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Praticas corporais alternativas

O homem moderno é caracterizado por uma vida carregada de intensos afazeres, que os
impede de reservar um tempo para si mesmo. Somam-se a isso, doenças e transtornos que
podem surgir como consequências desse estilo de vida agitado, como estresse intenso,
transtornos, enxaqueca, asma, depressão, entre outros. Nesse sentido, a promessa de um tipo
de atividade física que trabalhasse tanto o corpo como a mente se mostrou perfeita para que
pudesse cuidar do seu corpo e da sua mente.

O termo alternativo é resultante do movimento da contracultura, ocorrido na década de 60, e


refere-se a uma maneira de pensar e agir fora dos padrões da modernidade ocidental,
contrapondo-se ao modelo hegemônico das práticas corporais baseadas no esforço, atividade e
rendimento máximo. A cultura alternativa buscou no Oriente soluções para as consequências
do processo civilizador, expressando a reconciliação corpo/mente, defendendo, ainda, outros
arranjos sociais e relações entre homem/natureza.

Segundo Matthiesen (1999) o termo alternativo se refere às maneiras de agir, sentir e pensar,
longe dos padrões da modernidade, expressando um conjunto de valores e práticas visando
solucionar os custos materiais e imateriais (prejuízos) gerados pela mesma.

Também entende a perspectiva alternativa como uma opção às ações desenvolvidas pela
Educação Física, se contrapondo ao modelo já existente. Portanto, alternativo significa uma
saída do comum, um rompimento com padrões, outro modo de agir, uma visão diferente da
atual, ir além do que é corriqueiro.

O que são práticas corporais alternativas

As Práticas Corporais Alternativas (PCAs) mostram a possibilidade de desenvolver atividades


que enfatizem a sensibilidade, bem-estar e criatividade, possibilitando ao homem resgatar a
sua corporeidade como ser integral, acenando para uma visão de complementaridade entre o
indivíduo e a natureza.

Existem diversas maneiras para trabalhar o corpo. Naturalmente, nós temos mais contato com
os métodos mais tradicionais, como musculação, corrida, danças e lutas, por exemplo. Mas
existem, também, as práticas corporais alternativas, que estimulam o corpo a partir de outra
perspectiva.

A diferença das práticas alternativas para as tradicionais é a importância dada a união entre
corpo e mente, estimulando ambas com foco na respiração.

Essa junção corpo e mente oferece às práticas corporais um caráter holístico (totalidade/
derivada do grego “holo” e que pode significar completo, inteiro) muito forte. Isso porque,
diferente da medicina ocidental tradicional, baseada em dividir o conhecimento em
especializações, esses métodos terapêuticos surgiram no oriente, onde costumava-se trabalhar
e interpretar o organismo como um todo.

Quando surgiram esses métodos

No geral, surgiram na China, Japão ou Índia e algumas delas têm mais de 5.000 anos. Outras
são mais recentes ou foram reformuladas, como é o caso do pilates ou a eletroacupuntura.
Todas as práticas corporais alternativas apresentam um ponto em comum: o controle da
respiração. Entende-se que é por meio do controle respiratório que o homem é capaz de
atingir os estados meditativos de consciência.

A abordagem integral e a preocupação muito particular com a respiração, consciência e mente,


trouxeram muitas novidades para a perspectiva ocidental sobre saúde. Para ter uma ideia,
muitas dessas práticas estão sendo testadas e modificadas para atuarem como tratamentos
alternativos para a depressão.

Quem já experienciou o pilates, a ioga ou qualquer tipo de meditação, sabe que a chave para
uma prática completa é unir os movimentos corporais a ritmos respiratórios lentos e
ordenados. Esse é um elemento tão fundamental que o antropólogo Marcel Mauss, em seu
artigo “As técnicas do corpo” assume a possibilidade de que essas práticas corporais, de outras
culturas, permitiriam ao homem a alterar seu estado de consciência, o que ele chama de
“entrar em contato com Deus”. Em suas palavras:"

1) combinam os conhecimentos oficiais da área da saúde física e mental com conhecimentos


oriundos de tradições antigas da China, Japão e Índia;
2) valorizam o arcaico com expressões como civilizações antigas, na origem da humanidade há
três mil anos, etc.;
3) resgatam atributos do universo sagrado como ritos, símbolos, mitos e a dimensão espiritual;
4) propõem uma visão unitária e global que integre corpos e mentes, homem e natureza, físico e
psicológico, denominada também de holística;
5) sustentam uma autonomia do indivíduo, através da valorização de capacidades regeneradoras
e autoreguladoras do ser humano;
6) despertam a atenção para os elementos naturais como a água, a terra, o sol, o fogo, etc. Esses
conjuntos de características -- a forte importância do sagrado, da tradição, da experiência
pessoal e conhecimento prático, aliados a uma cosmovisão integradora -- comuns à cultura
corporal alternativa, indicam atributos pré-modernos (TEXTO 3, 1999, p. 8).

Especificamente sobre as PCA, Impolcetto e col. (2013) afirmam que se contrapõem, por
princípios e definição, ao conteúdo das práticas “tradicionalizadas” que buscam e promovem
valores como a competição e a comparação de desempenhos em detrimento de outros valores
relacionados com a busca pela subjetividade, autoconhecimento, sensibilização,
expressividade, criatividade, cooperação, respeito mútuo; e repudiam a simples manutenção
da forma física e preocupação estética tão presentes atualmente entre as pessoas.

Reforçam ainda, que as PCA “[...] são práticas que proporcionam ao indivíduo vivenciar seu
próprio corpo com autonomia, responsabilidade e liberdade” (p. 270) e se caracterizam como
alternativas porque possuem objetivos que as práticas “tradicionalizadas” não proporcionam,
como sensibilização e autoconhecimento, e por se diferenciarem de outros trabalhos de
abordagem corporal, no sentido de valorizar o corpo como uma unidade harmoniosa,
respeitando seus conflitos e diferenças.

As PCA podem favorecer o desenvolvimento da consciência corporal dos indivíduos, e


evidencia uma “quebra de barreiras”, apontando a importância de se desfazer os
“preconceitos” com relação ao semelhante.
Além dessas possibilidades de vivências, as PCA proporcionam a reflexão sobre valores como a
cidadania, a paz, a cooperação, a inclusão, a confiança, a responsabilidade, entre outros,
incorporando atitudes que transitam na esfera do respeito, da ação compartilhada, da
construção coletiva das práticas, do entendimento das diferenças entre as pessoas,
possibilitando a construção de um pensamento crítico perante as relações e condutas humanas
na vida em sociedade.

Estando diretamente ligada às ações do corpo, o desenvolvimento das PCA na escola pode
possibilitar que os(as) envolvidos(as) no processo educativo aprendam a respeitar e conviver
com as diferenças, valorizando a convivência entre as pessoas através de ações educativas
geradoras de reflexões. Com isso, uma proposta de intervenção na escola, deve buscar
favorecer uma visão diferenciada do que é comumente desenvolvido e o contato com
experiências possivelmente ainda não vivenciadas, se pautando nas características das PCA.
Assim sendo, é possível, inclusive, que os conteúdos “tradicionalizados”, trabalhados na
Educação Física Escolar, incorporem princípios e valores mais humanizados. Nesse sentido,
entendendo que as Práticas Corporais Alternativas estão bastante atreladas ao constante
contato pessoal, ao reconhecimento corporal, à realização de movimentos com
intencionalidade, acreditamos que ações pautadas em suas características, podem
proporcionar algumas discussões sobre temas, tais como, padrões de beleza e atitudes
estipulados pelos meios de comunicação em massa.

Quais as principais terapias alternativas

Como foram criadas há milênios, existem muitas opções, que podem ser aplicadas em conjunto
para fins diferentes.

Apesar de todas terem um quê de meditação, vale mencionar que a meditação por si só já se
configura como uma prática alternativa. Além de ser muito estimulante, existem métodos
diferentes para fazê-la.

Seguindo nessa linha, temos o yoga e o tai-chi-chuan, que oferecem a mesma atenção para as
emoções e os pensamentos internos, mas adicionando mais movimentos e posturas.

Muito confundido com o yoga, há também o pilates, uma atividade voltada para o
fortalecimento e controle de diferentes grupos musculares.

Com raízes ainda mais fortes na terapia e no lado espiritual, há ainda outras possibilidades: o
reiki, técnica baseada na transferência de energia;

a acupuntura, que consiste na inserção de agulhas em pontos específicos da pele;

e a massagem shiatsu, que significa literalmente “pressão com os dedos”.

O ponto principal que une todas essas práticas corporais tão diferentes é, novamente, ter um
foco no corpo ao mesmo tempo em que há um cuidado com a mente. Para a sociedade atual,
que carece de tempo, é muito precioso poder cuidar de ambos ao mesmo tempo.

Conhecendo a meditação
Dentre as práticas milenares, a meditação é uma das mais antigas e difundidas atualmente.
Uma grande vantagem é a sua versatilidade: você pode meditar em casa ou em lugares
específicos, sozinho ou acompanhado, com alguém guiando ou não.

Meditar é, basicamente, se voltar para si mesmo e focar no aqui e agora. É justamente a


subjetividade dessa prática que permite a existência de tantas possibilidades de onde ou como
meditar.

Além disso, a meditação tem diversos benefícios comprovados:

• aumento na capacidade de concentração;

• diminuição do cortisol (hormônio do estresse);

• fortalecimento do sistema imunológico;

• melhora na memória e inteligência;

Com tantos benefícios, não é surpresa saber que essa prática corporal tem sido muito estudada
como tratamento alternativo para depressão e outros transtornos mentais. E, para quem tem
uma rotina estressante, a meditação é um dos caminhos para o bem-estar.

Justamente por ser um exercício tão livre, existem vários tipos de meditação. A lógica não é
sobre qual é melhor ou pior, mas qual combina mais com seus objetivos atuais. É interessante
conhecer os diferentes modelos para escolher o mais adequado para você.

Diferenças e benefícios de pilates e yoga

É comum que muitas pessoas se confundam quando o assunto é pilates e yoga, pois ambas são
alternativas para o alívio de dores e ganhar qualidade de vida.

O pilates, diferentemente da maioria das outras práticas corporais alternativas, surgiu durante
a Segunda Guerra Mundial. O médico Joseph Pilates desenvolveu o método que recebeu o seu
nome com o objetivo de auxiliar na recuperação de soldados feridos.

Essa prática, muito voltada para o fortalecimento dos músculos, trabalha também com a
respiração. Assim, o pilates é muito procurado como tratamento para dores físicas e questões
posturais.

Alguns dos benefícios são:

• flexibilidade;

• postura;

• fortalecimento de grupos musculares;

• alívio de dores;

• alívio da ansiedade e do estresse;

• condicionamento físico.
O yoga, por outro lado, é uma disciplina espiritual que surgiu na Índia há 5.000 anos. A prática
estimula tanto o corpo, por meio de posturas e movimentos, quanto a mente, por meio da
respiração e atenção ao fluxo de pensamentos.

Assim, o yoga é baseado em pilares emocionais, mentais e espirituais. Essa prática oferece
várias filosofias, um estilo de vida junto e o aprimoramento físico.

Seus principais benefícios são:

• melhoria na qualidade de vida;

• melhoria do equilíbrio;

• aprimoramento da postura;

• controle emocional;

• autoconhecimento.

Entendendo a relação entre acupuntura, reiki e shiatsu

Essas três técnicas são bem diferentes, mas é muito comum serem aplicadas em conjunto para
melhorar ainda mais o processo terapêutico. Cada uma à sua maneira, elas podem trazer
diversos benefícios para a saúde mental, física e bem-estar no geral.

A acupuntura

A acupuntura, técnica criada na China há aproximadamente cinco milênios, baseia-se no


conceito de que o corpo humano é constituído de fluxos de energia que devem fluir
corretamente. Quando são desregulados, podem causar mal-estar.

A maneira de regular a energia vital que corre pelo corpo é com a aplicação de agulhas finas
em diferentes lugares do organismo. Essas agulhas criam pressão e, por isso, auxiliam a
diminuir o cansaço, as dores no corpo e, é claro, o estresse.

A técnica é tão rica que são vários os tipos de acupuntura. A auriculoterapia consiste na
aplicação de agulhas ou sementes de mostarda na orelha dos pacientes. Há também
eletroacupuntura, que funciona a partir da aplicação de impulsos elétricos em diferentes
partes do corpo.

O reiki

O reiki, por sua vez, nasceu no Japão e não é uma técnica milenar: diferentemente do que
muitas pessoas pensam, surgiu no século passado!

Essa terapia oriental acontece por meio da imposição das mãos do terapeuta sobre o paciente,
transmitindo energia e equilibrando o corpo. Parte do processo sugere que o paciente se
concentre em alguns princípios específicos, como gratidão e amabilidade, por exemplo.

Essa técnica, assim como a acupuntura, promove o aumento no bem-estar e é muito procurada
para a diminuição de dores, insônia, ansiedade e até hipertensão.

o shiatsu
Por fim, o shiatsu é uma massagem chinesa que também busca regular o fluxo de energia no
organismo humano. A pressão em pontos específicos do corpo com os óleos essenciais
promove o relaxamento muscular e mental.

A técnica é muito similar à acupuntura, mas realizada de outra maneira. Mesmo assim, os
benefícios são os mesmos: alívio de dores, aumento no bem-estar, melhora na postura e no
equilíbrio, entre outros.

Essas três técnicas, por terem princípios e benefícios similares, podem ser realizadas em
conjunto, potencializando os resultados.

Atividades alternativas: exemplos


Na sequência são apresentados três exemplos de aulas, ministradas pelo primeiro autor deste trabalho, utilizando princípios
dasPráticas Corporais Alternativas. As três aulas foram realizadas com estudantes do 3º ano do Ensino Médio de uma Escola
Estadual dointerior do estado de São Paulo, nos meses de abril e maio de 2013.
Travessia de lugares
Inicialmente, ressaltei que a proposta da aula seria a de realizar atividades com uma perspectiva alternativa, mas
quevivenciaríamos uma atividade que possivelmente não conheciam. Então, propus que todos se posicionassem em colunas
emum dos degraus da arquibancada. Em seguida, sinalizei que a posposta seria de atravessarem o espaço (coluna) que
os(as)estudantes formaram. Relacionei essa proposta com a realidade que alguns(umas) alunos(as) enfrentam para irem
àescola, que consiste em passar em baixo de uma ponte.
Com isso, disse que uma das alunas gostaria de ir até sua casa e, para isso, deveria atravessar a ponte. Depois afirmeique uma
de suas amigas gostaria de acompanhá-la; depois, que outras duas também iriam. Assim a atividade continuouaté que
todos(as) passassem, mas de forma alternada, atravessando em duplas, em trios e quartetos.
Foi preciso ressaltar que a intenção seria de que os(as) discentes auxiliassem na travessia e não atrapalhassem, comoalguns
estavam fazendo. Foi discutida, brevemente, essa questão de que devemos auxiliar e não atrapalhar as pessoas.
Em seguida, ainda com a perspectiva de atravessar a ponte, mas fora da arquibancada, imaginamos que a mesmaestaria
alagada e que era preciso que o máximo de alunos(as) atravessasse o espaço (da ponte, demarcado na quadra) emtrês
colchonetes. Os alunos construíram suas próprias estratégias e, em duas etapas (primeiro um grupo, depois outro),alcançaram
o objetivo.
Em seguida foi dada uma folha de papel para cada estudante e pedido que os(as) mesmos(as) se posicionassem emcima do papel.
Imaginamos que muitas pessoas estariam atravessando a ponte e a mesma estaria ficando congestionada,então, era preciso nos organizar,
por ordem de data de nascimento, para que pudéssemos atravessar. A proposta deorganização consistia em, estando em círculo, os(as)
alunos(as) se movimentarem até seu respectivo lugar de acordo comsua data de nascimento. Para isso, eles(as) deveriam, um por vez,
chegar ao seu lugar, colocando o pé nos papéis dasoutras pessoas. Como regra, não poderia haver mais de três pés em cada papel.

“João Balança” e massagem coletiva


No início da aula ressaltei que continuaríamos com o projeto e com a proposta de vivenciar atividades diversificadas
comcaracterísticas alternativas. Então, ressaltei que as vivências do dia necessitariam de confiança entre os(as) estudantes.
Curiosos(as) sobre o que precisariam fazer propus que os(as) discentes se dividissem em duplas e ressaltei que
um(a)integrante da dupla deveria estar com olhos fechados. Então, delimitei um espaço e pedi que andassem aleatoriamente
porele e que os(as) alunos(as) que estavam com os olhos abertos guiassem o(a) amigo(a) de olhos fechados por esse
espaço,sem deixar que o(a) mesmo(a) esbarrasse nos(as) outros(as) discentes. Propus que invertessem os papéis.
Em seguida, pedi que os(as) alunos(as) se organizassem em quartetos e que um deles precisaria estar no centro de umcírculo
formado por cada quarteto. Então, ressaltando que a atividade novamente necessitaria da confiança e da amizadeentre os(as)
estudantes(as), propus que o(a) estudante do centro fechasse os olhos e, sem mexer as pernas, deixasse seucorpo cair em
direção aos braços de um(a) dos(as) amigos(as). A função dos(as) integrantes do quarteto era de não deixara pessoa do centro
cair no chão. Foi proposto que todos(as) os(as) estudantes experimentassem as duas funções, a desegurar e a deixar o corpo
cair. Ao final dessa vivência discutimos sobre como foi ter que confiar no(a) amigo(a) pararealizar as atividades.
Em seguida, com os(as) alunos(as) posicionados(as) em um único círculo e divididos(as) em duplas, foi entregue umabola
pequena para cada dupla e perguntado o que seria possível realizar com a bola. Então, uma aluna, sem falar nada,colocou a
bola na cabeça de sua amiga. Com isso, pedi para que todos(as) vissem a proposição da aluna e que todos(as)vivenciassem
essa proposta. Então, pedi que os(as) discentes manipulassem a bola pelo corpo do(a) amigo(a). Foi propostaa inversão das
funções, a mudança de duplas e a manuseio da bola em partes do corpo que ainda não haviam sidotocadas.
Após essa experiência, sugeri que ficássemos em círculos e sentados de costas uns(umas) para os(as) outros(as) emuma
espécie de ‘trenzinho’. Então, foi proposta uma massagem coletiva, inicialmente só com a ponta dos dedos (na cabeça,nos
braços e nas costas do(a) companheiro(a) a frente), depois com as palmas e laterais das mãos, e, em seguida, com oscotovelos
e antebraços. Pedi também que tentassem alcançar lugares que ainda não tinha sido massageado. Depois foiproposto que
todos(as) invertessem o lado que estavam sentados e, consequentemente, a pessoa que faria e recebia amassagem.
Após essa vivência, a aula foi encerrada com uma rápida discussão sobre as impressões que os(as) discentes tiveramsobre a atividade.
Ponte humana
Proposição de que os(as) alunos(as) se posicionassem a uma boa distância atrás de duas cordas que foram
colocadashorizontalmente no chão tendo uma pequena distância entre elas. Foi pedido que os(as) estudantes tentassem
ultrapassara distância das cordas da maneira que conseguirem. Foi feita uma contextualização com a região que os(as)
discentesvivem, simulando a possível transposição de um riacho que passa pelo local.
Após todos(as) terem ultrapassado o obstáculo, a distância entre as cordas aumentaram, solicitando, mais uma vez, queos(as)
alunos(as) tentassem superar o obstáculo, que foi nomeado como “ribeirão”. Depois disso, a distância aumentouainda mais,
ficando muito difícil de os(as) estudantes conseguirem atravessar o, agora, “rio”, já que a proposta era de quenão colocassem
os pés na “água” (espaço entre uma corda e outra).
Com a maioria dos(as) discentes não conseguiu ultrapassar a distância com um único salto, foi proposto que tentassemfazê-lo
em duplas. Visto que ainda não era possível, o espaço foi diminuído propondo que os(as) alunos(as) tentassemnovamente
atravessar em duplas, depois em quartetos, octetos até formar um único grupo, em que a proposta era de quetodos(as)
alcançassem o mesmo objetivo, ao mesmo tempo.
Depois disso, foram colocados colchonetes em todo o espaço entre as cordas, simulando a água do rio. Foi proposto queos(as)
estudantes imaginassem que ali havia monstros que gostavam de pés e, por isso, deveriam encontrar um modo depassar para
a outra margem sem encostar os pés na água. Isso fez com que os(as) discentes rolassem, engatinhassem,ajoelhassem,
passassem apoiados pelos cotovelos, enfim, proporcionou que os(as) estudantes criassem suas próprias
formas de realizações de movimentos para alcançar o objetivo proposto. A mesma tarefa foi proposta para os(as)alunos(as) em
duplas e em quartetos.
Após isso, foi imaginado que os monstros não poderiam alcançar dois pares de pés ao mesmo tempo, então,
os(as)adolescentes deveriam encontrar estratégias para chegarem à outra margem, estando em duplas, podendo ter apenas
doispés na “água”. Isso fez com os(as) alunos(as) se pendurassem uns(umas) nos(as) outros(as), se carregassem,
seabraçassem, enfim, criaram estratégias que exigiam bastante contato corporal. Sem que tenha sido proposto por mim,os(as)
estudantes procuraram trocar as duplas para realizar as atividades desenvolvidas.
Em seguida, perguntei aos(às) alunos(as) se conseguiam enxergar outras formas para realizarmos essa passagem de umlado a
outro da margem. Várias sugestões foram propostas. Vivenciamos a de que alguns(umas) alunos(as) deveriam deitarno espaço
entre as cordas, servindo como ponte para outros(as) passarem por cima. Estes(as) alunos(as) passavampisando, ajoelhados e
até rolando sobre os(as) outros(as). Foi proposto que todos(as) devessem chegar até o outro lado damargem.
Depois disso, refletimos sobre como havia sido a atividade e quais foram as sensações de quem pisava e de quem estavasendo
pisado. Após essa discussão, foi proposta a realização da ponte humana, em que os meninos se posicionaramdeitados, com as
costas no chão e com os braços estendidos para o alto. A proposta era de que carregar os(as) outros(as)discentes, que iriam
deitar sobre as mãos dos integrantes que formavam a ponte. Foi sinalizado que todos(as) devessemrealizar a passagem,
inclusive os que eram a ponte.
Nova reflexão foi realizada buscando perceber quais foram as sensações de quem carregou e de quem foi carregado(a).Emergiram
discussões sobre machismo, sobre preconceito, confiança e respeito.

RONDINELLI, Paula. "Práticas corporais alternativas: trabalhando o corpo e a mente."; Brasil


Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/educacao-fisica/praticas-corporais-
alternativas-trabalhando-corpo-.htm. Acesso em 10 de outubro de 2023.

Práticas corporais alternativas: entenda como exercitar corpo e mente. Disponível em:
<https://www.omint.com.br/blog/praticas-corporais-alternativas/>.

RIBEIRO, L; ET AL. As práticas corporais alternativas e a educação física: uma revisão


sistemática. Motrivivência, (Florianópolis), v. 31, n. 57, p. 01-20, janeiro/março, 2019.
Universidade Federal de Santa Catarina. ISSN 2175-8042. DOI: https://doi.org/10.5007/2175-
8042.2019e54167

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