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Direito Internacional Público I Joana Nunes

18. O Contributo do art.38.º do Estatuto do Tribunal Internacional de Justiça

O direito Internacional Público detém uma dificuldade suplementar, em matéria de tipificação


de fontes normativas (classificação e categorização das diferentes fontes de direito em um
sistema jurídico), que são pertinentes para o mesmo.

• Essa dificuldade suplementar depende do seu carácter fragmentário e policêntrico; não


oferece nenhuma estrutura centralizada que determine a importância das diferentes
fontes normativas, ou seja, não oferece nenhuma hierarquia à cerca de regulamentos,
tratados ou outras formas de normas legais que têm precedência sobre outras.

Assim, fica em falta qualquer poder constitucional paralelo ao que vigora nos Estados.

De facto, este problema não vem a ser uma dificuldade inultrapassável e a doutrina que vai
estudando esta questão, tem usado como recurso o Art.38º do Estatuto do Tribunal
Internacional do Direito (ETIJ).

Desta forma, dada a importância deste artigo, vale a pena referir as fontes que devem inspirar
este alto tribunal nas respetivas decisões:
Tratados Internacionais: Tratados internacionais são acordos S
formais celebrados entre países ou organizações internacionais.
- Tratados Internacionais Eles são regidos pelo direito internacional e podem abranger I
uma variedade de questões, desde direitos humanos até
- Costumes Internacionais comércio internacional. Os tratados são vinculativos para as G
partes signatárias e criam obrigações legais.
- Princípios Gerais do Direito N
Costumes Internacionais: Costumes internacionais são práticas
- Jurisprudência e comportamentos aceitos pela comunidade internacional como I
regras jurídicas. Eles podem surgir a partir de uma prática geral
- Doutrina e consistente dos estados ao longo do tempo e são considerados F
fontes importantes do direito internacional.
- Equidade I
Princípios Gerais do Direito: Princípios gerais do direito são
princípios jurídicos fundamentais que são reconhecidos em C
muitos sistemas jurídicos ao redor do mundo. Eles servem como
orientação na interpretação e aplicação do direito internacional A
e incluem princípios como a equidade, a justiça e a boa-fé.
D
O Problema é que este art.38 está longe de ser Jurisprudência: A jurisprudência refere-se às decisões de
uma solução perfeita para a determinação tribunais internacionais, como a Corte Internacional de Justiça, O
das fontes do Direito Internacional, uma vez que interpretam e aplicam o direito internacional. Essas decisões
podem estabelecer precedentes importantes para casos futuros S
que comporta imensas deficiências:
e contribuir para o desenvolvimento do direito internacional.
• Umas fruto das idiossincrasias Doutrina: A doutrina consiste nas opiniões e interpretações
(diferente do comportamento típico/ acadêmicas e jurídicas de especialistas no campo do direito
habitual) e outras originadas pela internacional. Isso inclui artigos, livros e análises que ajudam a
pressão de nele vislumbrar (antecipar esclarecer e aprofundar o entendimento das regras e princípios
do direito internacional.
sucesso) aquilo que não pode
oferecer. Equidade: A equidade é um princípio que visa garantir que as
decisões legais sejam justas e equitativas, mesmo quando as
regras estritas do direito não oferecem uma solução adequada
para um caso específico. A equidade é frequentemente invocada
em situações onde a estrita aplicação da lei pode resultar em
injustiça.
Assim, foram encontradas 5 dificuldades, na função que o art.38º do Estatuto do Tribunal
Internacional de Direito (ETIJ), exerce no que diz respeito à problemática da determinação de
fontes de Direito Internacional.

Nomeadamente:

“- nem todas as fontes apresentadas o são proprio sensu, podendo algumas ser mais outra
coisa, mas não a fonte de direito;”

• Identificação das Fontes: Algumas das fontes apresentadas não são claramente
identificadas como fontes de direito, o que pode levar a confusão ou interpretações
equivocadas sobre o que constitui uma fonte normativa.

“- a definição das fontes normativas é feita incorretamente, padecendo a respetiva


formulação de alguns erros técnicos;”

• Definição Incorreta das Fontes: A definição das fontes normativas é formulada com
erros técnicos, o que significa que a descrição das fontes pode não ser precisa ou
completa, o que pode afetar a compreensão do sistema jurídico.

“- a alusão às fontes, na sequência adotada, não pode ter o significado de proceder à


respetiva hierarquização;”

• Hierarquização das Fontes: A alusão às fontes não é usada para estabelecer uma
hierarquia entre elas. Isso pode ser um problema, já que em muitos sistemas
jurídicos, a hierarquia das fontes é fundamental para determinar qual prevalece em
caso de conflito.

“- a enumeração das fontes, no conjunto das que foram consideradas, levanta o problema
do seu caráter exaustivo, perguntando-se acerca da relevância de outras não contempladas;”

• Exaustividade das Fontes: A enumeração das fontes consideradas levanta questões


sobre se a lista é exaustiva ou se há outras fontes que não foram contempladas. Isso
pode gerar incertezas sobre a completude do sistema de fontes normativas.

“- a aprovação desde preceito não tem qualquer valor vinculativo Internacional no


estabelecimento universal de um sistema de fontes obrigatório.”

• Valor Internacional das Fontes: A aprovação de um preceito não é reconhecida


como tendo valor vinculativo internacional no estabelecimento de um sistema de
fontes obrigatório. Isso pode implicar falta de uniformidade ou falta de
reconhecimento das fontes em um contexto internacional.

Tendo isto em conta, estas são as 5 dificuldades que contribuíram para a desvalorização do art.38º.
No entanto, não atropelam na totalidade a sua utilidade, uma vez que há ausência de qualquer outra
indicação melhor.

As cinco dificuldades mencionadas anteriormente contribuem para diminuir a importância ou o


valor do artigo 38º do ETIJ, mas não o tornam completamente inútil. Em outras palavras, essas
dificuldades tornam o artigo menos eficaz, mas ele ainda tem algum valor.
O artigo 38º do ETIJ pode ser a melhor orientação disponível, apesar das dificuldades
mencionadas, porque não há outras indicações melhores ou mais adequadas para lidar com as
questões em questão.

Assim, é importante entender e interpretar o artigo 38º do ETIJ da maneira correta, sem atribuir
a ele um papel que não lhe cabe. Ou seja, não se deve esperar que ele desempenhe uma função
que não está dentro de sua natureza.

Em relação às duas primeiras dificuldades (identificação das fontes e definição incorreta das
fontes), é sugerido que um estudo detalhado e individualizado de cada fonte de direito
internacional seja realizado. Esse estudo pode ajudar a identificar as deficiências e propor
interpretações alternativas quando necessário.

O tema da hierarquização das fontes será tratado posteriormente, quando se analisarem as


relações entre diferentes normas no direito internacional, especialmente em situações de
conflito entre essas normas.

Portanto, o papel do artigo 38º do ETIJ, na classificação das fontes do Direito Internacional será
discutido numa proposta, considerando tanto o seu valor como, um preceito normativo geral
quanto às suas escolhas específicas em relação às fontes. Por outras palavras, o artigo será
considerado na proposta de tipologia das fontes do Direito Internacional devido ao seu possível
impacto nesse contexto.

O artigo 21º do Estatuto do Tribunal Penal Internacional (ERTPI) e destaca como essa solução é
mais adequada do que o artigo 38º do Estatuto do Tribunal Internacional de Justiça (ETIJ).

Assim passamos à análise detalhada de cada parte do artigo 21º do (Estatuto do Tribunal Penal
Internacional) ERTPI:

Artigo 21º

"1. O Tribunal aplicará:

a) Em primeiro lugar, o presente Estatuto, os elementos constitutivos do

crime e o Regulamento Processual; “

• Esta é a fonte primária de direito para o Tribunal. O próprio Estatuto do Tribunal Penal
Internacional, juntamente com os elementos que definem os crimes sob a sua jurisdição
e as regras processuais, são a base para a tomada de decisões.

“b) Em segundo lugar, se for o caso, os tratados e os princípios e normas

de Direito Internacional aplicáveis, incluindo os princípios estabelecidos no

Direito Internacional dos Conflitos Armados;”

• Se o Estatuto e suas disposições não forem suficientes para resolver um caso, o Tribunal
pode recorrer a tratados internacionais relevantes e aos princípios e normas gerais do
Direito Internacional, especialmente aqueles relacionados ao Direito Internacional dos
Conflitos Armados (ou Direito Internacional Humanitário).

“c) Na falta destes, os princípios gerais do Dircito que o Tribunal retire

do Direito Interno dos diferentes sistemas juridicos existentes, incluindo,


se for o caso, o Direito Interno dos Estados que exerceriam normalmente a

sua jurisdição relativamente ao crime, sempre que esses princípios não sejam

incompatíveis com o presente Estatuto, com o Direito Internacional nem

com as normas e padrões internacionalmente reconhecidos".”

• Se as fontes anteriores não forem aplicáveis ou insuficientes, o Tribunal pode recorrer


aos princípios gerais do Direito retirados do Direito Interno dos vários sistemas jurídicos
e, se relevante, do Direito Interno dos Estados que normalmente teriam jurisdição sobre
o crime em questão. No entanto, esses princípios gerais devem ser compatíveis com o
Estatuto do Tribunal, o Direito Internacional e padrões internacionalmente
reconhecidos.

"2. O Tribunal poderá aplicar princípios e normas de Direito tal como já

tenham sido por si interpretados em decisões anteriores".

• Isto significa que o Tribunal Penal Internacional pode considerar as suas próprias
interpretações anteriores dos princípios e normas do Direito, como uma fonte relevante
para suas decisões futuras, contribuindo para a consistência na sua jurisprudência.

"3. A aplicação e interpretação do Direito, nos termos do presente artigo,

deverá ser compatível com os direitos humanos internacionalmente reco-

nhecidos, sem discriminação alguma bascada em motivos tais como o sexo,

tal como definido no nº 3 do artigo 7º, a idade, a raça, a cor, a religião ou

o credo, a opinião política ou outra, a origem nacional, étnica ou social, a

situação económica, o nascimento ou outra condição".

• Este ponto enfatiza que todas as decisões e interpretações do Tribunal devem ser
consistentes com os direitos humanos internacionalmente reconhecidos e não podem
discriminar com base em características como gênero, idade, raça, religião, opinião
política, etc.

Assim, foram tiradas 3 conclusões a partir da leitura do artigo 21º do Estatuto do Tribunal Penal
Internacional (ERTPI) e, estão a comparar este artigo com o artigo 38º do Estatuto do Tribunal
Internacional de Justiça (ETIJ).

Primeira Conclusão (Primo): O texto afirma que a primeira conclusão é que o objetivo do artigo
21º do ERTPI é identificar as verdadeiras fontes do Direito Internacional Penal que são
aplicáveis pelo Tribunal Penal Internacional (TPI). Isso significa que o artigo 21º procura
determinar quais são as fontes legítimas e relevantes para o Direito Internacional Penal e,
portanto, muitas outras fontes que podem ser consideradas "pretensas" fontes jurídico-
internacionais são dispensadas. O texto destaca que não há menção à jurisprudência e à
doutrina internacionais neste contexto.
Segunda Conclusão (Secundo): A segunda conclusão indica que os princípios jurídicos,
independentemente de como são formulados no artigo 21º, não são tratados como algo
externo ao Direito Internacional Penal. Eles são considerados uma parte integrante desse
sistema jurídico especial. Embora em certo ponto do artigo 21º sejam feitas comparações entre
"tratados" e "princípios", isso não implica que os princípios sejam menos importantes ou
relevantes. Em vez disso, ambos são reconhecidos como componentes do ordenamento jurídico.

Terceira Conclusão (Tertio): A terceira conclusão enfatiza que o elenco das fontes mencionadas
no artigo 21º do ERTPI é explicitamente organizado com base em uma ideia de hierarquia na
sua aplicação. Isso significa que o artigo fornece uma ordem de prioridade para as fontes, com
o Estatuto, os elementos constitutivos do crime e o Regulamento Processual ocupando o
primeiro lugar. Em seguida, tratados, princípios e normas de Direito Internacional são
considerados, e, finalmente, os princípios gerais do Direito retirados do Direito Interno são
usados em caso de falta das fontes anteriores. Essa organização hierárquica esclarece ao
intérprete-aplicador a importância relativa das fontes e reflete uma lógica subsidiária, adequada
para um ramo especializado do Direito Internacional, como o Direito Internacional Penal.

19. A tipologia das fontes normativas admissíveis

I.

De facto, o artigo 38º do ETIJ tem limitações significativas quando se trata de determinar as
fontes do Direito Internacional. Este não possui a capacidade de estabelecer uma definição
centralizada das fontes com caráter obrigatório geral.

Uma das razões para essa limitação é que o artigo 38º está situado no contexto do ETIJ, que se
refere ao Tribunal Internacional de Justiça (TIJ). O TIJ é um órgão judicial, mas não possui
jurisdição obrigatória a nível internacional. Os Estados não são automaticamente partes do TIJ,
e é necessário manifestar uma vontade expressa para que o tribunal tenha jurisdição sobre um
caso. Isso significa que as decisões do TIJ não são automaticamente vinculativas para todos os
Estados.

Considera-se que as características da sociedade internacional, que se baseiam em grande parte


num paradigma de coordenação e igualdade entre os atores envolvidos. Isso significa que é
difícil impor um texto de caráter constitucional que estabeleça de forma rígida as fontes do
Direito Internacional. Além disso, muitas das fontes mais importantes do Direito Internacional,
como os tratados internacionais, dependem da vontade coletiva dos Estados-membros.

Apesar das limitações, o artigo 38º do ETIJ ainda pode ter um papel útil na construção da
tipologia das fontes do Direito Internacional. Em vez de ser visto como uma fonte vinculativa e
centralizadora, o artigo pode ser considerado como uma contribuição, entre muitas outras, para
resolver o problema da determinação das fontes do Direito Internacional. Ele pode fornecer
algumas orientações ou pistas para a construção dessa tipologia.

II.

Fontes do Direito Internacional no Artigo 38º do ETIJ: O artigo 38º do ETIJ lista as seguintes
fontes do Direito Internacional:
o Tratados internacionais
o Costumes internacionais
A base para a tomada de
o Princípios gerais de Direito
decisões no âmbito do Direito
o Jurisprudência Internacional.
o Doutrina
o Equidade

Limitações da Tipologia das Fonte: Críticas à tipologia das fontes apresentada pelo artigo 38º
do ETIJ:

“A mais” “A menos”
• Inclusão de Realidades que não • Omissão de Fontes Normativas
são Verdadeiras Fontes: Efetivas:
➢ Uma crítica é que o artigo 38º ➢ Por outro lado, o artigo
considera como fontes 38º também é criticado
normativas do Direito por não incluir como
Internacional algumas fontes normativas
realidades que não são algumas realidades que
verdadeiras fontes legais. Isto efetivamente o são, mas
significa que inclui elementos que não são mencionadas
que não deveriam ser na enumeração
considerados como fontes apresentada. Ou seja,
legítimas de Direito deixa de reconhecer
Internacional. como fontes legais certos
elementos que deveriam
ser considerados como
III. tal.

Assim, discutem-se as críticas à inclusão de certas fontes no Direito Internacional, de acordo com
o artigo 38º do Estatuto do Tribunal Internacional de Justiça:

Princípios Gerais de Direito: Os princípios gerais de Direito não devem ser considerados fontes
normativas do Direito Internacional. Isso ocorre porque esses princípios são parte integrante
do próprio ordenamento normativo, ou seja, eles fazem parte das leis e normas existentes.
Portanto, não faz sentido considerá-los como fontes independentes, uma vez que são ao
mesmo tempo o resultado da aplicação das fontes e parte do sistema normativo em si.

Doutrina: Também se critica a doutrina como fonte normativa. A doutrina refere-se à literatura
jurídica, escrita por estudiosos e acadêmicos do Direito. A crítica argumenta que a doutrina
não tem validade como fonte normativa no Direito Internacional ou no Direito em geral. A
doutrina é vista como uma atividade científica e intelectual, que não cria ou revela normas
jurídicas internacionais. Em vez disso, ela interpreta e analisa o Direito existente.

Jurisprudência: A jurisprudência, que se refere às decisões judiciais, também é questionada


como fonte normativa. A crítica argumenta que a jurisprudência só pode emitir decisões com
eficácia limitada, aplicando-se apenas ao caso específico em análise. Ela não pode ser vista
como uma orientação geral para o Direito Internacional.

Equidade: A equidade, mencionada como decisão "ex aequo et bono," é descartada como fonte
de Direito. A equidade é considerada um esquema alternativo de decisão de casos, mas não é
considerada uma fonte normativa, pois não produz normas jurídicas. Ela é usada para resolver
casos com base no senso comum e na justiça, mas não cria novas normas legais.

Assim, algumas das fontes listadas no artigo 38º do ETIJ, como: princípios gerais de Direito, doutrina,
jurisprudência e equidade… não devem ser consideradas como fontes normativas legítimas no Direito
Internacional. Essas fontes são vistas como desempenhando papéis diferentes, como interpretação, análise
ou resolução de casos, mas não como fontes autônomas de normas legais internacionais.

IV. O artigo 38º não consta todas as fontes que existem de Direito Internacional.
~

• Carácter não exaustivo: o artigo 38º do~ETIJ não é exaustivo na apresentação das fontes
do Direito Internacional. Isso significa que o artigo não lista todas as fontes que são
legítimas e relevantes no contexto do Direito Internacional.
• Justificação para a Falta de Exaustividade: A justificação para essa falta de exaustividade
está relacionada ao fato de que existem outras fontes além das mencionadas no artigo
38º que são igualmente importantes e não devem ser esquecidas. Duas dessas fontes
mencionadas são:
• Atos unilaterais dos Estados: Os atos unilaterais realizados pelos Estados são vistos
como fontes normativas no Direito Internacional. Isso significa que as ações
tomadas por um Estado de forma independente podem criar obrigações e normas
no âmbito do Direito Internacional.

• Atos das organizações internacionais: Além dos Estados, as organizações


internacionais também desempenham um papel significativo na criação de normas
no Direito Internacional. As decisões e ações dessas organizações podem ter um
impacto substancial nas relações internacionais.
Protesto

Notificação

Estados Renúncia
Promessa

Atos unilaterais Reconhecimento


internacionais autónomos
Vinculados
(Resoluções do
Organizações conselho de
segurança da ONU)
Os Não autónomos Internacionais
(p.e: A denúncia de um tratado) Não Vinculados
(Resoluções da
Assembleia Geral da
ONU)
Definições:

Os atos autónomos podem dividir-se em várias categorias:


Autonormativos:
• Protesto: ato pelo qual um Estado dá a entender que não decisões jurídicas
considera tomadas por um
Estado, em que o
determinada situação como conforme ao direito); mesmo é o primeiro
• Notificação: é o ato pelo qual um Estado leva ao conhecimento de outros destinatário dessa
decisão.
Estados determinado facto de cuja existência decorrem certas

consequências jurídicas; Heteronormativos:


decisões jurídicas
• Renuncia: é um ato jurídico unilateral, irrevogável, extintivo de um direito
tomadas por um
do seu autor (p.e: um Estado declara que pretende não exercer mais um Estado, em que o
destinatário imediato
direito); são outros sujeitos de
• Promessa: é um compromisso assumido por um Estado de tomar no futuro DI.

determinada atitude – ato menos definitivo que a renuncia; é uma declaração

de intensões futuras;

• Reconhecimento: é o inverso do protesto; é o ato pelo qual um Estado

constata uma situação existente e afirma que a considera conforme o Direito

(p.e: quando um Estado reconhece a independência de outro);

• Incompletude da Apresentação: A apresentação das fontes feita pelo artigo 38º do ETIJ
é incompleta. Esta falta de exaustividade é vista como uma limitação do artigo, que não
reflete completamente a diversidade e a complexidade das fontes do Direito
Internacional. A crítica sugere que esta incompletude não contribui para a qualidade
científica pretendida pelo ETIJ, especialmente considerando que a Carta das Nações
Unidas (CNU) foi um dos primeiros textos a reconhecer a existência de atos
unilaterais como fontes relevantes no Direito Internacional.

V. Assim, é melhor reformular as formas normativas do direito internacional, sem


aceitar acriticamente o elenco das sugeridas no art.38º do ETIJ, mas sim pelo
contrário- proceder à sua adaptação. Sugere-se uma revisão das fontes
tradicionalmente reconhecidas no Direito Internacional.

"Verdadeiras" Fontes Normativas: O autor argumenta que as "verdadeiras" fontes


normativas do Direito Internacional se limitam a três elementos:

Tratados internacionais: Acordos escritos entre Estados ou organizações


internacionais que estabelecem obrigações legais.
Costumes internacionais: Práticas e padrões de comportamento aceites pela
comunidade internacional como obrigatórios.

Atos internacionais unilaterais: Ações tomadas por um Estado de forma


independente que criam obrigações legais no âmbito do Direito Internacional.

Estas são consideradas as fontes primárias e fundamentais do Direito Internacional.

"Pretensas" Fontes Normativas: O autor também menciona outras fontes que são
consideradas "pretensas" fontes normativas, ou seja, fontes que têm algum valor, mas
não são tão centrais quanto as "verdadeiras" fontes. Essas fontes incluem:

Princípios gerais de Direito: Princípios jurídicos que podem ser usados na


interpretação e aplicação do Direito Internacional.

Jurisprudência: Decisões judiciais que, embora não sejam fontes normativas


em si, podem ser relevantes na interpretação e integração das normas
existentes.

Doutrina: Literatura jurídica escrita por estudiosos e acadêmicos do Direito,


que fornece análises e interpretações das normas internacionais.

Equidade: Uma abordagem baseada na justiça e no senso comum que pode ser
usada para resolver casos em situações específicas.

Contudo, o autor menciona a opinião de Jorge Miranda, que propõe apenas quatro fontes
normativas: o costume, o tratado, a decisão internacional e a jurisprudência. No entanto, o
texto argumenta que a jurisprudência, por si só, nunca é uma fonte normativa, mesmo no caso
do "costume jurisprudencial," onde a jurisprudência é considerada como parte do costume,
não como uma fonte separada.

VI. O autor delineia a estrutura do percurso para abordar as fontes do Direito


Internacional.
Começará com as fontes consideradas mais importantes, seguidas das fontes menos
centrais, e depois abordará temas gerais relacionados às fontes e à codificação
internacional.

Análise das "Verdadeiras" Fontes: O autor, em primeiro lugar, irá analisar as


"verdadeiras" fontes do Direito Internacional. Isto significa que ele vai se
concentrar nas fontes que são consideradas centrais e fundamentais para o
Direito Internacional, como tratados internacionais, costumes internacionais e
atos unilaterais.

Ênfase nos Tratados Internacionais: Dentro das "verdadeiras" fontes, haverá


uma ênfase maior nos tratados internacionais. Os tratados são acordos escritos
entre Estados ou organizações internacionais e são frequentemente
considerados as fontes mais importantes do Direito Internacional.
Análise das "Pretensas" Fontes: Posteriormente, o autor abordará as
"pretensas" fontes do Direito Internacional. Estas fontes são aquelas que não
são consideradas verdadeiras fontes normativas, como princípios gerais de
Direito, jurisprudência, doutrina e equidade. O autor explicará por que estas
fontes não são consideradas centrais e qual é o seu contributo na construção
da Ordem Jurídica Internacional.

Temas Gerais: Após analisar individualmente as fontes do Direito Internacional,


o autor discutirá dois temas gerais:

• Relações entre Fontes e Normas Internacionais: Este tópico abordará como as fontes
do Direito Internacional se relacionam com as normas internacionais. Isto envolverá
uma análise de como as fontes são usadas para criar e interpretar normas
internacionais.

• Codificação Internacional: Este tópico tratará da codificação das regras e normas do


Direito Internacional. Isto pode incluir esforços para reunir e sistematizar as normas do
Direito Internacional em códigos ou tratados.

VII. Outra particularidade que o Direito Internacional tem suscitado em matéria de fontes do
Direito é a assim designada "soft law", expressão inglesa que tem feito muito sucesso e
que retrata bem a idiossincracia própria deste setor jurídico.

Não se comprometendo com um tipo específico de fonte, "soft law," que é uma expressão
em inglês usada para descrever um conjunto de documentos no âmbito do Direito
Internacional que não possuem a mesma força vinculativa que os tratados e convenções
internacionais. Em vez disso, esses documentos têm uma natureza mais flexível e não
obrigatória.

A "soft law" abrange uma ampla variedade de documentos internacionais, incluindo


resoluções parlamentares e declarações políticas. Esses documentos podem ser emitidos
por organizações internacionais, Estados ou outras entidades.

Embora esses documentos não sejam vinculativos por si só, eles adquirem uma
"juridicidade implícita" ao longo do tempo. Isto significa que, apesar de não serem
legalmente obrigatórios, eles são respeitados e seguidos pelos sujeitos internacionais.
Esta aceitação e conformidade com esses documentos cria uma forma de normatividade
internacional.

A “soft law” é caracterizada pela conciliação entre a vontade normativa de um legislador


internacional (quem emite o documento) e a espontaneidade recetícia dos sujeitos
internacionais (quem o segue). Isto significa que esses documentos não são impostos
coercivamente, mas são aceitos voluntariamente pelos Estados e outras entidades
internacionais.

FAZER ESQUEMA! MANDA


AS PRINCIPAIS FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

20. Os tratados Internacionais


i.
Os tratados são considerados a fonte mais relevante do Direito Internacional. Estes, podem
ser diretamente referenciados no ETIJ (Estatuto do Tribunal Internacional de Justiça), o que
sugere que eles desempenham um papel crucial na determinação das regras legais
aplicáveis em casos de controvérsia internacional. Isto é importante, pois demonstra a
influência significativa dos tratados na jurisprudência internacional. - "O Tribunal, cuja
função é decidir em conformidade com o Direito Internacional as controvérsias que lhe
forem submetidas, aplicará (...) As convenções internacionais, quer gerais, quer especiais,
que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes" [cfr. o art. 38,
nº 1, al. a), do ETIJ].”

No entanto, apontam-se três anomalias ou problemas na definição dada aos tratados


internacionais, sendo elas:

✓ Identificação de Gênero e Espécie: O autor argumenta que não faz sentido


classificar os tratados internacionais como um gênero com duas espécies. Esta
crítica pode sugerir que a divisão entre tratados gerais e tratados especiais pode
ser uma simplificação inadequada, já que os tratados podem variar
amplamente na sua natureza e no seu alcance. Isto pode ser uma crítica à forma
como os tratados são categorizados no Direito Internacional.

✓ Aceitação e Criação de Regras: As regras resultantes dos tratados não podem


ser simultaneamente "aceitas" e "criadas". Isto parece referir-se ao facto de
que as regras contidas em tratados internacionais são estabelecidas por meio
de negociações entre Estados soberanos e, portanto, não são "criadas" por um
Estado individual, mas sim aceitas por meio do consentimento mútuo. Isto
levanta questões sobre a natureza do processo de formação de tratados e como
as regras são incorporadas ao Direito Internacional.

✓ Amplitude das Regras: As regras dos tratados não estão limitadas apenas às
partes em litígio, mas podem ter alcances mais amplos e se aplicar a questões
subjetivas e objetivas que não estão estritamente relacionadas às partes
envolvidas em uma disputa. Isso pode indicar que os tratados têm um impacto
mais abrangente do que apenas resolver disputas específicas entre Estados e
podem influenciar outras áreas do Direito Internacional.

ii. Uma vez que os tratados são tão importantes para o direito internacional é
necessário compreender como essa importância evoluiu ao longo do tempo.
Destacam-se alguns fatores como:

➢ Ênfase na Importância Qualitativa dos Tratados Internacionais:


Efetivamente, a atenção dada aos tratados internacionais não se deve
apenas ao seu número crescente (mais de 158.000 registados na ONU em
2005), mas principalmente às razões qualitativas. Isto significa que a
relevância dos tratados não está apenas na quantidade, mas na capacidade
de regulamentar os desafios contemporâneos enfrentados pela sociedade
internacional. Isto sugere que os tratados são instrumentos flexíveis e
adaptáveis para lidar com questões atuais.

➢ Mudança no Paradigma do Direito Internacional: O paradigma tradicional


do Direito Internacional equiparava os costumes internacionais aos
tratados internacionais. No entanto, essa abordagem começou a mudar à
medida que a sociedade internacional se tornou mais técnica e as relações
internacionais aceleraram-se. Isto pode ser interpretado como uma
transição da predominância dos costumes para uma ênfase maior nos
tratados como fonte primária de normas internacionais.

➢ Declínio do Costume em Favor da Lei: O autor compara essa evolução à


transição que ocorreu no Direito Interno, onde o costume cedeu lugar à lei,
primeiro por razões teóricas e depois por razões práticas. Isto sugere que,
assim como no âmbito interno, a lei (tratados internacionais) passou a
desempenhar um papel mais proeminente no Direito Internacional em
detrimento do costume.

Em suma, o texto destaca a importância crescente dos tratados internacionais no


Direito Internacional devido às mudanças na sociedade internacional e nas relações
internacionais. Ele sugere que a flexibilidade e a capacidade de adaptação dos
tratados os tornaram um meio eficaz para abordar as questões contemporâneas.
Além disso, compara essa mudança à transição que ocorreu no Direito Interno,
onde a lei substituiu o costume como fonte predominante de normas legais. Essa
análise ressalta a dinâmica em constante evolução do Direito Internacional e a sua
adaptação às necessidades da comunidade internacional.

iii. Para melhor compreender a natureza dos tratados internacionais como fontes do
Direito Internacional, através de uma tabela aborda-se a sua importância contínua,
apesar das complexidades na categorização desses tratados.

Elementos em
análise Análise

Introdução De acordo com as palavras do autor, este aborda


a qualificação dos tratados internacionais como
fontes do Direito Internacional. Menciona a
clareza dessa qualificação, mas aponta para uma
possível hesitação no caso de tratados serem
considerados "contratuais".
Reconhecimento Os tratados internacionais são
inquestionavelmente fontes do Direito
dos Tratados
Internacional, pois estabelecem normas jurídicas
como Fontes internacionais. Isso é um ponto amplamente
aceito e não suscita dúvidas.

Diferença entre A distinção entre tratados contratuais e tratados-


lei:
Tratados
A hesitação ocorre na categorização de tratados
Contratuais e contratuais como fontes do Direito Internacional.
Tratados-Lei
Apesar da diferenciação entre tratados
contratuais e tratados-lei, o tratado internacional
Importância do
continua a ser uma fonte privilegiada do Direito
Tratado como Internacional. Isto deve-se ao seu número
uma Fonte crescente e à sua natureza única como uma
estrutura coletiva que reflete uma vontade
contratualizada.

O tratado internacional não tem um paralelo


direto no Direito Interno, mas serve como um
Relação com o ponto de referência para compreender as fontes
normativas internacionais.
Direito Interno

O autor conclui o texto, enfatizando a relevância


contínua dos tratados internacionais como uma
fonte privilegiada do Direito Internacional,
Conclusão apesar das nuances na categorização entre
tratados contratuais e tratados-lei. Isto deve-se à
sua estrutura coletiva e à sua capacidade de
estabelecer normas jurídicas internacionais.

iv. De facto, discutem-se várias figuras afins aos tratados internacionais e as suas
respetivas colocações no quadro do Direito Internacional. Posto isto, vamos analisar:

Figura Afim Características e Posicionamento no Direito Internacional


- São combinações de vontades entre sujeitos internacionais. -
Geralmente, não têm efeitos jurídicos e estão no plano das relações
internacionais.

- Exemplos notáveis incluem a Carta do Atlântico e o Acordo de Yalta.


Acordos Políticos - Podem se aproximar de Comitas Gentium (boa vontade comum entre
as nações) ou da Moral Internacional.
- Têm valor mais político e histórico do que jurídico no contexto do
Direito Internacional.
Atos Unilaterais Não Autônomos - São atos jurídico-internacionais, mas a sua validade e eficácia
dependem de tratados internacionais.

✓ Portanto, são considerados acessórios aos tratados que os regem.


✓ O seu estudo está relacionado ao estudo desses tratados específicos.

Contratos Internacionais - Expressam vontades contratualmente estabelecidas entre entidades


que transcendem as fronteiras estaduais.

✓ Envolvem questões de conflitos de leis.


✓ Falta-lhes o elemento público que os tratados internacionais possuem.
✓ Alguns autores consideram que, quando outorgados por Estados ou organizações
internacionais, podem se aproximar dos tratados, especialmente quando envolvem
empresas multinacionais.

Declarações ou Atas Finais - Produzidas no fim de encontros e conferências internacionais.

✓ Não se destinam a ser tratados internacionais proprio sensu.


✓ Têm um valor meramente político-histórico.
✓ Refletem as posições dos sujeitos representados, mas não têm estatuto jurídico no
Direito Internacional.

De forma sucinta, exploram-se diferentes figuras afins aos tratados internacionais e situa-as no
contexto das fontes do Direito Internacional. Destaca-se a natureza principalmente política e não
jurídica de acordos políticos e declarações ou atas finais, enquanto os atos unilaterais não
autônomos dependem de tratados para sua validade. Os contratos internacionais, embora se
assemelhem aos tratados, geralmente carecem do elemento público presente nos tratados
internacionais, mas essa distinção está a tornar-se menos clara em alguns casos, especialmente
quando envolvem Estados ou organizações internacionais e empresas multinacionais.

v.

Importância da Terminologia nos Tratados Internacionais

➢ A terminologia desempenha um papel importante na classificação dos tratados


internacionais.

Uso do Termo "Treaty" na Doutrina Internacional

➢ A tradição anglo-saxônica usa a palavra "treaty" para referir-se genericamente a tratados


internacionais.

Distinção entre Tratados Solenes e Acordos Simplificados

Tratados solenes: Procedimentos formais e tradicionais.

Acordos simplificados: Introduzidos no século XX para agilizar os procedimentos, envolvendo


órgãos executivos.

Terminologia em Portugal

Na Ordem Constitucional Portuguesa:


• "Convenção internacional" para o gênero.
• "Tratado" para tratados solenes.
• "Acordo" para acordos simplificados.

Recomendação para a Consistência

➢ Sugere seguir a terminologia constitucional em Direito Constitucional Português.


➢ No Direito Internacional, manter a expressão "tratado internacional" devido ao seu
reconhecimento e aceitação ampla.

21. O costume Internacional


I. O autor Jorge Bacelar discute o costume internacional como uma fonte do Direito
Internacional e aponta várias críticas e interpretações em relação à definição apresentada
no Estatuto do Tribunal Internacional de Justiça (ETIJ). Este aborda o seguinte:

Importância do Costume Internacional: O autor reconhece o costume internacional como


uma segunda fonte do Direito Internacional, e destaca que alguns o consideram uma
fonte privilegiada devido à suposição de que é amplamente cumprido pelos destinatários
das normas costumeiras.

Definição no ETIJ: O autor cita uma passagem do ETIJ que define o costume internacional
como "prova de uma prática geral aceite como Direito". No entanto, ele expressa
desacordo com essa definição por várias razões:

Natureza do Costume: Ele argumenta que o costume não é simplesmente uma "prova"
de uma prática, mas a própria prática que se eleva a uma norma jurídico-internacional.
Essa é uma interpretação diferente da definição do ETIJ.

Vinculação pelo Costume: Ele enfatiza que o costume não vincula os Estados porque é
"aceito", mas sim porque emerge espontaneamente da convivência internacional e,
como resultado, possui uma natureza jurídica.

Amplitude do Costume: O autor também destaca que o costume relevante não se


limita apenas ao geral, no sentido de aplicação subjetiva ampla. Pode ser um costume
regional ou local e ainda ser considerado um costume válido no Direito Internacional.

Refutação de Críticas: O autor menciona que António Cabral de Moncada refuta a crítica à
definição do ETIJ, argumentando que a definição pode ser entendida como esclarecedora
de que nem todos os costumes são utilizáveis pelo Tribunal Internacional de Justiça (TIJ). O
TIJ só pode aplicar costumes quando a análise do uso social que eles incorporam e dos
sentidos e noções que os acompanham faz prova de uma prática geral e aceita como
direito.

De forma sintetizada, Jorge Bacelar questiona a definição do costume internacional no


ETIJ e destaca as suas discordâncias em relação a esta definição, argumentando que o
costume é mais do que uma mera "prova" de prática. Ele enfatiza a natureza espontânea e
a vinculação do costume internacional, bem como sua possível aplicação regional ou local.
O autor também menciona a posição contrária de António Cabral de Moncada em relação
à crítica à definição.

II. Efetivamente existem dois elementos essenciais que constituem o Costume


Internacional, vale ressaltar que, sem esses elementos, essa fonte de Direito Internacional
não produzirá efeitos normativos.

Elemento Material (Corpus): Elemento Psicológico (Animus):


Este é o primeiro elemento e refere-se à Este é o segundo elemento e envolve a
existência de uma prática reiterada. Por convicção dos Estados ou das partes
outras palavras, para que um costume envolvidas de que a prática em questão,
internacional seja estabelecido, é necessário embora não seja uma tradição ou rotina, deve
que os Estados ou as partes envolvidas ser cumprida e tem a natureza de Direito
tenham uma prática constante e repetida. aplicável. Em termos simples, há uma crença
Essa prática deve ser levada a cabo pelos ou convicção de que a prática é uma
respetivos destinatários do costume. obrigação legal.

Assim, concluímos que os costumes internacionais são baseados na combinação destes dois
elementos: a prática reiterada (corpus) e a convicção de que essa prática é uma obrigação legal
(animus). Sem ambos os elementos, um costume internacional não é considerado válido ou
eficaz como fonte de Direito Internacional. Esta análise enfatiza a importância da consistência
na prática e na crença de que essa prática é uma obrigação legal para a formação de costumes
internacionais.

III. O autor Jorge Bacelar discute a evolução dos critérios para caracterizar o elemento material
do costume internacional, destacando as mudanças nas exigências ao longo do tempo. Ele
aborda a flexibilização das condições para a formação de costumes internacionais e como isso
afeta a maneira como o Direito Internacional é aplicado. Vamos analisar mais detalhadamente:

Mudança nas Exigências do Elemento Material: O autor observa que ao longo do tempo, houve
uma mudança significativa nas exigências para a formação de costumes internacionais, tornando
o Direito Internacional menos exigente nesse aspeto.

Antigas Exigências: No passado, era comum exigir que um costume internacional fosse formado
por uma prática generalizada e imemorial. Isso significava que a prática deveria ser realizada por
uma quantidade significativa de sujeitos internacionais e ter uma longa história. Essas condições
eram consideradas necessárias para a validação de um costume.

Novas Perspectivas: O autor argumenta que a opinião dominante, especialmente entre os


órgãos judiciais aplicadores do Direito Internacional, agora é mais flexível em relação a essas
exigências antigas.

Número de Sujeitos Envolvidos: Ele sugere que um costume internacional pode ser
reconhecido mesmo que a prática seja executada por um número restrito de sujeitos.
Isso indica que normas costumeiras podem ser regionais ou locais e ainda serem válidas
no Direito Internacional, desde que haja uma consistência na prática e nenhuma
contradição.

Duração dos Costumes: O requisito de imemorialidade (prática de longa data) não é


mais estritamente necessário devido às mudanças rápidas na sociedade internacional.
Os costumes podem agora se formar num período mais curto, e não há um prazo
definido para isso.

Natureza do Elemento Material: O autor enfatiza que o elemento material do costume deve ser
baseado numa prática constante e uniforme, evitando oscilações de comportamento.

Flexibilidade Sociológica: Este reconhece que o costume internacional é mais efetivo do ponto
de vista sociológico, mas não é infalível. Situações de desvio pontual podem ocorrer, mas isso
não enfraquece necessariamente a uniformidade da prática.

✓ Em resumo, o texto de Jorge Bacelar destaca como as exigências para a formação de


costumes internacionais evoluíram ao longo do tempo, tornando-se mais flexíveis em
resposta às mudanças na sociedade internacional. Isso demonstra uma abordagem
adaptativa e pragmática em relação à identificação e aplicação dos costumes
internacionais no Direito Internacional.
✓ O autor Francisco Ferreira de Almeida é mencionado no texto de Jorge Bacelar como
alguém que escreveu sobre este assunto. Ele escreve sobre como um Estado pode
praticar uma conduta que está em contradição com um costume internacional. Isto pode
ocorrer porque o Estado pode estar ciente de que está infringindo o costume e,
portanto, tem a intenção deliberada de contestá-lo. Alternativamente, o Estado pode
considerar a sua ação como legítima, invocando exceções ou justificações que estão de
acordo com o escopo do costume em questão.

IV.

Elemento Psicológico nos Costumes Internacionais

Complexidade do Elemento Psicológico: Jorge Bacelar aborda a complexidade da


análise do elemento psicológico (animus) no
• Ligação a um sentimento. contexto dos costumes internacionais. Ele
• Necessidade de convicção na relevância destaca que este aspeto é mais desafiador
jurídica da prática. devido à natureza subjetiva e à necessidade de
se avaliar a convicção de que uma prática é
juridicamente relevante.
Sentido Jurídico da Convicção:

• A convicção deve ser jurídica,


não apenas uma atividade
dispensável ou recomendatória. O autor enfatiza que essa convicção deve ter um
sentido jurídico, ou seja, deve ser vista como
• Deve ser sentida como
vinculativa e não apenas como uma atividade
vinculativa, não apenas
dispensável ou recomendatória. A prática deve
conveniente para a organização
ser sentida como obrigatória, mas isso não
internacional.
significa necessariamente que esteja associada a
Obrigatoriedade e Normatividade: uma norma impositiva, seja prescritiva ou
proibitiva.
• A obrigatoriedade não depende
apenas de normas prescritivas Bacelar destaca que a obrigatoriedade
ou proibitivas. representada pelo animus não se limita a um tipo
específico de norma, e a normatividade dos
• Normatividade dos costumes costumes internacionais é geral, não se
internacionais como confundindo com outras ordens normativas,
normatividade jurídica. como a ordem moral, religiosa ou de civilidade.
• Distinção entre costumes Os costumes internacionais são normatividades
internacionais e outras ordens jurídicas, ou seja, são práticas reiteradas que são
normativas (moral, religiosa, percebidas como manifestações de um "dever-
mm civilidade). ser" pertencente à esfera do Direito
Internacional.
Presunção de Animus:
Devido à complexidade da caracterização desse
• Nos últimos tempos, aceita-se aspecto psicológico dos costumes internacionais,
uma presunção (juris tantum) o autor menciona que, nos últimos tempos, tem
de animus. sido aceita uma presunção (juris tantum) de que,
• A formação do corpus (prática na ausência de evidências em contrário, a
constante) permite presumir a formação do corpus (prática constante) permite
existência do animus, a menos presumir a existência do correspondente animus
que haja evidências em (convicção de obrigatoriedade). Isto dá a
contrário. entender que, quando se depara com uma
prática geral, constante e uniforme, presume-se
que se trata de um costume, a menos que se
Conclusão: prove que não existe a convicção de
• O elemento psicológico nos costumes obrigatoriedade, e a prática é baseada apenas em
internacionais envolve a convicção de motivos de conveniência ou oportunidade.
que uma prática é juridicamente
Como notam André Gonçalves Pereira e Fausto de
relevante, com um sentido jurídico de
Quadros “... É imprescindível a opinio iuris para que
obrigatoriedade.
surja o costume, mas, como a sua averiguação é
• A normatividade dos costumes particularmente difícil, o TIJ tem seguido o critério de
internacionais é geral e distinta de em princípio supor que a prática constante é
outras normatividades. acompanhado de opinio iuris; e assim, quando se
defronta com um uso geral, constante e uniforme,
• Recentemente, tem sido aceita uma presume estar perante um costume, a menos que lhe
presunção de animus na ausência de seja demonstrado que não existe convicção de
evidências em contrário. obrigatoriedade mas que a prática resulta apenas de
motivos de conveniência ou de oportunidade”.
V. Jorge Bacelar discute o fundamento dos costumes internacionais, abordando a evolução das
teorias sobre sua base e destacando argumentos contra as teorias voluntaristas.

Teoria do "Pacto Tácito" de Hugo Grotius:

• Durante muito tempo, o costume internacional foi visto como resultante de um


"pacto tácito".

• Isso significava que o Direito Internacional costumeiro era derivado da vontade


dos Estados, que o aceitariam tacitamente por meio de seu silêncio e
conformidade com a conduta.

Críticas à Teoria Voluntarista:

• Jorge Bacelar apresenta duas críticas fundamentais a essa teoria:

• Nem todos os Estados sempre teriam conhecimento da formação do


costume, o que invalidaria a suposição de consentimento.

• Novos Estados que entram na sociedade internacional não poderiam ter


dado consentimento, mesmo que tacitamente, para costumes que
existiam antes de sua formação.

Fundamento Baseado em Valores do Direito Natural:

• Bacelar argumenta que o fundamento dos costumes internacionais não pode


ser a vontade dos Estados, mas deve estar enraizado no respeito por valores
supremos decorrentes do Direito Natural.

Variação nas Decisões do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ):

• O autor observa que a prática do TIJ não tem sido uniforme em relação à teoria
voluntarista.

• Em alguns casos, como o da Plataforma Continental do Mar do Norte, o TIJ


afastou a tese voluntarista.

• No entanto, em outros casos, como o das Pescarias e o caso Barcelona Traction,


o TIJ aceitou a teoria voluntarista em certas condições, considerando a expressa
vontade dos Estados contra algumas regras costumeiras.

Análise: Sem sombra de dúvidas, este destaca a complexidade da fundamentação dos costumes
internacionais e a mudança de perspetiva em relação às teorias voluntaristas. Jorge Bacelar
argumenta que a base desses costumes deve ser mais profunda do que o mero consentimento
dos Estados, defendendo que ela deve estar ligada a valores fundamentais do Direito Natural.
Além disso, ele destaca a variação nas decisões do TIJ em relação a essa questão, mostrando que
não há um consenso absoluto sobre o fundamento dos costumes internacionais.
VI. Jorge Bacelar aborda a questão da prova dos costumes internacionais, destacando os meios
e métodos utilizados no Direito Internacional para estabelecer a existência desses costumes. Ele
também menciona o papel crucial dos atos jurídicos internacionais, decisões judiciais e opiniões
de jurisconsultos na identificação de indícios da existência de costumes internacionais.

Principais Pontos Abordados:

Meios de Prova dos Costumes Internacionais:

• O autor destaca que, devido à raridade da verificação dos costumes


internacionais e à dificuldade de comprovação, o Direito Internacional utiliza
diversos meios de prova.

• Esses meios de prova podem ser divididos em três categorias:

• Atos relativos à vida internacional, que incluem tratados, decisões


judiciais, atos de organizações internacionais e atos estaduais internos,
como atos de governo e legislação interna.

• Decisões judiciais.

• Opiniões dos jurisconsultos.

Ênfase nos Atos Jurídicos Internacionais:

• O autor destaca que os atos jurídicos internacionais são os mais significativos,


pois estão diretamente relacionados aos destinatários dos costumes
internacionais.

• Isso inclui tratados internacionais, atos de organizações internacionais e atos


unilaterais dos Estados, como atos de governo, atos diplomáticos e leis internas.

Papel das Decisões Judiciais e Opiniões de Jurisconsultos:

• Bacelar reconhece que as decisões judiciais e as opiniões dos jurisconsultos


também têm valor na identificação de indícios da existência de costumes
internacionais.

• No entanto, ele ressalta que esses meios de prova são considerados secundários
em comparação com os atos jurídicos internacionais.

Ônus da Prova no Direito Internacional:

• O autor menciona um caso em que o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) impôs


à parte demandante o ônus da prova do costume que estava invocando como
regra fundamental.

• No caso do direito de asilo entre Colômbia e Peru, o TIJ reconheceu que a parte
demandante não conseguiu provar a existência de um costume específico
relativo à qualificação unilateral dos pressupostos do asilo, embora tenha
aceitado a existência de um costume geral sobre o direito costumeiro de asilo
na América Latina.

Análise: Por meio desta explicação, destaca-se a importância dos meios de prova, especialmente
os atos jurídicos internacionais, na determinação da existência de costumes internacionais. Ele
também destaca a responsabilidade da parte demandante em provar a existência desses
costumes em litígios internacionais, conforme decidido pelo TIJ em casos específicos. A
discussão sobre ônus da prova é relevante no contexto do Direito Internacional, onde a
existência de costumes pode desempenhar um papel crucial em disputas entre Estados.

22.Os atos unilaterais internacionais

I. Jorge Bacelar aborda a questão dos atos unilaterais internacionais, destacando a sua relevância
no contexto do Direito Internacional, mesmo que não sejam explicitamente mencionados no
artigo 38º do Estatuto do Tribunal Internacional de Justiça (ETIJ). Ele argumenta que a omissão
no ETIJ não impede sua consideração como fonte normativa do Direito Internacional, pois sua
validade é inerente e independente de outros preceitos.

Principais Pontos Abordados:

Atos Unilaterais no Direito Internacional:

• Bacelar enfatiza que os atos unilaterais internacionais, realizados por Estados e


organizações internacionais, não são mencionados no ETIJ como fonte do
Direito Internacional.

• No entanto, ele destaca a importância crescente desses atos unilaterais nas


relações internacionais.

Validade Inerente dos Atos Unilaterais:

• O autor argumenta que a validade dos atos unilaterais no plano das fontes
normativas do Direito Internacional é intrínseca, ou seja, esses atos têm valor
por si mesmos, não necessitando de respaldo de outros preceitos legais ou
tratados.

Exemplos de Decisões Jurisprudenciais:

• Bacelar menciona várias decisões jurisprudenciais que reconheceram o valor


jurídico dos atos unilaterais internacionais:

• O caso do estatuto jurídico da Gronelândia Oriental, julgado pelo


Tribunal Permanente de Justiça Internacional (TPJI) em 1933, onde se
aceitou a promessa como tendo valor jurídico.

• O caso do direito de passagem por território indiano, julgado pelo


Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) em 1960.

• O caso das experiências nucleares, julgado pelo TIJ em 1974,


envolvendo Austrália, Nova Zelândia e França.

Análise: Jorge Bacelar destaca a importância dos atos unilaterais internacionais como fonte do
Direito Internacional, mesmo que não sejam expressamente mencionados em certos
documentos legais, como o ETIJ. Ele utiliza exemplos de decisões jurisprudenciais para ilustrar
como esses atos foram reconhecidos como relevantes no contexto das relações internacionais e
como sua validade é intrínseca. Isso ressalta a flexibilidade e a adaptabilidade do Direito
Internacional para lidar com uma ampla gama de situações e práticas diplomáticas.
II. Jorge Bacelar discute a natureza dos atos jurídico-internacionais unilaterais e destaca a
importância de distinguir entre aqueles que são verdadeiramente fontes do Direito Internacional
e os que não o são. Aqui estão os principais pontos abordados:

Atos Unilaterais Não Autônomos:

- Bacelar introduz a ideia de "atos unilaterais não autônomos", que são atos que não possuem
força jurídico-internacional por si mesmos, mas dependem de outras fontes normativas para sua
validade e eficácia.

- Ele menciona exemplos desses atos, como notificações, reservas ou denúncias, que estão
diretamente relacionados a tratados internacionais.

Limitações na Consideração dos Atos Unilaterais:

- O autor destaca que nem todos os atos unilaterais devem ser considerados como verdadeiras
fontes do Direito Internacional, não apenas por sua dependência de outras fontes normativas,
mas também porque seus efeitos podem não alcançar a categoria de efeitos normativos.

Diversidade de Conteúdo dos Atos Unilaterais:

- Bacelar reconhece que os atos unilaterais podem variar em termos de conteúdo e natureza.

- Ele observa que muitos atos unilaterais têm aspetos em comum com atos unilaterais
normativos, que podem criar direitos e deveres e produzir efeitos jurídicos no contexto das
relações internacionais.

Citação de Albino de Azevedo Soares:

- O autor cita Albino de Azevedo Soares para enfatizar que a produção de efeitos jurídicos em
atos unilaterais está relacionada à atribuição de direitos, deveres ou ônus, sendo legitimada por
princípios que os antecedem.

Análise: Jorge Bacelar explora a complexidade dos atos unilaterais internacionais, destacando
que nem todos podem ser considerados fontes do Direito Internacional, especialmente quando
dependem de outras fontes normativas para sua validade. Ele reconhece a diversidade de
conteúdo desses atos e a necessidade de considerar sua natureza e efeitos específicos ao avaliar
seu papel no Direito Internacional. A citação de Albino de Azevedo Soares enfatiza a importância
de princípios subjacentes na produção de efeitos jurídicos em atos unilaterais.
III. O autor Jorge Bacelar descreve cinco categorias de atos unilaterais dos Estados no contexto
do Direito Internacional:

1. Notificação:

• A notificação envolve a comunicação de uma situação ou evento aos


destinatários, sejam eles gerais ou específicos. Esta comunicação é fundamental
para a produção de efeitos jurídico-internacionais, uma vez que depende do
conhecimento dos destinatários para que esses efeitos sejam válidos na esfera
jurídica de um sujeito internacional.

2. Reconhecimento:

• O reconhecimento refere-se à aceitação oficial, por parte de um Estado, da


qualidade de uma entidade como sujeito de Direito Internacional. O
reconhecimento pode ser de natureza política, diplomática ou jurídica e pode
ser constitutivo (cria um novo sujeito de Direito Internacional) ou declarativo
(reconhece um sujeito já existente).

3. Promessa:

• A promessa é um ato pelo qual um Estado expressa vontade de conceder uma


vantagem a outra entidade ou Estado, e essa vantagem passa a ser
juridicamente protegida. Isto ocorre independentemente da existência de
qualquer retribuição e depende apenas da vontade unilateral do Estado que faz
a promessa.

4. Renúncia:

• A renúncia implica a vontade de um sujeito internacional de abrir mão de um


direito que está sob a sua esfera jurídica. Isso difere do não exercício desse
direito, pois na renúncia, o sujeito internacional toma uma ação específica para
extinguir o direito.

5. Protesto:

• O protesto refere-se à manifestação de discordância, seja ela de natureza factual


ou jurídica, em relação a um evento ou situação específicos. Essa manifestação
de discordância é relevante para evitar a criação de situações em que o
consentimento do prejudicado seja presumido.

Estas categorias representam diferentes tipos de atos unilaterais que os Estados podem realizar
no âmbito do Direito Internacional. Cada uma delas tem implicações jurídicas específicas e pode
afetar as relações entre Estados e o sistema jurídico internacional como um todo.

IV. O autor Jorge Bacelar explora a ideia de atos unilaterais no contexto de organizações
internacionais e como esses atos podem ser uma fonte de Direito Internacional. Ele menciona
que os atos unilaterais das organizações internacionais têm ganhado importância recentemente.

O autor descreve algumas classificações possíveis para esses atos unilaterais das organizações
internacionais:
Atos vínculativos e atos consultivos: Alguns atos produzem efeitos obrigatórios,
enquanto outros contêm apenas recomendações ou pareceres.

Atos internos e atos externos: Alguns atos destinam-se apenas à organização e ao


funcionamento interno da organização internacional, enquanto outros afetam as
relações jurídicas com outras entidades.

Atos normativos e atos não normativos: Alguns atos incorporam normas jurídicas,
enquanto outros têm apenas efeitos individuais e concretos.

Atos autoexecutáveis e atos heteroexecutáveis: Alguns atos são aplicáveis por si


mesmos, enquanto outros requerem a realização de outro ato para que se tornem
operativos.

O autor destaca a importância de classificar esses atos unilaterais das organizações


internacionais com base na natureza do poder público que exercem. Ele divide-os em três
categorias principais:

1. Atos legislativos: Atos que têm natureza legislativa, ou seja, que envolvem a criação de
normas ou regulamentos.

2. Atos executivos: Atos que têm natureza executiva, relacionados à implementação e


execução das políticas estabelecidas pelas organizações internacionais.

3. Atos jurisdicionais: Atos que têm natureza jurisdicional, relacionados ao processo de


tomada de decisões judiciais ou de arbitragem.

O autor observa que a consideração dos atos unilaterais das organizações internacionais como
fonte do Direito Internacional depende principalmente da sua capacidade de produzir normas
jurídicas. Alguns desses atos podem ter autonomia em relação aos tratados constitucionais que
estabelecem as organizações internacionais, pois podem ser impostos mesmo contra os Estados
que não concordaram com sua produção ou que não estão representados no órgão que emitiu
a decisão. Isto destaca a complexidade das fontes do Direito Internacional e como os atos
unilaterais podem desempenhar um papel significativo nesse contexto.

23. Os princípios gerais do direito

I. Efetivamente, é necessário compreender a importância dos princípios gerais do Direito


Internacional, uma vez que, este levanta algumas críticas em relação à formulação desses
princípios no contexto do Direito Internacional. Alguns dos principais pontos são:

São considerados uma fonte essencial do


Direito Internacional. Eles representam
regras fundamentais que são aceitas e
aplicadas na comunidade internacional,
Princípios gerais de Direito independentemente de tratados ou acordos
específicos. Estes princípios desempenham
Internacional
um papel crucial na interpretação e no
preenchimento de lacunas no Direito
Internacional.
O artigo 38º do Estatuto do Tribunal
Internacional de Justiça, que estabelece que
o tribunal, deve aplicar os princípios gerais de
Direito Internacional reconhecidos pelas
Artigo 38º do ETIJ (Estatuto do nações civilizadas. No entanto, essa
formulação suscita preocupações, incluindo a
Tribunal Internacional de Justiça)
possibilidade de interpretar que o mundo é
dividido entre nações "civilizadas" e "não
civilizadas", o que é considerado
discriminatório e relacionado ao período
colonial.
Os princípios gerais de Direito Internacional
são derivados dos Estados, não das nações.
Enquanto as nações são entidades
Estado vs. Nação (Distinção) sociológicas, os Estados são atores jurídicos-
públicos no âmbito internacional. Essa
diferenciação é relevante para compreender
a aplicação desses princípios.
Questiona-se a limitação dos princípios gerais
de Direito Internacional aos Estados. O autor,
argumenta que esses princípios não devem
se aplicar exclusivamente aos Estados, uma
vez que existem outros sujeitos
internacionais, como organizações
Outros sujeitos Internacionais internacionais, que também podem
contribuir para o desenvolvimento desses
princípios. Essas organizações possuem
sistemas jurídicos internos que podem
influenciar a evolução do Direito
Internacional.

É de relevância ressaltar, a importância dos princípios gerais de Direito Internacional como uma
fonte significativa desse campo do direito. No entanto, o autor também destaca críticas à
formulação específica do artigo 38º do Estatuto do Tribunal Internacional de Justiça,
argumentando que essa formulação pode ser problemática devido a possíveis conotações
discriminatórias e à exclusão de outros sujeitos internacionais na contribuição para esses
princípios.

II. O autor vem a discutir a natureza e o papel dos princípios gerais de Direito no contexto do
Direito Internacional.

Primeiramente, aborda-se os De seguida, o autor Por fim, não se chega a uma


princípios gerais de Direito questiona se os princípios conclusão definitiva, mas
como diretrizes gerais que gerais de Direito devem ser sugere que pode ser
apontam uma direção para considerados uma fonte problemático considerar os
aqueles que interpretam e formal do Direito princípios gerais de Direito
aplicam o Direito Internacional. Isto significa como uma fonte direta e
Internacional. Eles não são que ele está a debater-se se completa do Direito
regras específicas, mas esses princípios devem ser Internacional. Eles podem ser
orientações amplas que tratados da mesma forma mais úteis como
podem ser usadas para tomar que tratados, convenções e complementos às normas
decisões em casos que não outras normas específicas no internacionais, ajudando a
são cobertos por normas Direito Internacional. interpretá-las e a preencher
específicas. lacunas.

Em suma, questiona-se se os princípios gerais de Direito devem ser tratados como uma fonte
principal do Direito Internacional ou se são mais apropriados como orientações gerais que
auxiliam na aplicação das normas internacionais. A resposta a essa pergunta não é fornecida
explicitamente (no texto do manual), deixando espaço para discussão e debate.

III. Esta formulação presente no Estatuto do Tribunal Internacional de Justiça (ETIJ) em relação
à identificação dos princípios gerais de Direito Internacional e levanta questões sobre a limitação
da sua aceitabilidade.

Limitação à Admissibilidade: A formulação do ETIJ estabelece que os princípios gerais de Direito


devem ser "reconhecidos pelas nações civilizadas". Essa formulação levanta uma questão
interessante sobre como definir e delimitar esses princípios. A limitação da aceitabilidade a
princípios reconhecidos pelas nações civilizadas é vista como problemática, pois pode limitar a
relevância desses princípios.

Problemas com a Formulação: O autor argumenta que a formulação do ETIJ não é abrangente
o suficiente e pode parecer destinada a excluir a aceitação generalizada de qualquer princípio
geral de Direito. A crítica principal é que a referência a "nações civilizadas" não é precisa, e o
conceito de ser "civilizado" não é necessariamente cultural ou tecnológico.

Utilidade da Expressão "Reconhecidos pelas Nações Civilizadas: Sugere que a utilidade dessa
expressão é limitada e se resume a não aceitar princípios gerais de Direito que venham de
sistemas jurídicos que desrespeitem o Direito Internacional. No entanto, o autor coloca em
dúvida a eficácia dessa restrição, argumentando que é improvável que sistemas jurídicos não
respeitem o Direito Internacional a ponto de derivar princípios gerais que não mereçam
reconhecimento.

Conceito Indeterminado por Esvaziamento: Conclui-se que a formulação que restringe os


princípios gerais de Direito às nações civilizadas é um "conceito indeterminado por
esvaziamento". Isso significa que a restrição carece de fundamentos sólidos e não faz sentido
restringir a admissão desses princípios, uma vez que eles não precisam de aprovação normativa
para serem aplicáveis.

24. A Jurisprudência

I. A jurisprudência como uma possível fonte do Direito Internacional, conforme apresentado no


artigo 38º do Estatuto do Tribunal Internacional de Justiça (ETIJ).

No entanto, o autor expressa várias preocupações e críticas em relação à formulação desse


preceito:
1. Função da Jurisprudência no Direito Internacional:

- O texto argumenta que a formulação do preceito não foi adequada na localização conceitual e
funcional da jurisprudência como fonte do Direito Internacional.

- O autor questiona a expressão "meio auxiliar para a determinação das regras de Direito",
afirmando que ela não se ajusta à ideia de considerar a jurisprudência como uma fonte de
Direito, pois uma fonte é uma fonte direta e não um meio auxiliar.

- Também é apontada a contradição entre a afirmação de que o Tribunal Internacional de Justiça


(TIJ) "aplicará" decisões judiciais e a ideia de que essas decisões são apenas meios auxiliares para
descobrir outras regras.

- O autor questiona a ressalva feita em relação ao caso julgado, considerando-a limitada demais
e destacando que as decisões jurisprudenciais são restritas por esses limites.

- Por fim, o texto sugere que a referência à determinação das regras de Direito pode não ser a
tarefa mais importante atribuída à jurisprudência, enfatizando que sua principal contribuição
está na descoberta de princípios gerais de Direito.

Em suma, o autor expressa dúvidas e críticas em relação à forma como a jurisprudência


é tratada como fonte do Direito Internacional no ETIJ, argumentando que a formulação
desse preceito pode não ser a mais apropriada para refletir o papel da jurisprudência no
sistema jurídico internacional.

II.

Neste trecho, o texto explora o papel da jurisprudência no Direito Internacional e destaca que
seu valor geral é limitado, principalmente porque não vigora a regra do precedente, como
acontece em sistemas jurídicos internos baseados na common law. Algumas observações
importantes são feitas:

I. Ausência da Regra do Precedente no Direito Internacional:

- No Direito Internacional, a regra do precedente, que exige que as decisões futuras sigam uma
primeira decisão sobre uma questão jurídica semelhante, não é aplicada.

- Essa regra é comum em sistemas jurídicos internos da família do Direito anglo-saxónico, como
a common law, mas não se aplica ao Direito Internacional.

II. Limitações da Jurisprudência no Direito Internacional:

- A jurisprudência não é uma fonte normativa direta do Direito Internacional.

- Seu valor está principalmente em revelar tendências e orientações jurisprudenciais em relação


a problemas jurídicos internacionais.
III. Opiniões dos Juízes e Dissidências:

- As opiniões expressas pelos juízes, seja concordando com a decisão maioritária, mas seguindo
outra fundamentação, ou discordando da decisão, não transformam a jurisprudência em fonte
direta do Direito Internacional.

IV. Casos Específicos:

- Há situações em que a jurisprudência pode desempenhar um papel mais significativo, como


quando ocorre a formação de um costume jurisprudencial ou quando há a imposição de uma
orientação comum no estatuto do órgão judicial.

- Mesmo nessas situações, a jurisprudência não age como uma fonte direta, sendo que, no
primeiro caso, a fonte predominante é o costume, e no segundo caso, o órgão judicial adquire
uma faculdade normativa adicional, além de sua função judicial.

No fundo, a jurisprudência desempenha um papel limitado no Direito Internacional,


principalmente porque não segue a regra do precedente, e seu valor está mais em indicar
tendências e orientações do que em ser uma fonte normativa direta.

25. A Doutrina

I.

O conceito da "doutrina" no contexto do Direito Internacional e sua relevância como fonte do


Direito. Aqui estão os principais pontos abordados:

I. Dois Sentidos da Expressão "Doutrina":

- A palavra "doutrina" pode ter dois sentidos distintos no contexto do Direito Internacional.

- No primeiro sentido, refere-se à orientação de política externa adotada pelos Estados, muitas
vezes associada aos líderes políticos, como a "doutrina Monroe" ou a "doutrina Brejnev".

- No segundo sentido, a "doutrina" refere-se ao conjunto de opiniões jurídicas dos estudiosos


do Direito Internacional sobre suas fontes, interpretação e aplicação. É neste segundo sentido
que o artigo 38º do Estatuto do Tribunal Internacional de Justiça (ETIJ) faz referência.

II. Limitações e Problemas na Referência à Doutrina:

- O texto destaca algumas limitações e problemas na forma como a doutrina é mencionada no


ETIJ:

- A referência aos "publicistas" é considerada excessivamente ampla, pois muitos campos do


Direito Público interno não contribuem para compreender questões jurídico-internacionais.

- A distinção entre "publicistas de primeira categoria" e "publicistas de segunda categoria" é


considerada imprudente, uma vez que a autoridade na atividade científica deriva da consistência
das opiniões e argumentos, não sendo herdada ou imposta.
- A menção às "diferentes nações" é questionada, pois a importância da doutrina não pode ser
igual em todas as nações devido ao desigual desenvolvimento do campo do Direito Internacional
em todo o mundo.

- A referência à doutrina pode ser válida tanto a nível individual quanto a nível coletivo, para se
referir às sociedades científicas internacionais.

Assim, analisa-se as complexidades e desafios associados à referência à doutrina como fonte do


Direito Internacional, enfatizando a necessidade de uma abordagem mais cuidadosa e precisa
ao considerar as opiniões dos estudiosos do Direito Internacional.

26. A Equidade

I. Neste trecho, o texto aborda a equidade como uma das pseudo-fontes normativas no contexto
do Direito Internacional. Aqui estão os principais pontos abordados:

I. Equidade e Sua Menção no Artigo 38º do ETIJ:

- A equidade é mencionada no artigo 38º do Estatuto da Corte Internacional de Justiça (ETIJ)


como uma possível base para decisões do tribunal internacional em questões de Direito
Internacional.

- No entanto, essa menção é feita separadamente das outras fontes normativas, sugerindo uma
posição diferente para a equidade em relação a outras fontes.

II. Dúvidas Sobre a Equidade:

- Existem dúvidas sobre se a referência às decisões "ex aequo et bono" corresponde estritamente
à equidade, embora as expressões sejam equivalentes.

- Também se questiona como a equidade se relaciona com o Direito Internacional que


potencialmente se aplica, uma vez que a equidade pode aparentemente desconsiderar certas
normas e princípios do Direito Internacional.

Assim, destaca-se as ambiguidades em torno da equidade como uma possível fonte normativa
no Direito Internacional e como ela pode ser interpretada e aplicada em relação ao Direito
Internacional propriamente dito.

II. É importante compreender o conceito de equidade no contexto do Direito Internacional e


esclarece alguns pontos-chave:

1. Definição de Equidade:

- A equidade é comumente compreendida como a "justiça do caso concreto".

- Significa que os casos são resolvidos com base em critérios desenvolvidos pelo próprio
aplicador da lei, ajustando a decisão às características específicas de cada situação.
2. Referência no Artigo 38º do ETIJ:

- O artigo 38º do Estatuto da Corte Internacional de Justiça (ETIJ) menciona a possibilidade de


decisões ex aequo et bono. Isso implica que, diante de um caso concreto, o juiz não está restrito
a aplicar orientações normativas predefinidas, mas deve procurar um critério que melhor sirva
aos interesses em conflito no caso.

3. Natureza da Equidade:

- A equidade não se enquadra como uma fonte de Direito no sentido tradicional, pois não cria
critérios materiais de decisão normativos.

- Em vez disso, a equidade é um critério que é moldado pelo julgador com base no caso
específico, refletindo seu senso subjetivo de justiça.

- Isso significa que a equidade não fornece orientações normativas gerais aplicáveis a casos
futuros.

4. Equidade não é Arbitrariedade:

- Embora a equidade permita uma abordagem flexível para lidar com casos individuais, não
implica arbitrariedade.

- O julgamento com base na equidade busca ajustar o critério de decisão de acordo com as
peculiaridades do caso, resultando em decisões mais refinadas.

- No entanto, a possibilidade de decisões baseadas na equidade pode criar insegurança, já que


o critério de decisão é construído de acordo com o julgador, mesmo que seja guiado por um
senso comum de justiça.

Em resumo, a equidade é uma abordagem que procura aplicar a justiça de forma flexível e
adaptável aos casos individuais, mas não se encaixa na categoria de fonte normativa de Direito
Internacional devido à sua natureza subjetiva e à falta de orientações normativas gerais.

III. Condições necessárias para a utilização da equidade como esquema de decisão no âmbito do
Direito Internacional:

1. Acordo das Partes:

- Uma das condições fundamentais para a aplicação da equidade é o acordo das partes
envolvidas no litígio internacional.

- Esse acordo pode ser expresso ad hoc, ou seja, manifestado especificamente para o caso em
questão.

- Também pode ser estabelecido antecipadamente em uma convenção ou tratado


internacional que preveja que os litígios decorrentes de sua aplicação serão resolvidos com base
na equidade.

2. Disponibilidade das Normas Internacionais:


- Para que a equidade funcione, as normas internacionais que seriam normalmente aplicáveis
na resolução do litígio devem ser normas não imperativas, ou seja, normas das quais as partes
podem voluntariamente afastar-se.

- A equidade não pode ser usada para substituir normas internacionais imperativas que são
obrigatórias e não podem ser contornadas pela vontade das partes.

Estas duas condições são cruciais para determinar se a equidade pode ser aplicada como critério
de decisão em um caso específico de Direito Internacional. Sem o acordo das partes e a
disponibilidade das normas internacionais em questão, a aplicação da equidade pode não ser
viável.

IV.

A equidade pode ser utilizada como critério de decisão no Direito Internacional não apenas com
base na vontade das partes, como previsto no Estatuto do Tribunal Internacional de Justiça (ETIJ),
mas também por outras fontes internacionais. Isso pode ocorrer de duas maneiras principais:

✓ Por Força de Norma Costumeira:

- Em algumas áreas do Direito Internacional, como o Direito do Mar, a equidade pode ser
estabelecida como um critério válido de decisão por meio de normas costumeiras.

- Isto significa que a equidade é reconhecida como uma alternativa legítima para a resolução
de questões específicas, mesmo na ausência de um acordo específico das partes. No exemplo
citado, a delimitação dos espaços marítimos pode ser feita com recurso à equidade com base
em normas costumeiras.

✓ Por Força de Norma Convencional:

- Em alguns tratados ou convenções internacionais, as partes podem estipular que a equidade


será usada como critério de decisão em casos específicos ou em determinadas circunstâncias.

- Isto significa que as partes, ao celebrar um tratado, podem concordar previamente em


permitir que a equidade desempenhe um papel na resolução de disputas que surjam em relação
a esse tratado.

Em ambos os casos, a equidade é reconhecida como um método válido para a resolução de


disputas internacionais, e sua aplicação não depende apenas da vontade das partes envolvidas
no litígio, mas também pode ser fundamentada em fontes normativas, como normas
costumeiras ou convencionais do Direito Internacional.
V. São destacadas as três principais funções que a equidade pode desempenhar na resolução
de litígios internacionais:

1. Suavizar o Direito Internacional (Equidade Secundum Legem): Esta função envolve a


adaptação do Direito Internacional aplicável às circunstâncias específicas de cada caso, sem
afastar completamente o Direito existente. Isso permite uma flexibilidade na aplicação das
normas e princípios internacionais, de modo a acomodar as peculiaridades de cada situação.

2. Completar o Direito Internacional (Equidade Praeter Legem): A equidade pode ser usada de
forma subsidiária para preencher lacunas ou aplicar critérios formais de decisão que não estejam
claramente definidos nas fontes normativas existentes. Isso ocorre quando as normas existentes
não abordam adequadamente uma determinada situação, e a equidade é usada para suprir essa
lacuna.

3. Substituir o Direito Internacional (Equidade Contra Legem): Esta função é a mais controversa,
pois envolve a substituição completa do Direito Internacional estrito por critérios de decisão
baseados na equidade. No entanto, essa substituição só pode ocorrer quando as partes
envolvidas em uma disputa internacional concordam expressamente com essa abordagem. A
equidade contra legem é permitida pelo Estatuto do Tribunal Internacional de Justiça (ETIJ)
quando as partes estão de acordo, e o Direito Internacional que está sendo afastado é de
natureza dispositiva, ou seja, não é imperativo.

A terceira função, equidade contra legem, é a mais controversa, pois implica a renúncia ao
Direito Internacional estrito em nome de uma orientação concreta e individual desejada pelas
partes envolvidas. No entanto, desde que haja acordo mútuo das partes e o Direito Internacional
afastado seja dispositivo (não imperativo), essa função é aceitável de acordo com o
entendimento apresentado.

É importante ressaltar que a equidade, quando aplicada de acordo com as condições


estabelecidas, pode desempenhar um papel importante na resolução de disputas internacionais,
proporcionando flexibilidade e adaptabilidade ao Direito Internacional em diferentes contextos.

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