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COLÉGIO ESTADUAL MOISÉS SANTANA

Série/Turma: 1ª “_____”
Disciplina: Arte
Docente: William Data: ______/______/2023
Discente: _____________________________________________________________

A construção do conceito de arte

Na cultura ocidental, o conceito de obra de arte é entendido como um trabalho criado por
um artista com materiais nobres, como tela de tecido, mármore, bronze, etc. Além disso, a obra
deve ser original ou uma obra-prima, fruto da inspiração, do dom ou da habilidade técnica que o
artista possui para imitar a realidade. Como consequência disso, na sociedade, construiu-se a
noção de que um trabalho artístico só é considerado arte e seu autor só é reconhecido
publicamente como artista se a obra estiver exposta em um museu para que o público possa
contemplá-la e, assim, maravilhar-se com sua beleza, transcendendo a realidade prosaica.
Entretanto, desde o final do século XIX, o modo como entendemos o que é arte vem sendo
questionado. O contato com outras culturas, o desenvolvimento da tecnologia, a industrialização,
a urbanização, a velocidade e os problemas do mundo contemporâneo, entre outros aspectos,
colocaram em xeque esse conceito preestabelecido. A seguir, vamos ver como a arte era
entendida em diferentes épocas.

Na Antiguidade clássica, a técnica

Na tradição ocidental, os primeiros a conceituar e teorizar sobre arte foram os filósofos


gregos, principalmente Platão e Aristóteles, que viveram por volta de 400 a.C. e 300 a.C. Durante
quase 2 mil anos, suas ideias mantiveram-se em voga. A arte era entendida, então, como técnica.
Assim, para que uma produção ou manifestação fosse considerada artística, teria,
necessariamente, de ser realizada com virtuosismo técnico e ser bem-acabada. Além disso, para
que uma obra de arte fosse considerada bela, teria de possuir um conteúdo que refletisse os
valores morais e éticos vigentes, pois se considerava que a essência da beleza somente poderia ser
alcançada a partir de tais valores.

Na Idade Média, a imaginação

A Idade Média foi um período histórico marcado especialmente pelos temas religiosos na
arte ocidental. Em quase toda a Europa, os artistas exerciam um papel muito bem definido,
retratando histórias bíblicas nas paredes das igrejas e nos castelos dos nobres e realizando
trabalhos decorativos com temas mitológicos ou exaltando o reinado de seus monarcas.
O trabalho artístico era realizado por encomenda, por isso o papel do artista daquela época
pode ser comparado ao de um profissional liberal do mundo de hoje. Esses artistas eram
basicamente pintores e escultores, que trabalhavam por longos períodos envolvidos nas
construções das grandes igrejas. Havia também muitos artistas especializados em tapeçarias e
vitrais, que eram comuns na decoração dos castelos. Esse tipo de profissão era aprendido quase
sempre em família ou nas corporações de ofício e passado de geração em geração.
Com o advento do Renascimento, os estudos sobre o homem e suas produções, entre elas a
arte, ganharam maior impulso. Passou-se, então, a valorizar a imaginação e a considerar a arte
como a expressão da subjetividade do artista. Uma obra era considerada bela caso refletisse a
racionalidade do seu autor e fosse obtida por meio de estudos matemáticos e anatômicos.

Na Era Moderna, o espectador


Foi no período das revoluções burguesas que os estudos relacionados à apreciação da arte
ganharam impulso. Assim, passou-se a considerar que, para uma obra de arte ser bela, ela
precisava, necessariamente, causar uma “experiência estética” no público. Como experiência
estética entendia-se uma experiência arrebatadora com o belo e o sublime, uma energia de
extrema amplitude ou força, que transcendesse o próprio belo e levasse o observador ao
conhecimento de si, do mundo, da vida. Ao vivenciar uma experiência estética, o sujeito, além de
se emocionar, mobilizaria conhecimentos prévios e elaboraria seu pensamento.

Na Idade Contemporânea, a crítica da arte

Com o advento da Idade Contemporânea, principalmente a partir do século XIX, acontece


uma explosão de estilos e movimentos artísticos, cada qual com sua proposta estética. Nessa
época, em geral, os artistas estudavam arte em academias e conservatórios por longos anos para,
depois, romper com os cânones. Essa ousadia era justificada pela “personalidade” do artista,
encarado romanticamente como rebelde, excêntrico. Em razão da intensa e variada produção
artística que a época contemporânea passou a apresentar, os críticos − estudiosos que teorizam
sobre as obras de arte e as avaliam − passaram a ter papel fundamental na legitimação da
produção artística. Além deles, muitas vezes, os próprios artistas legitimam suas criações por
meio de textos críticos e manifestos, enriquecendo o conhecimento artístico e estético.

No século XX, a arte em relação

No início do século XX, período de grandes transformações sociais, políticas e econômicas,


surgem artistas que se desvinculam das formas tradicionais de expressão, conhecidos como
“artistas de vanguarda”. Influenciados pelas descobertas arqueológicas, pelos saberes
antropológicos, pelas ciências exatas, pela psicologia e pela psicanálise, eles afirmam que o acaso
e o inconsciente estão sempre presentes nos processos de produção artística; por isso, segundo
eles, o artista não tem total controle sobre sua criação. Por causa dessa postura, a arte se abre
para a experimentação de novos materiais, tornando-se livre, inclusive, para dessacralizar a obra
de arte e para relativizar o conceito de beleza.
Na contemporaneidade, é entendido como artista aquele que pensa sobre arte e que
desenvolve um percurso poético, ou seja, que se propõe a criar de forma intencional e reflexiva.
Para isso, não é necessário ter habilidades técnicas nem uma personalidade excêntrica, mas sim
conhecer arte e se deixar levar pela experiência estética e pelo prazer que ela causa em si e nos
outros.
Os artistas passam a utilizar em seus trabalhos materiais inusitados e objetos já prontos,
industrializados ou artesanais. Além disso, apropriam-se das linguagens tecnológicas e dos
produtos da indústria cultural como uma forma de crítica.
Gradativamente, os teóricos de arte reconhecem e valorizam as mais diversas formas de
arte, erudita ou não, e passam a conceituar as manifestações artísticas como possuidoras de
múltiplos sentidos, que são dados pelo artista, pela obra e pelo público, em constante diálogo.
São criadas obras abertas, que estimulam os observadores a interagir com elas, recriando-as.
Assim, os artistas atuais também passam a questionar os modos de circulação da arte,
fazendo performances e happenings: aquelas são intervenções cuidadosamente elaboradas, que
mesclam as artes visuais com a música e o teatro; estas aliam o planejado com o improviso e
envolvem a participação do espectador. São eventos que geralmente se desenrolam fora de
teatros, museus e galerias, locais alternativos onde o artista procura expor sua arte e intervir no
espaço.
POUGY, Eliana; VILELA, André. Todas as artes. São Paulo: Ática, 2016, p. 17-23.

Julgue os itens a seguir.

1 Na cultura ocidental, o conceito de obra de arte é entendido como um trabalho criado por um
artista com materiais comuns, como papel, plástico, argila, etc. E
2 Na cultura ocidental, entende-se que uma obra precisa ser autêntica ou uma obra de excelência,
resultante da inspiração, talento e habilidade técnica do artista para retratar a realidade. C

3 Desde o final do século XIX, o conceito de arte tem sido questionado devido ao contato com
outras culturas, o desenvolvimento da tecnologia, a industrialização, entre outros fatores. E

4 Na Antiguidade clássica, os artistas não conceituavam a arte, apenas a produziam de forma


mecânica, sem preocupação estética ou valores morais. E

5 Durante a Idade Média, a arte era valorizada pela liberdade criativa dos artistas, que buscavam
expressar sua imaginação e emoções nas obras. E

6 Com o advento do Renascimento, os artistas passaram a ser considerados meros artesãos, sem
qualquer apreciação pela expressão da subjetividade em suas obras. E

7 Durante a Idade Média, os artistas exerciam um papel bem definido, retratando temas religiosos
e históricos nas suas obras, geralmente encomendadas por igrejas e nobres. C

8 Na Antiguidade clássica, a arte era entendida como uma técnica que exigia virtuosismo e
perfeição na execução das obras. C

9 Na Era Moderna, o espectador era desconsiderado nas análises da arte, e a obra de arte era
considerada bela apenas se seguisse padrões estéticos pré-determinados pelos artistas. E

10 Na Idade Contemporânea, os artistas não estudavam arte em academias e conservatórios, e se


baseavam exclusivamente em sua intuição e impulsividade para criar suas obras. E

11 Na Era Moderna, para que uma obra de arte fosse considerada bela, era preciso que o público
tivesse uma experiência avassaladora com o belo e o sublime. C

12 No século XX, surgem os “artistas de vanguarda”, que se afastam das formas tradicionais de
expressão e valorizam o acaso e o inconsciente no processo de produção artística, abrindo espaço
para a experimentação e a dessacralização da obra de arte. C

13 Na contemporaneidade, os artistas valorizam principalmente habilidades técnicas e uma


personalidade excêntrica para serem considerados como verdadeiros artistas, deixando em
segundo plano o conhecimento sobre arte e a reflexão sobre o processo criativo. E

14 Os artistas contemporâneos utilizam materiais inusitados e objetos pré-fabricados, incorporam


linguagens tecnológicas e produtos da indústria cultural em seus trabalhos, demonstrando uma
postura crítica em relação à sociedade e à cultura de consumo. C

15 Na contemporaneidade, as obras de arte são criadas de forma fechada e sem espaço para
interação do observador, buscando manter uma separação entre o artista e o público, assim como
a circulação da arte continua restrita aos espaços tradicionais, como teatros, museus e galerias. E

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