motoras em vez de mentais conceito de inteligência e a maneira de entrar
aptidões. quais indivíduos são classificados de acordo com
Outras formas de inteligência têm a este critério podem ser artefatos sociais.
foi proposto; entre eles, emocional Mas o fato de que g não é específico para nenhum
inteligência e inteligência prática são domínio particular de conhecimento ou habilidade
talvez o mais conhecido. Eles são provavelmente mental sugere que g é independente de
amálgamas de intelecto e personalidade ou de conteúdo cultural, incluindo crenças sobre
intelecto e experiência informal em trabalho específico o que é inteligência. E testes de diferentes grupos
ou configurações de vida, sociais revelam o mesmo continuum de inteligência
respectivamente. Inteligência prática como geral. Esse
“espertinho de rua”, por exemplo, parece observação sugere que as culturas
consistem no conhecimento localizado e não construam g ou que construam
know-how desenvolvido com o mesmo g. Ambas as conclusões enfraquecem
experiência em configurações cotidianas específicas a teoria do artefato social da inteligência.
e atividades - a chamada escola de Além disso, a pesquisa sobre a fisiologia e a
batidas duras. Em contraste, a inteligência geral não genética de g revelou correlatos biológicos desse
é uma forma de realização, fenômeno psicológico.
sejam locais ou renomados. Em vez disso, o fenômeno. Na última década, estudos de equipes
O fator g regula a taxa de aprendizado: de pesquisadores no Norte
afeta muito a taxa de retorno em conhecimento para A América e a Europa ligaram vários
instrução e experiência, mas atributos do cérebro para a inteligência geral. Depois
não pode substituir nenhum dos dois. de levar em consideração o gênero
e estatura física, tamanho do cérebro determinado
A biologia deg por ressonância magnética
está moderadamente correlacionado com o QI (cerca de
Alguns críticos da pesquisa de inteligência 0,4 em uma escala de 0 a 1). Assim é a velocidade
sustenta que a noção de de condução nervosa. Os cérebros de
inteligência é ilusória: que tal pessoas brilhantes também usam menos energia durante
capacidade mental global existe e que resolução de problemas do que aqueles de seus
aparente “inteligência” é realmente apenas um colegas menos capazes. E várias qualidades de
Inteligência Humana
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as ondas cerebrais se correlacionam fortemente
(cerca de 0,5 a 0,7) com o QI: as ondas cerebrais
de indivíduos com QIs mais altos, por exemplo,
respondem mais prontamente e consistentemente a
estímulos sensoriais simples, como cliques audíveis.
Essas observações levaram alguns investigadores a
postular que as diferenças em g resultam de
diferenças na velocidade e na eficiência do
processamento neural. Se essa teoria for
verdadeira, as condições ambientais podem
influenciar g modificando a fisiologia cerebral de
alguma maneira.
Estudos das chamadas tarefas cognitivas
elementares (ECTs), conduzidos por Jensen e
outros, estão preenchendo a lacuna entre os
aspectos psicológicos e fisiológicos do g. Essas
tarefas mentais não têm nenhum conteúdo intelectual
óbvio e são tão simples que os adultos e a maioria
das crianças podem realizá-las com precisão em
menos de um segundo.
Nos testes de tempo de reação mais básicos, por
exemplo, o sujeito deve reagir quando uma luz se
acende levantando o dedo indicador de um botão
inicial e imediatamente pressionando um botão
de resposta. Duas medições são feitas: o número
de milissegundos entre a iluminação da luz e o
pressionamento do botão home pelo sujeito, que
é chamado de tempo de decisão, e o número de
milissegundos entre o pressionamento do botão
home pelo sujeito e o pressionamento da resposta
mas ton, que é chamado de tempo de movimento.
Nessa tarefa, o tempo de movimento parece
independente da inteligência, mas os tempos de
decisão de indivíduos com QI mais alto são
ligeiramente mais rápidos do que os de pessoas com
QI mais baixo. À medida que as tarefas se tornam
mais complexas, as correlações entre os tempos
médios de decisão e o QI aumentam. Esses
resultados sustentam ainda mais a noção de que a
inteligência prepara os indivíduos para lidar
com a complexidade e que sua influência é maior
em tarefas complexas do que em tarefas simples.
As correlações ECT-IQ são comparáveis para
todos os níveis de QI, idades, gêneros e grupos
raciais-étnicos testados. Além disso, estudos de
Philip A. Vernon da University of Western Ontario
e outros mostraram que a sobreposição ECT-IQ
resulta quase inteiramente do fator g comum
em ambas as medidas. Os tempos de reação não
refletem diferenças de motivação ou estratégia ou a
tendência de alguns indivíduos de se apressar em
testes e tarefas diárias – essa propensão é um traço
de personalidade. Eles realmente parecem medir
a velocidade com que o cérebro apreende,
integra e avalia informações.
Pesquisas sobre ECTs e fisiologia cerebral ainda
não identificaram os determinantes biológicos
dessa velocidade de processamento.
Esses estudos sugerem, no entanto, que
O Fator de Inteligência Geral
g é um fenômeno tão confiável e global no nível
neural quanto no nível do complexo processamento
de informações exigido pelos testes de QI e
pela vida cotidiana.
A existência de correlatos biológicos de
inteligência não significa necessariamente que a
inteligência seja ditada por genes. Décadas de
pesquisa genética mostraram, no entanto, que as
pessoas nascem com diferentes potenciais
hereditários de inteligência e que essas dotações
genéticas são responsáveis por grande parte
da variação na capacidade mental entre os
indivíduos. Na primavera passada, uma equipe
internacional de cientistas chefiada por Robert
Plomin, do Instituto de Psiquiatria de Londres,
anunciou a descoberta do primeiro gene ligado à
inteligência. É claro que os genes têm seus efeitos
apenas na interação com os ambientes, em
parte por aumentar a exposição ou a sensibilidade
de um indivíduo a experiências formativas.
Diferenças na inteligência geral, sejam
medidas como QI ou, mais precisamente, como
g , são de origem genética e ambiental – assim
como todos os outros traços psicológicos e
atitudes estudados até agora, incluindo personalidade,
interesses vocacionais e atitudes sociais. Esta é
uma notícia velha entre os especialistas. Os
especialistas, no entanto, ficaram surpresos com as
descobertas mais recentes.
Uma delas é que a hereditariedade do QI
aumenta com a idade – ou seja, a medida em que
a genética é responsável pelas diferenças de
QI entre os indivíduos aumenta à medida que as
pessoas envelhecem. Estudos comparando
gêmeos idênticos e fraternos, publicados na última
década por um grupo liderado por Thomas J.
Bouchard, Jr., da Universidade de Minnesota e outros
estudiosos, mostram que cerca de 40% das
diferenças de QI entre pré-escolares decorrem de
diferenças genéticas, mas que a herdabilidade sobe
para 60% na adolescência e para 80% no final da
idade adulta. Com a idade, as diferenças entre
os indivíduos em sua inteligência desenvolvida
passam a refletir mais de perto suas diferenças
genéticas. Parece que os efeitos do ambiente
sobre a inteligência desaparecem em vez de
aumentar com o tempo. Em retrospectiva, talvez
isso não devesse ser uma surpresa. As crianças
pequenas têm as circunstâncias de suas vidas
impostas a elas pelos pais, escolas e outros agentes
da sociedade, mas à medida que as pessoas
envelhecem elas se tornam mais
independentes e tendem a buscar os nichos de
vida que são mais compatíveis com suas
tendências genéticas.
Uma segunda grande surpresa para os
especialistas em inteligência foi a descoberta
de que ambientes compartilhados por irmãos
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pouco a ver com QI. Muitas pessoas ainda
acreditam erroneamente que as diferenças
sociais, psicológicas e econômicas entre as famílias
criam diferenças marcantes e duradouras no QI. Os
geneticistas comportamentais referem-se a tais
efeitos ambientais como “compartilhados”
porque são comuns a irmãos que crescem juntos.
A pesquisa mostrou que, embora os ambientes
compartilhados tenham uma influência modesta
sobre o QI na infância, seus efeitos se dissipam
na adolescência. O QI de crianças adotadas, por
exemplo, perde toda a semelhança com o de seus
familiares adotivos e se torna mais parecido
com o QI dos pais biológicos que nunca conheceram.
Tais descobertas sugerem que os irmãos não
compartilham aspectos influentes do ambiente de
criação ou não os vivenciam da mesma maneira.
Atualmente, grande parte da pesquisa em genética
comportamental concentra-se nos processos
ainda misteriosos pelos quais os ambientes tornam
os membros de uma família menos parecidos.
g no trabalho
Embora a evidência de correlatos genéticos
e fisiológicos de g argumente poderosamente a
favor da existência de inteligência global, ela não
reprimiu os críticos dos testes de inteligência.
Esses céticos argumentam que, mesmo que tal
entidade global exista, ela não tem valor funcional
intrínseco e se torna importante apenas na
medida em que as pessoas a tratam como tal:
por exemplo, usando pontuações de QI para
classificar, rotular e designar alunos e funcionários.
Tais preocupações sobre o uso adequado de
testes mentais levaram a uma grande quantidade
de pesquisas nas últimas décadas. Esta pesquisa
mostra que, embora os testes de QI possam
realmente ser mal utilizados, eles medem uma
capacidade que de fato afeta muitos tipos de
desempenho e muitos resultados de vida,
independentemente das interpretações ou aplicações
dos testes. Além disso, a pesquisa mostra que
os testes de inteligência medem a capacidade
igualmente bem para todos os grupos nativos
de língua inglesa nos EUA.
Se considerarmos que a inteligência se
manifesta no cotidiano como a capacidade de
lidar com a complexidade, fica fácil perceber por
que ela tem grande importância funcional ou prática.
As crianças, por exemplo, são regularmente
expostas a tarefas complexas quando começam
a frequentar a escola.
A escolarização exige, acima de tudo, que os
alunos aprendam, resolvam problemas e pensem
de forma abstrata. Que o QI seja um bom preditor
de diferenças no desempenho educacional,
portanto, não é surpreendente.
Explorando a Inteligência 27
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CORRELAÇÃO DAS PONTUAÇÕES DE QI com

Vida Alto subida Guardando Fora Seu
chances Risco Batalha Acima À frente perder realização ocupacional sugere que
g reflete uma capacidade de lidar com a complexidade
Muito explícito, materiais escritos, Reúne, infere cognitiva. As pontuações também se correlacionam com
mãos em mais experiência própria informação
Treinamento alguns resultados sociais (as porcentagens
Estilo aplicam-se a jovens adultos brancos nos EUA).
Lento, simples, Aprendizagem de maestria, Faculdade
supervisionado mãos em formatar

nas nove especialidades estudadas,

Montador, Escriturário, caixa, Gerente, Advogado,
Carreira entre eles infantaria, polícia militar
serviço de alimentação, policial, professor, químico,
Potencial auxiliar de enfermagem contador executivo e médico especialista. Pesquisa no
maquinista, vendas
o setor civil revelou o mesmo padrão. Além disso,
embora a adição
de traços de personalidade, como consciência,
QI 70 80 90 100 110 120 130
pode ajudar a aprimorar a previsão
de desempenho no trabalho, a inclusão de
aptidões mentais específicas, como verbal
Porcentagens populacionais
fluência ou habilidade matemática raramente o faz.
O valor preditivo de testes mentais em
Distribuição 5 20 50 20 5
total da população a arena de trabalho decorre quase inteiramente
de sua medição de g, e que
Fora do trabalho de parto

vigor mais valor aumenta com a complexidade e

de 1 mês 22 19 15 14 10 nível de prestígio do trabalho.
fora do ano
Meio século de militares e civis
(homens)
pesquisa ian convergiu para desenhar um
Desempregado retrato de oportunidade ocupacional
mais de 1
12 10 7 7 2 ao longo do continuum de QI. Indivíduos em
mês por ano
(homens) os 5 por cento superiores da distribuição de QI adulto
(acima de 125) podem essencialmente
Divorciado em
21 22 23 15 9 treinam-se, e poucas ocupações
5 anos
estão além de seu alcance mental. Pessoas
Teve filho ilegítimo de QI médio (entre 90 e 110) são
crianças 32 17 8 4 2
não competitivo para a maioria dos profissionais
(mulheres)
e trabalho de nível executivo, mas são facilmente
Mora em treinados para a maior parte dos empregos no
30 16 6 3 2
pobreza economia americana. Ao contrário, os adultos

Sempre nos 5 por cento inferiores da distribuição de QI (abaixo

encarcerado 7 7 3 1 0 de 75) são muito difíceis de
(homens)
treinam e não são competitivos para nenhum

bem-estar crônico ocupação com base na capacidade.

destinatário 31 17 8 2 0 Sérios problemas no treinamento de recrutas militares
(mães) de baixo QI durante a Segunda Guerra Mundial levaram
MENGEL
JOHN
Ponzi
Weill
&

Congresso vai proibir o alistamento do

Ensino médio 55
cair fora
Adaptado de Intelligence, vol. 24, nº 1; janeiro/fevereiro de 1997
Quando as pontuações em QI e em testes
padronizados de realização em diferentes assuntos
são calculadas ao longo de vários anos, o
duas médias se correlacionam tanto quanto
diferentes testes de QI do mesmo indivíduo
35 6 0,4
tarefas militares. Da mesma forma, em ambientes
escolares, a proporção de taxas de aprendizado entre
alunos “rápidos” e “lentos” são tipicamente
cinco para um.
O conteúdo acadêmico de muitos QI
0
10 por cento mais baixos (abaixo de 80) da população,
e nenhuma ocupação civil em
economias modernas rotineiramente recrutam seus
trabalhadores dessa faixa. Os atuais padrões de
alistamento militar excluem qualquer
indivíduo cujo QI está abaixo de 85.
A importância de g no desempenho do trabalho
A ciência, assim como a escolarização, está relacionada com

fazer. Alunos de alta habilidade também dominam testes e suas fortes correlações com complexidade. As ocupações diferem consideravelmente
material em muitas vezes a taxa de sua sucesso educacional pode dar a impressão de que g na complexidade de suas demandas,
colegas de baixa habilidade. Muitas investigações é apenas um e conforme essa complexidade aumenta, maior g
ajudaram a quantificar essa discrepância. habilidade. Mas a capacidade mental geral também os níveis se tornam um ativo maior e menor g
Por exemplo, um estudo de 1969 feito para o prevê o desempenho no trabalho e, em mais níveis um handicap maior. Da mesma forma, tarefas e
Exército dos EUA pelos Recursos Humanos trabalhos complexos, ele o faz melhor do que qualquer outro ambientes diários também diferem
Research Office descobriu que os alistados em outro traço pessoal único, incluindo significativamente em sua complexidade cognitiva. O
o quinto inferior da distribuição de habilidade exigia educação e experiência. do exército grau em que o nível g de uma pessoa
duas a seis vezes mais Projeto A, um estudo de sete anos realizado virá a suportar a vida diária depende
tentativas de ensino e sugestões, assim como seus na década de 1980 para melhorar o recrutamento em quanta novidade e ambiguidade
pares de maior capacidade para atingir o mínimo e processo de treinamento, descobriu que as tarefas cotidianas e os arredores dessa
proficiência em montagem de rifle, monitoramento capacidade mental fortemente correlacionada com pessoa presentes e quanto aprendizado, julgamento
sinais, tramas de combate e outras proficiência técnica e soldado e decisão contínuos

28 Apresentações da Scientific American Inteligência Humana

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tornando eles exigem. Como os jogadores,
empregadores e banqueiros sabem, mesmo
diferenças mínimas nas taxas de retorno renderão
grandes ganhos – ou perdas – ao longo do tempo.
Portanto, mesmo pequenas diferenças em g entre as
pessoas podem exercer grandes influências
cumulativas na vida social e econômica.
Em meu próprio trabalho, tentei sintetizar as
muitas linhas de pesquisa que documentam a
influência do QI nos resultados da vida. Como mostra
a ilustração na página ao lado, as probabilidades de
vários tipos de realização e patologia social mudam
sistematicamente ao longo do continuum de QI, de
retardo mental limítrofe (abaixo de 70) a superdotação
intelectual (acima de 130). Mesmo em
comparações de QIs um pouco abaixo da média
(entre 76 e 90) e um pouco acima da média (entre
111 e 125), as chances de resultados com
consequências sociais são contra os menos
capazes. Homens jovens um pouco abaixo da média
em capacidade mental geral, por exemplo, têm maior
probabilidade de estar desempregados do que
homens um pouco acima da média. A mulher
de QI mais baixo tem quatro vezes mais
probabilidade de gerar filhos ilegítimos do que
a mulher de QI mais alto; entre as mães, ela tem
oito vezes mais chances de se tornar uma beneficiária
crônica do bem-estar. Pessoas um pouco abaixo da
média têm 88 vezes mais chances de abandonar
o ensino médio, sete vezes mais chances de
serem presas e cinco vezes mais chances de
viver na pobreza quando adultos do que pessoas
com QI um pouco acima da média. Indivíduos
abaixo da média têm 50% mais chances de se
divorciar do que aqueles na categoria acima da
média.
Essas probabilidades divergem ainda
mais acentuadamente para pessoas com lacunas
maiores no QI, e os mecanismos pelos quais o QI
cria essa divergência ainda não são claramente
compreendidos. Mas nenhum outro traço único ou circunstancial
Sobre o autor
LINDA S. GOTTFREDSON é professora
de estudos educacionais na University of
Delaware, onde está desde 1986, e codirige o
Delaware–Johns Hopkins Project for the Study
of Intelligence and Society. Ela se formou
como socióloga e seu primeiro trabalho se
concentrou no desenvolvimento de carreira.
“Eu não estava interessado em inteligência
per se”, diz Gottfredson. “Mas impregnava
tudo o que eu estava estudando em minhas
tentativas de entender quem estava
progredindo.” Essa “descoberta do óbvio”,
como ela diz, tornou-se o foco de sua
pesquisa. Em meados da década de 1980,
enquanto estava na Universidade Johns
Hopkins, ela publicou vários artigos influentes descrevendo
O Fator de Inteligência Geral
A postura ainda estudada está tão profundamente
implicada no nexo de maus resultados sociais –
pobreza, bem-estar, ilegitimidade e fracasso
educacional – que aprisiona muitos indivíduos e
famílias de baixo QI. Até mesmo os efeitos do
histórico familiar empalidecem em comparação com
a influência do QI. Como mostrado recentemente por
Charles Murray, do American Enterprise Institute,
em Washington, DC, a divergência em muitos
resultados associados ao nível de QI é quase tão
ampla entre irmãos da mesma família quanto entre
estranhos de níveis de QI comparáveis. E os irmãos
diferem muito em QI – em média, 12 pontos, em
comparação com 17 para estranhos aleatórios.
Um QI de 75 é talvez o limite mais
importante da vida moderna. Nesse nível, as
chances de uma pessoa dominar o currículo do
ensino fundamental são de apenas 50 a 50, e ela
terá dificuldade em funcionar de forma independente
sem um apoio social considerável.
Indivíduos e famílias que estão apenas um pouco
abaixo da média em QI enfrentam riscos de patologia
social que, embora menores, ainda são significativos
o suficiente para comprometer seu bem-estar.
Indivíduos com alto QI podem não ter
determinação, caráter ou boa sorte para capitalizar
suas capacidades intelectuais, mas o sucesso
socioeconômico na era da informação pós-industrial
é deles.
O que é versus o que poderia ser
As descobertas anteriores sobre os efeitos de
g foram extraídas de estudos conduzidos sob uma
gama limitada de circunstâncias – ou seja, as
condições sociais, econômicas e políticas
prevalecentes agora e nas últimas décadas em
países desenvolvidos que permitem considerável
liberdade pessoal.
Não está claro se esses achados
A influência molda a escolha vocacional e a
autopercepção. Gottfredson também
organizou o tratado de 1994 “Mainstream
Science on Intelligence”, um editorial com mais
de 50 signatários que apareceu pela
primeira vez no Wall Street Journal em
resposta à controvérsia em torno da
publicação de The Bell Curve. Gottfredson
é mãe de gêmeos idênticos - uma “mera
coincidência”, diz ela, “que sempre me fez
pensar mais sobre a natureza e o cultivo
da inteligência”. As meninas, agora com 16
anos, seguem a experiência de Gottfredson
no Peace Corps da década de 1970, juntando-
se a ela todos os verões para trabalhos
como
voluntários a inteligência
de construção nas aldeias da Nicarágua.
Copyright 1998 Scientific American, Inc.
aplicam-se a populações em todo o mundo, aos
extremamente favorecidos e desfavorecidos no
mundo em desenvolvimento ou, nesse caso, a
pessoas que vivem sob regimes políticos
restritivos. Ninguém sabe o que a pesquisa
em diferentes circunstâncias, em diferentes épocas
ou com diferentes populações pode revelar.
Mas sabemos que, onde quer que a liberdade
e a tecnologia avancem, a vida é uma batalha difícil
para pessoas que estão abaixo da média em
proficiência em aprender, resolver problemas e
dominar a complexidade.
Também sabemos que as trajetórias do
desenvolvimento mental não são facilmente
desviadas. Os níveis individuais de QI tendem a
permanecer inalterados a partir da adolescência
e, apesar dos esforços extenuantes ao longo do
último meio século, as tentativas de aumentar o g
permanentemente por meio da adoção ou de
meios educacionais falharam. Se existe uma
maneira confiável e ética de aumentar ou igualar os
níveis de g, ninguém a encontrou.
Alguns pesquisadores sugeriram que as
intervenções biológicas, como suplementos
dietéticos de vitaminas, podem ser mais eficazes do
que as educativas para aumentar os níveis de g .
Esta abordagem é baseada em parte na suposição
de que uma nutrição melhorada causou o aumento
intrigante nos níveis médios de QI e altura no mundo
desenvolvido durante este século.
Os cientistas ainda estão debatendo acaloradamente
se os ganhos no QI realmente refletem um aumento
em g ou são causados por mudanças em habilidades
mentais específicas menos críticas. Qualquer que
seja a verdade, as diferenças na capacidade mental
entre os indivíduos permanecem, e o conflito
entre oportunidades iguais e resultados iguais
persiste. Somente aceitando essas duras verdades
sobre a inteligência, a sociedade encontrará
soluções humanas para os problemas colocados
pelas variações na capacidade mental geral.
sobre
S.GOTTFREDSON
CORTESIA
LINDA
DE
Explorando a Inteligência 29
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30 presentes da Scientific American Inteligência Humana

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