CURSO LATO SENSU

Introdução à Educação Especial, Educação

Inclusiva e Direitos Humanos | SEMANA 1

Profa. Dra. Márcia Denise Pletsch

 CURSO LATO SENSU

História, estrutura e funcionamento da Educação

Especial no Brasil
 Introdução à Educação Especial, Educação Inclusiva e Direitos Humanos | SEMANA 1

Objetivos
✓Apresentar aspectos históricos, a estrutura e funcionamento
da Educação Especial no Sistema Educacional Brasileiro.

✓Discutir as mudanças conceituais e terminológicas para

referir-se ao público da Educação Especial no país, assim
como os suportes educacionais oferecidos para a Educação
dessa população.

✓Analisar os princípios da Educação Inclusiva enquanto

política pública inserida no campo dos Direitos Humanos.
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Aspectos históricos

✓Primeiras iniciativas – período Imperial

✓Programas específicos e inauguração das instituições

filantrópicas

✓Institucionalização da Educação Especial na década de 1970 e

iniciativas na formação de professores
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Processos educacionais vividos pelas pessoas com deficiência

INCLUSÃO

Fonte: UNIFESP (2022)

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Os processos educacionais anteriores estavam/estão relacionados aos modelos de

compreensão da deficiência e as mudanças conceituais na área de Educação Especial

• Coitados, dá uma pena

de ver esses rapazes •A escola deveria ter rampas
tão bonitos, mas em frente às salas de aula
presos em seu corpo. para que essas pessoas
Modelo Modelo pudessem ter o acesso
facilitado.
caritativo social

Modelo Modelo
médico baseado
• Coitados, deveriam
em direitos • Quando eles chegarem a
escola, ela (a escola
procurar um médico. deverá ter rampas para
• Invalidez, Incapacidade... garantir acessibilidade. É
um direito deles!

Fonte: Elaborado a partir do Handicap Internacional

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Modelo social e de direitos

✓“Permitiu o deslocamento do tema da deficiência dos espaços
domésticos para a vida pública.
✓A deficiência não é mais matéria de vida privada ou de cuidados
familiares, uma questão de justiça”.
✓Esse deslocamento do entendimento da deficiência como uma
questão pública (e não mais privada) tem ampliado o debate sobre
as possibilidades destas pessoas, a partir das condições de
acessibilidade oferecidas pela sociedade.
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Modelo social e de direitos

✓O modelo social tem permitido que a deficiência seja analisada e
compreendida como um processo de desigualdade compartilhada
por pessoas com diferentes tipos de impedimentos e que, por isso,
são discriminadas e oprimidas pela cultura da normalidade.
✓Claro que a compreensão social da deficiência e suas
implicações, na vida das pessoas, não nega a deficiência.
✓Ela continua existindo, é real e não podemos reduzir a existência
humana a partir dela.
➢Observação: o modelo biopsicossocial veremos em uma
disciplina posterior.
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Em termos internacionais alguns documentos são basilares para a

compreensão das mudanças conceituais e legais sobre os direitos
educacionais e sociais das pessoas com deficiência
1994
1990 2006
Declaração de Salamanca
Declaração de Convenção Internacional sobre
Evento que originou o conceito
Educação para os Direitos das Pessoas com
de Educação Inclusiva
Todos Deficiência – Declaração da ONU
3
1
5

2 4

1993 2000
Declaração de Nova Dehli Declaração de Guatemala
9 países mais pobres reforçaram os Decreto 3.956 – estabelece diretrizes para eliminar a
discriminação contra pessoas com deficiência
compromissos de 1990
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Documentos nacionais que tratam das diretrizes políticas de

Educação Especial
1994 2001
Política Nacional de 2020
Diretrizes Nacionais para Política Nacional de Educação Especial: Equitativa,
Educação Especial Educação Especial na Educação Inclusiva e com Aprendizagem ao Longo da Vida
1
Básica 3 (suspenso pelo STF e revogada em 1/01/2023)
5

2
4

1999 2008
Política Nacional para a Política Nacional de Educação
Integração da Pessoa Especial na Perspectiva da
Portadora de Deficiência Educação Inclusiva
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✓ Em relação ao público da Educação Especial, assim como na Declaração de

Salamanca, há a denominação de educandos com necessidades educacionais
especiais, que além de abarcar os alunos com deficiência, transtornos globais
do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, elege os alunos com
outros tipos de dificuldades de aprendizagem.

✓ O termo necessidades educacionais especiais ampliou enormemente o público

da Educação Especial sem evidenciar como seriam realizadas as avaliações e
que equipe técnica ficaria responsável por tal ação, por exemplo, para definir
quem seriam os sujeitos com dificuldades acentuadas de aprendizagem.

✓ Pesquisas recentes evidenciaram que muitas crianças continuam sendo

avaliadas pelas próprias escolas como tendo deficiência intelectual e, uma vez
identificadas como tal, o rótulo e o estigma permanecem e parte significativa
evade da escola.
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✓Em nível internacional, Artiles e Kozleski (2019), em pesquisa realizada

nos Estados Unidos, verificaram que alunos pobres, negros e latinos eram
os mais avaliados como tendo problemas de aprendizagem e
encaminhados a serviços especializados.

✓Esses estudos corroboram com a ideia de que o modelo biomédico e da

homogeneidade humana continuam presentes nas práticas, discursos e na
cultura escolar.
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A Política de 2008 apresenta a Educação Inclusiva como:

✓Entendendo-a no campo dos Direitos Humanos que compreende a
deficiência na perspectiva social e “conjuga igualdade e diferença como
valores indissociáveis, e que avança em relação à ideia de equidade formal
ao contextualizar as circunstâncias históricas da produção da exclusão
dentro e fora da escola” (BRASIL, 2008, p. 1).

✓Prevê a matrícula de todos os alunos com deficiência, transtornos globais

do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação na rede regular de
ensino, com suporte do Atendimento Educacional Especializado (AEE) a
ser oferecido de forma complementar (para alunos com deficiência e
transtornos globais do desenvolvimento) ou suplementar (para alunos com
altas habilidades/superdotação) no contraturno das atividades escolares.
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A Política de 2008 apresenta a Educação Inclusiva como:

Observação1: Na LDB temos a aceleração para alunos com altas

habilidades/superdotação e a terminalidade específica para alunos com
deficiência intelectual.

Observação2: Transtornos específicos de aprendizagem diferente do

público da Educação Especial.

✓Nesta Política os sistemas de ensino eram orientados a transformarem-se

em sistemas educacionais inclusivos, já em sintonia com os princípios dos
Direitos Humanos da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência (CDPD).
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Nosso conceito de Educação Inclusiva à luz dos DH

✓A polissemia do termo educação inclusiva.
✓A compreensão de que a política de inclusão educacional compreende que os
sujeitos com deficiência devem:

Ter acesso à educação - participar das atividades educativas – aprender e,

consequentemente, se desenvolver
Isso implica a combinação de três elementos:

✓ o reconhecimento da diferença como constitutiva do humano;

✓ as especificidades no desenvolvimento dos sujeitos
✓ a convivência com a diversidade cultural, numa escola/universidade com
todos e para todos (PLETSCH E SOUZA, 2021).
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Na Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva

da Educação Inclusiva

✓A compressão da Educação Especial enquanto modalidade de ensino

transversal desde a Educação Infantil até a Educação Superior é
importante

✓Diferença entre inclusão na Educação Básica (suporte pelo AEE,

considerando condições e diferenças locais) e na Educação Superior
(NAI)
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Estrutura e funcionamento da Educação Especial no

Sistema Educacional Brasileiro

Suportes e apoios (aprofundaremos na aula 2)

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Educação Especial

É uma modalidade de ensino transversal com técnicas e recursos

especializados próprios que atua de forma colaborativa com a
educação básica e a superior para garantir a inclusão e a
acessibilidade educacional de pessoas com deficiência.

Para o público da Educação Especial a educação inclusiva representou um avanço fundamental e necessário para
conquistar direitos de acesso à escola comum regular. Vejamos alguns dados:
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Educação Inclusiva

É uma política pública de ação afirmativa que, imerso nos

pressupostos dos Direitos Humanos, visa induzir o acesso à
educação aos grupos que historicamente sofrem processos de
exclusão de direitos e, por isso, são apartados do direito de
aprender em escolas de sua comunidade, junto aos pares de sua
idade em um meio constituído pela/na diversidade (PLETSCH,
2020).
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Atualmente temos:

➢1.251 milhão de matrículas público da Educação Especial.

➢Desse total, 1,1 milhão de matrículas em turmas comuns do ensino

regular e 160 mil em espaços exclusivos.

➢O aumento de matrículas também ocorreu na Educação Superior e

atualmente 0,5% do total de matrículas são do público da Educação
Especial, o que indica também a necessidade de ações políticas e
suportes especializados nesse nível educacional.
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Atualmente temos:
➢Predominância de matrículas de estudantes com deficiência intelectual,
deficiência física e com transtorno do espectro autista em todos os anos,
representando 94% das matrículas na Educação Especial, com destaque
para o número de estudantes com deficiência intelectual que detém o
maior número absoluto (846 mil matrículas).

➢No AEE temos 484,2 mil matrículas, o que corresponde a um aumento de

273,3% em relação a 2009, quando foram registradas 129,7 mil matrículas
nesse tipo de atendimento. Apenas 38,7% das matrículas dos educandos
do público-alvo da educação especial, o que significa que este serviço não
alcançou nem ao menos a metade desses educandos” (BRASIL, 2020).
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É fundamental lembrar que:

✓ No ano de 2015 temos a Lei Brasileira de Inclusão (LBI), que será tratada na
aula da próxima semana focando a acessibilidade e suas diferentes
dimensões, principalmente a curricular. Veremos na próxima aula de forma
detalhada.

✓Em 2016 foi instituída a Lei nº 13.409, de 28 de dezembro, que alterou a Lei
n°. 12.711, de 29 de agosto de 2012, a qual dispõe sobre a reserva de vagas
para pessoas com deficiência nos cursos técnicos de nível médio e superior
das instituições federais de ensino. Essa mudança tem ampliado o número de
matrículas de pessoas com deficiência na Educação Superior brasileira.
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✓A educação inclusiva é um processo dinâmico, cujas fronteiras se

movem de acordo com as visões de inclusão em disputa e as lutas
dos agentes políticos, econômicos e sociais envolvidos.

✓As convenções sobre o que é ou não “inclusivo”, até onde a

inclusão pode chegar, por quais caminhos e recursos e quem tem
direito ou não a ela mudam, conforme fatores contingentes. Não é
um dado, mas sim um processo dinâmico, em que mesmo
“conquistas”, aparentemente sólidas, podem se desmanchar no ar.
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✓As diferenças socioculturais e também as deficiências devem ser

compreendidas como dimensões da vida e, portanto, do universo
escolar e suas práticas.

✓Neste sentido, precisamos continuar reconhecendo as

especificidades do público da Educação Especial, porque elas
integram a Educação Básica, cujo acesso é um direito humano.

✓A escola, enquanto espaço de convivência da pluralidade humana,

orientada por certa intencionalidade político-pedagógica, constitui-
se em um espaço de aprendizagem e desenvolvimento de todos,
independentemente de suas especificidades (PLETSCH, 2020).
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Alguns questionamentos para finalizar...

✓Como a inclusão de alunos com deficiência
têm acontecido em nossas escolas e nas
universidades?

✓As práticas curriculares destinadas aos

alunos público da Educação Especial têm
contribuído para sua aprendizagem e
desenvolvimento? E dos demais alunos?
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✓Que propostas e práticas temos desenvolvido para garantir o

direito de aprendizagem de nossos estudantes com alguma
deficiência?

✓Como o princípio dos direitos humanos tem sido incorporado

nas concepções, nas práticas docentes e nas pesquisas em
Educação Especial numa perspectiva inclusiva?
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Muito obrigada pela atenção!