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Aula 3 – A AP e o psicólogo
Os psicólogos e a avaliação psicológica
Existem variáveis/características pessoais referentes a cada psicólogo, que poderão
influenciar as avaliações psicológicas, dificultando-os em
Trabalhar com temáticas específicas (e.g., abusos sexuais, psicopatologia, saúde, …);
Ser demasiado objetivo;
Interpretar resultados;
Ver de um ponto de vista diferente;
Abarcar e integrar diferentes pontos de vista;
Ser curioso para procurar o máximo de informação possível;
Cotar testes psicológicos;
Identificar as melhores opções disponíveis;
Encontrar crenças e valores morais muitos distintos dos meus;
(…)
O psicólogo ocupa um lugar central no decorrer do processo de avaliação: a
informação recolhida depende tanto dos instrumentos como do psicólogo que os aplica;
Psicólogo
2 cenários possíveis:
Examinador Consultor *
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AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA I
Intuição
Conhecimento não racional e não verificável empiricamente; Impossibilidade de
conceptualização consciente; diz respeito à capacidade para alcançar uma compreensão
decisiva de um problema mais rapidamente; Aspeto fundamental para a produção de
hipóteses;
Recurso a capacidades complexas, tais como (Tallent, 1992):
Competências de avaliação psicológica (e.g., sensibilidade, aptidões de observação,
conhecimento da psicopatologia, princípios éticos);
Conhecimento quotidiano que permite fazer aprendizagens acerca das pessoas.
Malcolm Gladwell é autor do livro “Blinker: The power of thinking without
thinking”. O autor considera que, muitas vezes, a definição de intuição está associada a
um pensamento mágico e místico, mas Gladwell considera que se trata de uma “cognição
rápida” (forma de pensamento pouco racional) que devemos levar a sério aquando da
toma de decisões;
Nas últimas décadas muitos psicólogos têm-se interessado por investigar a ciência
que está por trás da intuição;
P.ex.: em 2002, David Myers publicou o livro “Intuition: It’s power and Perils”;
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AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA I
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AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA I
PROFUNDIDADE PSICOLÓGICA
Aptidão para apreender o significado e a motivação do comportamento, pensamentos
e sentimentos em si e nos outros. Esta capacidade apoia-se na introspeção e na empatia e
supõe uma mobilização integrada de todas as estruturas psíquicas:
Características cognitivas (i.e., conhecimento intelectual);
Características afetivas (que incluem uma componente que deve ser objeto de
controlo, os “sentimentos” pessoais);
Intuição;
Experiência pessoal.
COMPETÊNCIA INFERENCIAL
Subjacente ao conhecimento e ao trabalho de interpretação (análise de
probabilidades lógicas). A utilização de vários níveis de inferência aumenta a
possibilidade de ocorrência de erros de medida.
SUBJETIVIDADE
Dado que a AP não é ainda uma atividade completamente fundamentada em
procedimentos científicos ou totalmente objetiva, envolve uma componente subjetiva;
Porque…
Implica a extração de significados diagnósticos a partir da história pessoal e dos
resultados dos testes;
Os resultados dependem da pessoa que está a realizar a avaliação;
Está presente no trabalho de reflexão sobre as várias hipóteses e na seleção dos
construtos a avaliar.
Desta forma, recomenda-se aos psicólogos que:
Tenham consciência das suas características pessoais;
Pratiquem a escuta ativa (AP = encontro interpessoal);
Observem;
Pensem/reflitam para a construção/elaboração de hipóteses;
Adotem um espírito de curiosidade. Moulin (1992) refere que o diagnóstico
corresponde ao desenho de um retrato psicológico, não a uma análise exaustiva e
definitiva;
Demonstrem tolerância à frustração e ao sofrimento dos outros;
Respeitem o outro.
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AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA I
Conclusão
A objetividade ocupa um papel central na AP, no entanto, existem características
complexas do psicólogo que, por vezes, são mais importantes do que os resultados
dos testes;
Devem sempre ser complementados com o juízo clínico;
Entre os resultados da avaliação e o sujeito há um lugar para a “equação pessoal”
do psicólogo que deve controlar a totalidade do processo:
As variáveis ou características psicológicas a examinar;
A escolha das provas e métodos a usar;
As decisões finais.
“Os resultados não substituem o pensamento psicológico.”
(Holt, 1968/1991)