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O RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA NA FORMAÇÃO INCIAL EM PEDAGOGIA –

DISCUTINDO A IDENTIDADE DOCENTE.

Cynthia Francine de Pinho Lima Mascarenhas1.


Thallya Dhanyelly dos Santos e Silva Siqueira2.

RESUMO: O presente relato discorre sobre o processo de formação da identidade docente


através da experiência vivenciada por bolsistas do Programa Residência Pedagógica (PRP -
CAPES) - subprojeto O PROGRAMA RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA E A FORMAÇÃO
DOCENTE: constituindo a identidade do graduando de pedagogia por meio a imersão na sala
de aula - e acadêmicas do 8º período do curso de licenciatura em pedagogia da Universidade
Estadual do Maranhão – UEMA/CESC. Utilizamos como metodologia as observações, as
experiências, as palestras que foram realizadas e as reflexões através de leituras de autores
como Freire (1996), Nóvoa (2007), Huberman (2000), que serviram como embasamento
teórico nesse primeiro semestre de Residência Pedagógica.
Palavras-chaves: Residência pedagógica. Identidade docente. Teoria. Prática.

INTRODUÇÃO
O Programa Residência Pedagógica (PRP – CAPES) tem sido uma oportunidade
indispensável para os discentes licenciandos vivenciarem a realidade da sala de aula, nesse
processo formativo ao qual estão percorrendo. O programa iniciou-se no ano de 2018, visando
colaborar para o aprimoramento da formação inicial de professores da educação básica dos
cursos de licenciaturas, com duração de três semestres (18 meses), proporcionando ao
discente, a partir da segunda metade do curso, experienciar a concretude da educação básica
no chão da escola.
O primeiro semestre do programa teve início no dia 19 de dezembro de 2022
findando no dia 31 de maio de 2023, no qual passamos por diversos processos formativos,
reuniões, palestras e atividades nas escolas campo. Foram selecionadas 17 discentes, entre
bolsistas e voluntárias, licenciandas em pedagogia pela Universidade Estadual do Maranhão –
UEMA/CESC, três professoras preceptoras, representantes das escolas campo (U.I.M. Costa
Sobrinho, U.I.M. Ruy Frazão Soares e U.I.M. Filomena Machado Teixeira – Caxias – MA),
além da docente orientadora - Prof.ª Dr.ª Elizângela Fernandes Martins, responsável pelas
orientações e direcionamentos das participantes. Nesse primeiro semestre os grupos foram
divididos em três de acordo com a quantidade de escolas, tendo sido escolhida por nós a
U.I.M. Ruy Frazão Soares (ensino fundamental I – 1º ao 5º ano) na qual tem como preceptora
1
Universidade Estadual do Maranhão – UEMA/CESC, licencianda do 8º período do Curso de Pedagogia. E-mail:
cynthiafrancine@gmail.com.
2
Universidade Estadual do Maranhão – UEMA/CESC, licencianda do 8º período do Curso de Pedagogia. E-mail:
a professora Sheila Regina Medeiros dos Prazeres Lima, nesta oportunidade nos tornamos
discentes residentes e participamos de atividades desenvolvidas dentro da escola, atividades
essas que englobaram todo o corpo docente.
Esse primeiro semestre é dedicado a estudos, reflexões, períodos de formação, sob a
orientação da docente orientadora do PRP. Foram realizadas palestras, rodas de conversa,
discussões de maneira remota (Google Meet) e presencial, elaboração de resumos,
apresentação de seminários, bem como atividades na escola campo, sempre com a
participação ativa de todos os envolvidos. Ocorreram momentos, em que nós, enquanto
discentes, pudemos aprender mais sobre a práxis docente, através das leituras e escutas dos
convidados que nos presentearam com seus conhecimentos, nos propiciando momentos de
deleite. Por intermédio de etapas como estas que conseguimos afirmar a importância do
desenvolvimento de programas institucionais voltados para o aprimoramento da formação
inicial de professores da educação básica nos cursos de licenciaturas.
Em oportunidades como estas, do Programa Residência Pedagógica, que os
discentes serão capazes de vivenciar na prática a realidade das salas de aula, visto que
somente nas disciplinas de estágios o tempo é curto. É durante esse período de formação
prático-teórica que se torna comum ouvir afirmações sobre a discrepância entre teoria e
prática, como afirma Pimenta e Lima (2018). O Residência Pedagógica é a chance dos
educandos em afirmar que a teoria não é diferente da prática, mas que é necessário ter
conhecimento sobre aquilo que se quer trabalhar dentro da sala de aula e isso só é possível
através de leituras, estudos, formação continuada. Tardiff (2002) afirma que a prática
pedagógica não é simplesmente uma transmissão de conhecimento, mas é necessário levar em
consideração a pluralidade e a heterogeneidade dos saberes que esses docentes possuem. O
autor determina o saber docente “[...] como um saber plural, formado pelo amálgama, mais ou
menos coerente, de saberes oriundos da formação profissional e de saberes disciplinares,
curriculares e experienciais" (p. 36).

RELATO DE EXPERIÊNCIA
Para a construção do presente relato, referente ao primeiro semestre do Residência
Pedagógica, foi utilizada como metodologia, estudos de textos de autores significativos para a
fundamentação teórica, palestras formativas que aconteciam pelo menos uma vez na semana
de maneira remota pelo Google Meet ou presencial, observações, reflexões que foram
realizadas através da construção de resumos de textos, socialização das leituras efetuadas e
retratações das atividades que aconteceram no chão da escola campo. Foram realizados
planejamentos entre docente orientadora e professoras preceptoras, residentes e professoras
preceptoras e planejamentos geral, com todas as participantes.
Foi dado o pontapé inicial no Programa Residência Pedagógica com a realização de
um encontro formativo geral no dia 19 de dezembro de 2022, com o tema: “formação de
professores e os desafios atuais”, que ocorreu de forma remota as 18:00 horas pela plataforma
YouTube. Como convidada palestrante: Prof.ª Dr.ª Franc-Lane Sousa Carvalho do
Nascimento; nessa palestra foram discutidas as ideias neoliberais e como provocaram uma
"crise" na educação. De acordo com a palestrante, estas ideias eliminam os conhecimentos
importantes para a classe trabalhadora e para o cultivo dos alunos e colocam a
responsabilidade pela qualidade do ensino sobre os ombros dos professores.
Responsabilizando-os pelas questões de educação e aprendizagem, vale ressaltar que esta
nova reforma educacional apenas prepara os alunos para o mercado de trabalho e não
garante uma formação de qualidade para a nossa juventude da classe trabalhadora. Quando
se trata de formação de professores, há a necessidade de uma educação emancipatória para a
construção de uma sociedade mais justa e igualitária que supere a opressão, ou seja,
devemos ver nos professores o nosso papel na sociedade.
Esse primeiro momento do PRP está destinado ao estudo e preparação teórica das
residentes, que passarão nos próximos módulos a residir nas escolas campo escolhida por
cada grupo. Tivemos um primeiro encontro – presencial - de apresentação das residentes,
docente orientadora e professoras preceptoras, na qual nos foi exposto a dinâmica que iremos
iniciar. Foi um momento de envolvimento e descontração em que nos confraternizamos e
tiramos muitas dúvidas sobre o desenvolvimento do programa. Algumas já tiveram a
oportunidade de participar de outros programas de iniciação à docência (PIBID), então já
tinham em mente como seria o desenrolar do processo. A partir de então, demos inicio ao
estudo de materiais teóricos e documentos que regulamentam o ensino básico brasileiro,
designado pela docente orientadora que disponibilizou o material, a programação de estudos e
os dias que aconteceriam os encontros remotos e presenciais.
O primeiro artigo estudado foi “A Escrita de Diários na Formação Docente”, que foi
publicado na Educação em Revista – BH – em março de 2012, e vale ressaltar a importância
dessa leitura. Através desse texto ficou claro a importância que é a escrita de diários para a
formação, desde a inicial e cotidianamente. O domínio do conteúdo ao qual se está
trabalhando, dentro da sala de aula, é fundamental, pois a prática docente é um processo
permanente. E ao escrever as experiências vividas, esses momentos, essas emoções e essas
práticas ficam registradas e posteriormente servem de autorreflexão e análise dos caminhos
que foram e que serão trilhados. Essa é uma escrita subjetiva, um ato consciente, que esse
autor realiza. Mesmo que várias pessoas estejam no mesmo lugar, experimentando um
determinado momento, cada uma irá interpretar e internalizar a realidade da sua maneira,
singularmente.
Posterior a esse estudo, no dia 17 de janeiro de 2023 tivemos o nosso terceiro
encontro, com o tema: os desafios da formação do professor no mundo contemporâneo.
Ocorreu de forma remota pela plataforma Meet, com a convidada palestrante: Prof. Dra.
Nazareth Fernandes/UFPI, as 19:00 horas. Essa palestra nos trouxe a importância do
professor se adequar às novas exigências do mercado de trabalho, ele necessita ser mais
participativo e autônomo, ou seja, ele precisa obter mais conhecimentos para caso se ocorra
algum problema na execução do seu trabalho ele consiga solucionar; deve sempre estar
refletindo sobre sua ação, fazendo sempre uma alto avaliação. Os professores não devem ser
apenas um transmissor de conhecimento, mas sim contribuir para que os seus alunos
adquiram e tomem posse desse conhecimento. Os professores tem devem refletir sobre as
condições na qual desenvolve a sua profissão, ou seja, ter conhecimento do contexto que ele
está inserido e do seu papel na sociedade. Precisa estar ciente que sozinho não consegue
mudar o mundo, então ele poderá fazer apenas o que está dentro das suas possibilidades que é
planejar, refletir, e executar o melhor para a aprendizagem dos seus alunos.

Para dar continuidade aos nossos estudos e fundamentações teóricas no dia 30 de


janeiro, o encontro aconteceu de forma remota pela plataforma Meet, na qual dedicamos uma
parte do tempo para fazermos nossas contribuições acerca da palestra ministrada pela Prof.
Dra. Nazareth Fernandes/UFPI que ocorreu no dia 17 de janeiro de 2023, após comentarmos
iniciamos o estudo sobre o texto “O trabalho e a formação do professor nos anais da ANED:
uma análise a partir da psicologia histórico-cultural” esse texto fala que não é suficiente
apenas dar voz aos professores, é preciso que eles reflitam em que condições econômicas,
políticas e sociais eles desenvolvem a profissão e quais as necessidades postas pelo capital
exigem dos professores esta ou aquela postura. O autor do texto fala que as propostas de
diretrizes para a formação de professores, ao destacarem as competências que devem ser
adquiridas pelo professor aproximam-se das competências que o mercado excludente
demanda dos demais trabalhadores, são tantas exigências que são empregadas ao professor,
acaba por dificultar a sua prática. Os professores muitas vezes identificam os problemas, mas
a realidade da situação muitas vezes não permitem que ele sozinho não consiga mudar tudo.
A desvalorização do professor, de acordo com Facci (2004), fica muito evidente quando se
retiram de cena ou se aligeiram os conhecimentos que permitem ao professor analisar a sua
prática, ou seja, quando o professor não analisa a sua prática ele permite que a desvalorização
do professor continue crescendo.

No dia 02 de fevereiro de 2023, tivemos um encontro assíncrono para leitura do texto:


pedagogia da autonomia de Paulo Freire.

No dia 08 de fevereiro de 2023, os residentes da Escola Costa Sobrinho e da Escola Filomena


Teixeira, estiveram presentes nas escolas na qual realizam o (projeto residência pedagógica),
para receber os cadernos na qual fariam a escrita dos diários de bordo

prática ele acaba contribuindo para a desvalorização do professor. Também as exigências para
formação do professor e essa pressa pela experiência, acaba contribuindo para uma formação
escassa, uma formação que não se autoavalia ou analisa a sua própria prática. Com isso, a
teoria acaba sendo deixada de lado e valorizando mais a experiência, Sendo que a experiência
é importante, a teoria é importante e a prática também, nenhuma deve ser deixada de lado.
CONCLUSÃO

Diante do exposto, conclui-se que a experiência enquanto bolsistas do Programa


Residência Pedagógica tem sido indispensável para esse processo formativo no qual estamos
passando, pois a partir da conclusão desse primeiro semestre ficou claro o quanto a teoria, as
reflexões, os estudos são fundamentais para se adentrar ao ambiente escolar de fato. É
necessário estar capacitado para se desenvolver um trabalho organizado, competente e
constante e isso é possível através de aprendizados e leituras. Vale ressaltar a relevância que é
vivenciar essa formação complementar, como uma tarefa, fora das quatro paredes do curso de
licenciatura.
Ao final desse primeiro módulo, as bolsistas tiveram a chance de experimentar
práticas significativas no âmbito do contexto escolar, aprimorando e estimando a sua
formação acadêmica. O programa possibilitou às discentes terem seus primeiros contatos com
as escolas e seus docentes no processo de aprendizagem da docência

REFERÊNCIAS

FACC Marilda Gonçalves Dias, et al. O trabalho e a formação do professor nos anais da
ANPED: uma análise a partir da psicologia histórico-cultural. InterMeio: revista do
programa de pós-graduação em educação, Campo Grande, MS, v. 16, n. 31, p. 216-237,
jan./jun. 2010.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São


Paulo: Paz e Terra, 1996.

GESTOSO, de Souza, et al. A ESCRITA DE DIÁRIOS NA FORMAÇÃO DOCENTE.


Educação em Revista - UFMG, vol. 28, n. 01, p. 181-210, mar. 2012.

HUBERMAN, Michael. O ciclo de vida profissional dos professores. In: NÓVOA,


António. (Org.). Vidas de professores. 2. ed. Porto: Porto, p. 3-46, 2000.

NÓVOA, A. Desafios do professor no mundo contemporâneo. São Paulo. Sinpro, 2007.

PIMENTA, S. G.; LIMA, M. S. L. Estágio e docência. 3ª ed. São Paulo: Cortez, 2008.

TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional Petrópolis: Vozes, 2002.

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