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DEI II

Docente: Tatiane Nogueira

Reflexão crítica

É preciso buscar formas complexas de educação que coloquem no mesmo


espaço as formas lúdicas e educativas, mas que se tenha clareza sobre os atributos
de cada uma. Quando utilizamos o jogo como recurso didático por exemplo, o
sentido polissêmico desse jogo gera concepções e práticas em que a inserção do
lúdico é naturalizada ou polemizada ao contrapor o brincar no aprender.

Fundamentando tal proposição, me aproprio das afirmações de Gilles


Brougère que nasceu na França, filósofo, historiador e no doutorado pesquisou o
brinquedo e a produção da infância. Brougère lançou mão de duas perspectivas: na
primeira, focou o brinquedo como um objeto industrial ou artesanal destinado às
crianças, de um objeto da cultura material, de interesse de fabricantes, de adultos e
de crianças, que juntos produzem a cultura da infância (o brinquedo); e na segunda,
o brinquedo é o suporte da brincadeira, que produz a cultura lúdica.

A Sociologia da Infância, ao ver a criança como ator social, constrói a base


para a definição da cultura lúdica, que só se manifesta quando as crianças são
atores e produtores de cultura. Essa interdependência se deve à necessidade que a
criança tem de referências do mundo da cultura, veiculadas pela cultura de massa,
para expressão da cultura lúdica.

A utilização de jogos e de metodologias práticas e inovadoras como suporte


de brincadeira requer a impregnação cultural e a socialização da criança no mundo
em que vive. O que caracteriza a comunidade de prática lúdica e seu repertório é a
importância da participação e do pertencimento ao grupo. Esta cultura é fortemente
marcada por uma cultura de gênero, que varia em função da idade e de numerosos
fatores sociais ou culturais, evidenciando que “as culturas lúdicas têm sexo”.

As crianças brincam juntas e constituem uma comunidade de prática lúdica na


escola, no bairro, no quarteirão, na família, no clube.

A psicologia infantil sofreu influências da biologia e do pensamento romântico


na construção de uma ciência dos jogos que ocultou sua dimensão social e, assim,

Discente: Gilbert Angerami Lopes – 6º Período Pedagogia / Noite 2019_2


gilbertangerami@hotmail.com – (21) 98895-8998
mostra como pedagogos, biólogos e psicólogos estabeleceram concepções próprias
do seu tempo, desconsiderando os atributos específicos do jogo ou do brincar.

Cinco atributos ou critérios do brincar, ou do jogo, que servem para distinguir


a atividade lúdica de outras:

1. Formato de pensamento de segundo grau, similar ao faz de conta;


2. Decisão do brincante de entrar na brincadeira e de o brincar ser uma
sucessão de decisões ou que jogar é decidir;
3. Regra que se impõe do exterior ao jogador, que pode ser negociada ou
construída na medida do jogo;
4. Frivolidade ou a minimização das consequências da atividade;
5. Incerteza

Conceber as formas lúdicas e educativas como iguais empobrece o processo


educativo porque a educação, por ser ato com finalidade, não pode carregar o
atributo da incerteza. É preciso distinguir o lúdico do não lúdico e encontrar tempos e
espaços para ambos. A maioria das instituições pré-escolares nas quais predomina
a forma educativa, o jogo tem lugar no recreio ou num espaço marginal.

O desafio para as escolas e seus professores é o da abertura para o novo,


para que se coloque a criança dentro de seu tempo, partilhando de uma comunidade
de prática lúdica na qual os jogos façam parte da cultura da infância, mas também
mediados pelo adulto e acompanhados de visão crítica.

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Considerações sobre o texto Múltiplas Linguagens na Escola

As cores, as imagens, os desenhos e os sons estão presentes em nossa vida


desde o nascimento, e isso não é diferente no ambiente escolar, principalmente na
educação infantil. Nesse período, as crianças utilizam abundantemente essas
linguagens para se expressarem. Expressam-se quando cantam, quando
preenchem uma folha com cores, nas brincadeiras, nos movimentos, ao aprenderem
algo novo, na sua relação com os colegas e com os (as) professores (as).

Assim, é necessário e imprescindível que o direito da criança de se manifestar


em suas múltiplas linguagens seja garantido nas práticas pedagógicas
desenvolvidas nas escolas de educação infantil. Contudo, não são raras as ocasiões
em que essas crianças encontram certa resistência às suas manifestações
expressivas (desenhos, pinturas, esculturas, movimentos, brincadeiras, falas), nem
sempre compreendidas pelas instituições pré-escolares ou creches que frequentam.

Diante disso, se faz necessário entender que as múltiplas linguagens estão


presentes no cotidiano escolar e que, sobretudo na vida da criança, são tão
importantes quanto a linguagem escrita. Além disso, quando aliadas ao trabalho
pedagógico em sala de aula, tais práticas de linguagem proporcionam
aprendizagens significativas na vida da criança. Malaguzzi (1994) defende que as
crianças possuem “cem linguagens”.

Geralmente, o que se observa é que nos diferentes espaços e tempos, as


crianças se expressam pela fala, pelos movimentos, enquanto brincam, nas
atividades direcionadas ou livres e no pátio. Assim, entendemos que a educação
infantil é um espaço privilegiado para a expressão das múltiplas linguagens da
criança. Portanto, faz-se necessário pensar na rotina, no espaço físico, nas
atividades que propiciem a expressão das crianças através de suas múltiplas
linguagens.

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