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FACULDADES BATISTA DO PARANÁ

Eliseu Ramos da Rocha

FORMAÇÃO CONTINUADA DE LÍDERES: PARA PEQUENAS E MÉDIAS IGREJA

Curitiba – PR
2023
Eliseu Ramos da Rocha

FORMAÇÃO CONTINUADA DE LÍDERES: PARA PEQUENAS E MÉDIAS IGREJA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Curso de Bacharelado em Teologia pela
Faculdades Batista do Paraná, como requisito para
a obtenção do título de Bacharel em Teologia.

Orientador: Prof. Esp. Paulo Roberto Araújo

Curitiba – PR
2023
SUMÁRIO
RESUMO .....................................................................................................................3
ABSTRACT................................................................................................................ 4
1. FORMAÇÃO CONTINUADA DE LÍDERES: PEQUENAS E MÉDIAS
IGREJA ..................................................................................................................... 5
1.1 Conceito Geral de Liderança ........................................................... 7
1.2 Conceito bíblico de liderança.......................................................... 9
1.3 Os princípios da liderança de Jesus Cristo e o apóstolo Paulo 11
2 FORMAÇÃO DE LÍDERES: PROPOSTAS DE AVALIAÇÃO ETÁRIA E
CAMINHOS PARA FORMAÇÃO ............................................................................. 14
2.1 A idade certa para formar líderes e como fazer........................... 15
2.2 O tema de lideranças no currículo educacional da igreja........... 18
2.3 Metodologia a se usar na formação de líderes ............................ 20
3 GERANDO LÍDERES PARA O AMANHÃ: ESTRATÉGIAS PARA ASSEGURAR A
CONTINUIDADE DA LIDERANÇA NAS PEQUENAS E MÉDIAS IGREJAS ......... 25
3.1 Principais técnicas de liderança para o sucesso da gestão
eclesiástica. .............................................................................................................28
3.2 Aumentando e eficiência com mais técnicas de lideranças....... 29
3.3 Como podemos assegurar e ininterrupta formação de líderes.. 36
3.4 De quem é a responsabilidade em garantir a constante formação
de líderes. ...............................................................................................................40
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 43
REFERÊNCIAS........................................................................................................ 45
RESUMO

A falta de líderes nas pequenas e médias igrejas tem sido uma preocupação
crescente, devido às consequências negativas da saída repentina de líderes ativos.
Para enfrentar esse desafio, é essencial estabelecer um processo contínuo de
formação de líderes, a fim de prevenir possíveis lacunas e manter uma estrutura de
liderança estável. O objetivo deste estudo é encontrar metodologias e ferramentas
que auxiliem nesse processo, minimizando a escassez de líderes e promovendo o
crescimento constante da igreja. A pesquisa adotará o Método Hipotético Dedutivo,
havendo necessidade, poderá ser complementado pelos métodos de procedimentos
técnicos comparativo, estatístico e histórico. Além da Teologia, serão considerados
conhecimentos de outras disciplinas, na medida em que se fizer necessário. O
resultado esperado desse estudo é o fortalecimento das pequenas e médias igrejas
por meio da geração contínua de líderes. A formação adequada dos líderes permitirá
que eles enfrentem os desafios inerentes às suas funções, contribuindo para a
melhoria do relacionamento na igreja, a resolução de conflitos e a promoção de um
ambiente acolhedor e participativo. A formação contínua também capacitará os líderes
a identificar e solucionar problemas que surjam na igreja. Os benefícios dessa geração
contínua de líderes incluirão a melhoria da qualidade dos relacionamentos na igreja,
a capacidade de resolver conflitos e o aprimoramento das habilidades de liderança e
gestão. Esses fatores estimularão o engajamento e a participação dos membros,
aumentando a frequência de participação e a inclusão de novos membros.

Palavras Chaves: Formação de líderes. Escassez de líderes. Fortalecimento das


igrejas. Relacionamento e engajamento.
ABSTRACT

The lack of leaders in small and medium-sized churches has been a growing
concern due to the negative consequences of the sudden departure of active leaders.
To address this challenge, it is essential to establish a continuous process of
leadership development to prevent potential gaps and maintain a stable leadership
structure. The objective of this study is to identify methodologies and tools that assist
in this process, minimizing the shortage of leaders and promoting the ongoing growth
of the church. The research will adopt the Hypothetico-Deductive Method and may be
supplemented by comparative, statistical, and historical procedures as needed. In
addition to Theology, knowledge from other disciplines will be considered as
necessary. The expected outcome of this study is to strengthen small and medium-
sized churches through the continuous generation of leaders. Proper leadership
development will enable them to face the inherent challenges in their roles, contributing
to the improvement of relationships within the church, conflict resolution, and the
promotion of a welcoming and participatory environment. Continuous development will
also empower leaders to identify and address issues that arise within the church. The
benefits of this ongoing generation of leaders will include improved quality of
relationships within the church, conflict resolution capabilities, and enhanced
leadership and management skills. These factors will encourage engagement and
participation among members, leading to increased attendance and the inclusion of
new members.

Keywords: Leaders in churches. Leadership development. Shortage of leaders.


Strengthening of churches. Relationships and engagement.
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1. FORMAÇÃO CONTINUADA DE LÍDERES: PEQUENAS E MÉDIAS


IGREJA

A liderança é um assunto complexo porque envolve pessoas, suas


personalidades, valores, crenças e experiências. Cada indivíduo possui uma forma
única de enxergar a liderança, o que pode dificultar a aplicação de conceitos e
princípios gerais. Além disso, a religiosidade de cada um também influência a maneira
como se entende e exerce a liderança, especialmente em organizações religiosas.
Por isso, é importante ter uma definição clara de liderança que seja abrangente
o suficiente para englobar as diferentes perspectivas, mas também específica o
bastante para ser aplicável. É interessante observar como os conceitos bíblicos de
liderança são relevantes e úteis para líderes de diferentes contextos, inclusive aqueles
que não possuem uma formação religiosa.
A análise dos princípios de liderança aplicados por Jesus Cristo e pelo Apóstolo
Paulo pode fornecer percepções valiosas sobre como liderar de maneira eficaz e com
propósito, independentemente do contexto ou religião. O estudo desses princípios
pode ajudar a desenvolver líderes mais conscientes, comprometidos e capazes de
inspirar e guiar as pessoas para alcançar seus objetivos.
De acordo com Maxwell (2011), ele expressa a seguinte perspectiva sobre
responsabilidade: ‘Se algo não sair bem, o responsável sou eu. Se algo sair quase
bem, nós somos os responsáveis. Se algo sair realmente bem, eles são os
responsáveis”.
Essa citação de Maxwell nos leva a refletir sobre a liderança e o papel dos
influenciadores atualmente. Parece haver um número significativo de pessoas que
almejam assumir a liderança e se autointitulam influenciadores. No entanto, muitas
delas parecem interessadas apenas em serem responsáveis pelos resultados
positivos, evitando assumir qualquer responsabilidade pelos resultados negativos que
possam surgir como resultado de sua liderança.
Além disso, é fundamental ressaltar a importância que um líder deve atribuir à
responsabilidade em relação aos seus liderados. Um líder eficaz não só deve assumir
a responsabilidade pelos resultados alcançados, sejam eles positivos ou negativos,
mas também deve compreender a importância de cada um desses resultados. No
caso dos resultados positivos, o líder deve valorizar o que foi feito de forma eficaz,
reconhecendo as contribuições individuais e coletivas. No entanto, nos resultados
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negativos, em vez de buscar culpados, um líder verdadeiramente influente procura


estudar a situação, analisar as causas e identificar maneiras de melhorar e evitar que
isso ocorra novamente no futuro. Assumir a responsabilidade integral pelos resultados
e aprender com os desafios é uma marca de um líder que busca crescimento contínuo
e desenvolvimento tanto para si mesmo quanto para sua equipe. (MAXWELL, 2011,
p. 72).
Todos os grandes líderes — os que realmente têm sucesso e que fazem parte
do grupo de 1% dos principais líderes — têm uma coisa em comum: sabem que
conseguir e manter boas pessoas é a tarefa mais importante de um líder. Uma
organização não pode aumentar sua produtividade — mas as pessoas podem! O
único bem que realmente tem valor dentro de qualquer organização são as pessoas.
Sistemas ficam obsoletos. Prédios deterioram-se. Máquinas desgastam-se. Mas as
pessoas podem crescer, desenvolver-se e tornar-se mais eficientes se tiverem um
líder que compreenda seu valor potencial. (MAXWELL, 2011, p.72)
De fato, a liderança implica em assumir responsabilidades e aceitar os
resultados, sejam eles bons ou ruins. Muitas pessoas desejam ser líderes e
influenciadores, mas poucas estão dispostas a assumir a responsabilidade por seus
atos e pelos resultados de suas ações. É importante que os líderes compreendam que
liderar não é apenas sobre tomar decisões e obter resultados, mas também sobre
cuidar das pessoas e se responsabilizar pelos efeitos de suas escolhas sobre a
equipe.
A afirmação de Maxwell (2011) de que “se algo não sair bem, o responsável
sou eu” demonstra que a liderança é uma questão de responsabilidade, de estar
disposto a assumir os riscos e as consequências de suas decisões e ações. Um líder
deve conseguir reconhecer suas falhas e aprender com elas, a fim de melhorar sua
liderança e buscar resultados cada vez melhores. Isso é essencial para a construção
de uma equipe forte e coesa, capaz de enfrentar os desafios e alcançar os objetivos
estabelecidos.
Além disso, a liderança também envolve trabalhar com o bem maior, as
pessoas. Os líderes devem estar atentos às necessidades de sua equipe e trabalhar
para promover um ambiente de trabalho positivo e saudável. Eles devem se preocupar
com o bem-estar e o desenvolvimento de seus liderados, ajudando-os a crescer e a
alcançar seu potencial máximo. Isso é essencial para criar uma cultura de confiança
e engajamento, onde todos possam trabalhar juntos em busca de um objetivo comum.
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Portanto, é importante que os líderes entendam que a liderança não é apenas


sobre assumir o crédito pelos resultados positivos, mas também sobre assumir a
responsabilidade pelos resultados negativos. É sobre trabalhar com as pessoas,
cuidar delas e ajudá-las a crescer e a desenvolver-se. Quando os líderes conseguem
fazer isso, eles criam uma equipe forte e coesa, capaz de enfrentar qualquer desafio
e alcançar grandes resultados.

1.1 Conceito Geral de Liderança

Até o final de 1940 existia a teoria de que a liderança era nata, nascia com o
indivíduo e não teria como ser ensinada ou desenvolvida. De acordo com essa teoria,
era necessário que o líder aprendesse determinadas características, contudo,
somente se ele já apresentasse traços naturais para a liderança. Essa teoria,
denominada teoria dos traços, foi perdendo força à medida que os estudiosos
tentavam definir quais eram esses traços, mas não conseguiam fazê-lo de forma clara.
Foram descritos traços físicos como estatura e peso, traços intelectuais como
agressividade e entusiasmo, traços sociais como cooperação e habilidade
interpessoal, e traços de relacionamento como persistência. Apesar de todos os
estudos, não se chegava a um consenso.
Os diversos estudos feitos neste sentido não conseguiram chegar a um
consenso, uma vez que cada um propunha uma lista de traços diferentes. Isso fez
com que a teoria começasse a perder força, visto não conseguir comprovar um
conjunto de traços inerente ao líder. (SCORSIN; WANGLER, 2017, p. 21)
De 1940 até 1960, a teoria comportamental surgiu após o fracasso da teoria
dos traços, fundamentando-se no comportamento de certos líderes. Com base nesses
comportamentos específicos, a teoria comportamental afirmava que um líder poderia
ser desenvolvido. Para isso, levantavam-se as características específicas de líderes
já existentes para criar as características ideais de um líder. O importante nesta
evolução era que já se entendia que a liderança não era mais somente nata, apesar
de aceitar que isso ocorria. Mas, agora se entendia que a liderança poderia ser
desenvolvida.
Com isso, os estudiosos perceberam que o conjunto de comportamentos
inerentes a determinado líder nem sempre garante seu sucesso em todos os
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contextos. Um bom líder em determinada organização pode não ser bom em outra
empresa. (SCORSIN; WANGLER, 2017, p. 21)
Em 1960, surgiu a teoria das contingências, que vem sendo amplamente
estudada e defende que a liderança vai muito além de traços, características e
comportamentos. Nesse novo cenário, é necessário considerar o contexto em que o
líder está atuando. Escorsin afirma que a teoria das contingências vem dominando o
estudo sobre liderança nas últimas décadas e surgiu da identificação de que o
sucesso da liderança vai muito além de traços de personalidade e comportamentos.
(SCORSIN; WANGLER, 2017, p. 21)
Um líder que não considera o contexto fica obsoleto. Isso não impede que a
teoria das contingências sofra críticas, já que a crítica é necessária para o
crescimento, desenvolvimento e aprimoramento de qualquer campo de estudo ou
prática. Apesar das críticas, a teoria é acertada e produz os efeitos desejados.
A liderança pode ocorrer de duas formas básicas, sendo elas liderança formal
ou informal. A liderança formal é aquela em que se ocupa um cargo previamente
definido, com responsabilidades e definições de atividades atribuídas. Um exemplo
disso é o pastor titular, cujo estatuto define as responsabilidades e o que se espera
do líder pastor. Na liderança informal, o líder não ocupa um cargo definido ou
responsabilidade atribuída, e não lhe é exigida prestação de contas. Atualmente, essa
liderança vem sendo exercida pelos chamados influenciadores, expressão muito
comum no meio digital. Além dos líderes influenciadores, existem líderes que,
liderados por alguém, também lideram outros, até mesmo influenciando as decisões
de seus líderes superiores. Esse tipo de liderança é conhecido como líder 360º. O
líder, seja ele formal ou informal, precisa ser um influenciador.
A liderança precisa ser relacional, uma vez que envolve pessoas e precisa ser
exercida em grupo. A liderança precisa ser exercida por quem consegue influenciar e
necessita ser aceita pelo grupo.
Pode-se dizer então que na realidade ninguém é líder o tempo todo, mas pode
estar atuando ou não como líder. Todo líder, de alguma forma, é também liderado.
Todos podem ser influência e influenciadores. Para ser um influenciador, o líder
precisa ter uma relação de confiança, já que sem confiança não é possível influenciar.
Podem-se relatar cinco características para ser aceito como um líder:
integridade, competência, consistência, lealdade e abertura.
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Integridade está relacionada com a honestidade, isto é, o quanto alguém é


confiável. Sem essa característica, a liderança estará abalada. Quando se percebe
que o líder não é íntegro, mesmo que esteja revestido de um cargo e considere a si
próprio um líder, não tem poder de influência e está fadado ao fracasso.
Competência se refere ao conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes
no relacionamento interpessoal. Um líder competente que sabe o que está fazendo e
que entende seus liderados está no caminho certo. Competência pode ser aprendida
e adquirida. O líder deve buscar sempre o maior conhecimento possível para o
exercício de sua atividade.
Consistência é a segurança que o líder traz aos seus liderados, sua
previsibilidade, seus julgamentos ante as situações apresentadas. Um líder que
mantém uma previsibilidade, justo e não é volúvel, tem a confiança de seus liderados.
Lealdade é a qualidade que o líder tem de proteger seus liderados, o líder
assume a responsabilidade dos atos seus e de seus liderados e se preciso for,
defende com todas as forças seus liderados.
Abertura para que o liderado possa ter acesso ao líder, quanto mais aberto o
líder se dispuser, quanto mais pronto para ouvir seus liderados. Quanto mais próximo
permitir que seus liderados estejam de si, dando liberdade a opinião, mais forte este
líder se torna.
Levando tudo isso em consideração, pode-se então afirmar que a “liderança é
uma influência que um indivíduo exerce sobre outras pessoas de um grupo em
determinadas situações, para ser atingido determinado propósito. É relacional, ligado
a influência, necessita de aceitação e é situacional.” (SCORSIN; WANGLER, 2017, p.
29)

1.2 Conceito bíblico de liderança.

A liderança é um tema relevante na política, nos negócios e nas indústrias.


Atualmente, a busca por técnicas de liderança é amplamente difundida em meios
eletrônicos, principalmente nas redes sociais e no marketing digital. Apesar disso, a
fonte primordial da liderança encontra-se na Bíblia, o livro sagrado do cristianismo.
Embora estudos recentes possam auxiliar na compreensão e aplicação de técnicas
de liderança, muitos dos princípios e habilidades essenciais foram registrados e
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divulgados na Bíblia. Assim, é possível afirmar que as melhores técnicas de liderança


se encontram nas Sagradas Escrituras.
A ferramenta de formação de líderes mais eficazes tem estado ao alcance de
todos, especialmente cristãos, possivelmente se já as têm estudado. Nas próximas
páginas será apresentada uma visão geral do que a Bíblia ensina sobre a liderança.
Uma das grandes necessidades da igreja é a liderança. Atualmente, o evangelho vem
cada vez mais sendo propagado com o advento das novas tecnologias de
comunicação, sendo largamente difundido. No entanto, toda essa informação vem
bombardeando de forma geral, e muitas munições estão sendo desperdiçadas pela
ausência de uma liderança forte e alicerçada nas Sagradas Escrituras.
Deus é o líder supremo, em que se possa permitir ser influenciado, e Ele chama
a todos para esta tarefa.
Atualmente, não há uma autoridade máxima que determine o que as pessoas
devem ou não fazer. Cada indivíduo pode escolher a quem seguir em meio a uma
vasta oferta de influenciadores, muitos dos quais são semelhantes, tornando a
escolha difícil.
O grande problema apresentado por Jonh C. Maxwell a Bíblia da Liderança
Cristã (2007) é que muitos cristãos entendem de forma errada a verdadeira natureza
da liderança. Muitos entendem que, ao seguir a Cristo, deveriam ficar quietos, não
questionar e se fechar em si mesmos, em um grupo fechado, isolados em nome da
santidade. É necessário entender a diferença entre submissão e fraqueza. Deve-se
reconhecer a fraqueza perante Deus, pois realmente se é fraco, em 2 Co 12: 8 a 9,
lemos que Deus aperfeiçoa a fraqueza proporcionando coragem por meio do próprio
Deus. “Mas ele me disse: Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se
aperfeiçoa na fraqueza”. Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas
fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim. (BÍBLIA DA LIDERANÇA
CRISTÃ RA, 2007, não paginado)
Como cristão, é essencial ser submisso a Deus, humildemente ouvir Sua voz e
ter a responsabilidade de ser um influenciador como representante de Deus em todos
os contextos em que estamos inseridos, seja na família ou na sociedade. Deus
convoca todos os cristãos a assumirem a liderança e a se tornarem influenciadores.
Em Mateus 20. 25-28 está registrado:
“Jesus os chamou e disse: “Vocês sabem que os governantes das nações as
dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas. 26 Não será
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assim entre vocês. Ao contrário, quem quiser tornar-se importante entre


vocês deverá ser servo, 27 e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo;
28 como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e
dar a sua vida em resgate por muitos”. (BÍBLIA NVI, 2011, Mt 20.25–28)

Este texto demonstra uma submissão que, se lida de forma isolada sem
entender o propósito de ser influenciador do evangelho, parece que devem submeter-
se a ficar quietos. A liderança nada tem a ver com o ser servido, e tudo a ver com o
servir, o que se chama de liderança de serviço.
O líder deve influenciar vidas por meio de seu exemplo, muito mais do que por
palavras, precisando viver uma vida que desperte o desejo nas pessoas de se
permitirem a serem influenciadas.

1.3 Os princípios da liderança de Jesus Cristo e o apóstolo Paulo

Quando se fala em liderança de serviço, não se vê melhor exemplo que o


Senhor e Salvador Jesus Cristo. Atuando como servo influenciou o mundo de tal forma
que fez uma divisão do antes de Cristo e depois de Cristo, foi um marco regulador.
Líderes como, Alexandre, o Grande (356 a.C – 323 a.C), Napoleão Bonaparte
(1769 – 1821), Mahatma Gandhi (1869 – 1948), Martin Luther King (1929 – 1968),
entre outros, foram importantes e fizeram história. Nenhum deles deixou um marco
tão grande quanto Jesus Cristo.
A John C. Maxwel em seu comentário na Bíblia da liderança cristã (2007) fala
que Jesus focou na mudança interior e não nas questões externas como política e
guerras.
Jesus enfatizou muito mais as mudanças que ocorrem internamente nas
pessoas do que aquelas que podem ser alcançadas por meio de leis ou revoluções
militares. A liderança de Jesus difere das demais, pois ele não apenas buscou
reformar, mas também transformar. Ele compreendia que ao retificar o espírito das
pessoas, todas as outras mudanças seriam consequências naturais desse processo.
Jesus foi um líder incomparável, verdadeiramente original, capaz de reverter valores
e comportamentos que dificilmente outros líderes poderiam. Ele possuía uma
habilidade ímpar para restaurar o que estava desalinhado. (BÍBLIA DA LIDERANÇA
CRISTÃ RA, 2007, não paginado)
Jesus Cristo é o líder supremo capaz de exercer uma influência inigualável. Ele
foi e continua sendo o maior líder da história, não apenas pela ótica da qualidade
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salvífica, mas também pela ótica da liderança. Aqueles que são chamados a serem
influenciadores devem olhar para a vida de seu Mestre, Jesus Cristo, como o exemplo
de liderança a ser seguido e imitado. Eles devem imitar as atitudes de Jesus e
influenciar outros a fazerem o mesmo.
De acordo com Maxwell (2011), há oito lições sobre liderança que podem ser
aprendidas com Jesus Cristo. Ele afirma que a forma mais rápida de se obter liderança
é quando o foco do líder está na solução dos problemas. Quando o líder pretende
servir seus liderados, ajudando-os a resolver seus problemas, isso gera uma liderança
fundamentada no serviço e focada na vida e necessidades dos liderados.
Diferentemente de muitos líderes que esperam que as pessoas os procurem e
que de uma forma direta ou indireta buscam ser servidos por seus liderados, tornando
o acesso a eles difícil. Como segunda lição aprende-se que o líder vai até seus
liderados, vai até onde o povo está. O líder quer estar no meio de seus liderados, ele
deseja e ama estar em meio ao povo. A terceira lição aprendida é que o líder
apresenta as novas ao seu grupo de liderados. Não segura a informação para si, não
hesita em ensinar e como quarta lição não distorce a informação, apresentando de
forma verdadeira. Como quinta lição, o líder não permite que objeções e rejeições o
façam mudar suas opiniões, ou seja, não permite ser influenciado de forma distorcida
ou vencido pelo erro. Como sexta lição, o líder tem ciência de que tem o que entregar
para seus liderados e está sempre se preparando para suprir a necessidade de seu
povo. O amor é a sétima lição aprendida, o líder é movido pelo amor às pessoas e ao
desejo de servir. É fato de que o líder tem necessidades materiais, mas nunca se
motiva por suprir suas necessidades e sim em suprir a necessidade de seus liderados.
O amor deve ser e é o motivador de suas ações. Por fim, a oitava lição apresentada
é a importância de não abandonar a sua missão, sendo comprometido e resiliente
diante de quaisquer desafios que possam surgir. Líderes determinados não permitem
que adversidades ou obstáculos os impeçam de alcançar os objetivos definidos,
demonstrando uma perseverança inabalável ao longo do caminho. (MAXWELL, 2011,
p 31)
Outro líder a ser observado é o apóstolo Paulo, determinado e convicto em
seus propósitos, possuía todas as características necessárias de um líder. Estava
lutando no exército inimigo, convicto de seus propósitos e de forma eficaz exercia sua
liderança.
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Paulo tinha uma formação exemplar, alta cultura e acreditava estar servindo a
Deus. Quando Paulo teve o encontro com Jesus Cristo e entendeu lutar em trincheiras
erradas, suas características de líder permaneceram. Com o mesmo vigor e
dedicação continuou a missão de liderar e agora liderava com visão servidora, tinha
Jesus Cristo como líder influenciador.
Paulo havia investido na vida de Timóteo, Lopes (2009) relata o que Paulo fez
na formação de Timóteo. Primeiro ele identificou alguém em que iria investir seu
tempo, tinha um propósito de formar seguidores, pessoas que dariam continuidade
em sua missão. A igreja tem como propósito pregar o evangelho, formar líderes e
investir nas próximas gerações, Paulo estava exercendo a missão como igreja.
Segundo, Paulo não escolheu ninguém pronto, mas alguém que pudesse ensinar e
lapidar. Independentemente se é uma tela em branco, onde se irá inserir todo o
ensinamento ou se é uma pedra bruta onde será necessário lapidar. O fato é que
precisa formar, educar, ensinar. Após todo o ensino, havia necessidade de viver o que
se ensinava, não basta ensinar, precisa praticar e viver o ensinamento. O apóstolo
ensinou a paciência, este é o terceiro passo: viver o que se ensina.
O quarto passo é a participação, após o ensinamento e as lapidações
necessárias, é preciso permitir que o liderado participe das atividades, o que hoje
chama-se de estágio. Depois deste período, continuar acompanhando, apoiando,
trazendo novas instruções e informações, o que hoje é conhecido como mentoria. Por
fim, também é necessário transmitir o custo de ser um líder. Paulo deixou claro para
Timóteo o custo de estar liderando, este muitas vezes é muito alto e nem todos estão
dispostos a pagar, exceto se estejam firmados em Cristo.
O líder deve viver um padrão de vida comportamental superior ao de seus
seguidores, ou seja, precisa ser um exemplo digno de ser seguido. Ele não terá poder
de influência se falar, pregar, palestrar e não viver o que ensina. O líder é treinado de
forma individual. O ensinamento e a motivação para desenvolver novas lideranças
podem ocorrer em massa, mas a formação de um líder precisa ser individual e talvez
precise dar início já no discipulado. O líder deve valorizar a diversidade e garantir que
todos tenham acesso e o direito de desenvolver suas habilidades de liderança. Além
disso, é importante estar atento a quaisquer situações ou comportamentos prejudiciais
que possam comprometer o progresso ou a harmonia do grupo. É muito provável que
não exista contribuição maior de um líder do que a formação de outro líder. De nada
adiantará ter inúmeros seguidores se não houver quem dê continuidade aos
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propósitos. Quando não se prioriza a formação de líderes, o grupo tende a sofrer. Um


líder jovem, quando ainda não tem conhecimento ou vivência suficiente para
influenciar, deve influenciar com seu exemplo de vida, pois ele é observado em todo
o tempo. Sua forma de viver e suas ações falam mais alto que suas palavras. É bom
o líder ter em mente que sua integridade irá afetar diretamente seus liderados e que
sua influência poderá ser positiva ou negativa. Quando negativa, pode causar muitos
estragos. (LOPES, 2009, p 54)
Liderar e formar líderes não é uma tarefa fácil. Agora que se sabe um pouco
mais sobre o que é ser um líder, influenciar outros é um compromisso do cristão para
com Deus. Todos devem ser influenciadores, estejam onde estiverem, seja no
trabalho, na faculdade, na academia, no trânsito, nos happy hours ou onde quer que
seja. Suas ações influenciarão todos à sua volta, tanto para o bem como para o mal,
tanto em direção a Cristo quanto no sentido oposto.

2 FORMAÇÃO DE LÍDERES: PROPOSTAS DE AVALIAÇÃO ETÁRIA E


CAMINHOS PARA FORMAÇÃO

Inicialmente, serão discutidas a idade ideal para começar a geração de líderes.


Em seguida, será abordado o papel das escolas bíblicas das igrejas na formação de
líderes, especialmente para com as crianças. Serão exploradas metodologias a serem
aplicadas, tais como o discipulado, a liderança de serviço e a mentoria, a importância
da aplicação das ferramentas atuais disponíveis, tais como o coaching.
Para a formação de líderes, será fundamental entender se deverá ou não
estabelecer a idade adequada para iniciar o processo de treinamento. Saber qual a
idade certa para começar a desenvolver habilidades de liderança; será importante que
a formação comece o mais cedo possível. Desenvolver e cultivar as habilidades de
comunicação, a resolução de conflitos, a empatia, e outras habilidades essenciais
para liderar. O papel que as escolas bíblicas das igrejas desempenharão na formação
de líderes cristãos. O discipulado, a liderança de serviço e a mentoria e as técnicas
de coaching, serão algumas das metodologias que poderão ser aplicadas.
Buscará saber se o discipulado será uma prática utilizada na igreja para
formação de líderes e em qual momento será ideal utilizá-la. A liderança de serviço
também será uma metodologia que poderá ser utilizada, pois incentivará os líderes a
servirem ao próximo, desenvolvendo habilidades como a empatia e a compaixão. A
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mentoria como uma prática em que um líder experiente orientará e aconselhará um


líder em formação, contribuindo para o seu desenvolvimento.
Buscará também saber se as técnicas de coaching poderão ser uma
ferramenta a ser utilizada na formação de líderes.
Por fim, será importante destacar a importância da aplicação das ferramentas
disponíveis para a formação de líderes. As tecnologias digitais poderão ser utilizadas
para ensino, acompanhamento e mentoria, contribuindo para o desenvolvimento de
líderes em qualquer faixa etária.

2.1 A idade certa para formar líderes e como fazer

Muitas vezes os líderes têm a falsa ideia de que devem competir com as
pessoas que estão próximas a eles, em vez de trabalhar com elas. (MAXWELL, 2007,
p. 125). Essa visão errônea de liderança, normalmente não é pensada quando se está
com crianças. Apesar da criança ser naturalmente egoísta, ela o é por uma questão
natural e por estar em desenvolvimento, cabendo principalmente aos pais serem a
influência positiva para elas. Tripp (2017), fala das mudanças que ocorrem na infância,
ele inicia explicando que o primeiro estágio do desenvolvimento, da infância à fase
pré-escolar, abrange o período do nascimento até à idade de quatro ou cinco anos.
Este período pode ser descrito com uma única palavra: mudança. Em cada aspecto
do desenvolvimento, a criança surpreende seus pais com mudanças dramáticas
(TRIPP, 2017, p. 178). Além de outras mudanças, como as físicas, por exemplo, a
mudança intelectual é igualmente surpreendente. A criança ainda pequena elabora os
significados. Ouve a linguagem e generaliza as regras gramaticais. Até seus erros
seguem as regras: “Eu pensi”, em vez de “Eu pensei”. A experiência caracteriza-se
pelo aprendizado. Sua curiosidade é visível. “Por que as portas se abrem com
dobradiças? As coisas existem, mesmo quando não estou pensando nelas? Por que
as coisas caem no chão? As pessoas podem me ver quando fecho os olhos?” A
criança aprende a conversar, contar, brincar, a ser engraçada e a ficar séria. Também,
aprende a respeito de valores — o que é importante e o que não é. (TRIPP, 2017, p.
178). O filósofo grego Platão afirmou: “Boa parte do processo de aprendizado consiste
em relembrar o que já sabemos.” (MAXWELL, 2011, p. 124)
Quando os pais e ou os professores têm a visão de formação de líderes, não
se incomodam em repetir e repetir a tal ponto que as crianças venham a aprender e
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praticar o que lhes é ensinado. O constante ensino desde a tenra idade, fará com que
no momento oportuno a criança dê início a ação de liderar. As estruturas dos lares
são a base de formação do líder.
O escritor e professor Peter Senge define o aprendizado como “um processo
que ocorre ao longo do tempo, e sempre integra o pensamento e a ação”. E vai além:
“Aprender é uma atividade altamente referencial [. . .] O aprendizado ocorre no
contexto de algo muito significativo, no momento em que o aprendiz toma a iniciativa
de agir.” (MAXWELL, 2007, p. 13)
Instruir no coração da criança não é simplesmente transferir informação de pai
para filho. É gravar a verdade no coração. Portanto, não existe uma idade específica
a se iniciar uma geração de novos líderes. Aconselha-se que isso se inicie o mais
cedo possível, assim que a criança começa a despertar sua curiosidade. Isso na
maioria das vezes deverá ocorrer na formação feita pelos próprios pais, podendo ser
auxiliados por educadores. (TRIPP, 2017, p. 14)
É importante ressaltar que a formação de líderes é um processo contínuo e que
deve ser adaptado às necessidades e desafios específicos de cada líder e de cada
equipe. Portanto, as técnicas de coaching e mentoria devem ser utilizadas de forma
flexível e personalizada, a fim de atender às necessidades únicas de cada líder e
equipe. Com isso, a liderança de serviço pode se tornar um componente, chave para
a formação de liderança na igreja, criando líderes mais capacitados e uma equipe
mais colaborativa e engajada.
O discipulado, utilizado principalmente para com as crianças e para novos
convertidos ou novos membros da pequena e média igreja, é uma ferramenta
importante no início da formação de líderes. Aqui mencionada como a primeira porta
a ser aberta, em especial para com crianças no início de seu desenvolvimento.
A liderança de serviço é uma abordagem interessante a se pensar para a
formação de líderes, especialmente na fase adulta. Esse tipo de liderança é baseado
na premissa de que a função de um líder é servir e apoiar sua equipe, em vez de
simplesmente dar ordens ou impor sua autoridade. Ao adotar essa abordagem, os
líderes conseguem inspirar suas equipes e cultivar um ambiente positivo e
colaborativo.
Já a mentoria é uma abordagem em que um líder mais experiente compartilha
seus conhecimentos e experiências com um líder em formação. Esse processo pode
ser muito valioso, pois o mentor pode oferecer conselhos práticos e ajudar o líder a
17

evitar erros comuns. Além disso, a mentoria pode ajudar a criar um senso de
comunidade e apoio entre os líderes.
Para ajudar os líderes a desenvolver suas habilidades de liderança de serviço,
técnicas de coaching e mentoria podem ser muito úteis. O coaching pode ajudar o
líder a identificar seus pontos fortes e áreas que precisam ser desenvolvidas, bem
como ajudar a definir metas e objetivos específicos. O coaching também pode dar
feedback construtivo e ajudar o líder a manter o foco em seus objetivos.
De acordo com Araújo (2022) em seu livro “A Bíblia e o Desenvolvimento
Pessoal”, “Um coach é um apoiador. Ele não é um guru, nem um especialista em
resolver problemas; um autêntico profissional de coaching sabe que as soluções estão
dentro da pessoa a quem ele atende” (ARAÚJO, 2022, p. 25). Isso significa que o
coach não deve impor suas próprias ideias ou soluções, mas sim ajudar o indivíduo a
descobrir as soluções dentro de si mesmo.
Para utilizar as técnicas de coaching na formação de adultos com foco em
liderança, é importante estabelecer uma relação de confiança e respeito mútuo. O
coach deve ser um ouvinte ativo e demonstrar empatia, compreendendo as
perspectivas e desafios do indivíduo. A partir daí, o coach pode ajudar a pessoa a
identificar suas metas e objetivos, bem como os obstáculos que estão impedindo seu
progresso.
É importante ressaltar que o coach não deve dar conselhos ou soluções
prontas, mas sim ajudar o indivíduo a descobrir suas próprias soluções. Por meio de
perguntas, o coach pode ajudar a pessoa a desenvolver suas habilidades de
liderança, aprimorar sua tomada de decisão e comunicação e aperfeiçoar sua gestão
de equipes.
O coaching pode ser um recurso valioso na formação de adultos com foco em
liderança. Como afirmou Araújo (2022), “as soluções estão dentro da pessoa a quem
ele atende”. Cabe ao coach ajudar a pessoa a descobrir e desenvolver essas soluções
internas. (ARAÚJO, 2022, p. 26)
O discipulado, liderança de serviço, mentoria e técnicas de coaching podem
ser utilizados como solução para formação de líderes desde a infância. Essas
ferramentas ajudam no desenvolvimento de habilidades como orientação,
aconselhamento, resolução de problemas e tomada de decisões, contribuindo para a
formação de líderes na igreja e uma sociedade mais justa e equilibrada.
18

2.2 O tema de lideranças no currículo educacional da igreja

Tripp (2017) defende que os filhos são o produto de duas coisas: Primeiro: a
influência formativa, que envolve sua composição física e sua experiência de vida.
Segundo: a orientação em direção a Deus, a qual determina como interagem com
essa experiência. Portanto, a criação de filhos inclui: o suprimento das melhores
influências formativas possíveis e o cuidadoso pastorear das reações de seus filhos
àquelas influências (TRIPP, 2017, p. 176). Com base nestas afirmações, o momento
ideal para se iniciar a formação de líderes é na criação e educação por seus pais.
O autor fala em mudança física, mudança social, mudança intelectual e
mudança espiritual. A mudança física é visível e a mais perceptível, pois envolve a
crescimento e desenvolvimento aparente da criança. A mudança social é igualmente
extrema. A primeira mudança social é com sua mãe. (TRIPP, 2017, p. 174). Com o
passar do tempo a criança se desvincula da mãe e busca a aprovação da sociedade
em sua volta, bem como cria seu próprio jeito de se comunicar com o mundo. A
mudança intelectual é igualmente surpreendente. a criança ainda pequena elabora os
significados. A surpresa na mudança intelectual desperta a curiosidade do mundo,
buscando repostas de como as coisas funcionam, período em que a criança busca o
porquê de tudo que encontra à sua frente. A mudança espiritual: esse
desenvolvimento pode ser pastoreado através do conhecimento e do amor ao
verdadeiro Deus ou pode ser ignorado (TRIPP, 2017, p. 179).
Devido às mudanças que ocorrem ao longo da vida humana, desde o
nascimento até a morte, é fundamental que a igreja inclua precocemente o tema da
liderança em seu currículo de educação religiosa, visto que a liderança está
intimamente ligada à capacidade de influência. Ainda que os líderes religiosos
busquem exercer uma boa influência espiritual sobre os fiéis, estes, no que lhe
concerne, também podem exercer uma influência positiva sobre os líderes, ajudando-
os a seguir os preceitos de Jesus. (DEVER, 2016, p. 19)
A inclusão de temas de liderança em todos os departamentos ou ministérios
educacionais da igreja, independentemente da idade de seus participantes, pode ser
altamente benéfica. Além disso, a igreja pode aproveitar as pregações para destacar
a importância da liderança e como ela pode ser aplicada na vida cristã.
19

Importante destacar que a liderança não se limita a habilidades gerenciais, mas


também inclui aspectos éticos e espirituais, como a capacidade de inspirar e guiar as
pessoas em direção a objetivos comuns.
Dado que a igreja oferece um espaço potencialmente rico em oportunidades
de ensino sobre liderança, é fundamental que ela seja explorada de maneira
sistemática e eficaz. Para tanto, pode-se considerar o desenvolvimento de programas
de liderança específicos, bem como a inclusão de materiais educacionais relevantes
em todas as atividades da igreja.
As igrejas podem se beneficiar grandemente ao incluir a liderança em suas
atividades educacionais, particularmente na Escola Bíblica. A adoção de uma
abordagem holística, que inclua tanto aspectos práticos quanto teóricos, pode
fornecer uma base sólida para o desenvolvimento de líderes cristãos competentes e
bem-sucedidos.
Segundo Araújo (2016), “O ser humano foi criado para viver, sobreviver e se
desenvolver em grupo”. Essa afirmação se baseia na ideia de que a formação de
grupos sociais é um elemento natural e essencial para a existência humana. Desde
os tempos mais remotos, o ser humano aprendeu a viver em comunidade, dividindo
tarefas, compartilhando conhecimentos e habilidades, e construindo juntos um modo
de vida mais seguro e próspero. É por meio do convívio com os outros que
desenvolvemos habilidades sociais, aprendemos a lidar com as diferenças, a superar
obstáculos e a construir relações duradouras e significativas. Dessa forma, a formação
de grupos sociais é um elemento fundamental para o desenvolvimento pessoal e
coletivo, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa, equilibrada e
humana. (ARAÚJO, 2016, p. 103)
Existem várias formas de organização e estruturação de igrejas e
comunidades, com diferentes bases como escola bíblica, células, ministérios, entre
outros. Independentemente do estilo escolhido, é fundamental que essas
organizações estejam sempre formando líderes. A formação de líderes é um processo
contínuo e imprescindível para o desenvolvimento e crescimento das igrejas e
comunidades. Afinal, são esses líderes que irão conduzir e orientar as pessoas em
seus respectivos ministérios e grupos, além de serem responsáveis por manter a visão
e os valores da comunidade em que estão inseridos. Devem essas organizações
investir em programas e ações que visem a formação e capacitação dos líderes,
buscando desenvolver habilidades como liderança, comunicação, gestão de pessoas
20

e resolução de conflitos. Dessa forma, seja qual for o estilo adotado, a formação de
líderes deve ser uma prioridade constante, para que as igrejas e comunidades possam
crescer e se desenvolver de forma sustentável e saudável.

2.3 Metodologia a se usar na formação de líderes

Ao combinar o discipulado, a liderança de serviço com as técnicas de coaching


e mentoria, os líderes conseguem desenvolver habilidades de liderança mais sólidas
e eficazes. Eles aprendem a ser mais empáticos e colaborativos, a inspirar suas
equipes e a tomar decisões mais informadas e orientadas para resultados.
A metodologia inicial a ser utilizada na formação de líderes é o discipulado. Ele
pode ser empregado por pais, mães ou qualquer pessoa que esteja educando uma
criança, pois é uma ferramenta eficaz para despertar nela o desejo pela liderança. O
discipulado é uma forma poderosa de exercer influência, uma vez que se concentra
nos atributos comunicáveis de Deus, como o amor e a santidade. Na igreja, o
discipulado é essencial para a formação de novos líderes, pois por meio dele é
possível ensinar os preceitos de Jesus e ajudar outros a segui-los. (DEVER, 2016, p.
19)
Em segundo lugar, é fundamental que os pais e líderes religiosos sejam
modelos e exemplos para as crianças. Dever (2016), em seu livro “Discipulado: Como
ajudar outras pessoas a seguir Jesus”, ressalta a importância de os líderes religiosos
praticarem o que ensinam e de viverem uma vida que reflita os princípios cristãos.
(DEVER, 2016, p. 32)
Outro passo importante é ensinar as crianças a ler e estudar a Bíblia de forma
adequada e compreensível para sua idade. Tripp (2017) destaca que é preciso que
as crianças entendam as histórias e princípios bíblicos de forma clara e prática.
(TRIPP, 2017, p. 28)
É importante incentivar tanto as crianças quanto os adultos a compartilharem
seus aprendizados com outras pessoas. A se envolverem em atividades que os
ajudem a colocar em prática os ensinamentos cristãos, como a participação em
grupos de estudo bíblico e de serviço voluntário na comunidade. Dessa forma, todos
conseguirão crescer espiritualmente e desenvolver uma vida de discipulado desde a
infância, ou mesmo em fases posteriores da vida.
21

De acordo com Dever, a imagem de Deus é reproduzida em cada ser humano,


conferindo-lhe influência sobre as pessoas ao seu redor, independentemente de sua
situação pessoal ou do nível de respeito que receba. Assim, é importante considerar
como essa influência será exercida (DEVER, 2016, p. 32). Hunter (2004) destaca que
a verdadeira liderança envolve a capacidade de exercer influência sobre os outros,
exigindo uma grande doação pessoal. (HUNTER, 2004, p. 32)
Para exercer influência através do discipulado, é preciso focar nos atributos de
Deus que são comunicáveis, como o amor e a santidade, conforme afirmado por
Dever (2016). É importante lembrar que os atributos incomunicáveis, como
onipotência e onipresença, são exclusivos de Deus e não podem ser reproduzidos
pelos seres humanos. Por isso, ao praticar o discipulado, é necessário concentrar-se
nas características divinas que podem ser compartilhadas com outras pessoas e
aplicadas em suas vidas, visando exercer uma influência positiva sobre elas. (DEVER,
2016, p. 19)
O discipulado é um processo fundamental na formação de novos líderes na
igreja. Segundo Dever, o discipulado é a melhor forma de exercer influência sobre as
pessoas, pois é por meio dele que se ensina os preceitos de Jesus e se ajuda outros
a seguir a Sua vontade. (DEVER, 2016, p. 26). Tripp (2017) também destaca a
importância do discipulado ao afirmar que pastorear o coração da criança é essencial
para a formação de discípulos fiéis. (TRIPP, 2017, p. 14)
O discipulado permite que as pessoas aprendam a viver conforme os
ensinamentos bíblicos e consigam influenciar positivamente outras pessoas em seu
caminho de vida cristã. Dessa forma, a igreja deve priorizar o discipulado em seu
currículo de educação religiosa para poder formar novos líderes comprometidos com
os valores cristãos e capazes de influenciar positivamente a comunidade.
Para um discipulado eficiente desde a infância, é preciso seguir alguns passos
importantes. Primeiramente, é necessário compreender que o discipulado deve ser
um processo contínuo e que começa desde cedo na vida das crianças. Tripp (2017),
autor do livro “Pastoreando o coração da criança”, destaca a importância de ensinar
os filhos a amar a Deus acima de todas as coisas e a ter um relacionamento pessoal
com Ele. (TRIPP, 2017, p. 14)
Outro passo importante é ensinar as crianças a ler e estudar a Bíblia de forma
adequada e compreensível para sua idade. Tripp (2017) destaca que é preciso que
22

as crianças entendam as histórias e princípios bíblicos de forma clara e prática.


(TRIPP, 2017, p. 53)
Por fim, é importante incentivar tanto as crianças quanto os adultos a
compartilharem seus aprendizados com outras pessoas. Se envolverem em
atividades que os ajudem a colocar em prática os ensinamentos cristãos, como a
participação em grupos de estudo bíblico e de serviço voluntário na comunidade.
Dessa forma, todos conseguirão crescer espiritualmente e desenvolver uma vida de
discipulado desde a infância, ou mesmo em fases posteriores da vida.
A mentoria é uma prática muito relevante na formação de líderes em uma igreja
ou comunidade, pois permite que os líderes mais experientes possam compartilhar
seu conhecimento e experiência com os líderes em formação. Através da mentoria,
os líderes em formação podem receber orientação e apoio para desenvolver suas
habilidades e capacidades de liderança.
A mentoria é uma das estratégias mais eficazes para o desenvolvimento de
líderes, pois permite que os líderes em formação tenham acesso a uma fonte de
conhecimento e experiência que pode ajudá-los a enfrentar os desafios da liderança.
(SCORSIN; WANGLER, 2017, p. 32). Além disso, a mentoria pode ser uma
ferramenta poderosa para o desenvolvimento de equipes, pois pode ajudar os líderes
em formação a identificar e desenvolver talentos em suas equipes.
Lotz e Gramms (2014) destacam que a mentoria é uma forma de coaching mais
focada no desenvolvimento pessoal e profissional do indivíduo, e pode ser uma
ferramenta poderosa para o desenvolvimento de líderes (LOTZ; GRAMMSX, 2014, p.
44). Segundo as autoras, a mentoria pode ajudar os líderes em formação a
desenvolver suas habilidades de liderança, aprimorar sua capacidade de tomar
decisões e liderar equipes, e desenvolver uma visão estratégica para a igreja ou
comunidade.
Araújo destaca a importância da Bíblia como uma fonte de inspiração e
orientação para a gestão de pessoas, incluindo a mentoria de líderes (Araújo, 2016,
p. 8). Segundo o autor, a Bíblia pode ajudar os líderes em formação a desenvolver
habilidades como a empatia, a compaixão e a humildade, fundamentais para o
sucesso na liderança.
Pereira (2006) destaca que a pós-modernidade trouxe novos desafios para a
liderança, e que a mentoria pode ser uma ferramenta poderosa para enfrentar esses
desafios (PEREIRA, 2006, p. 82). Segundo o autor, a mentoria pode ajudar os líderes
23

em formação a desenvolver habilidades como a flexibilidade, a adaptabilidade e a


criatividade, fundamentais para a liderança na era pós-moderna.
Em resumo, a mentoria é uma ferramenta poderosa para a formação de líderes
em uma igreja ou comunidade. Através da mentoria, os líderes em formação podem
receber orientação e apoio para desenvolver suas habilidades e capacidades de
liderança, e enfrentar os desafios da liderança na era pós-moderna.
Por meio da liderança de serviço, todo líder consegue formar novos líderes.
Enquanto o discipulado é eficaz para o início da formação de líderes, principalmente
na infância e exercido pelos pais e educadores infantis, a liderança de serviço é
exercida por líderes em atividade.
A liderança de serviço é uma abordagem de liderança que se concentra em
servir aos outros e colocar as necessidades dos membros da comunidade em primeiro
lugar. Isso significa que um líder deve ser um exemplo para sua comunidade e estar
disposto a sacrificar seu tempo e recursos para ajudar os outros a crescer e alcançar
seus objetivos.
Para exercer a liderança de serviço, um líder deve estar disposto a dedicar seu
tempo e energia para ajudar os outros a crescer. Isso que pode incluir mentorear
membros da comunidade, oferecer conselhos e apoio, e ajudá-los a superar desafios
e obstáculos. O líder também deve estar aberto a feedback e sugestões, e estar
disposto a aprender com os membros da comunidade.
Uma das principais vantagens da liderança de serviço é que ela cria uma
cultura de apoio e encorajamento dentro da comunidade religiosa. Quando os
membros da comunidade veem que seu líder está disposto a colocar suas
necessidades em primeiro lugar, eles se sentem mais motivados a trabalhar juntos e
a ajudar uns aos outros a crescer. Isso leva a uma comunidade mais unida e engajada,
onde todos se sentem valorizados e respeitados.
Além disso, a liderança de serviço pode ajudar a fortalecer a confiança e o
respeito mútuos dentro da comunidade. Quando os membros da comunidade veem
que seu líder está disposto a sacrificar seu tempo e recursos para ajudá-los, eles
tendem a desenvolver um maior nível de confiança e respeito pelo líder. Isso pode
levar a uma maior colaboração e trabalho em equipe dentro da comunidade, o que,
por sua vez, pode levar a um maior crescimento e sucesso para todos os membros.
A liderança de serviço é uma abordagem valiosa para líderes religiosos que
desejam criar uma comunidade unida e engajada. As obras de John C. Maxwell
24

oferecem orientação valiosa para aqueles que desejam adotar essa abordagem de
liderança, enfatizando a importância de liderar pelo exemplo, colocando as
necessidades dos outros em primeiro lugar e capacitando-os a alcançar seus
objetivos. Ao adotar a liderança de serviço, os líderes religiosos podem ajudar a
promover uma cultura de apoio e encorajamento dentro de sua comunidade.
Fortalecer a confiança e o respeito mútuos e ajudar a promover o crescimento e o
sucesso para todos os membros da comunidade religiosa ou igreja. Como afirma
Maxwell (2007): “Os líderes de serviço, que usam sua posição para servir, inspiram a
confiança dos liderados, que os seguem com dedicação”. (MAXWELL, 2007, p. 28)

O uso das técnicas de coaching na formação de líderes é um tema cada vez


mais relevante atualmente, o livro “Coaching e Mentoring“ apresenta uma visão ampla
sobre as técnicas de coaching e mentoring e sua aplicação no desenvolvimento de
pessoas, principalmente em relação ao contexto organizacional (SCORSIN;
WANGLER, 2017, p. 79). As autoras discutem a importância do processo de coaching
e mentoring para a formação de líderes e como ele pode contribuir para o aumento
da produtividade, motivação e engajamento das equipes. Para elas, a aplicação
dessas técnicas é fundamental para a formação de líderes capazes de lidar com as
demandas e desafios do mercado atual.
Já as obras de Paulo Roberto de Araújo, “A Bíblia e o desenvolvimento pessoal”
e “A Bíblia e a gestão de pessoas”, trazem uma abordagem cristã sobre o
desenvolvimento pessoal e a gestão de pessoas. Segundo o autor, a Bíblia pode ser
uma fonte de inspiração para a formação de líderes que buscam desenvolver
habilidades como empatia, autocontrole, paciência e resiliência, entre outras.
(ARAÚJO, 2016, p. 11). Além disso, ele enfatiza a importância de se trabalhar os
aspectos emocionais e espirituais no processo de desenvolvimento de líderes, pois
isso pode contribuir para uma liderança mais eficaz e humana.
Por fim, o livro “Liderança e desenvolvimento de equipes” de Scorsin e Wangler
(2017) traz uma visão mais prática sobre a formação de líderes e o desenvolvimento
de equipes (SCORSIN; WANGLER, 2017, p. 72). A autora apresenta técnicas e
ferramentas que podem ser utilizadas pelos líderes para aumentar a produtividade e
a eficácia das equipes, tais como o feedback, o coaching, o mentoring e o trabalho
em equipe. Para ela, é fundamental que os líderes desenvolvam habilidades como
25

comunicação, resolução de conflitos e gestão de mudanças para liderar equipes de


forma eficaz e obter resultados positivos.
As obras citadas apresentam diferentes abordagens sobre o uso das técnicas
de coaching na formação de líderes, mostrando que essa é uma temática complexa e
multidisciplinar. O desenvolvimento de líderes capazes de lidar com as demandas do
mercado atual exige uma abordagem integrada, que contemple aspectos técnicos,
emocionais e espirituais. As técnicas de coaching e mentoring, aliadas a outras
ferramentas de gestão de pessoas, podem contribuir significativamente para o
desenvolvimento de líderes mais eficazes e humanos.

3 GERANDO LÍDERES PARA O AMANHÃ: ESTRATÉGIAS PARA


ASSEGURAR A CONTINUIDADE DA LIDERANÇA NAS PEQUENAS E MÉDIAS
IGREJAS

Neste capítulo, busca-se responder a seguinte pergunta: É possível garantir a


contínua geração de líderes para a pequena e média igreja?
Para garantir a geração contínua de líderes nas pequenas e médias igrejas ou
comunidades, é necessário adotar uma estratégia clara e eficiente de formação e
desenvolvimento de novos líderes. Algumas das principais estratégias incluem
mentoria, discipulado, liderança de serviço, técnicas de coach.
Antes, precisamos entender ou classificar as pequenas e médias igrejas. Afinal
como podemos identificar o que é uma pequena ou média igreja? Não existe um
parâmetro universalmente aceito para definir ou classificar igrejas com base no
tamanho. Algumas das métricas comuns usadas para avaliar o tamanho de uma igreja
incluem, número de membros; esta é provavelmente a medida mais comum de
tamanho de uma igreja. Entretanto, o número exato de membros pode ser difícil de
determinar, pois muitas igrejas têm frequentadores regulares que não são
formalmente membros. Outra forma pode ser o orçamento anual; o orçamento de uma
igreja é outra medida comum usada para avaliar o tamanho. Mas, o tamanho do
orçamento pode não ser diretamente proporcional ao número de membros, pois
algumas igrejas podem ter uma base financeira mais forte do que outras. Pode-se
também usar a área de construção; uma medida útil do tamanho de uma igreja,
especialmente se a igreja possui um espaço para adoração, bem como salas de aula
e outras áreas para atividades.
26

Com base em algumas das métricas comuns usadas para avaliar o tamanho
de uma igreja, e simplesmente para efeito de estudo, será usado como referência, um
número de até 100 membros para uma pequena igreja. Geralmente, uma pequena
igreja é liderada por um único pastor, mas pode ter um pastor de jovens adicional para
liderar ministérios específicos. Já, uma igreja com um número de membros entre 101
e 300 poderá ser considerada uma igreja média. Uma igreja média poderá ter dois
pastores, além de pastores ministeriais para liderar ministérios específicos. A partir
desses números, uma igreja com mais de 300 membros pode ser considerada uma
grande igreja.
No entanto, é importante lembrar que o tamanho de uma igreja não é
necessariamente uma medida da qualidade do ministério ou da eficácia da igreja em
alcançar sua comunidade. O tamanho pode variar amplamente de uma denominação
para outra e de uma região para outra. Além disso, cada igreja tem sua própria
dinâmica e estrutura, independentemente do número de membros que possui.
As obras de Maxwell (2011), Phillips (2008), (Piper; Carson, 2011) e Spurgeon
(2011) apresentam uma visão clara e consistente sobre a importância de focar na
geração de novos líderes. Segundo Maxwell em “A arte de formar líderes”, um líder
não deve se preocupar apenas em liderar, mas também em desenvolver as
habilidades e competências dos seus colaboradores para que eles se tornem líderes
em potencial. Ele defende que o verdadeiro sucesso de um líder é medido pela
capacidade de formar outros líderes. (MAXWELL, 2011, p. 240)
O programa de mentoria consiste em líderes experientes orientando e
treinando líderes em potencial, de forma individualizada. Dessa forma, é possível
transmitir conhecimentos, habilidades e valores importantes para o exercício do
ministério e para o desenvolvimento pessoal e espiritual do líder em formação. Além
disso, a mentoria permite que o líder em formação tenha um modelo a seguir e um
guia para tirar dúvidas e buscar orientação.
O discipulado também é uma forma eficiente de formação de líderes. O
discipulado é um processo de ensino e orientação espiritual, que visa formar
discípulos de Jesus Cristo. No discipulado, o líder experiente orienta o líder em
formação em questões espirituais, como leitura e estudo da Bíblia, oração e vida
devocional.
Phillips (2008) em “A formação de um discípulo” destaca a importância da
formação de discípulos, que são pessoas que seguem e aprendem com um líder para
27

se tornarem líderes também. Ele ressalta que essa é uma tarefa fundamental da igreja
e que um discipulado bem-sucedido resulta na formação de líderes capazes de liderar
com integridade e amor. (PHILLIPS, 2008, p. 167)
A liderança de serviço é outra estratégia importante para formação de líderes.
A liderança de serviço consiste em liderar pelo exemplo, ou seja, demonstrando
humildade, amor e serviço aos outros. É importante que os líderes em formação
entendam que liderança não é apenas sobre autoridade e poder, mas também sobre
servir e ajudar os outros.
As técnicas de coach, que podem ser encontradas na obra “A Bíblia e a gestão
de pessoas”, também podem ser úteis na formação de líderes. O coach é um
profissional que ajuda a desenvolver habilidades e competências de uma pessoa, por
meio de um processo estruturado de conversas e orientações. As técnicas de coach
podem ajudar os líderes em formação a identificar suas habilidades e pontos fracos,
bem como a desenvolver competências essenciais para o exercício da liderança.
(ARAÚJO, 2016, p. 80)
Já em “As marcas de um líder espiritual”, Piper (2022) enfatiza a importância
de um líder ser um exemplo a ser seguido pelos seus liderados. Ele destaca a
importância de um líder ter uma vida piedosa, centrada em Deus e voltada para o
serviço ao próximo. Segundo Piper, um líder espiritual é aquele que gera novos
líderes, capacitando e encorajando as pessoas a se desenvolverem em suas
habilidades e talentos. (PIPER, 2022, p. 33)
Spurgeon (2011) em “O chamado para o ministério” destaca a importância da
formação de novos líderes na igreja. Ele destaca que o ministério é uma tarefa que
exige liderança e que é responsabilidade dos líderes capacitarem e equiparem outros
líderes para que a igreja possa crescer e se desenvolver. (SPURGEON, 2011, p. 32)
É importante criar oportunidades para que líderes em formação possam
exercer suas habilidades e dons na prática. É importante que a igreja crie espaços
para que esses líderes possam liderar ministérios e projetos, com o apoio e a
orientação de líderes experientes. Isso ajudará a desenvolver a confiança, a
experiência e as habilidades necessárias para o exercício do ministério.

“E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para
evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao
aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a
edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e
28

do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida


da estatura da plenitude de Cristo”. (BÍBLIA NVI, 2011, Efésios 4: 11-13)

Efésios 4.11-13 nos mostra que Deus concedeu diferentes dons e ministérios
para edificação do corpo de Cristo. E um dos propósitos desses dons e ministérios é
o aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do serviço. Isso significa que os
líderes devem investir na formação de novos líderes, para que eles possam exercer
seus dons e ministérios e contribuir para o crescimento e a edificação da igreja.
Outra passagem que nos incentiva a focar na geração de novos líderes é “E o
que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a
homens fiéis e também idôneos para instruir a outros” (BÍBLIA NVI, 2011, 2 Timóteo
2: 2). Essa passagem mostra a importância de transmitir conhecimento e experiência
para outras pessoas, para que elas possam se tornar líderes capacitados e instruir
outros.
É importante destacar que investir na geração de novos líderes não é apenas
uma necessidade, mas também uma oportunidade para as pequenas e médias
igrejas. Ao formar líderes capacitados, a igreja pode expandir seu ministério e alcançar
mais pessoas com a mensagem do evangelho.
Ao formar novos líderes, a igreja está seguindo o exemplo de Jesus, que
dedicou grande parte de seu ministério à formação de discípulos. Jesus disse:

“Portanto, ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do


Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas
que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à
consumação do século”. (BÍBLIA NVI, 2011, Mateus 29:19-20)

3.1 Principais técnicas de liderança para o sucesso da gestão


eclesiástica.

Para se obter um resultado promissor, serão trabalhadas de forma estratégica


as ferramentas mencionadas nos capítulos um e dois em especial o discipulado, a
liderança de serviço, a mentoria e as técnicas de coaching; mas, afinal o que é uma
estratégia?
Estratégia é um termo que vem do grego strategia, que significa “arte de dirigir
as operações militares”. Mas ao longo do tempo, o conceito de estratégia foi ampliado
e é atualmente usado em diversas áreas, incluindo a gestão de organizações.
29

A estratégia é essencial para o sucesso de qualquer organização, inclusive as


eclesiásticas. Ao planejar cuidadosamente as ações e coordenar os esforços da
equipe, a igreja pode alcançar seus objetivos de forma mais eficiente e impactante.
O uso estratégico combinado do discipulado, da liderança de serviço, da
mentoria e das técnicas de coaching é uma abordagem eficaz para a geração de
novos líderes dentro de uma estrutura eclesiástica. Essas estratégias
complementares permitem que indivíduos sejam acompanhados e orientados em
diferentes níveis, desde a infância até a idade adulta, a fim de desenvolver habilidades
práticas de liderança.
O discipulado é uma ferramenta importante para a formação de líderes, pois
permite que as pessoas cresçam em sua fé e entendam o propósito de Deus para
suas vidas.
A liderança de serviço é uma estratégia poderosa para desenvolver líderes
humildes e servidores, que possam inspirar outros a seguirem o exemplo de Cristo. A
mentoria permite que os indivíduos tenham um mentor experiente e dedicado, que
possa ajudá-los a enfrentar desafios e alcançar seus objetivos.
Por fim, as técnicas de coaching são uma abordagem prática para desenvolver
habilidades de liderança, permitindo que indivíduos trabalhem em conjunto com
coachs experientes para alcançar suas metas de liderança.
Ao combinar essas estratégias, as igrejas podem criar um ambiente que
promova o desenvolvimento de líderes comprometidos, que possam liderar com
humildade, sabedoria e habilidade prática. O discipulado pode ser utilizado desde a
infância, enquanto a mentoria pode ser aplicada na adolescência e na vida adulta. A
liderança de serviço pode ser incentivada em todas as idades, enquanto as técnicas
de coaching podem ser utilizadas em momentos específicos para desenvolver
habilidades práticas de liderança.
Em resumo, a combinação estratégica do discipulado, da liderança de serviço,
da mentoria e das técnicas de coaching pode criar uma cultura de liderança forte e
comprometida dentro de uma estrutura eclesiástica.

3.2 Aumentando e eficiência com mais técnicas de lideranças

A liderança de serviço, o discipulado, a mentoria e as técnicas de coach são


tratadas como estratégias principais para a formação continuada de líderes,
30

entretanto temos muito mais formas de agregar na formação de líderes. A delegação,


as relações interpessoais, os estilos de liderança, um plano de treinamento e
desenvolvimento da liderança, aconselhamento, programas de aproximação social
entre outros.
Delegação é um tema importante na liderança, e pode ser abordado a partir de
várias perspectivas. Dever (2016) em sua obra “Discipulado: Como ajudar outras
pessoas a seguir Jesus”, argumenta que a delegação é uma parte essencial do
discipulado cristão. Segundo ele, o líder deve delegar tarefas e responsabilidades
para que o discípulo aprenda a servir e a liderar. Dessa forma, a liderança se torna
um processo de transferência de autoridade e responsabilidade, em que o líder ajuda
o discípulo a desenvolver suas próprias habilidades de liderança. (DEVER, 2016, p.
45)
Outra perspectiva interessante é apresentada por Pereira (2006) em “Pós-
Modernidade e Liderança: Ameaças e Oportunidades em Tempos de Mudança”.
Segundo o autor, a delegação é uma habilidade essencial para a liderança na era pós-
moderna, em que as organizações são mais complexas e interdependentes. Pereira
argumenta que a delegação eficaz requer confiança, clareza de objetivo. (PEREIRA,
2006, p. 99)
Na abordagem de Lopes (2009) em “Paulo - o maior líder do cristianismo”, a
delegação também é um tema importante. O autor destaca a habilidade de Paulo em
delegar tarefas para seus colaboradores, como Timóteo, Silas e Tito. Para Lopes, a
delegação era uma forma de desenvolver os talentos de seus colaboradores e de
multiplicar sua influência. (LOPES, 2009, p. 53)
Por fim, é interessante mencionar a abordagem de Maxwell (2021) em “21
Qualidades de Líderes da Bíblia”. Segundo Maxwell (2021), uma das qualidades
essenciais dos líderes é a habilidade de delegar. O autor argumenta que a delegação
eficaz requer clareza de objetivos, confiança nos colaboradores e feedback constante.
Além disso, ele destaca a importância de desenvolver uma cultura organizacional que
valorize a delegação e o fortalecimento dos colaboradores. (MAXWELL, 2021, p. 64)
Estilos de liderança referem-se à maneira pela qual uma pessoa lidera e
influencia um grupo ou organização. Existem vários estilos de liderança, e cada estilo
tem suas vantagens e desvantagens, dependendo da situação. Alguns estilos de
liderança são mais eficazes em determinados contextos e com certos indivíduos ou
grupos do que outros.
31

A liderança autocrática ou autoritária é um estilo em que o líder toma decisões


sem consultar ou considerar as opiniões dos outros. O líder está no controle total e
tem muita autoridade. Esse estilo pode ser eficaz em situações de emergência ou
quando decisões rápidas precisam ser tomadas. No entanto, pode levar a uma falta
de motivação e criatividade entre os seguidores.
A liderança democrática ou participativa é um estilo em que o líder envolve os
seguidores no processo de tomada de decisão. O líder busca a opinião dos seguidores
e considera suas opiniões antes de tomar uma decisão. Esse estilo pode ser efetivo
em situações em que há um alto grau de complexidade, e o envolvimento de múltiplas
perspectivas pode levar a melhores decisões. Também pode aumentar a motivação e
o engajamento entre os seguidores.
Laissez-Faire ou liderança delegativa é um estilo no qual o líder delega tarefas
e autoridade de tomada de decisão aos seguidores. O líder fornece orientação e
recursos, mas permite que os seguidores tomem suas próprias decisões. Este estilo
pode ser eficaz em situações onde os seguidores são altamente qualificados e
motivados. No entanto, também pode levar a uma falta de direção e responsabilidade.
A liderança transformacional é um estilo no qual o líder inspira os seguidores a
alcançarem um objetivo comum. O líder fornece uma visão e motiva os seguidores a
trabalhar em direção a essa visão. Esse estilo pode ser eficaz em situações em que
os seguidores são apaixonados pela missão e estão comprometidos em alcançá-la.
Também pode levar ao aumento da criatividade e inovação entre os seguidores.
(SCORSIN; WANGLER, 2017, p. 42-44)
A liderança servidora é um estilo em que o líder prioriza as necessidades dos
seguidores em detrimento de suas próprias necessidades. O líder serve aos
seguidores fornecendo apoio, orientação e recursos para ajudá-los a alcançar seus
objetivos. Esse estilo pode ser eficaz em situações em que os seguidores se sentem
apoiados e valorizados, e onde há um forte senso de comunidade e colaboração.

Acabo de ter uma pequena revelação e preciso falar. Se bem me lembro,


Jesus simplesmente disse que para liderar você deve servir. Acho que você
poderia chamar isso de liderança a serviço. Lembre-se: Jesus não usava o
estilo de poder simplesmente porque não tinha poder. O rei Herodes, Pôncio
Pilatos, os romanos, toda aquela gente tinha poder. Mas Jesus possuía muita
influência, o que Simeão chama de autoridade, e é capaz de influenciar
pessoas até os dias de hoje. Ele nunca usou o poder, nunca forçou ou coagiu
ninguém a segui-lo. (HUNTER, 2004, p. 69)
32

A liderança situacional é um estilo em que o líder ajusta seu estilo de liderança


às necessidades da situação e dos seguidores. O líder utiliza diferentes estilos de
liderança dependendo do nível de competência e comprometimento dos seguidores.
Esse estilo pode ser eficaz em situações em que os seguidores têm diferentes níveis
de habilidades e experiência, e onde o líder precisa se adaptar às circunstâncias em
mudança. (SCORSIN; WANGLER, 2017, p. 44)
A liderança eficaz envolve a seleção do estilo de liderança apropriado para a
situação e os seguidores. Nenhum estilo de liderança é universalmente eficaz, e cada
estilo tem suas vantagens e desvantagens. Os líderes devem ser flexíveis e dispostos
a ajustar seu estilo com base nas necessidades da situação e dos seguidores.
Outro fator a ser pensado é no plano de treinamento e desenvolvimento da
liderança. O treinamento e desenvolvimento das lideranças é essencial para garantir
o sucesso das organizações em um ambiente competitivo. A liderança é uma
habilidade que pode ser desenvolvida e aprimorada por meio de programas de
treinamento e desenvolvimento.
De acordo com Scorsin e Wangler (2017), um líder deve possuir habilidades
como capacidade de comunicação, resiliência, flexibilidade, visão estratégica,
capacidade de delegação, entre outras. É importante que as organizações invistam
em programas de treinamento e desenvolvimento que permitam aos líderes
desenvolver essas habilidades e aprimorá-las ao longo do tempo. (SCORSIN;
WANGLER, 2017, p. 65)
Além disso, o treinamento e desenvolvimento das lideranças também pode
ajudar a criar uma cultura organizacional forte e coesa. Quando os líderes são
treinados para liderar de maneira eficaz, eles podem transmitir essa visão e cultura
para suas equipes, criando um ambiente de trabalho positivo e produtivo.
Investir em treinamento e desenvolvimento das lideranças é de extrema
importância para as igrejas. Isso permite o aprimoramento das habilidades
necessárias para uma liderança efetiva, além de promover uma cultura interna sólida
e coesa. Ao investir no crescimento pessoal e espiritual dos seus membros, a igreja
desperta o potencial de talentos e fortalece seus membros. As pessoas valorizam uma
igreja que se preocupa em oferecer oportunidades de desenvolvimento e crescimento,
o que pode ser um fator determinante para atrair e manter esses talentos engajados
em pró do desenvolvimento da igreja.
33

Em resumo, o treinamento e desenvolvimento das lideranças é essencial para


garantir o sucesso das igrejas e organizações. É importante que as igrejas invistam
nesse processo para desenvolver habilidades necessárias para a liderança, criar uma
cultura organizacional forte e coesa, e atrair e reter talentos.
Com base na obra de Scorsin e Wangler (2017), “Liderança e Desenvolvimento
de Equipes”, podemos destacar algumas sugestões para o treinamento e
desenvolvimento da liderança.
Conheça as habilidades necessárias para liderar: Antes de começar qualquer
treinamento ou desenvolvimento, é importante entender quais habilidades e
competências são necessárias para liderar com eficiência. Essas habilidades incluem
comunicação eficaz, capacidade de tomar decisões difíceis, gestão de conflitos e
motivação de equipes. A partir desse conhecimento, é possível traçar um plano de
ação para desenvolver essas habilidades.
Ofereça feedback: Uma das formas mais eficazes de desenvolver a liderança
é oferecer feedback constante aos líderes. Esses feedbacks podem ser feitos por meio
de sessões de coaching, avaliações de desempenho ou mesmo feedbacks informais.
O importante é que o feedback seja honesto, objetivo e construtivo, ajudando o líder
a identificar pontos fortes e oportunidades de melhoria.
Invista em capacitação: Ofereça treinamentos e capacitações específicas para
liderança, com foco nas habilidades necessárias para liderar com eficiência. Esses
treinamentos podem ser presenciais ou online, e devem ser adaptados às
necessidades individuais de cada líder. Por exemplo, se um líder tem dificuldade em
gerir conflitos, ofereça um treinamento específico sobre gestão de conflitos.
Incentive o desenvolvimento pessoal: Liderança é um processo contínuo de
desenvolvimento pessoal e profissional. Por isso, é importante incentivar os líderes a
buscar aprimoramento pessoal por meio de leituras, palestras, workshops, entre
outras atividades. O líder que investe em seu próprio desenvolvimento pessoal está
mais preparado
Crie um ambiente de aprendizagem: Finalmente, crie um ambiente que
favoreça o aprendizado e o desenvolvimento contínuo da liderança. Isso inclui
promover a troca de conhecimentos entre líderes, estimular a colaboração e o trabalho
em equipe, e oferecer desafios e oportunidades de aprendizado constantes. Quando
o ambiente de trabalho favorece o aprendizado e o desenvolvimento, a liderança pode
crescer e se desenvolver de forma mais eficaz.
34

Com essas sugestões, é possível criar um plano de treinamento e


desenvolvimento da liderança que seja eficaz e adequado às necessidades da sua
igreja.
Não foi até então mencionado, mas o aconselhamento pode ser mais uma
estratégia a ser usufruída no decorrer da formação de liderança para as pequenas e
médias igrejas.
O aconselhamento cristão tem se mostrado uma ferramenta eficaz na formação
de líderes, tanto na esfera religiosa quanto em outras áreas da sociedade. De acordo
com Collins, Gary R. (2004) em seu livro “Aconselhamento Cristão”, o
aconselhamento é um processo de ajuda que visa promover o desenvolvimento
pessoal e relacional do indivíduo, baseado em princípios bíblicos. (COLLINS, GARY
R., 2004, p. 152)
O processo de aconselhamento pode ser aplicado na formação de líderes, uma
vez que este processo tem como objetivo ajudar o indivíduo a crescer e desenvolver
habilidades que são essenciais para a liderança. Um líder precisa ser capaz de se
comunicar de forma eficaz, de tomar decisões difíceis, de motivar a equipe, de lidar
com conflitos, entre outras habilidades.
O aconselhamento pode ajudar o líder a desenvolver essas habilidades, uma
vez que o aconselhador irá auxiliá-lo a refletir sobre suas ações e a identificar pontos
que precisam ser aprimorados. Além disso, o aconselhamento pode ajudar o líder a
lidar com questões emocionais que possam afetar sua liderança, como estresse,
ansiedade e frustração.
O aconselhamento cristão pode ser ainda mais eficaz na formação de líderes,
uma vez que ele está fundamentado em princípios bíblicos. O líder que recebe
aconselhamento cristão pode ter acesso a ensinamentos sobre como liderar com
sabedoria, como se relacionar com sua equipe, como lidar com o fracasso e como
buscar a orientação de Deus em sua liderança.
Portanto, podemos concluir que o aconselhamento é uma ferramenta
importante na formação de líderes. Ele auxilia no desenvolvimento de habilidades
essenciais para a liderança e na resolução de questões emocionais que possam afetar
a liderança. O aconselhamento cristão, em especial, pode ser ainda mais eficaz, uma
vez que ele está fundamentado em princípios bíblicos que ensinam sobre a liderança
sábia e piedosa.
35

Entro outras estratégias para o desenvolvimento da liderança, a participação


em programas de aproximação social, também é uma excelente estratégia de
formação da liderança.
A formação de líderes é um processo contínuo que requer o desenvolvimento
de habilidades e competências que permitam aos líderes exercer sua função de
maneira ética, responsável e comprometida. Nesse contexto, os programas de
aproximação social têm um papel fundamental na formação de líderes engajados com
a comunidade e comprometidos com a promoção da justiça social.
As obras “O Monge e o Executivo” de Hunter (2004) e “De Volta aos Princípios”
de Freitas (2016) destacam a importância da liderança servidora e do engajamento
com a comunidade como parte essencial do processo de formação de líderes. A
liderança servidora coloca as necessidades e interesses dos liderados em primeiro
lugar, o que leva à construção de equipes mais coesas e engajadas. Por sua vez, o
engajamento com a comunidade contribui para estabelecer relações mais próximas e
colaborativas com as pessoas e grupos em situação de vulnerabilidade. (HUNTER,
2004, p. 69), (FREITAS, 2016, p. 70)
Os programas de aproximação social são uma forma prática de colocar em
prática esses princípios de liderança. Esses programas podem incluir atividades como
campanhas de arrecadação de alimentos e roupas para doação, visitas a asilos e
hospitais, ações de conscientização sobre questões sociais relevantes, entre outras.
Esses programas permitem que os líderes entrem em contato com a realidade dos
grupos vulneráveis e marginalizados, o que ajuda a desenvolver empatia e
sensibilidade para com as necessidades desses grupos.
Sugere-se a implementação de programas de aproximação social que visem
atender as necessidades da comunidade local, como a realização de feiras de saúde,
campanhas de vacinação, distribuição de alimentos e roupas, e outras atividades que
possam contribuir para a melhoria das condições de vida das pessoas. Além disso, é
importante que esses programas sejam desenvolvidos de forma colaborativa,
envolvendo a participação ativa da comunidade e dos líderes locais.
Em conclusão, os programas de aproximação social são uma importante
ferramenta para a formação de líderes comprometidos com a promoção da justiça
social e com o bem-estar da comunidade. As obras “O Monge e o Executivo” e “De
Volta aos Princípios” oferecem valiosos insights sobre a importância da liderança
servidora e do engajamento com a comunidade para o desenvolvimento de líderes
36

mais éticos, responsáveis e comprometidos. A implementação de programas de


aproximação social pode ajudar a colocar esses princípios em prática, contribuindo
para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

3.3 Como podemos assegurar e ininterrupta formação de líderes

Assegurar a formação ininterrupta de líderes requer um esforço constante de


capacitação e aprimoramento de habilidades de liderança, além de uma visão de
longo prazo sobre o desenvolvimento de pessoas. A Bíblia é uma fonte de inspiração
para a gestão de pessoas e para a formação de líderes, destacando a importância do
exemplo, da humildade, da empatia e do amor ao próximo. Além disso, é fundamental
estabelecer processos de discipulado, mentoria e coaching, em uma liderança de
serviço estabelecida, que permitem o desenvolvimento pessoal de forma
individualizada e orientada a resultados. Outras medidas importantes incluem o
investimento em programas de treinamento e capacitação em liderança, a criação de
um ambiente de aprendizado e experimentação, a promoção de uma cultura de
feedback e a diversificação da liderança, a fim de incorporar diferentes perspectivas
e habilidades. Por fim, é necessário compreender as características da pós-
modernidade e as ameaças e oportunidades que ela traz para a liderança, adaptando-
se às mudanças e desenvolvendo uma visão estratégica e inovadora. Com essas
abordagens, é possível assegurar a formação ininterrupta de líderes e garantir a
continuidade e o sucesso das pequenas e médias igrejas. (MAIA, não paginado)
A Bíblia é um dos livros mais antigos e influentes do mundo. Ela contém
ensinamentos que têm sido utilizados por séculos para orientar a vida das pessoas,
tanto no âmbito espiritual como no pessoal e profissional. Araújo (2022), em seus
livros “A Bíblia e o Desenvolvimento Pessoal” e “A Bíblia e a Gestão de Pessoas:
Trabalhando Mentes e Corações” Araújo (2016), traz importantes reflexões sobre a
relação entre a Bíblia e o desenvolvimento pessoal e profissional.
Araújo destaca que a Bíblia oferece importantes ensinamentos para o
desenvolvimento pessoal, uma vez que ela aborda temas como a sabedoria, a
humildade, a compaixão e a resiliência. De acordo com o autor, a sabedoria é
fundamental para uma vida plena e equilibrada. Segundo a Bíblia, a sabedoria começa
com o temor a Deus e é adquirida através da leitura e da meditação nos seus
ensinamentos. (ARAÚJO, 2016, p. 55)
37

A humildade também é um tema recorrente na Bíblia e é vista como uma virtude


importante para o desenvolvimento pessoal. De acordo com a Bíblia, “Deus resiste
aos soberbos, mas dá graça aos humildes” (BÍBLIA NVI, 2011, Tiago 4: 6).
A compaixão é outra virtude que é destacada na Bíblia e é vista como uma
qualidade importante para o desenvolvimento pessoal. A Bíblia ensina que devemos
amar o nosso próximo como a nós mesmos (BÍBLIA NVI, 2011, Mateus 22:39) e que
devemos fazer aos outros o que gostaríamos que fizessem a nós. (BÍBLIA NVI, 2011,
Lucas 6:31).
A resiliência é outro tema importante na Bíblia e é vista como uma virtude que
nos ajuda a superar as adversidades da vida. A Bíblia nos alerta que devemos ter fé
em Deus e confiar que Ele nos dará força para superar os desafios da vida (BÍBLIA
NVI, 2011, Filipenses 4:13)
A Bíblia é uma fonte de sabedoria para os líderes que desejam trabalhar as
mentes e os corações das pessoas que lideram. De acordo com Araújo (2022), a
gestão de pessoas deve ser baseada em princípios éticos e morais que estão
presentes na Bíblia, como a justiça, a honestidade, a transparência e o respeito.
A justiça é um princípio importante na gestão de pessoas e é vista como uma
virtude que nos ajuda a tratar as pessoas de forma equitativa e imparcial. Além disso,
a Bíblia também oferece conselhos sobre como lidar com conflitos dentro de uma
organização. Em (BÍBLIA NVI, 2011, Mateus 18:15-17), Jesus ensina que, em caso
de conflito, é importante confrontar a outra pessoa diretamente, em particular, e
apenas se a confrontação não levar a uma solução, é que se deve envolver outras
pessoas para ajudar a resolver o problema. Esse conselho pode ser aplicado na igreja
e nas empresas, onde conflitos podem surgir entre colegas ou entre um líder e seus
subordinados.
Outra questão importante abordada pela Bíblia em relação à gestão de pessoas
é a importância de dar feedbacks. Em (BÍBLIA NVI, 2011, Provérbios 27:5-6), está
escrito: “Melhor é a repreensão franca do que o amor encoberto. Leais são as feridas
feitas pelo amigo, mas os beijos do inimigo são enganosos”. Esse verso nos ensina
que é melhor receber uma repreensão sincera do que ouvir palavras falsas de elogio.
Isso significa que os líderes devem ser honestos e diretos ao dar feedbacks aos seus
subordinados, apontando não apenas as coisas positivas, mas também as áreas que
precisam de melhoria. A Bíblia também ensina que é importante tratar todos os irmãos
de forma justa e igual. Em (BÍBLIA NVI, 2011, Colossenses 4:1), está escrito:
38

“Senhores, concedei aos vossos servos o que é justo e equitativo, sabendo que
também tendes um Senhor no céu”. Isso significa que os líderes devem tratar seus
liderados com respeito e justiça, independentemente de seu status na empresa ou
posição na hierarquia.
A Bíblia oferece valiosos ensinamentos sobre a gestão de pessoas e liderança.
Através de suas histórias e conselhos, podemos aprender a importância de liderar
pelo exemplo, servir aos outros, lidar com conflitos de forma justa, dar feedbacks
honestos e tratar todos com igualdade e respeito. Esses princípios são atemporais e
podem ser aplicados em qualquer contexto, seja em uma empresa, organização sem
fins lucrativos ou até mesmo na vida pessoal.
É importante destacar que a aplicação desses ensinamentos não é uma
fórmula mágica para o sucesso. A gestão de pessoas é uma tarefa complexa e
desafiadora, que exige habilidades como empatia, comunicação, tomada de decisão
e resolução de conflitos. No entanto, a Bíblia oferece uma base sólida de princípios
éticos e morais que podem guiar os líderes em sua jornada de liderança.
A liderança de serviço é uma abordagem que tem sido cada vez mais
valorizada em diversos contextos, principalmente no âmbito religioso. De acordo com
Piper e Carson (2011), um líder espiritual que deseja aplicar a liderança de serviço
em seu ministério precisa estar disposto a renunciar a sua própria vontade e ego em
favor dos membros de sua equipe. Isso significa que o líder deve estar pronto para
ouvir as opiniões e sugestões dos outros, encorajando o diálogo e a participação ativa
de todos. (PIPER; CARSON, 2011, p. 67)
Uma estratégia importante para a aplicação da liderança de serviço é a
valorização do trabalho em equipe. Conforme Spurgeon (2011), o líder deve entender
que ele não é o único responsável pelo sucesso do ministério ou projeto em questão,
e deve buscar envolver e capacitar os membros de sua equipe para que todos possam
contribuir de forma efetiva. (SPURGEON, 2011, p. 23)
Outra estratégia fundamental é a prática da empatia. Segundo Tripp (2017), um
líder que deseja liderar com base no serviço deve ser capaz de se colocar no lugar
dos membros de sua equipe, compreendendo suas dificuldades, limitações e
desafios. Isso não apenas ajuda a construir uma relação de confiança entre o líder e
a equipe, mas também permite que o líder tome decisões mais assertivas e alinhadas
com as necessidades do grupo. (TRIPP, 2017, p. 126)
39

Por fim, é importante destacar a necessidade de uma comunicação clara e


transparente por parte do líder. Conforme Piper e Carson (2011), a liderança de
serviço requer que o líder seja honesto e aberto em relação às suas intenções e
planos, buscando sempre manter uma comunicação clara e objetiva com a equipe.
Isso ajuda a evitar mal-entendidos e conflitos, além de fortalecer a confiança e a
credibilidade do líder. (PIPER; CARSON, 2011, p. 71)
Em resumo, a liderança de serviço é uma abordagem que exige humildade,
empatia, trabalho em equipe e comunicação clara por parte do líder. Ao colocar as
necessidades da equipe em primeiro lugar, o líder pode construir uma relação de
confiança e respeito com seus liderados, promovendo um ambiente de trabalho mais
saudável e produtivo.
Para aplicar o discipulado na formação de liderança sugerimos seguir os
seguintes passos de forma estratégica. O primeiro passo é identificar indivíduos com
potencial de liderança, seja na igreja, na comunidade ou até mesmo na escola. É
importante avaliar as habilidades e características pessoais de cada indivíduo, a fim
de determinar se ele é um candidato adequado para o discipulado. Após identificar
um candidato adequado, o próximo passo é estabelecer um relacionamento de
mentoria.
O discipulador assume o papel de mentor e guia, ajudando o discípulo a crescer
e desenvolver habilidades essenciais para liderar equipes de forma eficaz e ética. É
importante definir objetivos claros para o processo de discipulado, de forma que o
discípulo saiba o que esperar e possa acompanhar seu progresso ao longo do tempo.
Os objetivos podem incluir aquisição de habilidades de comunicação, tomada de
decisão, resolução de conflitos, entre outras. Com base nos objetivos definidos, crie
um plano de ação que inclua atividades práticas para ajudar o discípulo a desenvolver
as habilidades necessárias para liderar equipes com eficácia e ética. O plano de ação
pode incluir leituras, discussões, exercícios práticos e acompanhamento constante.
Como mencionado no texto, o discipulado é um processo contínuo que exige
comprometimento constante com o desenvolvimento pessoal e a busca pelo
conhecimento. Portanto, é importante incentivar o discípulo a continuar aprendendo e
se desenvolvendo ao longo do tempo. Ao aplicar essas estratégias na formação de
crianças, é importante adaptar o processo de discipulado às necessidades e
habilidades da idade. O discipulador pode incorporar atividades lúdicas e interativas
que permitam às crianças desenvolver habilidades de liderança de maneira divertida
40

e acessível. Também é importante lembrar que a formação de liderança na infância é


um processo gradual e que requer paciência e incentivo constante.
Discipulado e mentoria são duas práticas diferentes, embora tenham algumas
semelhanças. O discipulado é uma prática comum no meio evangélico, em que um
discípulo é guiado em suas questões espirituais e de vida. O objetivo do discipulado
é ajudar o discípulo a crescer espiritualmente, a se tornar mais próximo de Deus e a
viver uma vida que reflita os valores religiosos. O discipulador é geralmente um líder
religioso mais experiente que orienta o discípulo na leitura da Bíblia, na oração e em
outras práticas religiosas.
Por outro lado, a mentoria é uma prática mais ampla que pode acontecer em
vários contextos, como no ambiente de trabalho, na educação ou em áreas
específicas, como esportes ou artes. A mentoria envolve uma pessoa mais experiente
que orienta e aconselha outra pessoa em um determinado assunto ou área de
conhecimento. O objetivo da mentoria é ajudar o mentoreado a desenvolver
habilidades, conhecimentos e experiências em uma área específica.
Outra diferença importante é o contexto em que ocorre a prática. O discipulado
geralmente ocorre em um ambiente religioso, enquanto a mentoria pode acontecer
em vários contextos, incluindo o profissional e o educacional.
O processo de discipulado é fundamental para a formação espiritual de
cristãos, buscando aprofundar o conhecimento da fé e orientar os discípulos em sua
caminhada cristã. Nesse sentido, a mentoria em liderança cristã é uma atividade
complementar ao discipulado, pois capacita o discípulo a liderar com sabedoria e
responsabilidade, desenvolvendo habilidades de gestão e tomada de decisão. Dessa
forma, a combinação do discipulado com a mentoria na liderança cristã torna-se uma
prática importante para a formação integral de líderes religiosos, preparando-os para
serem exemplos de conduta ética e moral, e capacitando-os a liderar e formar novos
discípulos e líderes.

3.4 De quem é a responsabilidade em garantir a constante formação de


líderes.

A responsabilidade de formar líderes em pequenas e médias igrejas é um


assunto essencial para o seu crescimento e desenvolvimento. Embora o pastor possa
ser visto como o principal responsável por essa tarefa, é importante entender que
41

todos os membros da igreja têm um papel a desempenhar na formação de líderes. A


responsabilidade pela formação de líderes é compartilhada por toda a liderança da
igreja, pais e membros, cada um em sua proporção, não sendo somente do pastor.
Em primeiro lugar, é importante destacar que o pastor, como líder espiritual da
igreja, tem uma grande responsabilidade em formar líderes. Araújo (2016), em seu
livro “A Bíblia e a Gestão de Pessoas”, defende que a liderança é uma arte que exige
habilidades específicas, como liderança de equipes, habilidades de comunicação e
planejamento estratégico. O pastor, portanto, deve se empenhar em desenvolver
essas habilidades em si mesmo e nos outros líderes da igreja. (ARAÚJO, 2016, p. 36)
No entanto, é importante entender que a responsabilidade pela formação de
líderes não é exclusiva do pastor. Todos os membros da igreja devem se envolver
nessa tarefa, cada um em sua proporção. Scorsin e Wangler (2017), em seu livro
“Liderança e Desenvolvimento de Equipes”, destaca que o trabalho em equipe é
fundamental para o desenvolvimento de líderes. Assim, a liderança da igreja e os
membros devem trabalhar juntos para identificar, desenvolver e apoiar novos líderes.
(SCORSIN; WANGLER, 2017, p. 86)
Os pais também têm um papel importante na formação de líderes. Dever
(2016), em seu livro “Discipulado: Como Ajudar Outras Pessoas a Seguir Jesus”,
destaca a importância da formação de discípulos para o desenvolvimento da
liderança. Os pais podem ajudar a moldar a personalidade de seus filhos e ensinar a
eles valores que os tornem líderes responsáveis e capazes. A igreja, por sua vez,
pode fornecer recursos e programas para apoiar os pais em sua tarefa. (DEVER, 2016
p. 29)
Além disso, é importante destacar que a formação de líderes deve ser uma
preocupação constante de toda a liderança da igreja. Lotz e Grammsx (2014), em seu
livro “Coaching e Mentoring”, destacam a importância do mentor para o
desenvolvimento da liderança. A liderança da igreja deve fornecer mentores para
ajudar novos líderes a desenvolver habilidades e competências. Isso não deve ser
uma tarefa exclusiva do pastor, mas sim de toda a liderança. (LOTZ; GRAMMSX,
2014, p. 54)
Deve-se destacar que, apesar da importância da formação de líderes, nem
todas as igrejas têm recursos para investir em programas de treinamento. Nesse
sentido, Lopes (2009), em seu livro “Paulo - O Maior Líder do Cristianismo”, destaca
que o exemplo é a melhor forma de liderança. Os líderes devem ser modelos para os
42

outros membros da igreja, mostrando-lhes como liderar com humildade, amor e


sabedoria. (LOPES, 2009, p, 141)
É importante destacar que o desenvolvimento de líderes deve ser visto como
uma tarefa contínua, e não como um evento isolado. A formação e capacitação de
líderes deve ser um processo constante, que envolve acompanhamento, mentoria e
feedbacks regulares. A liderança deve estar sempre atenta às necessidades da
comunidade e às demandas do ministério, buscando aprimorar continuamente suas
habilidades e conhecimentos. Além disso, é fundamental que a igreja invista em sua
liderança, oferecendo recursos e oportunidades de aprendizado, para que os líderes
possam crescer e se desenvolver de forma plena em seu ministério.
Para que a formação de líderes aconteça de forma eficaz, é preciso que a
liderança da igreja esteja comprometida e engajada no processo. É importante que
haja uma estruturação adequada para o desenvolvimento de líderes, como programas
de mentoria, treinamentos, seminários e workshops. A Bíblia e a Gestão de Pessoas,
de Araújo (2016), traz reflexões importantes sobre a importância do desenvolvimento
pessoal e profissional na liderança, apresentando o exemplo de Jesus como modelo
de líder. (ARAÚJO,2016, p. 91)
Além disso, é necessário que os líderes estejam comprometidos com a missão
da igreja e com o ensinamento da Palavra de Deus. O Livro de ouro da liderança, de
Maxwell (2011), destaca a importância do líder como modelo a ser seguido e como
um agente de mudanças positivas em sua comunidade.
Outro aspecto importante na formação de líderes é a questão da diversidade
de liderança. Diversidade de Liderança no Novo Testamento, da FABAPAR (2021),
destaca a diversidade de lideranças apresentadas no Novo Testamento e como isso
pode ser aplicado nas igrejas de hoje. É importante que a liderança da igreja esteja
aberta a pessoas de diferentes origens e raças, e que valorize a diversidade como um
fator importante para o crescimento e fortalecimento da igreja. (FABAPAR, 2021, não
paginado)
No entanto, não basta apenas oferecer programas de formação de líderes, é
preciso também que a igreja como um todo esteja envolvida nesse processo. Os pais,
por exemplo, são responsáveis por orientar e ensinar seus filhos na fé, além de serem
exemplos de liderança dentro do lar. Discipulado: Como ajudar outras pessoas a
seguir Jesus, de Dever (2016), apresenta orientações práticas sobre como discipular
43

outras pessoas na fé, o que é uma responsabilidade de todos os cristãos. (DEVER,


2016, p. 121)
Por fim, é importante ressaltar que a formação de líderes é um processo
contínuo e que deve ser encarado como uma prioridade nas igrejas. O Monge e o
Executivo: uma história sobre a essência da liderança, de Hunter (2004), destaca a
importância da liderança como um processo de transformação pessoal e profissional,
que deve ser encarado como uma jornada de aprendizado constante. (HUNTER,
2004, p. 132)
Em resumo, a formação de líderes nas pequenas e médias igrejas é uma
responsabilidade de toda a comunidade cristã, e não apenas do Pastor ou da
liderança em si. É preciso que haja uma estruturação adequada para o
desenvolvimento de líderes, que a liderança esteja comprometida com a missão da
igreja e com o ensinamento da Palavra de Deus, que haja diversidade de pessoas
envolvidas no processo, e que sejam oferecidas oportunidades para que os potenciais
líderes possam desenvolver suas habilidades e dons. Além disso, é importante que
haja uma cultura de mentoria e discipulado, na qual líderes mais experientes possam
investir em líderes mais novos, acompanhando e orientando em sua jornada de
crescimento e aprendizado. Com essas práticas, é possível fortalecer a liderança das
pequenas e médias igrejas e contribuir para o crescimento e fortalecimento da
comunidade cristã como um todo.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A geração continuada de líderes é vital para o desenvolvimento das pequenas


e médias igrejas, gerando benefícios para a comunidade e a sociedade em geral.
Investir em capacitação é importante para que os líderes possam desenvolver
habilidades e competências necessárias para conduzir a igreja de forma eficiente e
eficaz, gerando novas lideranças para a contínua propagação do evangelho.
A formação de líderes nas pequenas e médias igrejas permite que esses líderes
estejam atualizados e preparados para enfrentar os desafios que surgem no exercício
de suas funções. A capacitação é fundamental para que esses líderes possam
desenvolver habilidades de liderança e gestão, melhorando a qualidade do
relacionamento na igreja, resolvendo conflitos e promovendo um ambiente mais
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acolhedor e participativo. Além disso, a formação continuada também é essencial para


que esses líderes possam identificar e solucionar problemas que surgem na igreja.
Os benefícios da geração continuada de líderes nas pequenas e médias igrejas
são muitos. Entre eles, podemos destacar a melhoria da qualidade do relacionamento
na igreja, a maior capacidade de resolução de conflitos e o aperfeiçoamento das
habilidades de liderança e gestão. A geração continuada pode estimular o
engajamento e a participação dos membros da igreja, o que pode gerar um aumento
na frequência de participação e a inclusão de novos membros.
Para que os benefícios da geração continuada de líderes sejam efetivados, é
preciso que a liderança da igreja esteja comprometida com a capacitação de seus
líderes e na geração de novas lideranças, buscando investir em cursos, workshops e
treinamentos que possam aprimorar suas habilidades e competências. Sabendo das
dificuldades que as pequenas e médias igrejas enfrentam, a metodologia combinada
da liderança de serviço, discipulado e mentoria com as técnicas de coaching são
sugeridas como alternativa a esta nobre tarefa.
É importante que os líderes das pequenas e médias igrejas se comprometam
em investir na formação continuada de seus líderes, buscando promover um ambiente
de crescimento e desenvolvimento contínuo para todos os membros. Esse
compromisso deve ser assumido pela liderança da igreja com a participação da igreja
como um todo. Portanto, que os líderes das pequenas e médias igrejas invistam em
capacitação e na geração de novas lideranças, buscando promover um ambiente de
crescimento e desenvolvimento contínuo para todos os membros. Isso gerará
benefícios para a igreja e para a sociedade como um todo, melhorando a qualidade
de vida das pessoas e propagando a mensagem do evangelho de forma mais efetiva.
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