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FINAC – Faculdades Integradas Nacional

THAU 1 – Teoria e História da Arquitetura e Urbanismo


Professor Luiz Marcello Gomes Ribeiro
Lays Ribeiro Sesana – lsesana@hotmail.com

A CRISTALIZAÇÃO DA CIDADE SEGUNDO LEWIS MUNFORD

Lewis Munford escreve a Cidade na História, obra que serve de base para a atual resenha. A
Cidade História, escrito no ano de 1961, foi seu livro de maior importância e teve sua
publicação agraciada com o prêmio US National Book Award, importante prêmio na classe
literária dos Estados Unidos.
Nesta resenha crítica será utilizado somente o Capítulo II desta obra, entitulado de A
Cristalização da Cidade. Dentro deste capítulo encontra-se cinco divisões, subtítulos, que são:
1. A Primeira Transformação Urbana: breve exposição de como uma cidade se inicia e o
que é necessário para que isso aconteça. Exalta a importância de uma figura de
liderança.
2. A Primeira Implosão Urbana: mostra quando a sociedade se volta contra o rei e então
surge a sincronização da religião com a figura do poder.
3. Ansiedade, Sacrifício e Agressividade: fala da perda de controle da agressividade pelo
soberano e como a sociedade lida com isso. Evolui para como surgem as guerras e
sua utilidade e significação para o rei-sacerdote.
4. Lei e Ordem Urbana: utiliza o exemplo de Dejoces para ilustrar como a lei entra
apaziguando a ansiedade instituida na sociedade com a tática de guerra.
5. Da Proteção à Destruição: mostra como o inimigo do homem deixa de ser o mundo
natural para seu semelhante e como a cidade perde seu poder e significado inicial.
Na primeira parte deste capítulo Mumford afirma que é necessário um aspecto mais forte e
importante que uma grande concentração de pessoas para uma aldeia evoluir seu status para
cidade. Essa força necessária vai dividir a sociedade criando atribuições específicas para seus
habitantes, criando-se assim “cargos” como barqueiro, engenheiro, marinheiro, soldados,
banqueiros, mercador, sacerdote e o cargo maior de liderança que exigia uma pessoa em
especial. Geralmente o escolhido como líder nessa cidade primitiva fazia parte anteriormente
do grupo dedicado à caça, isso acontece por tal atividade impor respeito por sua periculosidade
e necessidade de força e coragem. É plausível se utilizar nesse trecho uma cena do filme 300,
que narra a Guerra de Termópilas entre Esparta do Rei Leônidas I e a Pérsia de Xerxes, onde
Leônidas é escolhido para comandar Esparta depois de voltar de um exílio utilizando a pele de
um lobo nas costas que fora morto pelo mesmo.
Em “A Primeira Implosão Urbana” é possível ver o povo da cidadela se voltando contra o poder
exercido pelo rei e como este utiliza a religião para retomada de controle. Sendo considerado o
mediador entre o mundo espiritual e o mundo real junto com o sacerdote, esse rei retoma o
controle construindo Templos de grande porte dentro da “cidade murada”. Dentro desse
subcapítulo Mumford explica a utilização dos grandes muros em volta da da cidadela dizendo
que a princípio funcionava como uma tática figurativa que separava aquela cidade do mundo
esterior maléfico, ou seja, dos espíritos maus defendendo a religiosidade daquele povo.
Somente mais tarde tal muralha serviria como um mecanismo de defesa contra ataques de
outros povos.
A terceira parte narra a evolução da agressividade e descontentamento interno à cidade até o
surgimento de guerras entre cidades (povos). No ponto inicial desse capítulo o soberano possui
o título de rei-sacerdote, que surgiu como necessidade de controle dessa cidadela, e mostra
como o soberano perde o controle novamente da situação e precisa de novos atributos para
reinstituir seu poder sobre seu povo. Esse equilíbrio conseguido pelo rei-sacerdote se perde
quando o mesmo não possui mais controle sobre os acontecimentos climáticos, por exemplo, e
a alimentação desse povo fica fragilizada, enfraquecendo a figura mágica do rei. Para controlar
tal insatisfação surge uma nova casta com poderio militar que inicialmente era utilizado
somente dentro da própria cidade. Com problemas na alimentação dos habitantes, o rei vê a
necessidade de encontrar novas fontes externas dando inicio a saques a outras cidades e
exteriorizando seu poderio militar o que viria servir de início à idéia de guerra.
O rei agora, além de mostrar seu poder como soberano daquele povo e figura de ligação entre
o mundo real e o espiritual (idéia primitiva de um semi-deus) utiliza o sacrifício de pessoas
isoladas e posteriormente de povos vizinhos. Institui-se assim a guerra entre povos a procura
de poder que é vista inclusive na atualidade.
Com o tormento inserido pela agressividade da guerra e dos soberanos das cidades, a quarta
parte fala de como a situação se acalma entre sociedade e rei com uma nova característica
aparecendo: a lei. O soberano usa tal método e consegue que seu povo o respeite cada vez
mais, de um lado ele se mantém mais próximo do povo e por outro consegue manter uma
distância saudável e necessária para que seu poder não diminua.
Na última parte desse capítulo, Mumford mostra o que acontece ao final dessa jornada. Muitas
cidades destruídas pelas guerras, pelos confrontos algumas vezes até sem motivo entre povos,
pela ignorância e egocentrismo de governantes. Utiliza textos antigos para ilustrar a
devastação de algumas cidades importantes como Ur e a Babilônia e de como elementos
arquitetônicos se perderam ou continuam de pé mostrando a decadência desses povos.
Esse capítulo mostra como surgem as cidades e conclui com a decadência das mesmas. Entre
esses dois pontos fala como se tudo acontece, de acontecimentos à sua contrapartida e
atitudes tomadas a partir destes. É de extrema importância a leitura desse texto para se
entender como as cidades atuais se dividem e como certas prática que ainda existem, como a
guerra, tiveram início. Assim podemos entender e procurar soluções na atualidade dentro da
arquitetura ou não para certos problemas.
O autor, Lewis Mumford é um sociólogo, historiador e professor norte-americano que escreveu
livros sobre arte, ciência e técnologia. Nasceu em 1895 e morreu em 1990 de causa natural.
Entre seus principais livros se encontram: A História da Utopia, A Condição de Homem,
Técnica e Civilização, Cultura das Cidades, Os Homens Devem Agir, A Direção da Vida, Arte e
Técnica, A Cidade na História e O Mito da Máquina.
Lays Ribeiro Sesana, dicente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da FINAC – Faculdade
Nacional de Vitória – ES

Bibliografias eletrônicas utilizadas:

http://www.netsaber.com.br/biografias/ver_biografia_c_2511.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lewis_Mumford

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