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A PRODUTIVIDADE DO CONCEITO DE

GÊNERO EM BAKHTIN E O CÍRCULO

Beth Brait
Maria Helena C. Pistori
ANTES... RELEMBRANDO O QUE VIMOS
1. Concepção de linguagem interacionista e dialógica.
2.Esferas ou campos do discurso.
3.Conceito de gênero discursivo em “Estética da Criação Verbal”: tipos
relativamente estáveis de enunciados formados por um tema, uma
estrutura composicional e estilo.
4.Enunciado concreto (particularidades) x oração.
5. O outro para Bakhtin e a responsividade (ativa, passiva, silenciosa ou
de efeito retardado)
6. Palavra neutra, palavra do outro e palavra minha.
A noção de valoração em BAKHTIN

• Bakhtin (2010[1986]) afirma que todos os atos do sujeito estão sempre sendo
atravessados por tons emotivo-volitivos. Para o autor, todo sujeito sempre enuncia
atitudes avaliativa sobre si e sobre o outro.
• O TOM VALORATIVO DE UM ENUNCIADOR ELACIONA-SE ÀS IDEOLOGIAS
COMUNGADAS DE QUEM ESCREVE E DE QUEM RECEBE O TEXTO. O conceito de
Valor ou EXPRESSAO VALORATIVA ou ainda, acento valorativo está relacionado a
outros conceitos como ideologia (do cotidiano versus a presente em sistemas mais
formalizados, como da ciência, moral, arte, religião). Em outras palavras como um
determinado tema é percebido tanto pelo autor como pelo interlocutor, a partir de
marcas ideológicas que expressam.
• O signo linguístico é ideológico, o que faz com que o uso da
linguagem (verbal, musical, verbo-visual, visual) também seja.
• Entender o acento de valor da linguagem significa, portanto,
compreender como ideologicamente o enunciado é formado, seja
pela ideologia do cotidiano, seja pela ideologia de sistemas mais
formalizados.
• Qualquer enunciado, portanto, é ideológico e expressa sempre uma
posição avaliativa, seja por quem produz, seja por quem recebe.
Assim, um mesmo enunciado pode permitir diferentes sentidos, a
partir de diferentes orientações valorativas.
COMO PERCEBER O ACENTO VALORATIVO NOS
ENUNCIADOS? PELA PRODUÇÃO E RECEPÇAO

• Na linguagem oral – pela entonação das palavras (importante para os


gêneros orais) – tom autoritário, familiar, infantil, etc. X IDEOLOGIA
DO INTERLOCUTOR
• Nos enunciados visuais – cores, formatos X IDEOLOGIA DO
INTERLOCUTOR.
• Nos enunciados verbais – classes como advérbios, adjetivos,
pontuação, pronomes x IDEOLOGIA DO INTERLOCUTOR.
• Na sala de aula: mediando reflexões/discussões sobre uso de
determinadas palavras/expressões para a produção oral/escrita.
NA SALA DE AULA, TRABALHO DE F. COM
GÊNERO NOTICIA 6 ANO
P- Pessoal vamos pensar no título então..
A3- Projeto anti-celular pode ser?
A5- Ah nãoooo, anti dá impressão que a gente não aceitou neh e foi um
acordo com a diretora..
A1- Que tal projeto recolhe celular das salas?
P – Vamos pensar sobre o significado de recolher alguma coisa..
A3- Dá impressão de lixo kkk e celular não é neh..
A8- que tal projeto celular off porque daí dá ideia de desligado por um
tempo só...
EXEMPLOS DE TRABALHOS QUE USA CATEGORIA DO ACENTO
VALORATIVO

“O ACENTO VALORATIVO DE PALAVRAS EM COMENTÁRIOS NO


FACEBOOK A PARTIR DO TEMA FEMICÍDIO”(BITENCOURT, 2016)
“ COMENTÁRIOS DO FACEBOOK A PARTIR DE MEMES: ANÁLISE DOS
ACENTOS VALORATIVOS DE ADOLESCENTES” (SILVA, 2017)
“A PRODUÇAO DE PODCASTS E OS ACENTOS VALORATIVOS DE JOVENS
DA PERIFERIA”(DUMMONT, 2015)
“O SARAU E A PRODUÇAO DE ACENTOS VALORATIVOS NO ENSINO
FUNDAMENTAL”(ABREU 2104)
OBJETIVO DO CAPÍTULO
• Discutir as bases fundantes do conceito de GÊNERO
DISCURSIVO , a partir de 5 obras:
1. Problemas da poética de Dostoiévski: um estudo de
gênero (BAKHTIN, 1929).
2. Problema do conteúdo, do material e da forma literária
(BAKHTIN,1923/1924).
3. O discurso no romance (BAKHTIN, 1934-1935).
4. O método formal nos estudos literários
(BAKHTIN/MEDEVDEV, 1928).
5. Marxismo e filosofia da linguagem
(BAKHTIN/VOLOCHINOV, 1997).
MIKAIL BAKHTIN (1895-1975)
BAKHTIN E SEU CÍRCULO
• Entre 1919 e 1929, na antiga União Soviética (hoje
Rússia), um grupo de filósofos, liderados por Bakhtin
começaram a estudar a formação do discurso, a partir
do romance. Nesse grupo estavam Voloshinov,
Medvedev, dentre outros. Muitas publicações foram
feitas em conjunto e até mesmo a obra “Marxismo e
filosofia da linguagem” (1923)atribuída apenas a
Bakhtin, posteriormente também foi reconhecida a
Voloshinov.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
• Conceito de GÊNERO DISCURSIVO altamente propagado em
documentos oficiais e materiais didáticos, no entanto apresenta-se
com uma visão limitante do que realmente precisamos considerar ao
se trabalhar com gêneros na escola.
• O uso dos gêneros discursivos na sala de aula implica em conhecer
dimensões teóricas, históricas e metodológicas desse objeto.
• A concepção de gênero discursivo foi construída ao longo de
trabalhos de membros do Círculo e não apenas no capítulo “Os
gêneros do discurso”, no livro Estética da Criação Verbal.
• Impossível pensar no conceito de gênero sem levar em conta outros
conceitos como LINGUAGEM, ENUNCIADO CONCRETO,
SIGNO,TEXTO, DISCURSO, DIALOGISMO, FORMA
ARQUITETÔNICA, FORÇAS CENTRÍPEDAS E CENTRÍFUGAS,
ETC.
1.PROBLEMAS DA POÉTICA DE DOSTOIÉVSKI
(BAKHTIN, 1929)
• As ideias sobre os gêneros do discurso não se referem
exclusivamente à Literatura e nem a Linguística, mas se trata de
discutir a relação entre comunicação, linguagem e vida.
• No capítulo “Peculiaridades do gênero, do enredo e da composição
nas obras de Dostoievsky”, Bakhtin trata sobre os gêneros
carnavalizados.
• Anuncia a relação existente entre gêneros diferentes, esboçando o
conceito de POLIFONIA (presença de varias vozes, discursos que
dialogam dentro de um texto, CONCEITO BAKHTINIANO, –
diferente de INTERTEXTUALIDADE- conceito da Linguística Textual
(quando um texto está inserido dentro de outro texto publicado
anteriormente ).
AS VOZES PRESENTES EM UM GÊNERO
• Todo gênero do discurso se constitui a partir de outros enunciados (os
já ditos), o que explica as relações dialógicas como inerentes a eles, e
traz, por isso mesmo, discursos de outros. Sob as palavras de um
texto/discurso há outras explícitas e implícitas. Bronckart (1999) traz
3 tipos de vozes:
1. VOZES DE PERSONAGENS/PESSOAS
2. VOZES DO AUTOR
3 VOZES SOCIAIS: são apresentadas por posicionamentos ideológicos
que remetem a determinados grupos sociais (os assalariados, os
professores, os adolescentes, os políticos, etc) OU representam
instâncias externas de avaliação.
EXEMPLOS

• VOZES SOCIAIS DE CARÁTER IDEOLÓGICO: gênero canção, propaganda


comercial, crônica, etc.
• VOZES QUE REPRESENTAM INSTÂNCIAS EXTERNAS:
“Pesquisas evidenciam que o brasileiro é preconceituoso”.
NA SALA DE AULA

GÊNERO VIDEOCLIPE
O RAPPA
OUTRAS IDEIAS IMPORTANTES NA OBRA

• Importância de se estudar e considerar a TRADIÇÃO da obra


(gênero). Essa tradição permite estudar o gênero
diacronicamente (os que vieram antes e depois) e
sincronicamente (no momento atual). Veja-se o caso da carta.
Alguns estudiosos brasileiros também chamam de sócio
história do gênero.
• “Nenhum gênero suprimi o anterior, apenas amplia o conceito
de gêneros já existentes”. O QUE ISSO QUER DIZER
QUANDO VAMOS TRABALHAR COM UM GÊNERO
DISCURSIVO HOJE?
MSG VIA CARTA – MSG VIA EMAIL-MSG VIA TORPEDO – MSG VIA
WHATS – MSG VIA CHAT – MSG VIA MSG VIA INSTAGRAM –FÓRUNS –
BLOG, ETC.

• Captar sua atualidade, MAS AO MESMO TEMPO SUA TRADIÇÃO ,


ligada ao gênero carta e diário.
• QUAL O EFEITO DE ESTUDAR O GÊNERO ISOLADAMENTE (TEMA,
ESTRUTURA E ESTILO) SEM DAR IMPORTÂNCIA À TRADIÇÃO?
ESTUDAR A TRADIÇAO ENVOLVE:
• De onde veio o gênero.
• Como se constituem os parceiros que o usam (locutor, interlocutor e
posições sociais (e se houve alterações nessas relações).
• O suporte do gênero.
• O intuito ou finalidade nas situações de interação.
• As vozes presentes.
2. O PROBLEMA DO CONTEÚDO, DO MATERIAL E DA
FORMA LITERÁRIA (BAKHTIN,1923/1924).

• Texto tem como grande objetivo criticar o formalismo russo.


• Importância: conceito de FORMA COMPOSICIONAL E FORMA
ARQUITETÔNICA NO GÊNERO.
FORMA COMPOSICIONAL

• Diz respeito aos elementos textuais e estáveis que organizam


o texto, por exemplo:
Gênero dissertação acadêmica
INTRODUÇÃO
REFERENCIAL TEÓRICO
METODOLOGIA
ANÁLISE DOS RESULTADOS
CONCLUSÃO
ANEXOS
INTRODUÇÃO DA DISSERTAÇÃO/RELATÓRIO

• Tema da investigação
• Problematização
• Pergunta de pesquisa
• Estado de arte (opcional na dissertação e obrigatória na tese)
• Hipótese
• Objetivos
• Forma de organização do texto
FORMA ARQUITETÔNICA
• O analista do gênero deve considerar as dimensões internas e
externas do gênero ou seja, explicitar as relações dialógicas e
valorativas que caracterizam o gênero, ou seja, seu tema.
• A forma arquitetônica determina a escolha da forma
composicional.
• Movimento muito mais amplo que a forma arquitetônica.
• Movimento eu auxilia o trabalho com a leitura crítica.
• O conceito de arquitetônica é uma alternativa para pensar o
mundo dos sentidos, entendendo o movimento das relações
dialógicas.
• Descrever a arquitetônica de um texto não é apresentar um
esquema abstrato ou mecânico, mas recuperar o enunciado, os
movimentos do eu, do outro, do para outro. Olhar o texto como
um acontecimento que cria tensões e valores de pelo menos
dois pontos de vista, ou seja, buscar os sentidos do texto, nada
a ver com sua forma.
• Na proposta de Bakhtin não é possível fragmentar o texto da
esfera e seus valores ideológicos da produção e da recepção
do gênero.
• A arquitetônica está relacionada à totalidade da situação, à
construção e só pode ser dimensionada a partir do objeto interno (da
materialidade) orientado para sua relação com o externo: para o
autor-criador que se posiciona a partir de um lugar social, ideológico
e axiológico, no processo de interação; para o lugar que o
texto/enunciado ocupa no todo acabado como elo da cadeia de
textos/enunciados; perpassado pelo contexto maior e pela situação
imediata, concreta, de produção; que se corporifica em determinado
gênero de discurso (com sua forma de composição), para abrigar as
avaliações e assim por diante.
• Resumidamente, a arquitetônica designa o ponto de
articulação entre a totalidade interna e as avaliações
axiológicas (valores éticos, estéticos, morais) que constroem
um objeto situado histórica, social e ideologicamente,
atribuindo-lhe sentido. Nesse aspecto, entendemos que a
entoação valorativa é o elemento que me melhor evidencia a
arquitetônica.
Maringá, 01 de Junho de 2015.
Olá amiga,
Estou morrendo de saudades!
Como você está? A saudade aumenta cada vez mais, já faz algum tempo que não nos vemo,
desde a formatura do terceirão e já estamos no segundo ano da facul. Esse ano aqui no Brasil
aconteceu a Copa do mundo, amiga!
Lembra daquela seleção brasileira que ganhou a Copa das Confederações em 2013? A
seleção que estava preparada para ganhar a Copa de 2014. Até o Brasil chegar da semi- final
estava tudo maravilhoso, uma vitória atrás da outra. Então, esse mesmo time entrou em campo
no dia 08 de julho de 2014 em Belo Horizonte, em disputa da semifinal contra a Alemanha. Mas
o maior vexame da história do futebol foi quando o Brasil perdeu de 7 x1 para a Alemanha. E,
por isso, a final foi Alemanha x Argentina.E quem ganhou? A Alemanha, o time estava muito
forte! Indignada e chocada amiga. Que raiva. Agora, só daqui três anos para o Brasil tentar uma
vitória. O país está se recuperando da goleada. Que coisa mais triste.
Flor, volta logo!
Saudades, bjo enorme.
Bia
FORMA COMPOSICIONAL
LOCAL E DATA
VOCATIVO
TEXTO (apresentação do motivo e explanação)
DESPEDIDA
ASSINATURA
FORMA ARQUITETÔNICA DO GÊNERO
Uma jovem universitária escreve para uma amiga sobre o
episodio da goleada de 7 a 0 sofrida pelo Brasil, em 08/07/2014. O
conteúdo temático da carta trata apenas desse assunto, pois Bia se
coloca como a grande maioria dos brasileiros, naquele momento, como
alguém chocada com a o acontecimento, nominado de vexame
histórico pela mídia, já que a posição social ocupada pelo imaginário
dos brasileiros, sobre o futebol nacional, é a de que é um se não o
melhor do mundo. As vozes de todos esses brasileiros, que se sentira
indignados é assumida pela autora que busca um movimento dialógico
de aceitação dessa indignação, por parte da amiga.
• Os adjetivos “chocada, indignada, triste” marcam uma apreciação
valorativa de negação à realidade ou ao que era esperado no
momento, exatamente porque, tal fato jamais havia ocorrido em
copas anteriores. A autora coloca-se como todos os brasileiros que
demostraram sua decepção ante o fato que, por não ser esperado, se
transformou em histórico. A carta, assim, rompe até com o conteúdo
temático esperado (comentar questões pessoais) e traz um questão
mais ampla e social evidenciando a adaptação desse gênero do
discurso ao seu tempo e sua época. O diálogo com as vozes de todos
os brasileiros torna-se, assim, o mecanismo gerador de todo o
conteúdo da carta.
3. O DISCURSO NO ROMANCE
(BAKHTIN, 1934-1935)

• O romance continua sendo o objeto de estudo, cuja


característica básica é ser pluriestilístico.
• Nesta obra, Bakhtin destaca a relação existente ente LÍNGUA,
ESTILO E GÊNERO, além de outros conceitos como: vozes,
forças centrípedas e centrífugas que estão sobre os gêneros do
discurso.
• Cada enunciação pode ser compreendida como unidade
contraditória e tensa dessas duas forças.
FORÇAS CENTRÍPEDAS

• São aquelas que estabilizam e tornam os gêneros mais homogêneos.


É o caso de gêneros mais padronizados como por exemplo os gêneros
epistolares. Forças que regularizam e normatizam.
FORÇAS CENTRÍFUGAS

• Forças que desestabilizam e tornam os gêneros heterogêneos. É o


caso de gêneros da esfera literária, por exemplo. Forças que
desestabilizam, relativizam, dinamizam os gêneros.
• O estilo pode ser um dos elementos a configurar essas forças, a
medida que pode alterar, ressignificar um gênero.
• Essas forças podem ocorrer em razão de : movimentos de contra-
palavra de interlocutores previstos; alteração do suporte do gênero,
do interlocutor previsto, da situação de interação,do cronotopo, etc.
RELATO DE M SOBRE ROTINA DE ESTUDO NA
PANDEMIA (PAS-UEM, 2020)

A pandemia mudou muito minha forma de estudar e não foi nada bom.
Nunca gostei muito de estudar e acabou ficando pior. Como estudar se a
internet não é boa, se seus pais estão desempregados e se chega até a faltar
comida? Como se sentir estudante sem ter o mínimo para isso. Vivemos um
caos no país e a sensação é de que cada vez mais estamos indo para o fundo do
poço. Não é possível estudar em casa com tantos problemas a nossa volta.
Rotina é para quem é rico, para pobres é sobrevivência e o estudo fica em
segundo plano (...)
3. O MÉTODO FORMAL NOS ESTUDOS LITÉRARIOS
(BAKHTIN, 1928)
• Nesta obra, Bakhtin rebate o formalismo russo quanto à análise do
gênero priorizando apenas seus aspectos formais e propõe a
compreensão a partir da totalidade da obra/enunciado.
• O enunciado tem uma dimensão interior e uma dimensão exterior; é
realizado por sujeitos organizados socialmente e orientado por uma
realidade circundante (contexto mais amplo e mais imediato). Trata-
se de uma totalidade temática, determinada por um tempo e um
espaço.
• O gênero se define por circunstâncias temporais, espaciais e
ideológicas que orientam e constituem o discurso;
A QUESTÃO DO TEMA
• O TEMA ou unidade temática de um gênero deriva do enunciado completo,
inseparável, portanto, da situação de produção, de recepção e dos
elementos linguísticos.
• TEMA não pode ser confundido com ASSUNTO (visão diferente da
Psicolinguística – Isabel Solé)
• Os recursos verbais ajudam a conhecer o tema, mas não o definem (se
trabalho apenas com a concepção de leitura focada no texto não chego ao
tema);
• O tema se constitui com o auxílio dos elementos semânticos da língua.
• O tema não é uma palavra isolada, mas o enunciado inteiro, tem a ver com
o intuito discursivo/ finalidade específica do gênero.
TEMA E CONTEÚDO TEMÁTICO
• O tema é do gênero em específico que está sendo trabalhado/lido, já
o conteúdo temático é do gênero em geral.
• Assim, o gênero ARTIGO DE OPINIÃO tem como conteúdo temático a
discussão de assuntos controversos, mas se leio um determinado
artigo de opinião encontro um tema único e irreptível.
5. MARXISMO E FILOSOFIA DA LINGUAGEM
(BAKHTIN, VOLOSHINOV, 1997)
• Destaque ao capítulo 2 “Relação entre infraestrutura e
superestrutura”: a realidade determina o signo e o signo reflete e
refrata a realidade.
• Os atos de fala, portanto os gêneros do discurso, revelam as relações
de poder, de produção e a estrutura sociopolítica.
• Capitulo 6 “Interação verbal” – a enunciação é de natureza social.
• Toda enunciação é determinada pela situação social mais imediata
(onde, quem, quando) e pelo meio social mais amplo (esfera/campo).
• O centro organizador de toda enunciação não é o interior , mas o
EXTERIOR.
ORDEM METODOLÓGICA PARA O ESTUDO DA LÍNGUA

a) as formas e os tipos de interação verbal com as condições


concretas em que se realiza (contexto de produção do gênero ou
horizonte social mais amplo);
b) os gêneros e a situação social mais imediata (a estrutura
composicional, tema e contexto mais imediato, quem produz,
para quem, com qual finalidade, em qual cronotopo);
c) as formas da língua (a questão do estilo).

NENHUM CONCEITO DO CÍRCULO PODE SER COMPREENDIDO


ISOLADAMENTE.
CONCLUSÕES DO ARTIGO
1. O enunciado deve ser visto em sua totalidade, produzido em um
determinado tempo e espaço, implicando um locutor e interlocutor.
2. O conceito de gênero mobiliza uma interioridade do enunciado
(dimensão linguística) e uma exterioridade (contexto d eprodução).
3. Considerar os gêneros do discursivos como formas de pensar e de
representar uma realidade, não se reduzindo apenas a um tema,
estrutura composicional e estilo.
4. O conceito está diluído em várias obras de Bakhtin e do Círculo.
• ALGUNS OUTROS CONCEITOS SUBJACENTES AO CAPITULO
5.O conceito de gênero não se limita, em Bakhtin, às produções
literárias, mas também à linguagem cotidiana.
6. Os gêneros carregam a variedade de experiências coletivas e
individuais, bem como suas mudanças, vivenciadas numa sociedade.
7.O conceito de gênero implica em dialogismo.
8.O conceito de gênero deve levar em conta a tradição em que se
insere (cronotopo= tempo/espaço), sua forma arquitetônica e estrutura
composicional.
9.Para sua compreensão é necessário observar sua dupla orientação
(exterior e interior), a tradição em que o gênero se insere.
10. A descrição de um gênero não deve ficar reduzida ao tema,
estrutura composicional e estilo.

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