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LESÕES MAIS

COMUNS NA
ODONTOLOGIA
MANUAL CLÍNICO E TERAPÊUTICO
LESÕES MAIS COMUNS
NA ODONTOLOGIA
MANUAL CLÍNICO E TERAPÊUTICO

Coordenadora
Juliana Tristão Werneck
Professora Adjunta do Departamento de Formação Específica - UFF
Professora de Estomatologia do ISNF/ UFF
Doutora e Mestre em Patologia pela UFF
Especialista em Estomatologia pela UFRJ
Habilitada em Laserterapia pela LELO/ USP

Professoras Participantes
Ana Catarina Bosh Loivos
Professora Adjunta do Departamento de Formação Específica - UFF
Professora de Saúde Coletiva do ISNF/ UFF
Doutora em Saude Públical pela ENSP/Fiocruz
Mestrado em Clínica Odontológica pela UFF
Especialização em Saúde Coletiva pela UFRJ.
Especialização em Saúde da Família pela UERJ

Bruna Lavinas Sayed Picciani


Professora Adjunta do Departamento de Formação Específica - UFF
Professora de Estomatologia do ISNF/ UFF
Doutora e Mestre em Patologia pela UFF
Especialista em Estomatologia pela UERJ

Karla Bianca Fernandes da Costa Fontes


Professora Associada do Departamento de Formação Específica - UFF/ISNF
Professora de Estomatologia - UFF/ISNF
Especialista, Mestre e Doutora em Patologia Bucal - UFF
Especialista em Estomatologia - UNIGRANRIO
Habilitada em Laserterapia (LELO/USP) e Ozonioterapia (FACOP)

Maria Carolina de Lima Jacy Monteiro Barki


Professora Adjunta do Departamento de Formação Específica - UFF/ISNF
Professora de Estomatologia - UFF/ISNF
Mestre em Odontologia (Patologia Bucal) - São Leopoldo Mandic
Doutora em Ciências Odontológicas/Patologia Bucal - São Leopoldo Mandic
Especialista em Estomatologia - UNIGRANRIO
Habilitada em Laserterapia (LELO/USP) e Ozonioterapia (FACOP)

Revisor
Arley Silva Júnior
Especialista em Patologia Oral - UFRJ
Mestre em Patologia Buco dental - UFF
Doutor em Ciências Diagnósticas - Universidade de Baltimore - Maryland
Pós doc em Medicina Oral - Universidade da Califórnia, São Francisco
Odontológo da Faculdade de Odontologia da UFRJ
Prof. Associado da UFF
COLABORADORES

Patrick Cardoso Squitino Mattos Luiza Ornellas


Graduando em Odontologia - ISNF - Universidade Federal Graduanda em Odontologia - ISNF- Universidade Federal
Fluminense; Fluminense
- Bolsista do Projeto de Extensão: Manual Clínico e - Voluntária do Projeto de Extensão: Manual Clínico e
Terapêutico das lesões mais comuns na Odontologia; Terapêutico das lesões mais comuns na odontologia
- Membro da Liga Acadêmica de Implantodontia e - Monitora Voluntária de Estomatologia
Periodontia (LAIMP - UFF/NF).

Nicolly Duarte de Abreu Thainá Cassiano Fernandes


Graduanda em Odontologia - ISNF- Universidade Federal Graduanda em Odontologia - ISNF- Universidade Federal
Fluminense Fluminense
- Bolsista PIBIC - CNPq - Voluntária do Projeto de Extensão: Manual Clínico e
- Voluntária do Projeto de Extensão: Manual Clínico e Terapêutico das lesões mais comuns na odontologia
Terapêutico das lesões mais comuns na odontologia - Monitora Voluntária de Estomatologia (2022)

Beatriz Vasconcellos Ferreira Juliana Leal Furtado


Graduanda em Odontologia - ISNF- Universidade Federal Graduanda em Odontologia - ISNF- Universidade Federal
Fluminense Fluminense
- Voluntária do Projeto de Extensão: Manual Clínico e - Voluntária do Projeto de Extensão: Manual Clínico e
Terapêutico das lesões mais comuns na odontologia Terapêutico das lesões mais comuns na odontologia
- Monitora Voluntária de Patologia Oral (2019)
- Bolsista PIBIC - CNPq (2019)
-Membro Júnior da liga de cirurgia bucomaxilofacial e Jade Rocha Vasconcellos Ribeiro
estomatologia (LACITE - UFF/NF) (2019)
Graduanda em Odontologia - ISNF- Universidade Federal
-Monitora Voluntária de Estomatologia (2021 - 2022)
Fluminense
-Membro da Diretoria da LACITE - UFF/NF (2021 - 2022)
- Voluntária do Projeto de Extensão: Manual Clínico e
-Monitora Bolsista de Estomatologia (2022)
Terapêutico das lesões mais comuns na odontologia
- Monitora Voluntária de Estomatologia
Izabella de Oliveira Pereira
Graduanda em Odontologia - ISNF- Universidade Federal Matheus Carvalho Teles Filgueiras
Fluminense
- Voluntária do Projeto de Extensão: Manual Clínico e Graduando em Odontologia - ISNF - Universidade Federal
Terapêutico das lesões mais comuns na Odontologia Fluminense
- Monitora Bolsista de Estomatologia - Voluntário do Projeto de Extensão: Manual Clínico e
- Presidente da liga de cirurgia bucomaxilofacial e Terapêutico das Lesões Mais Comuns na Odontologia
estomatologia (LACITE - UFF/NF) - Bolsista do PET Odontologia UFF-NF
- Membro Ligante da Liga Acadêmica de Cirurgia e
Traumatologia Bucomaxilofacial e Estomatologia (LACITE -
Beatriz Guimarães Jardim UFF/NF)

Graduanda em Odontologia - ISNF- Universidade Federal


Fluminense
- Voluntária do Projeto de Extensão: Manual Clínico e
Marina Capichoni
Terapêutico das lesões mais comuns na Odontologia Graduanda em Odontologia - ISNF- Universidade Federal
- Monitora Voluntária de Estomatologia (2020 e 2021) Fluminense
- Monitora Bolsista de Biologia celular e molecular (2022) - Ex- Voluntária do Projeto de Extensão: Manual Clínico e
- Diretora de Ensino da Liga Acadêmica de Cirurgia e Terapêutico das lesões mais comuns na odontologia
Traumatologia Bucomaxilofacial e Estomatologia (LACITE - - Monitora Voluntária de Estomatologia
UFF/NF)
PREFÁCIO
O Manual Clínico e Terapêutico de Lesões na Odontologia é um e-book originado a partir
do projeto fomentado pela Pró-Reitoria de Extensão - Universidade Federal Fluminense
(PROEX-UFF) com as lesões mais prevalentes no Ambulatório de Estomatologia do Instituto de
Saúde de Nova Friburgo (ISNF).
Sabe-se que a cavidade oral pode ser acometida por inúmeras lesões que podem ser
diagnosticadas e tratadas pelos próprios Cirurgiões-Dentistas. Logo, reconhecer estas
alterações requer um olhar cuidadoso por parte do profissional, que deve ser capaz de
identificar a anormalidade, assumindo a conduta clínica adequada. No entanto, com a
ausência de políticas públicas de detecção precoce e manejo de lesões orais, somado à
dificuldade do profissional na conduta e diagnóstico do paciente, tem-se um impasse quanto
ao que fazer para auxiliá-lo.
Diante disso, a equipe do projeto pesquisou na literatura por meio de bases como PubMed,
Periódicos CAPES e redigiu os capítulos com o objetivo de facilitar a detecção, conduta e
tratamento das lesões orais mais prevalentes no cotidiano clínico. Logo, este manual dedica-se
aos profissionais de saúde e graduandos que desejam obter uma melhor conduta clínica, do
diagnóstico ao tratamento, das lesões orais mais comuns na Odontologia.

Juliana Tristão Werneck


Coordenadora do Projeto
AGRADECIMENTOS

Os autores do Manual Clínico e Terapêutico de Lesões na Odontologia, agradecem à PROEX


pelo fomento ao projeto, às docentes da disciplina de Estomatologia do ISNF/ UFF pela
experiência proporcionada a partir do acompanhamento da prática clínica, aos discentes
envolvidos no projeto pela elaboração e edição do manual, aos pacientes por autorizarem as
imagens para fins científicos e educativos, aos revisores e editores pela edição e revisão.
DEDICATÓRIA

O Manual Clínico e Terapêutico de Lesões na Odontologia foi idealizado a fim de facilitar a


conduta do cirurgião-dentista, dos graduandos em Odontologia e profissionais da saúde
diante de lesões orais mais prevalentes na prática clínica. Este ebook é resultado do projeto
fomentado pela PROEX e dedicado a todos que desejam aprender e otimizar o tratamento dos
nossos pacientes, principalmente os mais carentes da rede pública de saúde .
SUMÁRIO

Capítulo 01 FIBROMA TRAUMÁTICO Páginas


Marina Capichoni, Thainá Cassiano Fernandes ..................................................................................................................... 01
Capítulo 02 GRANULOMA PIOGÊNICO
Beatriz Vasconcellos e Izabella Oliveira ....................................................................................................................................... 03
Capítulo 03 ÚLCERA TRAUMÁTICA
Beatriz Guimarães Jardim, Nicolly Duarte de Abreu, Patrick Cardoso Squitino Mattos ........................... 07
Capítulo 04 HIPERPLASIA FIBROSA INFLAMATÓRIA
Luiza Ornellas ................................................................................................................................................................................................ 13
Capítulo 05 CANDIDÍASE ORAL
Beatriz Guimarães Jardim, Nicolly Duarte de Abreu, Patrick Cardoso Squitino Mattos ........................... 16
Capítulo 06 ESTOMATITE PROTÉTICA
Beatriz Vasconcellos Ferreira e Luiza Ornellas ....................................................................................................................... 22
Capítulo 07 HERPES SIMPLES
Nicolly Duarte de Abreu, Patrick Cardoso Squitino Mattos .......................................................................................... 26
Capítulo 08 MUCOCELE
Nicolly Duarte de Abreu, Patrick Cardoso Squitino Mattos .......................................................................................... 30
Capítulo 09 SIALOLITÍASE
Nicolly Duarte de Abreu, Patrick Cardoso Squitino Mattos .......................................................................................... 35
Capítulo 10 PAPILOMA ESCAMOSO
Nicolly Duarte de Abreu, Patrick Cardoso Squitino Mattos .......................................................................................... 38
Capítulo 11 CONDILOMA ACUMINADO
Nicolly Duarte de Abreu, Patrick Cardoso Squitino Mattos .......................................................................................... 41
Capítulo 12 SÍNDROME DA ARDÊNCIA BUCAL
Juliana Leal Furtado e Matheus Carvalho Teles Filgueiras ............................................................................................ 43
Capítulo 13 CISTO DE ERUPÇÃO
Nicolly Duarte de Abreu, Patrick Cardoso Squitino Mattos .......................................................................................... 46
Capítulo 14 QUEILITE ACTÍNICA
Beatriz Vasconcellos e Izabella Oliveira ....................................................................................................................................... 48
Capítulo 15 LEUCOPLASIA
Beatriz Vasconcellos Ferreira e Luiza Ornellas ....................................................................................................................... 52
Capítulo 16 ERITROPLASIA
Beatriz Vasconcellos Ferreira ............................................................................................................................................................. 55
Capítulo 17 CÂNCER ORAL
Beatriz Vasconcellos Ferreira e Luiza Ornellas ....................................................................................................................... 58
Capítulo 18 TÉCNICAS DE BIÓPSIA
Jade Rocha Vasconcellos Ribeiro e Matheus Carvalho Teles Filgueiras ............................................................... 66
Capítulo 19 ACONDICIONAMENTO
Jade Rocha Vasconcellos Ribeiro e Matheus Carvalho Teles Filgueiras ............................................................... 69
Capítulo 20 REQUISIÇÃO HISTOPATOLÓGICA
Jade Rocha Vasconcellos Ribeiro e Matheus Carvalho Teles Filgueiras ............................................................... 71
Capítulo

01
FIBROMA
(Fibroma de irritação; Fibroma
traumático; Hiperplasia fibrosa
focal; Nódulo fibroso)

Marina Capichoni Thainá Cassiano Fernandes

Características Clínicas
É discutido se o fibroma é a neoplasia
verdadeira ou uma hiperplasia reacional.
Caracteriza-se por ser uma resposta do tecido
conjuntivo fibroso à irritação local ou trauma
constante e de baixa intensidade (Imagem 1.1),
sendo uma das lesões mais comuns na mucosa
oral. Foi reportado pela primeira vez na literatura
como pólipo fibroso em 1846 (BOUQUOT;
GUNDLACH, 1986). Sua ocorrência pode se dar Imagem 1.1 - Fibroma. Lesão normocrômica em borda
lateral de língua direita.
em qualquer lugar da boca, sendo comum em
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF
mucosa jugal e ao longo da linha de oclusão.
Normalmente, a lesão se apresenta como um Diagnóstico
nódulo de superfície lisa e coloração rosa/
normocrômica. Em alguns casos, a superfície O diagnóstico é realizado a partir de biópsia
pode se apresentar branca em decorrência da excisional com encaminhamento para análise
hiperceratose, resultante da irritação contínua histopatológica. A maioria das lesões de fibroma
(como trauma). Em pacientes negros, o aumento traumático são características em sua
de volume pode demonstrar uma pigmentação apresentação, deixando pouca dúvida em seu
cinza-acastanhada. Podem apresentar-se mais diagnóstico (AGARWAL; KHAN; AJAZ, 2017), mas,
redondos ou ovóides, sésseis ou pediculados, apesar disso, o exame microscópico é
com tamanhos variados, dificilmente importante, já que outras neoplasias benignas e
ultrapassando 1,5 cm de diâmetro. Devido ao seu malignas da mucosa oral podem ser
crescimento lento e gradual, os pacientes consideradas no diagnóstico diferencial desta
geralmente notam a presença da lesão em boca. lesão, como o lipoma, granuloma piogênico, e o
Geralmente é assintomática, a menos que fibroma de células gigantes. (NEVILLE et al.,
ocorram ulcerações traumáticas secundárias em 2016).
sua superfície. (NEVILLE et al., 2016)
Embora na literatura seja mais comum a Tratamento e Prognóstico
descrição de discreta prevalência em mulheres e
restrição a terceira à sexta décadas de vida, O tratamento do fibroma ocorre pela remoção
consideramos que o fibroma traumático pode do agente causador do trauma combinado à
ocorrer em qualquer sexo ou idade, pois é uma excisão cirúrgica, podendo ser com bisturi
lesão traumática e de prevalência bastante convencional, elétrico ou laser de alta potência.
variada. A cirurgia com bisturi convencional é a primeira
escolha pela maior parte dos cirurgiões pois é de
fácil execução, a cicatrização da ferida ocorre em
poucos dias e o pós-operatório é satisfatório.
1
Capítulo 01 Fibroma

A literatura tem apontado o laser diodo como CARVALHO, C. O.; SANTOS, F. A. O. S.; MIQUELLETO, D. E.
uma alternativa eficiente para remoção do C.. FIBROMA TRAUMÁTICO: RELATO DE CASO. Rev.
Gestão & Saúde. v. 21, n. 2, pag. 38-46. 2019.
fibroma traumático, reduzindo o sangramento
CORTELETII, J. F.; OTA, C. M.; HESSE, D; NOVAES, T. F.;
ao longo do procedimento e proporcionando um RAGGIO, D. P.; IMPARATO, J. C. P.. Remoção cirúrgica de
ótimo pós cirúrgico, embora a técnica seja fibroma lingual e gengival em crianças. Rev. Assoc. Paul.
desfavorável pelo alto custo do aparelho e Cir. Dent.. v. 69 n. 1, 2015.
necessidade de destreza do operador. Este
AGARWAL, Mamta; KHAN, Tayyeb s; AJAZ, Tarannum.
procedimento precisará de anestesia local prévia
Pediatric Palatal Fibroma. International Journal Of
e utilização de um comprimento de onda de
Clinical Pediatric Dentistry, [S.L.], v. 10, n. 1, p. 96-98, 2017.
cerca de 810 nm e potência 4 W, o modo de
irradiação será continuado, pelo tempo BOUQUOT, Jerry E.; GUNDLACH, Karsten K.H.. Oral
necessário para remoção da lesão (BAKHTIARI et exophytic lesions in 23,616 white Americans over 35 years
al., 2015; JAIN et al., 2018). of age. Oral Surgery, Oral Medicine, Oral Pathology, [S.L.],
v. 62, n. 3, p. 284-291, set. 1986. Elsevier BV.
É importante salientar que a amostra retirada
http://dx.doi.org/10.1016/0030-4220(86)90010-1.
na cirurgia deve sempre ser enviada para análise
histopatológica, para confirmar o diagnóstico,
quanto às recidivas, com remoção da causa
traumática são extremamente raras.

Referências Bibliográficas
BAKHTIARI, S.; TAHERI, J. BIGOM; SEHATPOUR, M.;
ASNAASHARI, M.; ATTARBASHI MOGHADAM, S. Removal
of an Extra-large Irritation Fibroma With a Combination
of Diode Laser and Scalpel. Journal of Lasers in Medical
Sciences, v. 6, n. 4, p. 182-184, 3 Nov. 2015.

JAIN, Praveenraj; JAIN, Shefali; AWADHIYA, Shilpi; SETHI,


Priyank. Excision of traumatic fibroma by diode laser.
Journal Of Dental Lasers, [S.L.], v. 12, n. 2, p. 67-69, 2018.
Medknow. http://dx.doi.org/10.4103/jdl.jdl_9_18.
Disponível em: https://www.jdentlasers.org/article.asp?
issn=2321-
1385;year=2018;volume=12;issue=2;spage=67;epage=69;aul
ast=Jain. Acesso em: 27 Abr. 2021.

NEVILLE, Brad W.; DAMM, Douglas D.; ALLEN, Carl M.; CHI,
Angela C. Patologia Oral e Maxilofacial. 4. ed. Rio de
Janeiro: Elsevier Editora Ltda, 2016.

KUHN-DALL'MAGRO, A.; LAUXEN, J. R.; SANTOS, R.;


PAULETTI, R. N.; DALL'MAGRO, E.. Laser cirúrgico no
tratamento de hiperplasia fibrosa. RFO UPF. v. 18, n.2,
2013.

VASANT, R.; JAISWAL, P.. Traumatic Fibroma: A Case


Report. European Journal of Molecular & Clinical
Medicine. v. 7, n. 7. 2020.

2
Capítulo

02 GRANULOMA
PIOGÊNICO
Beatriz Vasconcellos Ferreira Izabella de Oliveira Pereira

Características Clínicas
O granuloma piogênico (GP) é um tipo de
hiperplasia inflamatória não neoplásica
ocasionada por traumas crônicos e de baixa
intensidade. Também está relacionado às
alterações hormonais que ocorrem durante a
gestação (Imagem 2.1) (JAFARZADEH,
SANATKHANI e MOHTASHAM, 2006).
Segundo a literatura, o granuloma piogênico é
mais comum no sexo feminino e possui ampla Imagem 2.2 - Granuloma piogênico. Lesão eritematosa,
faixa etária abrangendo da segunda a quinta lobular, sangrante, em gengiva dos dentes 34/35.
década de vida e o local mais acometido é a Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF
gengiva superior (BUCHNER, SHNAIDERMAN‐
SHAPIRO e VERED, 2010; CASTRO, BOTELLO e Diagnóstico
RIVERA, 2008; SARAVANA, 2009).
O GP é uma das lesões proliferativas mais
Em relação as características clínicas a maior
comuns. (LEAL et al., 2004) Embora seja uma
parte das lesões possui coloração avermelhada, é
lesão hiperplásica não neoplásica, realizar o
pediculada, apresentando pequeno diâmetro e
diagnóstico adequado é muito importante.
na grande maioria dos casos é assintomática,
Somente através do procedimento de biópsia
mas pode apresentar sangramento (Imagem 2.2)
excisional e posteriormente a análise
(AVELAR et al., 2008; FORTES et al., 2002)
histopatológica do espécime que se terá um
diagnóstico preciso. (OLIVEIRA et al., 2012).
Esse procedimento é imprescindível já que o
granuloma piogênico é diagnóstico diferencial
de uma série de lesões presente em tecido mole
como a lesão periférica de células gigantes,
fibroma ossificante periférico e fibroma
traumático (Imagem 2.3) (FORTES et al., 2002).

Imagem 2. 1- Granuloma piogênico. Aumento de volume


eritematoso em fundo de vestíbulo superior.
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF.

3
Capítulo 02 Granuloma Piogênico

Uma das modalidades da crioterapia é a


cirocirurgia, sendo o mecanismo de ação
baseada no uso de baixas temperaturas que
ocasionará uma isquemia local, resultando em
um dano tecidual e por fim a morte celular
(BENAGLIA, JARDIM e MENDONCA, 2014). É uma
técnica segura, eficaz, com pouco ou nenhum
sangramento, poucos casos de infecção
Imagem 2.3 - Granuloma piogênico. Lesão em gengiva secundária e relativamente indolor (LEOPARD,
na regiào dos dentes 23, 24, 25. 1975; LUBRITZ, 1976). Como desvantagens é
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF.
possível citar o edema e a possibilidade de lesar
estruturas nobres (LUBRITZ, 1976; ISHIDA e
Tratamento e Prognóstico RAMOS‐E‐SILVA, 1998).
De acordo com a literatura, nem todos os
O tratamento para o granuloma piogênico pacientes podem passar por esse procedimento
geralmente é simples, por se tratar de uma lesão sendo a intolerância ao frio, urticária ao frio,
causada por agentes irritantes, a cirurgia crioglobulinemia, agamaglobulinemia,
excisional, com incisão abaixo do periósteo, disfibriogemia, doenças de Raynaud, pioderma
raspagem dos dentes adjacentes e a remoção gangrenoso, paciente submetido a hemodiálise
da causa é a principal linha de tratamento para ou terapia imunossupressora, paciente com
evitar a recidiva. (JAFARZADEH et al., 2006) alteração plaquetária e casos de mieloma
A excisão cirúrgica também permite que a múltiplo, contra indicações para este
lesão seja levada ao histopatológico em sua procedimento (BENAGLIA, JARDIM e
totalidade e oferece uma baixa taxa de MENDONCA, 2014).
recorrência. Entretanto, novas abordagens têm A excisão por laser Nd: YAG promove uma
sido discutidas na literatura, abordagens essas menor intensidade de sangramento e um tempo
que podem ser preferíveis quando há cirúrgico reduzido (RAMEIRO, 2017), e de forma
impossibilidade de se realizar um tratamento geral, Vescovi (2010) afirma que essa modalidade
cirúrgico. não interfere na análise histopatológica.
Outras modalidades também são descritas na O tetradecil sulfato de sódio utilizado junto à
literatura como: a excisão por laser Nd: YAG, escleroterapia pode ser, também, uma
tetradecil sulfato de sódio e escleroterapia, alternativa para o tratamento do GP, porém
injeção de etanol ou corticosteróide e laser de acredita-se que mais estudos ainda sejam
corante pulsado com lâmpada de flash necessários. A abordagem requer um menor
(JAFARZADEH et al., 2006; GHOLIZADEH et al., conhecimento técnico, entretanto é necessário
2020) cuidados com os efeitos colaterais (dor e edema
A crioterapia com nitrogênio líquido, laser de após a injeção, superficial ulceração e equimoses
Co2 e laser de corante pulsado oferecem baixas leves). Além disso, o uso desta técnica
taxas de recorrência e são uma destas opções impossibilita a análise histopatológica.
principalmente quando trata-se de áreas (ALAKAILLY et al, 2014; RAHMAN H, 2014;
estéticas ou estruturas vitais. (LEE et al., 2010) REGMEE et al, 2017)

4
Capítulo 02 Granuloma Piogênico

Protocolo de Escleroterapia do ***O paciente deve ser orientado sobre a


Ambulatório de Estomatologia possibilidade de ardência ou qualquer outro
ISNF desconforto. Deve-se também recomendar o uso
de compressa frio ou gelo (protegendo a pele)
Medicação indicada: Oleato de sobre o local de aplicação após a sessão.
monoetanolamina - Ethamolin®
Protocolo para Excisão Cirúrgica
1ª SESSÃO dilua o Ethamolin com anestésico em
uma concentração de 5%. (Imagem 2.4) 01 Realizar a antissepsia do local
Reavaliar o paciente em 7 ou 14 dias, se
necessário, realizar a 2ª sessão.
Realizar anestesia local de acordo
02 com a localização do GP
2ª SESSÃO dilua o Ethamolin com anestésico em
uma concentração de 10%. Reavaliar o paciente
em 7 ou 14 dias, se necessário, realizar a 3ª sessão. Realizar uma incisão na base do
03 granuloma. O bisturi com lâmina
3ª SESSÃO dilua o Ethamolin com anestésico em n° 15 é o mais utilizado
uma concentração de 25%. Reavaliar o paciente
em 7 ou 14 dias, se necessário, realizar mais
Fixação do material coletado em
sessões com esta concentração, até redução da
lesão.
04 formol 10% com volume de 10
vezes o tamanho da amostra

Hemostasia e sutura. Em mucosa,


05 é usual utilizar fios de seda 4.0

Repassar orientações pós-


06 operatórias

Ambulatório Estomatologia
ISNF/ UFF
O laser de alta potência pode ser utilizado para
remoção do granuloma piogênico, tendo como
vantagens controle da hemostasia, com melhor
Imagem 2.4 - Tratamento com a escleroterapia.
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF. visualização do campo operatório e
consequentemente, redução do tempo cirúrgico,
*Caso seja necessária a realização de novas menor desconforto no trans e pós-operatório,
sessões, dilua o Ethamolin com anestésico em minimizando a quantidade de anestésico, assim
uma concentração de 25%. Reavaliar o paciente como, melhora da cicatrização. No ambulatório
em 7 ou 14 dias, se necessário, realizar mais utiliza-se o laser de diodo Thera Lase surgery
sessões com esta concentração, até redução da (DMC equipamentos, São Carlos/ SP, Brasil), de
lesão. 980 nm, Gallium- Indium-Arsenide (InGaAs),
**O medicamento deve ser aplicado lentamente 1500mW e com emissão contínua. A técnica
por pontos na periferia e centro da lesão. Aplicar consiste em anestesia infiltrativa ao redor da
0,2 mL por ponto com agulha de insulina, não lesão, com distância de cerca de 1cm da lesão,
ultrapassando 2 mL de solução por sessão. não necessitando de uma grande quantidade de
Durante a aplicação na periferia da lesão, a anestésico, em seguida é feita a “incisão" através
agulha deve estar voltada para o centro da área.
5
Capítulo 02 Granuloma Piogênico

do contato da fibra óptica com o tecido, LEAL, Rosa Maria et al. Granuloma piogênico bucal:
removendo toda a lesão, sendo esta enviada para epidemiologia de 171 casos. Revista Mineira de
Estomatologia, v 1, n 2, p 13-19, 2004
análise histopatológica. O laser de alta potência
LEOPARD, P. J. Cryosurgery, and its application to oral
além de otimizar a cirurgia favorece à surgery. The British journal of oral surgery, v. 13, n. 2, p.
fotobiomodulação dos tecidos, proporcionando 128-152, 1975.
menor dor e edema e maior bioestímulo de
reparo, tornando o pós operatório mais LUBRITZ, R. R. Cryosurgery for benign and malignant skin
lesions: treatment with a new instrument. Southern
confortável.
medical journal, v. 69, n. 11, p. 1401-1405, 1976.
Referências Bibliográficas
OLIVEIRA, Hugo Franklin Lima de et al. Granuloma
ALAKAILLY, Xena et al. The Use of Sodium Tetradecyl piogênico com características clínicas atípicas: Relato de
Sulphate for the Treatment of Venous Malformations of caso. Revista de Cirurgia e Traumatologia Buco-maxilo-
the Head and Neck. J. Maxillofac. Oral Surg. v. 14, n. 02, p. facial, v. 12, n. 3, p. 31-34, jul./set. 2012.
332-338, Apr/June. 2015.
RAMEIRO,, Ana Carine Ferraz. Avaliação comparativa
AVELAR, Rafael Linard et al. Granuloma piogênico oral: entre o uso do laser de Nd: YAG ou cirurgia convencional
um estudo epidemiológico de 191 casos. RGO, v. 56, n. 2, em lesões compatíveis com granuloma piogênico
p. 131-135, abr/jun. 2008. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de
BENAGLIA, M. B.; JARDIM, E. C.; MENDONÇA, J. C. Pernambuco, CCS. Pós-graduação em Odontologia.
Criocirurgia em odontologia: vantagens e desvantagens. Recife, 2017.
Brazilian J Surg Clin Res, v. 7, n. 3, p. 58-67, 2014.
REGMEE, Pragya; et al. Sclerotherapy for Oral Pyogenic
BUCHNER, Amos; SHNAIDERMAN‐SHAPIRO, Anna; Granuloma – A case report. Journal of College of Medical
VERED, Marilena. Relative frequency of localized reactive Sciences-Nepal, v. 13, N. 02, p. 290-292, Apr-June 2017.
hyperplastic lesions of the gingiva: a retrospective study
of 1675 cases from Israel. Journal of oral pathology & RAHMAN, Hasibur. Pyogenic granuloma successfully
medicine, v. 39, n. 8, p. 631-638, 2010. cured by sclerotherapy: A case report. Journal of Pakistan
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CASTRO, Mónica Arcos; BOTELLO, Norma Rebeca Rojo; 2014.
RIVERA, Daniel Quezada. Retrospective study from 2002
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prevalence. Revista Odontológica Mexicana, v. 12, n. 3, p. Surgery, v. 47, n. 4, p. 318-319, 2009.
137-141, 2008.

FORTES, Tânia MV et al. Estudo epidemiológico de lesões


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pyogenic granulomas: A review.Journal of Plastic,
Reconstructive & Aesthetic Surgery, v, 64, n. 9, p. 1216-
1220, 2011.

6
Capítulo

03
ÚLCERA
TRAUMÁTICA

Beatriz Guimarães Jardim Nicolly Duarte de Abreu Patrick Cardoso Squitino Mattos

Características Clínicas Individualmente, as lesões aparecem como


áreas de eritema circundando uma área central
As úlceras traumáticas são regiões com perda recoberta por uma membrana fibrinopurulenta
de epitélio e/ ou tecido conjuntivo, comumente amarelada destacável (Imagem 3.2).
associadas a lesões agudas e crônicas da mucosa Pode estar associada a uma pseudomembrana
oral. As ulcerações podem permanecer por esbranquiçada, desenvolvendo uma borda
longos períodos de tempo, mas geralmente endurecida branca de hiperceratose,
cicatrizam em dias. Além disso, ulcerações imediatamente adjacente à área de ulceração
sublinguais semelhantes podem ocorrer em (NEVILLE et al., 2016). A presença da vermelhidão
bebês como resultado do traumatismo crônico ao redor da região ulcerada e bordos planos são
da mucosa pelos dentes decíduos anteriores, características de trauma local, auxiliando na
muitas vezes associado à amamentação, sendo confirmação do diagnóstico.
chamadas de doença de Riga-Fede (NEVILLE et
al., 2016).
Os locais de acometimento mais comuns são
língua, lábios e mucosa jugal (Imagem 3.1) —
sítios que podem ser lesionados pelos dentes. As
lesões da gengiva, palato e fundo de vestíbulo
podem ocorrer por outras fontes de irritação,
como hábitos deletérios, uso de próteses e
aparelhos ortodônticos (LIMA, A. A. S. et al., 2015).

Imagem 3.2 - Úlcera Traumática. Área ulcerada com halo


eritematoso, recoberta por membrana fibrinopurulenta
em fundo de vestíbulo superior direito.
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF.

Diagnóstico
Uma anamnese bem detalhada, seguida de
um exame físico minucioso são fatores
essenciais para encontrar o diagnóstico
Imagem 3.1- Úlcera Traumática. Lesão extensa em borda
adequado, uma vez que, identificando e
lateral de língua direita.
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF. removendo o fator causal (irritante), ocorrerá
regressão e minimização da lesão ulcerada,
sendo também uma forma de tratamento (LIMA,
A. A. S. et al., 2015).

7
Capítulo 03 Úlcera Traumática

No entanto, se a lesão evoluir ou não regredir


As úlceras traumáticas agudas são facilmente
frente à primeira conduta em cerca de duas
diagnosticadas por meio do exame clínico,
semanas, uma biópsia do tipo incisional deve ser
incluindo o histórico de trauma no local da lesão.
realizada para verificar o correto diagnóstico, já
Contudo, as úlceras traumáticas crônicas
que devemos considerar como hipóteses
apresentam maior complexidade em seu
diagnósticas: estomatite aftosa, sífilis,
diagnóstico, devido ao seu tempo de evolução e
tuberculose, paracoccidioidomicose e, com teor
suas características clínicas, como bordas
maligno, o carcinoma de células escamosas.
elevados (REGEZI et al., 2016).
[Tabela 1] (NEVILLE et al., 2016)
Tabela 1

DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS

Nome da Lesão Fatores Etiológicos Características Clínicas Tempo de Evolução

Maior: Ulceração entre 1 e


3 cm de diâmetro, mais
profunda e irregular,
sendo mais frequente em
mucosa labial, palato mole
e as faces amigdalianas. O
número de lesões pode
variar de um a 10.

Menor: Ulceração entre 3 e


10 mm de diâmetro,
principalmente em
mucosa não ceratinizada,
precedidas por uma
mácula eritematosa,
Alergias, predisposição apresentam-se como uma
genética, anormalidades membrana
hematológicas, influências fibrinopurulenta Menores curam-se de 7 a
Estomatite hormonais, fatores removível, branco- 14 dias. Maiores de 2 a 6
Aftosa imunológicos, agentes amarelada, que é semanas. Herpetiformes
infecciosos, deficiências circundada por um halo de 7 a 10 dias
nutricionais, suspensão do eritematoso, com
fumo, estresse (mental e sintomas prodrômicos
físico), trauma, além de como queimação, prurido
desordens sistêmicas. ou pontadas.

Herpetiforme: Ulceração
entre 1 a 3 mm de
diâmetro, apresentam
uma grande quantidade
de tais úlceras e maior
frequência de recidivas,
podendo manifestar até
100 lesões em uma só
recidiva. Apesar de a
mucosa móvel não
ceratinizada ser afetada
com mais frequência,
qualquer superfície da
mucosa oral pode ser
acometida.

8
Capítulo 03 Úlcera Traumática

Tabela 1

DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS

Nome da Lesão Fatores Etiológicos Características Clínicas Tempo de Evolução

A lesão primária é
denominada cancro,
normalmente são
solitárias e apresentam-se
como pápulas com
Bactéria- Treponema
ulceração central, de base
pallidum, transmitido De 3 a 8 semanas
Sífilis clara e indolor (raramente,
sexualmente, durante a
como proliferação
gestação, ou pelo
vascular semelhante a um
sangue
granuloma piogênico). São
frequentes em lábios,
língua, palato, gengiva e
amígdalas.

Geralmente, o estágio
inicial da doença é
caracterizado por
Fungo Paracoccidioides infecções pulmonares. As
brasiliensis. Transmitido lesões orais apresentam-
por inalação de esporos se como ulcerações
Paracoccidioi- fúngicos presentes em eritematosas, com 1 ano
domicose solo contaminado superfícies similares a
(atividades agrícolas, amoras, granulares,
jardinagem, afetando principalmente
terraplanagem). mucosa alveolar, gengiva,
palato e língua.
Frequentemente mais de
um sítio da mucosa oral
pode ser afetado

As lesões orais que podem


surgir como sinal de
tuberculose secundária
são incomuns, porém
quando surgem
Mycobacterium acometem principalmente
tuberculosis A língua, apresentando-se
disseminação da como úlceras indolores e
infecção pelo M. endurecidas que não
tuberculosis acontece cicatrizam. São comuns
Tuberculose Indeterminado
por pequenas gotículas sinais e sintomas como:
transportadas pelo ar, febre baixa, mal-estar,
que carregam o anorexia, perda de peso,
microrganismo para os aumento de volume dos
alvéolos pulmonares linfonodos cervicais,
sudorese noturna e tosse
produtiva,
frequentemente associada
a hemoptise ou dor
torácica.

9
Capítulo 03 Úlcera Traumática

Tabela 1

DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS

Nome da Lesão Fatores Etiológicos Características Clínicas Tempo de Evolução

Vírus HSV do tipo 1 (HSV-


1 ou HHV-1) e HSV do
tipo 2 (HSV- ou HHV-2) As lesões intra-orais
transmissível por meio geralmente encontram-se
do contato com a saliva em mucosa ceratinizada,
infectada ou lesões (gengiva inserida e palato
ativas, gotículas duro). Apresentam-se
respiratórias, água e inicialmente como
objetos contaminados. vesículas, medindo de 1 a 3
As lesões podem ser mm, que se rompem
reativadas por rapidamente formando
Herpes Simples imunossupressão, máculas eritematosas 7 a 10 dias
estresse, gestação, ciclo exibindo em seu centro
menstrual, luz área de ulceração
ultravioleta, idade amarelada. Entretanto, as
avançada, alteração na lesões mais comuns são as
temperatura, neoplasias extra-orais, presentes,
malignas, doenças principalmente, em
sistêmicas, alergia, vermelhão de lábio e pele
tratamento ao redor.
odontológico, doenças
respiratórias, febre,
fadiga e trauma.

Exofítica, aumento de
volume de aparência
nodular, superfície papilar
Possui causa ou verrucosa, de massa
multifatorial, incluindo fungiforme; ou endofítica,
principalmente invasiva, escavada,
tabagismo, alcoolismo, destrutiva, crateriforme
Carcinoma de exposição solar, e/ou ulcerada. As lesões
células deficiência nutricional, de características Indeterminado
escamosas HPV, imunossupressão, leucoplásica (mancha
microbiota da cavidade branca), eritroplásica
oral, radiação e (mancha vermelha)
predisposição genética. eritroleucoplásica
(combinação de áreas
vermelha e branca)
possuem potencial de
malignidade.

Tratamento e Prognóstico A laserterapia de baixa potência é uma terapia


alternativa, a qual auxilia na analgesia, com ação
A remoção da causa é o principal fator de
anti- inflamatória e reparação de tecidos,
diagnóstico e tratamento da lesão ulcerada. Nos
minimizando os efeitos causados pela lesão,
pacientes com sintomatologia dolorosa, o uso de
além de atuar também regredindo-a (VALLE et
analgésicos tópicos podem ser uma alternativa,
al., 2016; AGGARWAL et al., 2014). A literatura
assim como os corticosteróides (ex.:
aponta sua utilização com comprimentos de
Triancinolona Acetonida) que devem ser
onda tanto 660nm, quanto 880nm, com uma
utilizados 3 vezes ao dia. Sendo esses
irradiação pontual e por contato (LAGO et al.,
considerados de fácil manuseio e tendo um
2021). Ademais, faz-se necessário o
ótimo custo benefício, embora não devam ser
acompanhamento e utilização do laser em mais
considerados para uso prolongado (LIMA et al.,
de uma sessão.
2005). Além disso, a orientação de higiene bucal
é essencial para evitar o agravamento da lesão.
10
Capítulo 03 Úlcera Traumática

Destaca-se como desvantagem a necessidade através da Escala Visual Analógica,


de adquirir o aparelho que tem um custo imediatamente antes e após a irradiação, é
relativamente elevado, sendo de difícil acesso fundamental para avaliar o protocolo ideal para
aos profissionais da saúde pública e necessidade o paciente.
de destreza do operador. Outro fator relevante é
a diversificação de protocolos de laserterapia, Referências Bibliográficas
não havendo um consenso, além de ser indicado AGGARWAL, Hersheal. Efficacy of Low-Level Laser
apenas quando há certeza do diagnóstico, já que Therapy in Treatment of Recurrent Aphthous Ulcers – A
em lesões malignas e em fase vesicular de Sham Controlled, Split Mouth Follow Up Study. Journal
Of Clinical And Diagnostic Research, [S.L.], p. 218-221, fev.
herpes simples pode prejudicar o quadro do
2014. JCDR Research and Publications.
paciente.
http://dx.doi.org/10.7860/jcdr/2014/7639.4064. Disponível
Além disso, tem-se estudado também em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/24701539/. Acesso
fitoterápicos como forma de tratamento das em: 14 maio 2021.
úlceras traumáticas, tendo como exemplo
soluções que contenham extrato de própolis em GRÉGIO, Ana Maria Trindade; LIMA, Antônio Adilson
Soares de; RIBAS, Marina de Oliveira; BARBOSA, Andréia
sua composição, que atuaria na cicatrização das
Priscila Monteiro; PEREIRA, Ana Cristina Preto; KOIKE,
lesões, analgesia e, principalmente, no infiltrado Fernando; REPEKE, Carlos Eduardo Palanch.
inflamatório. (GREGÓRIO et al., 2005; MARTINEZ,
2011; LIMA et al., 2005) EFEITO DA PROPOLIS MELLIFERA SOBRE O PROCESSO
Por fim, é importante frisar que a úlcera DE REPARO DE LESÕES ULCERADAS NA MUCOSA
BUCAL DE RATOS. Estudos de Biologia, [S.L.], v. 27, n. 58,
traumática é uma lesão autolimitante, a qual
p. 43-47, 24 nov. 2005. Pontificia Universidade Catolica do
regride espontaneamente em cerca de 15 dias.
Parana - PUCPR. http://dx.doi.org/10.7213/reb.v27i58.21912.
No caso de crianças, pode prejudicar sua Disponível em:
nutrição, devido à sintomatologia dolorosa que https://periodicos.pucpr.br/index.php/estudosdebiologia/
dificulta sua alimentação. Logo, vale ressaltar a article/view/21912. Acesso em: 21 maio 2021.
relevância do tratamento no alívio da dor, visto
LAGO, Andréa Dias Neves et al. Laser na Odontologia:
que é o principal incômodo dos pacientes.
conceitos e aplicações clínicas. São Luís: Editora da

Ambulatório Estomatologia Universidade Federal de São Luís do Maranhão, 2021. 315


p.

ISNF/ UFF LIMA, Antonio Adilson Soares de; GRÉGIO, Ana Maria
Em nosso ambulatório, com o intuito de Trindade; TANAKA, Orlando; MACHADO, Maria Ângela
promover uma redução significativa da dor, Naval; FRANÇA, Beatriz Helena Sottile. Tratamento das
ulcerações traumáticas bucais causadas por aparelhos
assim como proporcionar uma cicatrização mais
ortodônticos. Revista Dental Press de Ortodontia e
rápida, dependendo da intensidade da dor do Ortopedia Facial, [S.L.], v. 10, n. 5, p. 30-36, out. 2005.
paciente, geralmente, opta-se por utilizar os FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s1415-
comprimentos de onda vermelho e 54192005000500005. Disponível em:
infravermelho individualmente. https://www.scielo.br/j/dpress/a/LtRsk8Mp5zynDLbzg69Z
JRN/?lang=pt. Acesso em: 21 maio 2021.
Para proporcionar maior bioestímulo de reparo,
irradia-se a úlcera com fonte de laser vermelho, MARTINEZ, Clarissa Rocha. CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA
660nm, Índio-Gálio-Alumínio-Fósforo (InGaAlP), E CITOTOXICIDADE DA PRÓPOLIS DE Apis mellifera
2J de energia/ponto, 20 segundos/ponto, SOBRE FIBROBLASTOS DE MUCOSA BUCAL HUMANA:
100mW, de modo contínuo, com aplicação ESTUDO IN VITRO. 2011. 141 f. Dissertação (Mestrado) -
pontual e em contato, irradiando toda a Curso de Odontologia, Universidade Federal do Mato
Grosso do Sul, Campo Grande, 2011. Disponível em:
extensão da lesão e distanciando cerca de 1cm
https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/315. Acesso
entre os pontos. Para favorecer a analgesia, o em: 21 maio 2021.
protocolo baseia-se na irradiação com fonte de
laser infravermelho, 808nm, arseneto de gálio- NEVILLE, Brad W.; DAMM, Douglas D.; ALLEN, Carl M.; CHI,
alumínio (AlGaAs), 4-6J de energia/ponto, 40-60 Angela C. Patologia Oral e Maxilofacial. 4. ed. Rio de
Janeiro: Elsevier Editora Ltda, 2016.
segundos/ponto, 100mW. A mensuração da dor,
.
11
Capítulo 03 Úlcera Traumática

SHIKANAI-YASUDA, Maria Aparecida et al . II Consenso


Brasileiro em Paracoccidioidomicose - 2017. Epidemiol.
Serv. Saúde, Brasília , v. 27, n. esp, e0500001, ago. 2018 .
Disponível em <http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?
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VALLE, Luísa Andrade. Laser de baixa intensidade no


tratamento de úlceras traumáticas e queilite angular:
relatos de casos. Rev. Assoc. Paul. Cir. Dent, São Paulo, v. 1,
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https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-
832075. Acesso em: 14 maio 2021.

12
Capítulo

04
HIPERPLASIA
FIBROSA
INFLAMATÓRIA
(Epúlide fissurada)

Luiza Ornellas

Características Clínicas
Caracteriza-se como um aumento de volume
do tecido conjuntivo fibroso, devido à má
adaptação de uma prótese removível. É uma
lesão benigna, traumática, exofítica,
normocrômica ou eritematosa, de base séssil ou
pediculada (Imagem 4.1), de consistência fibrosa
e normalmente assintomática (Imagem 4.2 A- C)
(SANTOS; COSTA;SILVA NETO, 2004). A
Localiza-se na região em que a prótese está
em contato, principalmente na face vestibular
do rebordo alveolar, formando única ou
múltiplas pregas (REGEZI, 2008). Quando está
presente na mucosa palatina, comumente é
causada pelo vácuo de uma câmara de sucção, a
qual se encaixa perfeitamente na lesão. Além
disso, quando eritematosa, pode estar associada
à estomatite protética (capítulo 06) (BASSI;
VIEIRA; GABRIELLI, 1998).
B

C
Imagem 4.1 - Hiperplasia fibrosa inflamatória em palato.
Imagens 4.2- Hiperplasia fibrosa inflamatória. (A e B)
Nódulo em região de palato duro, do lado esquerdo.
Nódulos em rebordo inferior em forma de rolete; (C)
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF.
Encaixe da prótese total inferior nas lesões.
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF.

13
Capítulo 04 Hiperplasia Fibrosa Inflamatória

Diagnóstico Com o bisturi convencional, deve-se realizar a


incisão ao redor da lesão, seguindo seu formato
O diagnóstico é principalmente clínico, sendo para total excisão. Em seguida, realiza-se a
realizada biópsia excisional e avaliação sutura, a qual será removida de acordo com a
anatomopatológica para o descarte de cicatrização.
diagnósticos diferenciais, como: lipofibroma, Já com o eletrocautério, inicialmente aciona-
neurofibroma, granuloma piogênico e fibroma se o eletrodo reto, em potência 7, no modo corte
ossificante periférico (COUTINHO; SANTOS, 1998). e remove-se a lesão em sua margem. Após,
pode-se utilizar o eletrodo em alça, no mesmo
modo, sob a forma de raspagem, para obter um
melhor acabamento das feridas operatórias e
Tratamento e Prognóstico remanescentes das hiperplasias. Em seguida,
O tratamento baseia-se na realização da alterna-se para o modo coagulação, utilizando o
biópsia excisional da lesão, além da substituição eletrodo apropriado para obter hemostasia das
ou reembasamento da prótese, uma vez que feridas nos pontos sangrantes, por meio da
deve-se remover a causa da lesão. Para a total eletrocoagulação. Logo, dispensa as suturas,
remoção cirúrgica, inicialmente aplica-se a além de possuir fácil manuseio e apresentar-se
anestesia local e, após, utiliza-se o bisturi como ótima alternativa principalmente para o
convencional, o eletrocautério ou o laser de alta SUS, pelo custo relativamente baixo comparado
potência (Imagem 4.5 A e B). ao laser de alta potência, apresentando eficácia
semelhante. (MARTORELLI et al., 2021)
Com o laser cirúrgico, a luz é incidida em
modo contínuo a fim de realizar a incisão, com
uma potência específica de acordo com o tipo
de laser e luz. Com o laser de dióxido de carbono
(CO2), por exemplo, indica-se o uso entre
9.600nm e 10.600nm, com potência de 6W
(LAGO, 2020). Já com o laser diodo, indica-se o
uso entre 798 nm e 818 nm, com potência de
3,5W. Ambos são usados para obter incisão e
hemostasia local, dispensando suturas.(DE JESUS
et al., 2020)
Após a cirurgia, o uso da prótese no pós
imediato deve ser avaliado pelo cirurgião
dentista, considerando não só a cicatrização,
mas também possíveis danos estéticos e
funcionais. Além disso, é necessário refazer a
prótese ou reembasá-la. Para o reembasamento
em consultório, utiliza-se a resina soft, enquanto
o cimento de óxido de zinco eugenol é usado
para envio ao laboratório (reacrilização).

Imagem 4.5 - Biópsia excisional. (A) Mucosa


apresentando uma depressão após a remoção da lesão;
(B) Peça cirúrgica.
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF.

14
Capítulo 04 Hiperplasia Fibrosa Inflamatória

Referências Bibliográficas SANTOS, Marconi Eduardo Sousa Maciel; COSTA, Wilson


Rodrigo Muniz; SILVA NETO, Joaquim Celestino da.
Terapêutica Cirúrgica da Hiperplasia Fibrosa
BASSI, A.P.F.; VIEIRA, E.H.; GABRIELLI, M.A.C. Hiperplasia Inflamatória: relato de caso. Revista de Cirurgia e
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LAGO, Andréa Dias Neves et al. Laser na Odontologia:


conceitos e aplicações clínicas. São Luís: Editora da
Universidade Federal de São Luís do Maranhão, 2021.

MARTORELLI, Sérgio Bartolomeu de Farias et al.


Hiperplasia fibrosa inflamatória por uso de prótese
desadaptada: considerações terapêuticas e relato de
caso. Research, Society And Development, [S.L.], v. 10, n.
9, p. 1-10, 20 jul. 2021. Research, Society and
Development. http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v10i9.17633.

NEVILLE, Brad W.; DAMM, Douglas D.; ALLEN, Carl M.; CHI,
Angela C. Patologia Oral e Maxilofacial. 3ª ed. Rio de
Janeiro: Elsevier Editora Ltda, p. 512-514, 2009.

REGEZI, Joseph A.; SCIUBBA, James J.; JORDAN, Richard


C. K. Patologia Oral: Correlações Clinicopatológicas. 5ª ed.
Elsevier Editora Ltda, p. 159 e 160, 2008

15
Capítulo

05
Beatriz Guimarães Jardim
CANDIDÍASE
ORAL
Nicolly Duarte de Abreu Patrick Cardoso Squitino Mattos

Características Clínicas
A candidíase é uma doença fúngica causada
principalmente pela infecção da Candida
albicans de forma patogênica. Pode se
apresentar em seis tipos: pseudomembranosa,
eritematosa (atrófica aguda e crônica), crônica
hiperplásica e candidíase associada à queilite
angular e à glossite rombóide mediana (LEWIS, A
M. A. O., et al., 1991).
Pacientes que sofreram mutação fisiológica
(infância e envelhecimento), imunossupressão,
diminuição das células de defesa como
neutrófilos e linfócitos (associado ao HIV,
tratamento de quimioterapia), a administração
prolongada de medicamentos esteroidais e
indivíduos que utilizam próteses dentárias ou
aparelhos ortodônticos são grupo de risco para
candidíase oral. (ANDRIOLE, Vincent T, 1999) B
Os pacientes que fazem o uso constante da
prótese muco-suportada ou prótese dento-
Imagem 5.1 - Candidíase pseudomembranosa. (A)
suportada, devem ter o máximo de cuidados
Placas esbranquiçadas destacáveis e presença de
possíveis para evitar que causem danos aos múltiplas petéquias eritematosas em palato mole. e
tecidos da cavidade oral, ao qual a higienização palato duro; (B) Placa esbranquiçada destacável em
tanto da prótese quanto do tecido se faz dorso de língua.
necessária diariamente. (FALCÃO et al., 2004). Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF.

Candidíase Pseudomembranosa Candidíase Eritematosa


A candidíase pseudomembranosa, conhecida A candidíase eritematosa pode apresentar-se
popularmente como “sapinho”, possui como de forma aguda ou crônica, tendo como sítios
sítios comuns: mucosa jugal, língua e palato. mais comuns a região posterior do palato duro,
Apresenta-se como placas branco-creme mucosa jugal e dorso de língua. Caracteriza-se
removíveis (destacáveis), halitose e sensação de clinicamente como uma lesão de máculas
queimação. Pode estar associada ao tratamento vermelhas, com sensação de queimação,
com antibióticos e à imunossupressão (Imagens podendo levar a uma perda difusa de papilas
5.1 A e B).(NEVILLE, 2016); filiformes do dorso da língua.

16
Capítulo 5 Candidíase Oral

Fatores associados a esse tipo de cândida língua e frequentemente assintomática. O


incluem terapias com antibióticos, quando eritema surge devido à perda das papilas
falamos do tipo atrófica aguda; xerostomia, seja filiformes nessa área. A lesão geralmente é
ela causada por medicamentos, síndrome de simétrica e sua superfície varia de lisa a lobulada.
Sjögren ou terapia pós-radiação e Normalmente a lesão é resolvida com terapia
imunossupressão (Imagens 5.2 A-C). (NEVILLE, antifúngica, embora em alguns casos a resolução
2016) seja apenas parcial (Imagens 5.3 A e B). (NEVILLE,
2016).

A
A

B
B
Imagem 5.3 - Glossite romboidal mediana. (A) Área
despapilada na região medial de dorso de língua. (B)
Área despapilada na região medial posterior de dorso de
língua.
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF.

Alguns pacientes com Glossite romboidal


mediana, podem também exibir lesões por
Candida em outros sítios, sendo então
C denominada Candidíase multifocal crônica. As
áreas que exibem envolvimento são o limite
Imagem 5.2 - Candidíase eritematosa. (A) Máculas
entre palato duro e mole, comissura labial, além
eritematosas em palato duro. (B) Mácula levemente
eritematosa na região medial do palato. (C) Petéquias do dorso da língua.
eritematosas em palato. A lesão no palato se apresenta como uma
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF. área eritematosa frequentemente associada a
placas brancas destacáveis, assintomáticas ou
Glossite Romboidal Mediana
com sensação de queimação, que, quando a
A Glossite romboidal mediana é caracterizada língua está em repouso, entra em contato com a
como uma zona eritematosa bem delimitada lesão do dorso da língua, sendo denominada
localizada na linha média do dorso posterior da lesão “beijada”. (NEVILLE, 2016).

17
Capítulo 5 Candidíase Oral

Queilite Angular Em casos em que há leucoplasia associada à


candidíase, a lesão apresenta uma mescla de
A queilite angular é uma manifestação clínica áreas vermelhas e brancas, resultando na
que pode ser desencadeada pelo fungo Candida, chamada “leucoplasia manchada”. O diagnóstico
que acomete a região de comissura labial. A da candidíase hiperplásica crônica é confirmado
saliva tende a se acumular nessas áreas, pela presença de hifas de Candida associadas à
mantendo-as úmidas, favorecendo uma infecção lesão, além da resolução completa da lesão após
pela levedura. Caracteriza-se como lesões a terapia antifúngica. (NEVILLE, 2016).
vermelhas eritematosas e fissuradas, podendo
apresentar como sintomatologia ardência. Sem
Diagnóstico
uma razão aparente, pode ter como fatores
associados imunossupressão e a perda de O diagnóstico da candidíase é composto
dimensão vertical (Imagens 5.4 A e B). (NEVILLE, essencialmente pela avaliação clínica da lesão. A
2016). análise para identificação de áreas eritematosas
e/ou presença de placas esbranquiçadas
destacáveis (removíveis à raspagem) direcionam
seu subtipo.
Se houver uma placa esbranquiçada, o
direcionamento será dado através da raspagem,
uma vez que a remoção sugere o tipo
pseudomembranosa e a permanência indica a
crônica hiperplásica.
A Além disso, para a confirmação da etiologia e
do consequente diagnóstico é comum o exame
citopatológico, a qual consiste em um método
não invasivo a partir da coleta por meio de um
esfregaço (NEVILLE, 2016).
Neste último tipo, a hiperplásica, geralmente
apresenta também com um aumento de
espessura do epitélio e, por ser diagnóstico
diferencial de lesões que apresentam displasia
epitelial, carcinoma de células escamosas e
B leucoplasia, por exemplo, a biópsia incisional,
apesar de invasiva, é indicada.
Se a região estiver eritematosa (avermelhada)
Imagem 5.4 - Queilite angular. (A) Fissuras em
na localização correspondente à prótese do
comissura labial com crostas bilateral; (B) Fissuras em
comissura labial bilateral. paciente, pode caracterizar a candidíase atrófica
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF. aguda.
Se a localização for no palato e na língua com
Candidíase Hiperplásica Crônica despapilamento local, pode indicar a candidíase
atrófica crônica, também conhecida como lesão
(Leucoplasia por Cândida)
beijada.
Caso haja uma região atrófica em dorso de
A candidíase hiperplásica crônica é a forma de
língua e na região posterior, pode caracterizar a
candidíase menos comum e caracteriza-se como
glossite romboidal mediana.
uma mancha branca que não pode ser removida
Quando a lesão localiza-se na comissura
por raspagem. Essa lesão, geralmente, localiza-se
bucal e a etiologia for fúngica, corresponderá à
na mucosa jugal e não pode ser diferenciada
queilite angular.
clinicamente de uma leucoplasia.

18
Capítulo 5 Candidíase Oral

Tratamento e Prognóstico Cetoconazol


O cetoconazol é um medicamento antifúngico
Nistatina
que possui boa absorção pelo trato
A nistatina é o medicamento de primeira gastrintestinal e por isso é utilizado como
escolha para o tratamento da candidíase em tratamento sistêmico para a candidíase.
pacientes usuários de prótese ou irradiados na Entretanto, apresenta desvantagens, já que não
região da cabeça e pescoço, por não ser é indicado que os pacientes tomem antiácidos
absorvida pelo trato gastrintestinal, tendo assim ou agentes bloqueadores de H2, para não
um bom perfil de segurança. É geralmente comprometer a acidez do trato gastrointestinal;
utilizada na concentração de 1.000.000.000 aproximadamente um em 10.000 indivíduos
UI/ml para uso tópico. A posologia indicada é de sofre toxicidade hepática idiossincrática
5-10 ml, 4 vezes ao dia, para uso durante 7-14 associada ao fármaco, e por essa razão, a US
dias, podendo se estender até 21 dias. É indicado Food and Drug Administration (FDA) afirma que
que o paciente retenha a solução na boca o cetoconazol não deve ser utilizado como
durante 1-2 minutos antes de iniciar o bochecho. tratamento inicial da candidíase. Além de
(DE ANDRADE, 2014) apresentar interações medicamentosas com
macrolídeos (p.ex., eritromicina), podendo
Miconazol causar arritmias cardíacas potencialmente fatais.
(NEVILLE, 2016). São geralmente utilizados
O miconazol é um componente Azólico, de comprimidos de 200mg, com posologia de 1
apresentação gel em bisnaga com 40g sendo comprimido ao dia, durante 7-14 dias. (DE
comercializado como Daktarin®. O profissional ANDRADE, 2014).
deve recomendar ao paciente que aplique o
medicamento sobre a área afetada com o auxílio
Itraconazol
de uma gaze 3 vezes ao dia, durante 7 à 14 dias. O
miconazol não é indicado para pacientes que O itraconazol é um fármaco de uso sistêmico
fazem uso da varfarina, uma vez que que apresenta-se em cápsulas de 100 mg, via
potencialiaza o seu efeito anticoagulante (DE oral, com posologia de 1 cápsula a cada 24h
ANDRADE, 2014). durante 14 dias contínuos. Por ser um
antifúngico com eficácia equivalente à do
Fluconazol clotrimazol e do fluconazol, é contraindicado
Este agente antifúngico tem como modo de para os pacientes que tomam eritromicina,
ação sistêmica, sendo considerado da classe dos triazolam e midazolam, devido a interações
Azóis. Sua apresentação são cápsulas variando medicamentosas
entre 50, 100 ou 150 mg. O fluconazol deve ser
administrado como dose única diária. A dose Terapia Fotodinâmica
recomendada de fluconazol para candidíase de
A terapia fotodinâmica é utilizada como
mucosa é de 3 mg/kg uma vez por dia. Uma dose
tratamento para diversas patologias na
de ataque de 6 mg/kg pode ser utilizada no
Odontologia, incluindo as infecções fúngicas.
primeiro dia para alcançar os níveis de equilíbrio
Consiste em uma nova abordagem que pode
(steady state) mais rapidamente. Mostra-se bem
substituir o uso de agentes antimicrobianos, os
absorvido sistemicamente, não necessitando de
quais podem desenvolver resistência dos
um ambiente ácido. É preciso maior atenção
microrganismos e alteração da microbiota oral e
para possíveis interações medicamentosas,
gastrointestinal (WILSON, 1994). Essa alternativa
porque eles potencializam os efeitos da
de tratamento utiliza uma fonte de luz aliada a
fenitoína, a qual é uma medicação
uma substância fotossensibilizadora para
anticonvulsivante dos compostos de varfarina
destruir as células microbianas (Imagem 5.5).
(anticoagulante) e das sulfonilureias (agentes
(DONNELLY, 2008).
hipoglicêmicos orais) (DE ANDRADE, 2014).

19
Capítulo 5 Candidíase Oral

Produtos Naturais
A literatura tem apontado o potencial de
produtos naturais (mel, óleos essenciais, extratos
de plantas e probióticos/prebióticos) como
agentes antifúngicos. Tais produtos seriam
interessantes por conta do baixo custo e por
serem naturais. Apesar disso, todos esses estudos
ainda são preliminares e precisam ser
A explorados, mas podem ser uma boa fonte de
novos medicamentos antifúngicos para tratar a
candidíase oral. (RODRIGUES, RODRIGUES,
HENRIQUES, 2019) .

Ambulatório Estomatologia
ISNF/ UFF
A candidíase pode ser tratada através de
B antifúngicos orais ou tópicos (solução oral de
nistatina 100.000 U.I./ gel oral de Miconazol 2%),
Imagem 5.5 - Aplicação de TFD para tratamento de
queilite angular. (A) Aplicação do azul de metileno a ozonioterapia, ou, preferencialmente, através da
0,01%; (B) Aplicação do laser de baixa potência vermelho. terapia fotodinâmica antimicrobiana. Esta
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF.
técnica consiste em: secagem da área com gaze;
aplicação do fotossensibilizador azul de
Ozonioterapia metileno a 0,01% (podendo ser sob a forma de
gel ou líquido); aguardar 5 minutos como tempo
O ozônio apresenta um significativo efeito
de pré-irradiação; remoção do excesso de azul
sobre leveduras do gênero Candida, logo,
de metileno a 0,01% com gaze; irradiação da
estudos têm sugerido a terapia com ozônio
área com fonte de luz vermelha, 660nm,
como uma alternativa de atenuar sua infecção.
InGaAlP, 9J de energia/ponto, 90
Atualmente, propõe-se que a variação de 10 a
segundos/ponto, 100mW, de modo contínuo,
80 μg/mL de ozônio seja benéfica, levando a
com aplicação pontual e em contato, irradiando
efeitos positivos e sem toxicidade, dependendo
toda a extensão da lesão e distanciando cerca de
do tecido, demonstrados in vitro e in vivo em
1cm entre os pontos. As sessões precisam ser
modelos animais. Nos estudos em seres
repetidas até a remissão completa da lesão.
humanos, a faixa de dose segura varia entre 15 e
Além da terapia fotodinâmica antimicrobiana,
50 μg/mL e depende do tipo e objetivo do
como orientação para uso domiciliar, utiliza-se a
tratamento, bem como do local de aplicação
ozonioterapia (caso o paciente não apresente
(Pivotto et al., 2020).
contra-indicações) através da aplicação de óleo
Apesar de seus benefícios, novas investigações e
de girassol (ou de oliva) ozonizado, 2 vezes ao
comparações de perfil de toxicidade, por meio
dia, até a remissão completa da lesão.
de ensaios laboratoriais e clínicos, são
necessários para estabelecer corretos protocolos
de uso. (ROQUE; LOTH; BAEZA, 2021)

20
Capítulo 5 Candidíase Oral Referências Bibliográficas
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21
Capítulo

06 ESTOMATITE
PROTÉTICA
Beatriz Vasconcellos Ferreira Luiza Ornellas

Características Clínicas Devido a variedade de fatores etiológicos é


importante realizar o reconhecimento para um
A estomatite protética é uma inflamação tratamento mais individualizado e direcionado
localizada na mucosa abaixo das próteses (Imagens 6.1 A, B, C, D) .
removíveis parciais ou totais (YARBOROUGH et
al., 2016). Newton realizou uma classificação
dessa desordem em 1962 e segundo o autor o
Grau I apresenta eritemas pontuais, Grau II
eritema difuso envolvendo grande parte ou toda
a mucosa e o Grau III hiperplasia papilar
inflamatória (HANNAH et al., 2017). A Tabela 2
abaixo esquematiza essa classificação.

Grau Característica A
Grau I Eritemas pontuais

Grau II Eritemas difusos

Hiperplasia papilar
Grau III
inflamatória

Tabela 2 - Características clínicas de acordo com o grau


da Estomatite Protética. Fonte: Próprio autor.
B
O mais comum é ser assintomática, no
entanto, é possível observar sintomas como
sangramento na mucosa, sensação de ardência,
dor, halitose, sensação de boca seca e sabor
desagradável (ARENDORF e WALKER, 1987).
Possui etiologia multifatorial envolvendo
infecção por Candida spp., próteses mal
adaptadas, trauma, tabagismo, próteses usadas
durante muitos anos, alergia causada pelo
material da prótese, uso contínuo da prótese e
principalmente cuidados inadequados e higiene
C
deficiente. (GENDREAU e LOEWY, 2011; HANNAH
et al., 2017)

22
Capítulo 06 Estomatite Protética

O dentista deve realizar aconselhamento quanto


a dieta e higienização, corrigir ou substituir as
próteses se necessário e consultas de revisão.
O Ambulatório de Estomatologia INSF
confere aos pacientes com estomatite protética
as seguintes instruções:
Cuidados periódicos com os dentes naturais
presentes,
Limpar todas as superfícies da prótese por
D dentro e por fora após todas as refeições
Imagem 6.1 (A, B, C, D)- Estomatite Protética Grau I. (A) principalmente no período noturno,
Palato duro sob a área chapeável da prótese com áreas Utilizar escova de cerdas duras, sabão de
avermelhadas; (B) palato e rebordo superior bastante coco ou neutro
avermelhados e um pouco edemaciados por conta das Remover as próteses no período noturno ou
lesões; (C) petéquias difusas por todo palato duro,
algumas horas por dia. Enquanto isso deixa-
conferindo o avermelhado sem delimitações; (D)
petéquias em palato duro. la em um recipiente com água oxigenada a
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF 10 V, água sanitária ou Corega Tabs® diluido
em água, na proporção de uma colher de
Diagnóstico sobremesa para meio copo de água.
Antes de colocar a prótese na boca é
O diagnóstico da estomatite protética pode
necessário escová-la para remover os
ser realizado clinicamente e conta com o auxílio
resíduos de líquido de limpeza
de exames laboratoriais como cultura
Comparecer em consultas de revisão com o
microbiológica, citopatologia e exames
dentista a cada seis meses
imunológicos (JEGANATHAN e LIN, 1992),
principalmente para excluir outros diagnósticos.
Em relação à terapia medicamentosa, a
Apesar das diversas possibilidades o mais
primeira linha de escolha são as suspensões com
comum é o diagnóstico ser realizado de forma
base de Nistatina, Anfotericina B, Miconazol e
clínica sendo os exames realizados para fins de
Fluconazol. Nos casos de pacientes não
pesquisa na maioria dos casos.
colaborativos se faz necessário o emprego de
antifúngicos sistêmicos sendo o Fluconazol e o
Tratamento e prognóstico Itraconazol os mais utilizados (SHARMA e
As abordagens mais conhecidas para o SHARMA, 2015). De acordo com a literatura as
tratamento são a remoção de fatores desvantagens do tratamento com antifúngico é
traumáticos, correção das próteses, emprego de a resistência, a hepatotoxicidade e o fato de
medicamentos e correta higienização. Dessa muito dos antifúngicos atuarem como
forma, é importante que o cirurgião-dentista fungiostáticos e não fungicidas o que dificulta a
forneça instruções adequadas sobre cuidados remissão total (WHITE, MARR e BOWDEN, 1998;
com as próteses em casa e marque consultas de LEITE, PIVA e MARTINS-FILHO, 2015). No entanto,
retorno para avaliar e reforçar a higiene, visando é necessário compreender que a utilização da
preservar a saúde do tecido que suporta a medicação deveria estar associada ao exame
prótese. (JEGANATHAN e LIN, 1992; GENDREAU e citopatológico positivo para candidíase, o que
LOEWY, 2011; YARBOROUGH et al., 2016). nem sempre ocorre.
No estudo de Hannah et al., (2017) os autores A revisão sistemática de Fang, Huang e Ding
estabelecem cuidados com a prótese para os (2021) teve como objetivo investigar a eficácia
pacientes como: remove-la sempre que possível, dos antifúngicos na candidíase oral. Segundo
dormir sem a mesma, higienizá-la, assim como a esse estudo, o Fluconazol foi o medicamento
mucosa, duas vezes por dia com clorexidina, responsável pela maior redução da infecção
dieta com menor ingestão de carboidrato, deixar fúngica na cavidade oral, demonstrando assim a
a prótese imersa em clorexidina durante 15 maior eficácia entre os medicamen-
minutos e de um dia para o outro na água. tos avaliados.
23
Capítulo 06 Estomatite Protética

Buscando entender se substâncias naturais Irradiação com fonte de laser


tópicas como por exemplo própolis, chá verde e Arseneto de Gálio e Alumínio
gengibre são eficazes e seguras em comparação (GaAlAs), de comprimento de onda
com os antifúngicos convencionais no de 660nm (MMOptics, Brasil), 9J de
tratamento da estomatite protética, a revisão 05 energia/ponto, densidade de energia
de 225J/cm2, 90 segundos/ponto,
sistemática de Silveira et al. (2021) aponta que 100mW, modo contínuo, aplicação
apesar da melhora dos aspectos clínicos, ainda pontual distanciando 1 cm entre os
há pouca certeza no corpo de evidências de que pontos
os produtos naturais podem ser usados ​
adequadamente no tratamento da estomatite
Ozonioterapia
protética, sendo necessário futuros ensaios
clínicos randomizados e bem desenhados. A ozonioterapia vem se destacando na
Devido às desvantagens da terapia odontologia. Em diversos tratamentos o ozônio é
medicamentosa e os avanços na área utilizado já que possui efeito bactericida,
biomédicas a literatura relata novas formas de virucida e fungicida. Isso ocorre decorrente da
tratamento como a utilização de lasers (SHARMA alta atividade oxidativa e seres como bactérias,
e SHARMA, 2015; YARBOROUGH et al., 2016) e a fungos e vírus não possuem sistemas complexos
ozonioterapia (MURAKAMI et al., 1996). de reparo de estruturas nobres (OLIVEIRA e
A terapia fotodinâmica utiliza-se da MENDES, 2009; BOCCI, 2006; PATTANAIK et al.,
combinação entre um agente 2011).
fotossensibilizador, uma fonte de luz que possua Crastechini et al.(2018) em seu estudo com
um comprimento de onda correto e a presença testes in vitro, analisou o efeito do óleo
de oxigênio o que origina a formação de ozonizado sobre os níveis orais de Candida spp.
espécies reativas de oxigênio as quais causam a em pacientes com estomatite protética. Como
inativação microbiana tendo como resultado, observou-se que o óleo de oliva
consequência a morte dos microrganismos. ozonizado mostra-se promissor como uma nova
Devido seu mecanismo de ação não foi alternativa para o controle do biofilme em
mencionado na literatura casos de resistência à pacientes com estomatite protética.
terapia fotodinâmica ou efeitos mutagênicos nas
células humanas (DONELLY, MCCARRON e
TUNNEY, 2008; DOVIGO et al., 2010).
Ambulatório Estomatologia
O protocolo adotado pelo ambulatório de ISNF/ UFF
Estomatologia ISNF para terapia fotodinâmica
nos casos de estomatite protética é o mesmo Diante das inúmeras causas de estomatite
para candidíase quando o paciente utiliza protética, torna-se relevante identificar a
prótese total, e será descrito a seguir: presença de candidíase, uma vez que nem
sempre a estomatite protética tem associação
Secagem da mucosa e da superfície com esse fungo. Na presença ou na ausência da
01 interna da prótese com gaze estéril possibilidade dessa associação, pode optar pelas
terapias citadas no item candidíase (vide
Capítulo 5). Caso seja realizado a terapia
Aplicação da solução de azul de fotodinâmica antimicrobiana, os antifúngicos
02 metileno a 0,01%
tópicos ou a ozonioterapia através do oléo de
girassol ozonizado, as terapias precisam ser
realizadas tanto na mucosa oral subjacente à
03 Aguardar 5 minutos
prótese quanto na superfície interna da prótese
que fica em contato com a mucosa. Vale
ressaltar que a adequada orientação de higiene
Remoção do excesso do azul de
04 metileno a 0,01% oral e da prótese precisa ser enfatizada para o
sucesso do tratamento.

24
Capítulo 06 Estomatite Protética

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25
Capítulo

07 HERPES
SIMPLES
Nicolly Duarte de Abreu Patrick Cardoso Squitino Mattos

Características Clínicas Os diagnósticos diferenciais para o herpes


simples podem variar desde úlcera traumática,
O herpes labial é uma doença infecto- estomatite aftosa, herpes zoster e eritema
contagiosa comum causada pelo vírus herpes multiforme (quando a lesão não for uniforme),
simples tipo 1 (HSV-1) e caracteriza-se até infecções mucocutâneas, como o impetigo,
clinicamente por lesões extragenitais, pé-mão-boca e herpangina. (STOOPLER, 2005).
disseminando-se através da saliva infectada,
lesões periorais ativas, gotículas respiratórias,
água e objetos contaminados. Já o vírus herpes
simples tipo 2 (HSV-2) está relacionado a lesões
perigenitais.(NEVILLE, 2016) (TRINDADE et al.,
2007).
Geralmente esse vírus se mantém em estado de
latência nas células neurais atingidas e replica-se
nas células epiteliais, sendo reativado sob
estímulos de luz UV, traumas, períodos
A
menstruais, imunodepressão e estresse.
Apresenta-se clinicamente como múltiplas e
pequenas pápulas eritematosas, formando
agrupamentos de vesículas preenchidas por
líquido (Imagens 7.1 A- D) , as quais se rompem e
formam crostas dentro de aproximadamente
dois dias (Imagem 7.2 A e B). Os sítios mais
acometidos são lábios e pele adjacentes, embora
possam acometer outras regiões, como palato
(Imagem 7.3). B
Diagnóstico
O diagnóstico é realizado a partir de um
adequado exame clínico. Para lesões atípicas,
pode ser complementado pela cultura/biópsia
de vesículas intactas, sorologia entre 4 a 8 dias
após o período de exposição ou exame
citopatológico, (NEVILLE, 2016) que é simples,
rápido e barato.
C
26
Capítulo 07 Herpes Simples

D
Imagem 7.3 - Lesão de herpes simples em palato mole.
Imagens 7.1- Lesões de herpes simples em estágio
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF
vesicular. (A) Em lábio inferior; (B) Em lábio inferior
esquerdo; (C) Em lábio superior esquerdo e (D) Em lábio
inferior direito.
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF
Tratamento e Prognóstico
Sendo o herpes labial uma doença
autolimitante, alguns tratamentos paliativos
podem ser utilizados, a fim de minimizar os
sintomas dolorosos e suprimir a replicação viral.
Ao iniciarem os sintomas prodrômicos, como:
dormência, pontadas, prurido, eritema e dor, o
medicamento de escolha principal é o Aciclovir,
uma vez que possui ação antiviral seletiva e
potente. O uso via oral de 200 mg, adulto e
pediátrico, é indicado cinco vezes ao dia,
A pulando a dose noturna, durante dez dias em
caso de episódio inicial, e durante cinco dias, em
caso de episódio recorrente. Também há a
versão tópica de 50 mg que pode ser aplicada
em lábio e pele adjacente até a regressão da
lesão. (SANTOS et al., 2012)
Se não houver resposta eficaz ao tratamento
com esse fármaco entre 5 a 10 dias, existe a
possibilidade das lesões serem formas
resistentes. Nessa situação, inicialmente pode-se
B aumentar as doses do primeiro tratamento e,
caso haja falha na intervenção, deve-se utilizar o
Imagem 7.2 - Lesão de herpes simples em estágio de hexaidrato fosfonoformato trissódio (Foscarnet).
crostas. (A) Lesão em lábio superior; (B) Lesão em região (NEVILLE, 2016)
perioral.
O laser de baixa intensidade deve ser usado
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF
apenas na ausência de vesículas, uma vez que
auxilia na cicatrização com ação analgésica e
anti inflamatória. (SANTOS et al., 2012). O
protocolo para o uso do laser varia de acordo
com a fase na qual a lesão se manifesta, como
indicado na Tabela 3.

27
Capítulo 07 Herpes Simples

PROTOCOLO DE LASERTERAPIA / TFD

Sintomatologia/ Comprimento
Fase Objetivo Dose Aplicação Observações
Sinais e Sintomas de Onda

120 J/cm2
P Vermelho:
(40mW e A laserterapia
R 2 minutos) nessa etapa não
660 nm
O ou 4,8 J exclui a
Dormência, Inibir o por ponto possibilidade do
D pontadas, desenvolvimento
Um único
desenvolvimento
R ponto
prurido, subsequente da 40J/cm2 da lesão, embora
Ô central
eritema e dor lesão (40 mW e o ciclo viral se
M Infravermelho: 40 completará em
I 780 ou 808 nm segundos) um período
C ou 1,6 J menor
A por ponto

30J/cm2
P (40mW,
R Vermelho: 30
É 660 nm segundos)
- ou 1,2 J
por ponto
V
Eritema Um ponto
E Diminuição do Atuação do laser
intenso e central e 4
S edema e dor é na diminuição
edemaciado ou 5 pontos
do edema e dor
I 10J/cm2 periféricos
C (40mW, 10
U Infravermelho: segundos)
L 780 ou 808 nm ou 0,4 J
A por ponto
R

V
E
S 20 J/cm2 Realizar a
(40 mW, Um ponto descontaminação
I central e 4
Estimular a Vermelho: 20 inicial da lesão e
C Vesículas
cicatrização 660 nm segundos) pontos escarificar as
U ou 0,8J periféricos vesículas antes
L por ponto da laserterapia.
A
R

U
L 10 J/cm2
C (40 mW e A aplicação deve
Um ponto
10 ser em
E Lesões Estimular a Vermelho: central e 4
baixíssimas doses
R ulceradas cicatrização 660 nm segundos) pontos
ou 0,4 J e por duas a três
A periféricos
de energia sessões
D total por
A ponto

*Em algumas fases, a laserterapia pode ser utilizada no comprimento de onda vermelho ou infravermelho,
sendo escolhido a critério do cirurgião dentista

Tabela 3 - Relação das fases da herpes simples com os protocolos de tratamento mais indicados para cada caso.
.
Fontes: (LIZARELLI, 2010), (LAGO, 2021), (NUNEZ, GARCEZ, RIBEIRO, 2021)

28
Capítulo 07 Herpes Simples

A terapia fotodinâmica também é uma Na presença de crosta, opta-se por otimizar a


alternativa na presença de vesículas. Antes de cicatrização através da irradiação com fonte de
iniciá-la, deve-se anestesiar a região e realizar a laser vermelho, 660nm, InGaAlP, 2-4J de energia/
escarificação de todas as lesões (na superfície ponto, 20-40 segundos/ ponto, 100mW.
das pequenas bolhas) presentes. Em seguida, Outra proposta terapêutica antimicrobiana
aplica-se o fotossensibilizador azul de metileno também utilizada no ambulatório é a
em concentração de 0,02%, durante 1 minuto, e ozonioterapia (caso o paciente não apresente
remove-se o excesso com gaze. Após, deve-se contra-indicações) seja através da aplicação de
irradiar o laser de baixa potência com luz no óleo de girassol (ou de oliva) ozonizado ou
espectro vermelho (630-700 nm), durante 1 aplicação intralesional do gás de ozônio. Além
minuto, aplicado em ponto com uma disso, como terapia domiciliar, também orienta
penetrância nos tecidos variando entre 0,5 e 1,5 o paciente a aplicação do óleo na lesão, 2 vezes
cm. Esse procedimento pode ser realizado para ao dia, até a remissão completa da lesão.
acelerar o processo de reparação da lesão. (LAGO
et al., 2021)
Referências Bibliográficas
Ambulatório Estomatologia GARCEZ A. S. , RIBEIRO M. S., NÚÑEZ S. C. et al. Laser de
Baixa Potência: Princípios Básicos e Aplicações Clínicas
ISNF/ UFF na Odontologia. Rio de Janeiro : Elsevier, 2012.

As lesões herpéticas apresentam fases e LAGO, A. D. N. et al. Laser na Odontologia: conceitos e


dependendo da fase utiliza-se protocolos aplicações clínicas. São Luís: EDUFMA, 2021. 315 p.
distintos:
LIZARELLI, R. F. Z. Protocolos Clínicos Odontológicos: Uso
Na fase prodrômica, utiliza-se o laser
do Laser de Baixa Intensidade. 4 Ed. MM Optics Ltda.
infravermelho, 808 nm, AlGaAs, 4J de energia/ 2010.
ponto, 40 segundos/ ponto, 100mW. Além disso,
orienta-se o paciente a realizar crioterapia local e NEVILLE, Brad W.; DAMM, Douglas D.; ALLEN, Carl M.; CHI,
separar os utensílios pessoais e evitar contato Angela C. Patologia Oral e Maxilofacial. 4. ed. Rio de
Janeiro: Elsevier Editora Ltda, p. 241-249, 2016.
direto com a lesão para minimizar a auto
inoculação para outros sítios, assim como a NUNEZ, SILVIA C. (org.); GARCEZ, AGUINALDO S. (org.);
contaminação de outras pessoas. RIBEIRO, MARTHA S. (org.) . Aplicações clínicas do laser
Na fase de vesícula, no local realiza-se a terapia na odontologia. Barueri, SP: Manole, 2021.
fotodinâmica antimicrobiana através do
SANTOS, Manuelly Pereira de Morais et al. Herpesvírus
seguinte protocolo: (a) a secagem da área com
humano: tipos, manifestações orais e tratamento.
gaze (OBS.: descartar imediatamente a gaze e
Odontol. Clín.-Cient., Recife, v. 11, n. 3, p. 191-196, 2012.
não utilizar novamente ou em outro sítio para
não disseminar o vírus); (b) anestesia tópica; (c) STOOPLER, Eric T.. Oral herpetic infections (HSV 1–8).
rompimento superficial das vesículas com o bisel Dental Clinics Of North America, [S.L.], v. 49, n. 1, p. 15-29,
Elsevier BV. Jan, 2005.
de uma agulha (27-30G); (d) aplicação do
http://dx.doi.org/10.1016/j.cden.2004.07.005.
fotossensibilizador azul de metileno a 0,01%
(podendo ser sob a forma de gel ou líquido); (e) TRINDADE, A. K. F. et al. Herpes simples labial: um
aguardar 5 minutos como tempo de pré- desafio terapêutico. Comunicação em Ciências Saúde,
irradiação; (f) remoção do excesso de azul de Brasília, v. 18, n. 4, p. 307-314, 2007.
metileno a 0,01% com gaze; (g) irradiação da
área com fonte de laser vermelho, 660nm,
InGaAlP, 9J de energia/ponto, 90
segundos/ponto, 100mW, de modo contínuo,
com aplicação pontual e em contato, irradiando
toda a extensão da lesão e distanciando cerca de
1cm entre os pontos.
29
Capítulo

08
MUCOCELE
(Fenômeno de extravasamento
de muco; reação ao escape de
muco)

Nicolly Duarte de Abreu Patrick Cardoso Squitino Mattos

Características Clínicas
A mucocele é uma lesão comum da mucosa
oral resultante da ruptura de um ducto de
glândula salivar e do extravasamento de mucina
para dentro dos tecidos moles vizinhos
(BHASKAR, BOLDEN, WEINMANN, 1956). Esse
acometimento está associado a algum trauma
local, prevalecendo assim em sítios como o lábio B
inferior e regiões na cavidade oral que possuam Imagem 8.1 - Mucocele em lábio inferior de criança. (A)
ductos/glândulas. Geralmente se apresenta Lesão em lábio inferior com aumento de volume notável
como aumento de volume mucoso arredondado na inspeção visual extraoral, com coloração
normocrômica; (B) Lábio inferior evertido, evidenciando
com tamanho diverso, assintomático, flutuante
lesão bem delimitada de consistência mole e base séssil.
ou de superfície firme à palpação e coloração Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF.
varia de acordo com a profundidade (azulada -
superficial; normocrômica - profunda).
O tempo de evolução é individualizado,
alternando de dias a anos. Muitos pacientes
relatam a história de um aumento de volume
recorrente que se rompe periodicamente e libera
seu conteúdo fluido/viscoso. São mais comuns
em crianças e adultos jovens, possivelmente por
estarem mais propensos a traumas, induzindo o
extravasamento de mucina (Imagens 8.1 e 8.2). A
Quando presente no assoalho bucal é chamada
de rânula. (NEVILLE et al., 2016)

B
Imagem 8.2 - Mucocele em adulto jovem. (A) Lesão em
A mucosa labial inferior lado direito; (B) Nódulo
normocrômico de consistência mole e base séssil com
áreas esbranquiçadas, ocasionadas por trauma
secundário.
30 Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF
Capítulo 08 Mucocele

Diagnóstico
O diagnóstico da mucocele se dá através de
um adequado exame clínico. O tecido excisado,
de maneira convencional, deve ser submetido à
avaliação microscópica para confirmar o
diagnóstico e descartar a possibilidade de
neoplasias de glândula salivar. A
Embora um histórico de trauma seguido do
aparecimento de um aumento de volume
translúcido/azulado em lábio inferior seja típico
da mucocele, outras lesões devem ser
consideradas quando esse histórico se faz
ausente. Dentre elas, pode-se apresentar como
diagnóstico diferencial: fibroma traumático,
lipoma, granuloma piogênico, linfangioma,
sialolitíase, neoplasias de glândulas salivares
(com prevalência para carcinoma B
mucoepidermóide), malformação vascular,
varizes venosas, neurofibroma, hiperplasia
fibrosa inflamatória e cisto linfoepitelial oral.
(NEVILLE et al., 2016; REGEZI, 2012)

Tratamento e Prognóstico
As mucoceles, por vezes, se rompem e liberam
o conteúdo de seu interior promovendo uma
C
aparente melhora da lesão. Entretanto, possui
grande chance de recidiva e a remoção do fator
traumático juntamente com a excisão cirúrgica
local é necessária.
Submeter a amostra coletada na biópsia
excisional à análise histopatológica é
fundamental em qualquer que seja o tratamento
utilizado, pois apenas com ela conseguiremos o
diagnóstico da lesão.
Para minimizar a recidiva, deve-se remover no
transoperatório qualquer glândula salivar menor
D
que possa estar localizada dentro da lesão ou
adjacente a mesma, garantindo uma margem de
segurança quando a área for excisada, conhecida
como técnica de enucleação (NEVILLE et al.,
2016; MANFRO, MANFRO & BORTOLUZZI, 2010).
A seguir, as imagens 8.3 e 8.4 irão apresentar
dois casos clínicos tratados por meio da técnica
de enucleação, realizando a excisão cirúrgica.

31
Capítulo 08 Mucocele

Imagem 8.3 Excisão cirúrgica de mucocele e tecido que


a recobria. (A) Visualização de nódulo arroxeado em
mucosa labial inferior evertida; (B) Incisão ao redor da
lesão em formato elíptico; (C) Divulsão dos tecidos com
tesoura de ponta romba; (D) Visualização da mucocele;
(E) Pós remoção imediata com bisturi.
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF

F
Imagem 8.3 - Remoção de mucocele. (A) Visualização de
nódulo séssil esbranquiçado em mucosa labial inferior
evertida; (B) Incisão semilunar ao redor da lesão; (C)
Divulsão dos tecidos com tesoura de ponta romba; (D)
Visualização da mucocele; (E) Identificação das
glândulas salivares menores (setas verdes) e da lesão
(seta azul); (F) Visualização pós-cirúrgica da mucocele
com as glândulas salivares menores.
B Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF

Ainda como tratamento conservador temos a


marsupialização, técnica menos traumática que
tem como objetivo manter o ducto da glândula
salivar em comunicação com a cavidade oral
(YAGUE GJ, et al., 2009). Este procedimento
consiste na remoção de uma porção da lesão e
sutura de suas margens com a mucosa
adjacente, propiciando uma via de eliminação
do muco para fora dos tecidos (LEAL & BRAULIO,
C 2014). Conta previamente com anestesia local,
permitindo incisão do tecido com lâmina de
bisturi. A sutura das margens da lesão e mucosa
adjacente em pontos interrompidos evitando o
fechamento do ducto (LEITE SEGUNDO, FARIA,
LEÃO, 2006).
Há ainda, a micromarsupialização, que consiste
em uma terapia alternativa, indicada para
pacientes pediátricos ou adultos com alteração
sistêmica, contra indicados para a remoção
cirúrgica. É um procedimento pouco traumático
D e que não necessita de anestesia local infiltrativa;

32
Capítulo 08 Mucocele

Porém, é contraindicado quando não se tem et al., 2016). No entanto, atenção especial deve
certeza do diagnóstico clínico, já que não ser dada ao tempo de aplicação e à potência de
fornece material para análise trabalho, a fim de evitar superaquecimento e
anatomopatológica (ROCHA et al., 2013). A necrose dos tecidos (BESBES et al., 2020).
técnica inicia-se com aplicação de anestésico Embora sua praticidade, o laser de alta potência
tópico e consiste na passagem de um fio de tem um alto custo e a necessidade de realização
sutura de seda pelo interior da lesão ao longo de de cursos para seu manuseio, o que acaba sendo
seu diâmetro mais largo, faz-se um nó cirúrgico, uma desvantagem.
deixando um espaço entre ele e a lesão. Assim, a Uma alternativa apontada como bastante
Mucocele será comprimida, resultando no promissora é a excisão da lesão utilizando o laser
extravasamento da saliva acumulada. Os de CO2, após uma prévia anestesia local. Com
pacientes devem ser orientados a higienizar corte contínuo, sendo regulado de 6 a 8 watts, a
adequadamente a cavidade oral no pós- incisão deve ser realizada e uma gaze úmida será
operatório a fim de prevenir infecções utilizada para remover o carvão gerado. Entre as
secundárias. As suturas são removidas após 7 vantagens, destacam-se uma técnica cirúrgica
dias (PIAZZETA et al, 2012). No entanto, a eficaz, campo sem sangue facilitando a
literatura tem registrado recorrência das lesões visualização e identificação das estruturas
com a aplicação da técnica de anatômicas, oferecendo uma melhor estética,
micromarsupialização (GIRADDI, SAIFI, 2017). com menos hemorragias e parestesias pós-
Também como terapia alternativa temos a operatórias do que a remoção cirúrgica
criocirurgia, uma técnica que não exige anestesia convencional da lesão, sendo mais confortável
infiltrativa local ou agente sedativo, sendo para o paciente.(KOOP, 2004) (GARCIA, 2009). Os
também considerada de fácil aplicação, em que lasers citados acima, tem como desvantagem a
se utiliza um agente criogênico, em geral dificuldade do envio do material coletado para a
nitrogênio líquido, direta ou indiretamente sobre análise histopatológica, justamente pela forma
a lesão (STUANI et al., 2010). Tem como como ele atua nos tecidos. Sendo assim, tem-se
benefícios a hemostasia durante a cirurgia, pós um comprometimento do diagnóstico.
operatório sem desconforto e cicatriz mínima O prognóstico é excelente, embora mucoceles
contribuindo para um resultado mais estético. ocasionais possam recorrer, necessitando ser
Em contrapartida, o grau de edema é de certa submetidas à nova excisão cirúrgica,
forma imprevisível, havendo um leve grau de especialmente se as glândulas circunvizinhas
necrose e descamação, que resulta em cura não tiverem sido removidas (NEVILLE et al., 2016).
retardada (AULAKH et al., 2016). Dessa forma, a
necrose dos tecidos acaba impossibilitando o
envio da amostra para análise histopatológica,
Referências Bibliográficas
comprometendo o diagnóstico. NEVILLE, Brad W.; DAMM, Douglas D.; ALLEN, Carl
Outra opção apontada pela literatura tem sido M.; CHI, Angela C. Patologia Oral e Maxilofacial. 4.
laser de alta potência, principalmente o diodo, ed. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda, 2016.
com comprimento de onda variando entre
810/940 nm, aplicado de forma contínua. Tal Piazzetta CM, Torres-Pereira C, Amenábar JM.
técnica remove a lesão e garante uma Micro-marsupialization as an alternative
hemostasia durante o procedimento (VITALE et treatment for mucocele in pediatric dentistry. Int
al., 2018; LAGO et al., 2021). Além disso, há um J Paediatr Dent. 2012;22(5):318-323.
mínimo envolvimento de outros tecidos durante doi:10.1111/j.1365-263X.2011.01198.x
a cirurgia, não sendo necessária a sutura e
contribuindo para redução de edema e uma GARCÍA, Y; José et al. Treatment of oral
cicatrização mais rápida. O calor irradiado pelo mucocele-scalpel versus CO2 laser. Medicina
laser tem sido apontado como um agente Oral, Patología Oral y Cirugia Bucal, 2009, vol. 14,
potencialmente anti-infeccioso, por conta da num. 9, p. 469-474, 2009.
descontaminação da superfície tratada (FONTES

33
Capítulo 08 Mucocele

AULAKH, Kamaldeepk; BRAR, Ramandeeps; ROCHA, Amanda Leal et al. Tratamento da


AZAD, Anurag; SHARMA, Swati; ANAND, mucocele com a técnica da
Abhishek; JYOTI, Bhuvan. Cryotherapy for micromarsupialização modificada. Revista da
treatment of mouth mucocele. Nigerian Journal Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas, v. 67,
Of Surgery, [S.L.], v. 22, n. 2, p. 130, 2016. n. 4, p. 268-271, 2013.
Medknow. http://dx.doi.org/10.4103/1117-
6806.179832. KOPP, William K.; ST-HILAIRE, Hugo. Mucosal
preservation in the treatment of mucocele with
BESBES, Amira; ELELMI, Yamina; KHANFIR, Faten; CO2 laser. Journal of oral and maxillofacial
BELGACEM, Raja; GHEDIRA, Hichem. Recurrent surgery, v. 62, n. 12, p. 1559-1561, 2004.
Oral Mucocele Management with Diode Laser.
Case Reports In Dentistry, [S.L.], v. 2020, p. 1-5, 3 SEGUNDO, Airton Vieira Leite; DE FARIA, Daniele
out. 2020. Hindawi Limited. Lago Bruno; CARNEIRO, Leão Jair. Tratamento de
http://dx.doi.org/10.1155/2020/8855759. rânula pela marsupialização: relato de caso.
Revista Odonto Ciência, v. 21, n. 53, p. 289-291,
BHASKAR S. N.; BOLDEN T. E.; WEINMANN J. P. 2006.
PATHOGENESIS OF MUCOCELES. Journal Of
Dental Research, Chicago, v. 35, n. 6, p. 863-874,
dez. 1956.

FONTES, Graziela de Almeida et al. Remoção de


mucocele com laser diodo:: relato de caso clínico
em paciente infantil. Rev. Assoc. Paul. Cir. Dent,
São Paulo, v. 70, n. 3, p. 330-332, ago. 2016.

LAGO, Andréa Dias Neves et al. Laser na


Odontologia: conceitos e aplicações clínicas. São
Luís: Editora da Universidade Federal de São Luís
do Maranhão, 2021. 315 p.

LEAL, R. M.; BRAULIO, I. T. Marsupialização em


rânula: relato de caso clínico. Arquivo Brasileiro
de Odontologia, v. 10, n. 1, p. 15-20, 4 maio 2017.

MANFRO, Aline Rosler Grings; MANFRO, Rafael;


BORTOLUZZI, Marcelo Carlos. Mucocele em lábio
inferior – Relato de caso clínico. Unoesc & Ciência
- Acbs, Joaçaba, v. 1, n. 2, p. 135-140, 2010.
Disponível em:
https://portalperiodicos.unoesc.edu.br/acbs/articl
e/view/104. Acesso em: 14 maio 2021.

VITALE, Marina Consuelo et al. Diode Laser-


Assisted Surgical Therapy for Early Treatment of
Oral Mucocele in a Newborn Patient: case report
and procedures checklist. Case Reports In
Dentistry, [S.L.], v. 2018, p. 1-6, 2018. Hindawi
Limited. http://dx.doi.org/10.1155/2018/3048429

34
Capítulo

09 SIALOLITÍASE

Nicolly Duarte de Abreu Patrick Cardoso Squitino Mattos

Características Clínicas Imagem 9.1 Sialolitíase


em glândula
Sialolitos são estruturas calcificadas (Roberg submandibular
OT, 1904) que se desenvolvem dentro do sistema esquerda. (A) Aumento
de volume duro no
de ductos das glândulas salivares maiores
B orifício do ducto de
(Imagem 9.1 A e B)), podendo estar associados, Wharton; (B) Espécime
ainda, às glândulas salivares menores. A causa é calcificado removido
incerta, mas sua formação pode ser promovida de ducto salivar.
pela sialoadenite crônica (inflamação da Fonte: Ambulatório de
Estomatologia do
glândula salivar) e pela obstrução parcial, não
HUAP - UFF
tendo relação com desequilíbrio sistêmico no
metabolismo de cálcio e fósforo. (NEVILLE, 2016) Diagnóstico
O longo, tortuoso e ascendente ducto da
Para o diagnóstico é necessário uma boa
glândula submandibular (Wharton) e sua
anamnese, acompanhada de exame físico que
secreção mucóide espessa podem ser
inclui a inspeção e a palpação, bem como a
responsáveis por sua maior tendência à
verificação da quantidade e qualidade da saliva
formação de cálculo salivar. Em geral, são
secretada por meio da sialometria, que pode
assintomáticos e possuem evolução lenta. A
estar alterado pela obstrução.
severidade da sintomatologia, quando presente,
É fundamental que exames complementares
está diretamente ligada ao grau de obstrução do
sejam solicitados, como radiografias
ducto. São comuns em pacientes adultos jovens
convencionais (apresenta-se como uma massa
e de meia idade. (MELO, SANTOS, AMARAL, 2011;
radiopaca), ultrassonografias ou tomografias
NEVILLE et al., 2016).
computadorizadas, sendo úteis para a
confirmação do diagnóstico e exata localização
do sialolito (MELO, SANTOS, AMARAL, 2011). A
lesão pode fazer diagnóstico diferencial com a
sialoadenite obstrutiva, parotidite epidêmica
(caxumba) e tumores de glândulas salivares.
(FARENZENA, Karen Parise et al.,2012) As
neoplasias de glândula salivar, o fenômeno de
extravasamento de muco e as neoplasias
A benignas de tecido conjuntivo também devem
ser incluídos no diagnóstico diferencial clínico. O
cisto dermóide também pode ser incluído nas
lesões localizadas no assoalho da boca. Pode ser
necessário fazer a diferenciação de um flebólito
calcificado, dependendo da apresentação clínica
(REGUESI, 2012).
35
Capítulo 09 Sialolitíase
Tem-se também a sialoendoscopia, para
sialolitos mais profundos nos ductos, auxiliando

Tratamento e Prognóstico tanto no diagnóstico como na terapia. Os


instrumentos variam seus diâmetros,
O tratamento varia de acordo com a localização comprimentos e resistência. O procedimento
e a posição do sialolito. A primeira escolha acontece em consulta única, através de anestesia
considera procedimentos conservadores, os e introdução do endoscópio pela abertura do
quais visam a eliminação do sialolito sem a ducto. O operador direciona o sentido do
necessidade de procedimentos cirúrgicos, instrumento, auxiliado por controle visual e
mesmo em casos de grandes sialolitos (Imagem acompanhado de irrigação contínua com
9.3). Alguns métodos são: massagens suaves das solução salina. Uma vez encontrado o cálculo,
glândulas, na tentativa de ordenhar o cálculo em cessa-se a irrigação e uma grande variedade de
direção ao orifício de saída do ducto; os ferramentas pode ser introduzida, com o
sialogogos - drogas que estimulam o fluxo salivar objetivo de capturar ou fragmentar o cálculo
(ex.: Pilocarpina e Cevimelina) - administrados (PATRUCCO, BUSTO, 2014; SOARES, 2013).
via oral em geral de 8 em 8 horas; a aplicação Além disso, quando o sialolito está localizado
local de calor (fisioterapia com calor), bochechos dentro da glândula, ou o tamanho é
com limão e água; e o aumento da ingestão de consideravelmente expressivo (acima de 1 cm),
líquidos (FARENZENA, Karen Parise et al.,2012; pode ser necessária a remoção da mesma por
NEVILLE et al., 2016). meio de técnicas como a sialoadenectomia. Sob
Ainda como terapia não invasiva, tem-se a anestesia, o operador incisiona
litotripsia de ondas de choque extracorpórea, longitudinalmente na região, divulsiona os
em que, após a localização do sialolito no ducto tecidos e remove tanto o cálculo quanto a
da glândula salivar por meio de exames glândula atingida por ele. (ALVES et al., 2014;
complementares, o paciente é submetido LEAL et al., 2019)
semanalmente a emissão de ondas de choque
no intuito de reduzir o cálculo e facilitar sua
expulsão espontânea (SOARES, 2013). Na
literatura, o número de sessões difere entre 3 a 5,
em geral administrando 1.500 ondas de choque
com duração de cerca de 30 minutos no intuito
de reduzir o cálculo e facilitar sua expulsão
espontânea (SOARES, 2013; SCHMITZ et al.,
2007).
Se a abordagem conservadora não for eficaz na
resolução da condição, outra modalidade Imagem 9.3 - Remoção conservadora de sialolito, com
terapêutica deve ser adotada, como cateterismo, auxílio de uma pinça.
dilatação do ducto glandular e remoção Fonte: Ambulatório de Estomatologia do HUAP - UFF.
cirúrgica. (FERNANDES et al. 2021).
Para sialolitos menores que 2 mm e mais Referências Bibliográficas
anteriores ao ducto submandibular, podemos
optar pela sialolitectomia transoral. Consiste em Gabrielli, M. A. C., Gabrielli, M. F. R., Paleari, A. G.,
um procedimento realizado sob anestesia local, Neto, N. C., Silva, L. M. C., & Dantas, J. F. C. (2008).
através da inserção de cânulas lacrimais de Tratamento de sialolitíase em glândulas
calibres progressivamente maiores, dilatando o submandibulares. Revista Odontológica do Brasil
ducto e possibilitando que o cálculo seja Central, 17(44).
removido por ordenha. Todo o procedimento
acontece em uma sessão (WILLIAMS MF. 1999). LEAL, Joao Victor et al. Sialoadenectomia para
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Capítulo 09 Sialolitíase

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37
Capítulo

10 PAPILOMA
ESCAMOSO ORAL
Nicolly Duarte de Abreu Patrick Cardoso Squitino Mattos

Características Clínicas
O papiloma escamoso oral é uma proliferação
benigna do epitélio escamoso estratificado,
sendo apontado pela literatura como uma
infecção associada ao papilomavírus humano
(HPV) (ABBEY, PAGE e SAWYER, 1980; ANDRADE
et al., 2019). A transmissão do vírus pode
acontecer por meio de contato direto, relações
sexuais sem proteção ou de mãe para filho B
durante a gravidez ou parto (casos de
papilomatose laríngea) (PEREIRA et al, 2015;
FERRARO et al, 2011; GLEASON et al, 2016; WEE et
al, 2017).
A lesão pode acometer qualquer área da
mucosa oral, caracterizando-se geralmente
como um nódulo único, pediculado e exofítico,
de superfície verrucosa, indolor e com a
coloração variando entre normocrômica,
vermelha e branca, dependendo da
ceratinização da superfície (Imagem 10.1) C
(ABBEY, PAGE e SAWYER, 1980; NEVILLE et al,
2016; PEREIRA et al, 2015; ALAN et al, 2015). Imagem 10.1 - Papiloma
Estudos epidemiológicos apontam que homens escamoso oral. Lesões com
e mulheres são acometidos com igual crescimento exofítico,
superfície rugosa. (A) Lesão em
frequência, podendo surgir em qualquer idade,
mucosa na região alveolar
mas com uma maior predileção por adultos.
inferior esquerda; (B) Lesão em
ventre de língua esquerdo; (C)
lesão em comissura labial
esquerda; (D) Lesão em trígono
retromolar esquerdo.
Fonte: Ambulatório de
Estomatologia do HUAP - UFF
D

38
Capítulo 10 Papiloma Escamoso Oral

Diagnóstico Referências Bibliográficas


O diagnóstico é clínico e histopatológico. ABBEY LM, PAGE DG, SAWYER DR: The clinical
Deste modo, faz-se necessária uma boa and histopathologic features of a series of 464
anamnese e exame físico do paciente. Além de oral squamous cell papillomas, Oral Surg Oral
biópsia excisional da lesão, com margem de Med Oral Pathol 49:419-428, 1980.
segurança, e submissão da amostra para análise
histopatológica. ALAN H, Agacayak S, kavak G, Ozcan A.
Verrucous carcinoma and squamous cell
Faz diagnóstico diferencial com lesões
papilloma of the oral cavity: Report of two cases
papulares ou verrucosas. São exemplos: verruga
and review of literature. European Journal of
vulgar, condiloma acuminado, xantoma
Dentistry. 2015 Jul-Sep; 9(3):453-456.
verruciforme e hiperplasia epitelial multifocal
(SILVA et al., 2022, REGEZI, 2008)
ANDRADE, Sérgio Araújo; PRATAVIEIRA,
Sebastião; PAES, Juliana Fracalossi; RIBEIRO,
Tratamento e Prognóstico Marisa Maria; BAGNATO, Vanderlei Salvador;
VAROTTI, Fernando de Pilla. Oral squamous
O tratamento mais adequado é a excisão papilloma: a view under clinical, fluorescence
cirúrgica com bisturi ou a laser. Para esse and histopathological aspects. Einstein (São
procedimento, o paciente sob anestesia será Paulo), [S.L.], v. 17, n. 2, p. 1-4, 09 maio 2019.
submetido à remoção da lesão em sua base, Sociedade Beneficente Israelita Brasileira
garantindo uma margem de segurança Hospital Albert Einstein.
(NEVILLE, 2016, SILVA et al., 2022). O espécime http://dx.doi.org/10.31744/einstein_journal/2019rc
precisa ser colocado em Formol 10% e enviado 4624.
para análise histopatológica. Alternativas como
crioterapia e eletrocirurgia são opções FERRARO CT, Canedo NA, Oliveira SP, Carvalho
(GLEASON et al.), embora esses procedimentos MG, Dias EP. Infecção oral pelo HPV e lesões
impeçam a análise histopatológica. epiteliais proliferativas associadas. Jornal
A vacinação contra os HPV tipos 6, 11, 16 e 18, Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial.
estão disponíveis no SUS para prevenção do 2011 Agost; 47(4): 451-459
câncer de colo de útero e das verrugas genitais. A
mesma, é uma medida possível, uma vez que o WEE J, Poh S. The most important questions in
bloqueio do contágio pode limitar as cancer research and clinical oncology. Chinese
complicações do câncer de orofaringe, como Journal of Cancer. 2017; 36(13).
também o surgimento de lesões exofíticas
benignas, como o papiloma escamoso (TESTI et
al., 2015). Tratando-se de uma doença
sexualmente transmissível, a instrução da
população sobre o uso de preservativos durante
o ato sexual faz-se necessária.
A literatura tem apontado a fluorescência
óptica de campo amplo como um exame
complementar eficaz no que diz respeito ao
rastreio destas lesões, bem como delimitação de
margens cirúrgicas (ANDRADE et al., 2019).

39
Capítulo 10 Papiloma Escamoso Oral

GLEASON AG, Ponce DM, Gaspar DV. Diagnosis


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40
Capítulo

11 CONDILOMA
ACUMINADO
Nicolly Duarte de Abreu Patrick Cardoso Squitino Mattos

Características Clínicas hiperplasia epitelial focal, papiloma escamoso,


xantoma verruciforme e carcinoma de células
A lesão geralmente apresenta-se de forma escamosas papilar (BUTLER et al., 1988; REGEZI,
única, podendo ser múltipla, com formato 2008; PERCINOTO et al., 2014; BETZ, 2019)
nodular, superfície irregular - tipo couve-flor ou
moruloide, exofítica (Imagem 11.1), de base séssil
ou pediculada, e coloração esbranquiçada
Tratamento e Prognóstico
(variando de acordo com a ceratinização da O tratamento consiste inicialmente da remoção
lesão) ou normocrômica. A literatura aponta a da causa, orientando o paciente sobre o uso de
mucosa labial, palato mole e frênulo lingual, preservativos em sexo oral, alertando a família
como as regiões mais acometidas (REGEZI, 2008; em casos de abuso sexual e encaminhando para
BETZ, 2019). No entanto, em palato mole, a lesão o médico quando lesões anogenitais forem
forma-se por um halo eritematoso bem relatadas. Medidas preventivas como a vacinação
delimitado, comum na prática de felação. contra o HPV são uma opção, uma vez que elas
bloqueiam o contágio e reduzem as
complicações (TESTI et al., 2015).
Estando a área anestesiada, realiza-se a excisão
cirúrgica de forma convencional, ou com
eletrocautério ou laser, delimitando a área que
será excisada com uma pequena margem de
segurança, a fim de evitar a recidiva (REGEZI,
2008). O espécime removido precisa ser
colocado em um pote com formol a 10% e
submetido a análise histopatológica. Uma outra
alternativa é a terapia fotodinâmica com a
Imagem 11.1 - Condiloma acuminado localizado em
dorso de língua, exofítica, de superfície irregular
aplicação tópica de ácido 5-aminolevulínico
semelhante a couve-flor. seguida de irradiação com luz vermelha. A
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do HUAP - UFF literatura apontou bons resultados com 3
sessões, eliminando as lesões e a infecção latente
Diagnóstico ou subclínica por HPV, através da morte direta e
uma reação imune subsequente, reduzindo a
O diagnóstico é feito a partir de um bom chance de recorrência. Embora mais evidências
exame clínico e da biópsia excisional da lesão, sejam necessárias (LI, 2022)
sendo o espécime submetido a análise
histopatológica. Possui como diagnósticos
diferenciais: carcinoma verrucoso, verruga vulgar,

41
Capítulo 11 Condiloma Acuminado

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Sep; 8(2-3): 45–51

42
Capítulo

12
SÍNDROME DA
ARDÊNCIA BUCAL
(SAB)
Juliana Leal Furtado Matheus Carvalho Teles Filgueiras

Síndrome da Ardência
Bucal (SAB) Envolve distúrbios
psiquiátricos, com
sensação de dor e
A “International Headache Society” (IHS) define Tipo II queimação diariamente,
a síndrome da ardência bucal (SAB) como uma perdurando todo o dia e há
resistência aos
condição crônica, caracterizada por sensação de
tratamentos
queimação ou dor na mucosa da cavidade oral.
Acomete principalmente mulheres na
menopausa e pós menopausa. Clinicamente, a
Dor e queimação
mucosa apresenta-se saudável, sem lesões presentes de forma
evidentes. Além da sensação de queimação, intermitente, havendo
alguns pacientes também experimentam dor na Tipo III alguns dias com intervalos
sem dor, afetando locais
mucosa, descrita geralmente como “muita menos comuns como
irritação na região, como se estivesse garganta, mucosa e
assoalho oral
descamada, ferida”.
A SAB pode ser classificada de acordo a
etiologia a qual está associada: Tabela 4 - Subdivisões relacionadas à variação diária dos
sintomas.
Primária: idiopática e não neuropática;
Secundária: ligada a etiologias orgânicas ou
terapêuticas como distúrbios da cavidade
Diagnóstico
oral ou sistêmicos, deficiências nutricionais O diagnóstico da SAB é feito somente depois
induzidas por drogas ou anomalias de serem descartadas todas as outras causas
neurológicas e psiquiátricas. possíveis. Deve ser realizado o exame clínico
Existem subdivisões relacionadas à variação completo do paciente e exclusão de fatores
diária dos sintomas (MALTSMAN-TSEIKHIN et al., locais e sistêmicos como deficiências
2007): nutricionais, diabetes, candidíase oral,
hipossalivação, síndrome de Sjögren e lesões por
Tipo Descrição próteses mal adaptadas, líquen plano erosivo,
língua geográfica, pênfigo e penfigóide. Todas
Não psiquiátrico e
citadas anteriormente têm como características
caracteriza-se por
sensação de dor e a sensação de queimação oral.
queimação, de forma Além dos diagnósticos diferenciais, Shivpuri et
Tipo I diária, não estando
presente ao acordar, mas al. (2011) defende que alguns testes podem ser
se desenvolve ao longo do feitos para o diagnóstico da SAB, incluindo
dia, chegando ao ápice à
hemogramas, glicemia, ferritina, ferro, vitamina
noite
B12, zinco e cultura para identificação de
candidíase. Podendo também ser utilizado o
exame citopatológico.
43
Capítulo 12 Síndrome da Ardência Bucal

Uso do Laser de Baixa Potência


Tratamento e Prognóstico A utilização do laser de baixa potência é
justificada pela característica dolorosa da
Não há um protocolo estabelecido para essa doença e pelo possível envolvimento do sistema
síndrome devido a variação do padrão dos nervoso. A região de interesse no tratamento não
sintomas nos diferentes pacientes. Porém, é é superficial, portanto, a escolha do
essencial que seja determinado se o sintoma é comprimento de onda e da forma de irradiação
de SAB primária ou de SAB secundária para que deve garantir que a luz alcance os tecidos-alvo.
se decida o melhor tratamento a ser definido A aplicação do laser deve ser realizada,
para cada caso. preferencialmente com a ponteira em contato
Os possíveis tratamentos encontrados na com o tecido, para evitar que parte da luz seja
literatura foram medicações tópicas, sistêmicas e perdida por reflexão. A utilização de radiação no
a terapia cognitivo comportamental. A principal infravermelho próximo a mensuração dos efeitos
da TLBP é realizada pela avaliação da
medicação tópica utilizada é o clonazepam
sintomatologia, tendo em vista a ausência de
tópico. Quanto às medicações sistêmicas com
sinais clínicos.
uso do ácido alfa-lipoico, inibidor seletivo da
É indicado uma sessão semanal para
receptação da serotonina e amisulprida. Com
promover efeitos benéficos na redução e no
relação à terapia cognitivo comportamental
controle dos sintomas, mas alguns pacientes
houve remissão da dor nos pacientes tratados relatam o retorno dos mesmos entre as sessões
com essa abordagem psicológica. (sendo indicado 2 sessões semanais). Utilizar o
laser não causa nenhum efeito colateral ou
O clonazepam tópico é potente na redução
qualquer desconforto durante ou após as
da dor em 14 dias. Este medicamento pode
sessões de irradiação e os benefícios obtidos
ser absorvido sistemicamente, com um
com o tratamento são mantidos mesmo após a
possível aumento de risco de dependência.
interrupção da TBLP.
(BUCHANAN E ZAKRZEWSKA, 2010).

O ácido alfa-lipoico pode ser muito eficaz na Ambulatório Estomatologia


melhoria dos sintomas em pessoas com SAB
(BUCHANAN E ZAKRZEWSKA, 2010). Com ISNF/ UFF
esse tratamento, há uma melhora
A utilização do laser de baixa potência é
significante nos sintomas após dois meses,
justificada pelos sintomas, pela ausência de
quando comparado ao uso de placebo,
alterações clínicas e pelo possível envolvimento
havendo manutenção da ausência de
do sistema nervoso. A região de interesse no
sintomatologia em mais de 70% dos
tratamento não é superficial, portanto, a escolha
pacientes após um ano de acompanhamento
do comprimento de onda e da forma de
(FEMIANO E SCULLY, 2002).
irradiação deve garantir que a luz alcance os
tecidos-alvo. O mapeamento da área de
Os inibidores seletivos da recaptação da
ardência é um fator importante a ser
serotonina (ISRS) como a amisulprida podem
considerado. Diante disso, realiza-se a irradiação
ser eficazes na redução da dor em oito
com laser infravermelho, 808nm, AlGaAs, 6J de
semanas em pessoas com SAB. (BUCHANAN
energia/ ponto, 60 segundos/ ponto, 100mW em
E ZAKRZEWSKA, 2010).
toda a extensão da ardência. Vale ressaltar que o
paciente relata maior alívio dos sintomas diante
Com relação à Terapia Cognitiva
de maior frequência e menor intervalo entre as
Comportamental, estudos mostram que ela
sessões. Além disso, acredita-se que a
pode ser eficaz na redução da intensidade
psicoterapia deve ser indicada para proporcionar
dos sintomas em seis meses em pessoas com
maior conforto e resolução do quadro. Alguns
a SAB. (BUCHANAN E ZAKRZEWSKA, 2010).
casos, torna-se necessário terapia
medicamentosa complementar.

44
Capítulo 12 Síndrome da Ardência Bucal

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45
Capítulo

13 CISTO DE
ERUPÇÃO
Nicolly Duarte de Abreu Patrick Cardoso Squitino Mattos

Características Clínicas romper espontaneamente e/ou com a irrupção


da coroa dentária. (SCULLY, 2009)
O cisto de erupção é considerado um cisto de Quando apresenta sintomatologia dolorosa,
desenvolvimento comum na infância, definido desconforto, ou impede a erupção normal do
como um acúmulo de tecido fibroso e denso no elemento dentário, a opção ideal é a intervenção
espaço folicular relacionado a coroa, cirúrgica. Esta pode ser realizada com o laser
dificultando a irrupção dentária.(SHAFER; HINE; cirúrgico, bisturi convencional ou elétrico. O
LEVY, 1985) Clinicamente apresenta-se como procedimento consiste primeiramente na
uma tumefação em mucosa gengival na região anestesia local, seguida pela ulectomia. Tal
que o dente irá erupcionar, de consistência mole técnica consiste na incisão da mucosa
e normocrômica. No entanto, caso haja presença correspondente a região de irrupção do dente
de sangue, pode exibir coloração arroxeada, em questão, removendo o tecido fibroso e
denominando-se hematoma de erupção. Além drenando o fluido que pode estar presente, além
disso, é inicialmente assintomático, mas pode de expor a coroa dentária à cavidade bucal, não
gerar desconforto durante a realizando a sutura (Imagem 13.1). Dessa forma, a
alimentação/amamentação, necessitando de lesão será removida e o elemento dentário irá
intervenção. (ALMEIDA et al., 2015) erupcionar com maior facilidade.

Diagnóstico
Através de um exame clínico adequado e o
conhecimento do cirurgião dentista sobre a
cronologia da erupção das dentições decídua e
permanente, obtém-se um diagnóstico
confiável. (ALMEIDA et al., 2015) Ainda pode ser
complementado pela radiografia periapical na
região em que a lesão se apresenta. Alguns
diagnósticos diferenciais são: granuloma Imagem 13.1 - Demonstração didática do procedimento
piogênico, hemangioma e cisto gengival do Ulectomia. A linha pontilhada corresponde ao local e
recém nascido. (PINKHAM et al., 2005). sentido da incisão na mucosa.
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF.

Tratamento e Prognóstico Como a lesão é mais comum em pacientes


pediátricos, indica-se o uso do laser diodo, uma
O cisto de erupção é uma lesão que, vez que apresenta vantagens em relação à
assintomática, pode ser proservada e técnica cirúrgica convencional. Dentre elas,
acompanhada, uma vez que a cápsula pode se citam-se: incisão precisa, redução de trauma

46
Capítulo 13 Cisto de Erupção

mecânico, efeito antimicrobiano, além da


redução do tempo de operação e menor
consumo de analgésicos. (MENDES, 2019)

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47
Capítulo

14 QUEILITE
ACTÍNICA
Beatriz Vasconcellos Ferreira Izabella de Oliveira Pereira

Características Clínicas Para Shah, Doherty e Rosen (2010) o grau de


displasia é diretamente proporcional à
A queilite actínica (QA) é uma lesão probabilidade de se desenvolver o carcinoma de
potencialmente maligna, descrita como perda células escamosas. Dessa forma a realização da
de delimitação do vermelhão do lábio, biópsia é indispensável já que o grau de displasia
ressecamento e crostas esbranquiçadas e é um dos agentes atuantes para direcionar a
acinzentadas. (KALAVREZOS e SCULLY, 2015; escolha do tratamento. No entanto, Bezerra et al.
WETZEL e WOLLENBERG, 2020; TRAGER et (2019) afirmam que não é possível garantir qual
al,.2021) Devido a íntima relação entre a QA e o lesão terá a progressão para o carcinoma sendo
carcinoma de células escamosas seu diagnóstico fundamental avaliar outros fatores para conduta
precoce é muito importante. (FERLAY et al., 2015; da QA.
GANESH et al., 2018; INCA, 2019) De acordo com
a literatura, o principal fator etiológico é a
exposição exacerbada ao sol, dessa forma,
agricultores, marinheiros, surfistas e etc
compõem o grupo de risco. A QA acomete
principalmente homens caucasianos, com
menos de 45 anos sendo sua principal
localização o lábio inferior. (KALAVREZOS e
SCULLY, 2015; ANDREADIS et al., 2020; TRAGER
et al,. 2021)
A
Diagnóstico
Wetzel e Wollenberg (2020) afirmam que o
padrão ouro para diagnóstico das desordens
potencialmente malignas são os exames clínicos
e a realização de biópsia, os autores ainda citam
métodos adicionais como citologia esfoliativa e
autofluorescência.
Nesse exame histopatológico pode-se
encontrar vários graus de displasia, além das B
características histopatológicas esperadas para
queilite actínica. Essa graduação pode variar de Imagem 14.1 - Queilite actínica. (A) Perda do limite
dermatomucoso; (B) Presença de áreas esbranquiçadas
leve, moderado e grave ou até mesmo
e eritroplásicas em lábio inferior com ressecamento.
carcinoma in situ ou carcinoma de células Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF.
escamosas. (BEZERRA et al., 2019).

48
Capítulo 14 Queilite Actínica

Também é importante ressaltar que não há Independente da terapia eleita para o paciente
relação direta entre uma lesão com aparência é importante a realização de biópsias para
clínica mais branda e o grau de displasia leve, monitoramento da displasia e da efetividade do
essa constante nem sempre ocorrerá (GONZAGA tratamento já que a QA residual histológica pode
et al., 2018). progredir para o carcinoma de células
escamosas (CHOI, KIM e SONG, 2015).
Tratamento e Prognóstico
Tendo em vista o potencial de malignização da
QA é necessário a busca por tratamentos de
excelência para o paciente. O tratamento da QA
é considerado desafiador pelo envolvimento de
camadas de mucosas finas e áreas estéticas
(TRAGER et al,. 2021).
As características clínicas, histopatológicas,
vantagens e desvantagens de cada tratamento A
nortearão a melhor conduta para cada paciente.
(JADOTTE, SCHWARTZ, 2012)
Segunda a literatura, em casos mais brandos é
possível lançar mão de tratamentos menos
invasivos, como orientações para prevenir a
exposição ao sol, dentre elas podem ser citadas
o uso de chapéus de abas larga e aplicação de
proteção solar labial (FPS 30). Os autores ainda
defendem que essas medidas devem ser
adotadas não só por pacientes com a QA
B
estabelecida mas também com o grupo de risco
para o desenvolvimento desta lesão (CINTRA et
al., 2013; MARTINS et al., 2007). Uma outra
medida menos conhecida porém eficiente é o
uso de palmitato de retinol, colecalciferol e
óxido de zinco (Hipoglós Ⓡ ), dexpantenol,
lanolina, óleo de amêndoas doces e cera de
abelha (Bepantol Ⓡ ) e outras pomadas
hidratantes nos lábios para atuarem como
barreira física. Casos com displasias graves ou
severas, indicamos o uso de abordagem mais
C
definitivas como a vermelhectomia, devido a
progressão da QA para o CCE
O tratamento da QA possui como principais
objetivos o alívio dos sintomas e a prevenção do
câncer de boca. (KALAVREZOS e SCULLY, 2015)
Entre as terapias descritas na literatura as com
maior incidência nos estudos são: técnicas
cirúrgicas como a vermelhectomia, criocirurgia,
ablação a lasers e outros e através de técnicas
não cirúrgicas como a terapia fotodinâmica
D
(PDT), aplicações tópicas de 5- fluorouracil (FU),
imiquimode (IMI) peeling químico e outros.
(SALGEIRO et al., 2019; JADOTTE e SCHWARTZ,
2012).
49
Capítulo 14 Queilite Actínica

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H Clinical oral investigations v. 22 n. 3 Apr 2018)

INCA. Estimativa 2020: incidência de câncer no


Imagem 14.2 - Peeling químico como tratamento para
queilite actínica. (A) Placas esbranquiçadas e perda da Brasil. Rio de Janeiro INCA, 2019. Disponível em
delimitação da vermelhidão do lábio inferior; (B) https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/estim
Raspagem das placas esbranquiçadas. (C) Aplicação do ativa-2020-incidencia-de-cancer-no-brasil
agente dessensibilizante; (D) Encobrimento da lesão
com papel laminado; (E) Remoção do papel laminado;
JADOTTE, Y. T; Schwartz, R. A. Solar cheilosis: An
(F) Remoção do agente dessensibilizante; (G) Aplicação
do laser de baixa potência; (H) Pós-procedimento com
ominous precursor. Journal of the American
melhora da lesão. Academy of Dermatology. v.66 n.2 p.187–200 Feb.
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF 2012.

50
Capítulo 14 Queilite Actínica

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110, 2007.

51
Capítulo

15 LEUCOPLASIA

Beatriz Vasconcellos Ferreira Luiza Ornellas

Características Clínicas
De acordo com a literatura a leucoplasia é
uma placa branca, não destacável, não apresenta
resolução espontânea, podendo ser homogênea
ou não homogênea, seu risco de malignização
tende a ser menor do que lesões eritematosas
como a eritroplasia e seu diagnóstico ocorre por
exclusão de forma clínica (WHO, 2005; CARRARD
e VAN DER WAAL, 2018; MAYMONE et al., 2019).
Os principais fatores etiológicos relacionados a
leucoplasia são o tabaco com ou sem fumo,
álcool e o sache de betel (STAINES e ROGERS,
2017). Imagem 15.2 - Placa branca, formato irregular, difusa,
superfície lisa, com áreas mais nacaradas e em borda
Dogenski et al., (2021) realizaram um estudo
lateral de língua.
epidemiológico com o objetivo de comparar a Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF
atividade proliferativa celular, características
clínicas e histopatológicas de 107 casos de
leucoplasia. Os autores concluíram que a maioria
Diagnóstico
dos casos incluiu homens, brancos e por volta da Carrard e Van Der Waal (2018) afirmaram em
quinta década de vida. Os fatores etiológicos seu estudo que o diagnóstico da leucoplasia é
mais prevalentes foram o tabagismo e consumo realizado por exclusão de outras lesões que
de álcool, a apresentação clínica mais comum foi podem ocorrer na mucosa oral. Os autores
a placa branca assintomática bem delimitada e indicam que ao observar um possível fator
localizada em mucosa jugal (Imagens 15.1 e 15.2). etiológico da lesão é necessário remove-lo e
aguardar um período de até três meses para ver
se essa remoção causou alguma alteração. A
biópsia (procedimento descrito no capítulo de
CCE) também pode auxiliar nesse processo.
Kumar et al., (2018) propuseram que no caso
de uma lesão com possibilidade de ser
leucoplasia o primeiro passo é avaliar os
possíveis fatores etiológicos e remove-los. Em
seguida, caso a remoção não altere a lesão ou
não exista a biópsia deve ser realizada. O mesmo
Imagem 15.1 - Placa branca de formato irregular, difusa, estudo ainda afirma que a biópsia é o exame
superfície lisa e em dorso de língua. padrão ouro para diagnóstico dessa lesão.
Fonte: Ambulatório Diagnóstico Oral ISNF - UFF

52
Capítulo 15 Leucoplasia

Tratamento e Prognóstico Referências Bibliográficas


As lesões com ausência de displasia podem BARNES, Leon et al. (Ed.). Pathology and genetics
ser tratadas com diversos tratamentos tópicos. of head and neck tumours. IARC, 2005.
Já as lesões que possuem displasia devem ser
excisadas como tentativa de reduzir as chances BEWLEY, Arnaud F.; FARWELL, D. Gregory. Oral
de transformação maligna. Independente da leukoplakia and oral cavity squamous cell
escolha da terapia todos as pacientes com carcinoma. Clinics in dermatology, v. 35, n. 5, p.
leucoplasia devem ser acompanhados para 461-467, 2017.
identificar possíveis mudanças (BEWLEY e
FARWELL, 2017). CARRARD, Vinicius C.; VAN DER WAAL, Isaäc. A
Devido a complexidade histológica e clínica clinical diagnosis of oral leukoplakia; A guide for
da lesão Holmstrup e Dabelsteen (2016) dentists. Medicina oral, patologia oral y cirugia
ressaltaram algumas premissas em seu estudo bucal, v. 23, n. 1, p. e59, 2018.
como todo tecido excisado deve passar pelo
exame histológico para assegurar um DOGENSKI, Letícia Copatti et al. Oral leukoplakia
diagnóstico correto, é necessário analisar as —epidemiological survey and histochemical
áreas fronteiriças da lesão e o paciente deve ser analysis of 107 cases in Brazil. Clinical Oral
acompanhado regularmente independente das Investigations, v. 25, n. 4, p. 1859-1867, 2021.
características clínicas normais após a cirurgia.
Matulić et al., (2019) realizaram uma pesquisa HOLMSTRUP, P.; DABELSTEEN, E. Oral
tendo como objetivo comparar a eficácia do leukoplakia—to treat or not to treat. Oral
tratamento com o laser Er:YAG e com o laser diseases, v. 22, n. 6, p. 494-497, 2016.
Er,Cr:YSGG. De acordo com os resultados dos
autores foi possível observar que ambos KAWCZYK-KRUPKA, Aleksandra et al.
apresentaram eficácia na remoção da Photodynamic therapy in colorectal cancer
leucoplasia, sem efeitos pós-operatórios e sem treatment—The state of the art in preclinical
efeitos adversos. Após um ano não ocorreu research. Photodiagnosis and Photodynamic
recidiva da lesão. Therapy, v. 13, p. 158-174, 2016.
Outras possibilidades de tratamentos são a
crioterapia e a terapia fotodinâmica (TFD), KUMAR, Anand et al. How should we manage
alternativas menos invasivas do que a cirurgia. A oral leukoplakia?. British Journal of Oral and
TFD é um tratamento localizado, não causa Maxillofacial Surgery, v. 51, n. 5, p. 377-383, 2013.
injúrias aos tecidos orais, menos doloroso e mais
estético (KAWCZYK-KRUPKA et al., 2016). A LI, Yuting et al. Photodynamic therapy in the
crioterapia é indicada para tratamento de lesões treatment of oral leukoplakia: A systematic
precursoras, finas ou relativamente espessa review. Photodiagnosis and photodynamic
como a leucoplasia oral, apresenta uma técnica therapy, v. 25, p. 17-22, 2019.
simples, segura e conservadora (YU et al., 2014).
A revisão sistemática elaborada por Li et al., MAYMONE, Mayra BC et al. Premalignant and
(2019) teve como objetivo revisar a eficácia da malignant oral mucosal lesions: Clinical and
TFD na leucoplasia oral. O autor incluiu 16 pathological findings. Journal of the American
estudos com protocolos variados e diversos Academy of Dermatology, v. 81, n. 1, p. 59-71, 2019.
fotossensibilizadores como azul de metileno,
ácido aminolevulínico e etc. Foi possível concluir
que a TFD é uma estratégia útil no manejo dessa
lesão como tratamento não cirúrgico.

53
Capítulo 15 Leucoplasia

MATULIĆ, Nena et al. Comparison of Er: YAG and


Er, Cr: YSGG Laser in the Treatment of Oral
Leukoplakia Lesions Refractory to the Local
Retinoid Therapy. Photobiomodulation,
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277, 2014.

54
Capítulo

16 ERITROPLASIA
Beatriz Vasconcellos Ferreira

Características Clínicas
A OMS define a eritroplasia como um termo
clínico utilizado para descrever placas vermelhas
com risco de transformação maligna (IARC,
2017). Segundo o estudo retrospectivo de Hosni
et al., (2009) o gênero mais acometido é o
masculino, entre a quinta e sexta década de vida,
o palato mole foi o sítio mais comum e
tabagismo e etilismo estavam associados em
100% dos casos. Lesões vermelhas são mais
Imagem 16.3 - Eritroplasia em região de palato mole.
perigosas do que lesões brancas já que a
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF.
probabilidade de malignização é muito maior
(KALAVREZOS e SCULLY, 2015) (Imagens 16.1, 16.2 Wetzel e Wollenberg (2020) descreveram a
e X.3). eritroleucoplasia como uma lesão mista com
partes eritoplasicas e leucoplasicas. Além disso,
segundo os autores o que a diferencia da
leucoplasia ou eritroplasia é o fato dessas lesões
serem assintomáticas enquanto a
eritroleucoplasia pode apresentar
sintomatologia dolorosa. Os fatores de risco,
idade e sexo mais comumente acometidos são
semelhantes a eritroplasia e leucoplasia (MAIA et
al., 2016; WETZEL e WOLLENBERG, 2020)
(Imagens 16.4 e 16.5).

Imagens 16.1 e 16.2- Eritroplasia em região de palato Imagem 16.4 - Eritroleucoplasia em região de mucosa
mole. jugal.
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF

55
Capítulo 16 Eritroplasia

utilizando o laser de CO2 é um tratamento eficaz


e com baixa morbidade. A vantagem da excisão
através desses instrumentos é a possibilidade de
análise histopatológica do espécime
(KALAVREZOS e SCULLY, 2015).
Gondivkar et al., realizaram uma revisão
sistemática com objetivo de avaliar a eficácia da
terapia fotodinâmica no manejo das lesões
epiteliais precursoras. Vinte e seis estudos foram
incluídos na pesquisa e os fotossensibilizantes
Imagem 16.5 - Eritroleucoplasia em palato mole. utilizados foram ácido aminolevulínico, meta-
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF tetra-hidroxifenilclorina, Foscan, derivados de
hematoporfirina, Photofrin, Photosan e cloro-e6.
Diagnóstico Foi possível observar a resolução completa da
lesão em 27% dos estudos. Os autores ainda
É de grande importância a realização de uma afirmam que é necessário levar em consideração
anamnese e exame físico detalhados para diversos fatores como o tamanho da lesão, grau
observar o aparecimento de lesões eritematosas de displasia e tipo de superfície para optar pela
na mucosa oral (ALFAYA, 2012). Além disso, para terapia fotodinâmica no manejo dessas lesões.
que seja possível descartar a hipótese de lesão Segundo o estudo, a terapia fotodinâmica é
vascular é necessário realizar a manobra de eficaz no manejo, não apresenta efeitos adversos
vitropressão, também conhecida como e mais pesquisas são necessárias para o
diascopia. Assim como a leucoplasia, a estabelecimento de protocolos.
eritroplasia é uma descrição clínica e com isso Lin et al., (2010) realizaram um estudo com
Warnakulasuriya (2019) afirma que é necessário objetivo de aplicar a terapia fotodinâmica para o
realizar um levantamento do histórico de hábitos tratamento da eritroleucoplasia e leucoplasia
de tabagismo ou etilismo do paciente e ao verrucosa proliferativa. Para os autores a terapia
encontrar uma lesão suspeita, durante o exame fotodinâmica com ácido 5-aminolevulínico e
físico, é necessário realizar a biópsia incisional. laser de diodo, 635 nm e 100 J ⁄ cm2 foi efetiva
A autofluorescência, quimioluminescência e para essa lesão. Segundo essa pesquisa essa
azul toluidina são métodos de diagnósticos que terapia é uma das melhores para tratamento de
podem ser utilizados associados com a biópsia lesões epiteliais precursoras, é conservadora e
de forma secundária. No entanto, seu uso isolado não apresenta efeitos adversos.
não é recomendado devido a baixa acurácia e a
necessidade de mais estudos sobre esses exames
(AWAN, MORGAN e WARNAKULASURIYA, 2015; Referências Bibliográficas
RASHID e WARNAKULASURIYA, 2017;
WARNAKULASURIYA, 2019). ALFAYA, T. A. Oral erythoplasia: aspects of
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Tratamento e Prognóstico em Saúde, v. 14, n. 1, p. 94-97, 2012.

O grau de displasia é o que irá guiar a escolha AWAN, K. H.; MORGAN, P. R.;
da conduta terapêutica para essa lesão e pode WARNAKULASURIYA, S. Assessing the accuracy
variar desde aconselhamento sobre os fatores de of autofluorescence, chemiluminescence and
risco à excisão cirúrgica nos casos de displasia toluidine blue as diagnostic tools for oral
moderada e severa (DIONNE et al., 2015; potentially malignant disorders—a
WARNAKULASURIYA, 2019). clinicopathological evaluation. Clinical oral
A excisão cirúrgica por bisturi ou laser é um investigations, v. 19, n. 9, p. 2267-2272, 2015.
tratamento recomendado nos casos de
eritroplasia segundo o estudo de Yang et al.,
(2015). De acordo com sua pesquisa, a cirurgia
56
Capítulo 16 Eritroplasia

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57
Capítulo

17 CÂNCER ORAL

Beatriz Vasconcellos Ferreira Luiza Ornellas

Características Clínicas É importante ressaltar o efeito sinérgico da


Segundo o Instituto Nacional de Câncer José associação entre tabaco e álcool, e a radiação UV
Alencar Gomes da Silva (INCA, 2020), o câncer de como protagonista nos casos de câncer de lábio
boca é definido como uma neoplasia maligna (HERTRAMPF et al., 2011). A OMS define as
que atinge lábios, palato, língua, mucosa jugal e desordens orais potencialmente malignas como
assoalho de boca. Devido aos fatores alterações clínicas que possuem um risco para o
sociodemográficos, a epidemiologia e a desenvolvimento do câncer de boca, sendo a
localização anatômica podem variar (ALDOSSRI eritroplasia, leucoeritroplasia e queilite actínica
et al., 2020). O grupo de risco é composto por as mais comuns (IARC, 2017). Essas lesões
homens acima de 40 anos, tabagistas e etilistas. também representam um relevante fator de
Contudo, ainda que a prevalência seja mais risco.
expressiva no grupo de risco supracitado, os Os carcinomas de células escamosas (CCE)
casos em pacientes com idade abaixo dos 40 correspondem a mais de 90% dos casos de
anos têm aumentado no mundo todo e há uma câncer oral e de orofaringe (RHODUS, KERR e
proporção semelhante entre homens e mulheres PATEL, 2014). O CCE possui diversas
acometidos, o que é um fator importante a ser apresentações clínicas como áreas
considerado pelo cirurgião dentista (HIROTA et avermelhadas, manchas brancas e úlceras
al., 2008; INCA, 2017; OLIVEIRA et al., 2017) indolores ou com aspecto infiltrativo e
Aliado a isso, o uso de cigarros eletrônicos endurecidas (KOWALSKI e ALVES, 2016)
têm aumentado expressivamente na última Segundo Neville et al. (2016, p. 737) o aspecto
década, principalmente entre a população mais clínico e radiográfico do CCE pode ser descrito
jovem. A crença de que os cigarros eletrônicos como:
são menos prejudiciais à saúde comparados aos “mancha eritroplásica, leucoplásica ou
cigarros tradicionais, deve-se ao fato de que eritroleucoplásica e úlceras, de sensibilidade dolorosa
mínima, com aspecto exofítico ou endofítico.
possuem menos compostos citotóxicos e Radiograficamente é possível observar radiolucidez
cancerígenos. com margens sem definição”.
Estudos apontam que o líquido dos cigarros Outras características descritas pela literatura
eletrônicos aquecidos a altas temperaturas são presença de edema, disfagia, paralisia facial,
liberam compostos carcinogênicos, como
alteração na voz, lesão nodular, dor e alteração
formaldeído, acetaldeído e acroleína e as células
dos vasos sanguíneos (Ogden, Lewthwaite e
expostas ao cigarro eletrônico apresentam taxas
Shepherd, 2013; KALAVREZOS e SCULLY, 2016a)
aumentadas de apoptose, necrose e quebra das
O fato do CCE possuir diversas apresentações
fitas de DNA (YU et al., 2016).
clínicas podendo variar desde erosões á
Os fatores de risco estão relacionados ao estilo
aumento de volumes pode dificultar o
de vida, como por exemplo o uso do tabaco e
diagnóstico do profissional. Dessa forma é
seus derivados, consumo de álcool e sachê de
importante ressaltar as possibilidades de
betel (HASHIM et al., 2018).
apresentação desta lesão (Imagens 17.1, 17.2, 17.3,
17.4, 17.5, 17.6, 17.7, 17.8).
58
Capítulo 17 Câncer Oral

Imagem 17.1 - Carcinoma de Células Escamosas em Imagem 17.5 - Carcinoma de Células Escamosas em
lábio inferior. borda posterior e lateral de língua.
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF

Imagem 17.2 - Carcinoma de Células Escamosas em Imagem 17.6 - Carcinoma de Células Escamosas em
rebordo alveolar inferior. rebordo alveolar inferior.
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF

Imagem 17.3 - Carcinoma de Células Escamosas em Imagem 17.7 - Carcinoma de Células Escamosas em
região de palato mole. região lateral posterior de língua.
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF

Imagem 17.4- Carcinoma de Células Escamosas em


borda posterior e lateral de língua.
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF

59
Capítulo 17 Câncer Oral

realizada abrangendo lábios, mucosa, gengiva,


língua, assoalho de boca, palato duro, palato
mole e orofaringe.
Segundo o “Relatório sobre o cenário
assistencial e epidemiológico do câncer de lábio
e cavidade oral no Brasil”, a biópsia é o
procedimento fundamental para o diagnóstico
de câncer de boca e no ano de 2018 foram
registrados 20.797 procedimentos, sendo 97,09%
destes de tecidos moles da boca (MINISTÉRIO DA
Imagem 17.8 - Carcinoma de Células Escamosas em SAÚDE, 2020).
lábio inferior. Avon e Klieb (2012) descrevem como
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF indicações da biópsia casos de suspeita de
malignidade, lesões pigmentadas, lesões com
aspecto benigno e reacional e lesões imuno-
mediadas.
De acordo com a literatura deve-se optar pela
biópsia incisional quando houver suspeita de
malignidade podendo ser realizada pela técnica
clássica ou por punch. (OLIVER, SLOAN e
PEMBERTON, 2004; AVON e KLIEB, 2012). Os
autores ainda afirmam que deve-se evitar o
centro da lesão devido a presença de áreas
Imagem 17.9 - Carcinoma de Células Escamosas em necróticas. Dessa forma o local mais indicado
borda lateral e inferior de língua. é a periferia da lesão abrangendo também o
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF tecido clinicamente normal, com isso é possível
descartar que a lesão é decorrente de uma
estrutura anatômica mais profunda ou de alguma
Diagnóstico metástase.
Através de um exame visual e tátil detalhado, Para técnica clássica de biópsia é necessário
o CCE pode ser detectado precocemente realizar a anestesia do tecido, em seguida realiza-
(PENTENERO, CHIECCHIO e GANDOLFO, 2014). se uma incisão com formato elíptico sendo a
Esse exame também pode ser associado a proporção comprimento largura de 3:1. Em
métodos auxiliares como a citologia, o teste de seguida um dos vértices da elipse deve ser
azul de toluidina e técnicas que utilizam a suavemente levantado e a base cortada. Já a
fluorescência, sendo a biópsia considerada o biópsia por punch deve ser realizada em locais
padrão ouro para o diagnóstico (HASSONA et al., que possibilitam o posicionamento
2015; KOGI et al., 2019). Atualmente, esses perpendicular do dispositivo em relação ao
métodos atuam de forma coadjuvante para tecido. O punch deve ser posicionado na lesão,
reduzir o atraso no diagnóstico e visam otimizar posteriormente realiza-se um movimento
a capacidade do clínico para diagnosticar lesões rotativo para baixo e por fim a base pode ser
suspeitas (ABATI et al., 2020). cortada com uma tesoura de ponta curva (AVON
Perks et al. (2019) descreveu como protocolo e KLIEB, 2012) (Capítulo 18).
para execução do exame oral convencional
começar com uma palpação do pescoço para
verificar alterações nas glândulas salivares,
assimetria ou lesões na pele. Em seguida uma
inspeção completa dos tecidos orais deve ser

60
Capítulo 17 Câncer Oral

Conduta do Cirurgião-Dentista realizaram um estudo para otimizar a detecção


precoce do câncer de boca, através dessa
É importante que os profissionais de pesquisa concluíram que sempre que um
odontologia saibam examinar os tecidos orais, paciente comparecer a uma consulta deve-se
diagnosticar lesões malignas e potencialmente realizar o exame clínico com auxílio de
malignas. O profissional também deve ter iluminação e espelho clínico. Além disso,
conhecimento de quando e a quem deve também é necessário que os profissionais
encaminhar esses pacientes. Além disso, a tomem nota do histórico médico do paciente e
compreensão em relação a etiologia, para que isso seja realizado de forma eficiente o
patogênese, epidemiologia e manejo desses estudo estabelece quatro pontos chaves a serem
casos também é de grande importância respondidos: fatores de risco, cor da lesão,
(FARTHING e SPEIGHT, 2018). Dessa forma, com a surgimento da lesão e sintomatologia dolorosa.
confirmação do diagnóstico pela análise Já a prevenção terciária tem como objetivo
histopatológica o paciente deve ser o manejo e prevenção das complicações
encaminhado ao médico oncologista ou à um advindas do tratamento oncológico
centro de referência oncológica. (KALAVREZOS e SCULLY, 2016c; PERKS et al.
Farthing e Speight (2018) realizaram um 2019). Tendo em vista que algumas
estudo no qual estabeleceram a conduta dos complicações provenientes do tratamento
profissionais com paciente oncológico. Para os podem permanecer ao longo do tempo, o
autores, os dentistas além de terem cirurgião dentista desempenha um papel
responsabilidade com o diagnóstico devem fundamental antes, durante e após a terapia
promover a adequação do meio bucal neoplásica, prevenindo e tratando novas
eliminando os focos de infecção presentes na doenças orais e, consequentemente,
cavidade oral e realizarem o acompanhamento contribuindo com a melhora na qualidade de
durante o tratamento devido os efeitos adversos vida do paciente.
como a mucosite e a boca seca. Após o Antes de iniciar a terapia antineoplásica é
tratamento o profissional deve atuar na necessário realizar uma avaliação clínica e
reabilitação oral desse paciente radiológica do sistema estomatognático,
Segundo a literatura (JOSEPH, 2002; entender o histórico médico do paciente e
KALAVREZOS e SCULLY, 2016c) a prevenção realizar o plano de tratamento. Tendo em vista
pode ser dividida em primária, secundária e que a maioria dos pacientes acometidos pelo
terciária. A prevenção primária tem como CCE apresentam uma higiene oral deficiente o
objetivo evitar que indivíduos saudáveis possam plano de tratamento deve possuir como
vir a desenvolver a doença e para isso é principal objetivo eliminar e estabilizar as
necessário realizar a conscientização e doenças orais presentes como a cárie e a doença
aconselhamento em relação aos fatores de risco periodontal (KALAVREZOS e SCULLY, 2016b;
como o tabaco e álcool. Kalavrezos e Scully VILLA e AKINTOYE, 2018; PERKS et al. 2019).
(2016c) ainda listam medidas como estímulo ao De acordo com a literatura consultada as
estilo de vida saudável, exames regulares e complicações mais comuns causadas pelo
imunização no caso do HPV. tratamento oncológico são a mucosite,
A prevenção secundária consiste na detecção xerostomia/ hiposalivação, cárie de radiação e
precoce das doenças através do exame tátil e osteoradionecrose (KALAVREZOS e SCULLY,
visual de rotina da região de cabeça e pescoço 2016b; BEACHER e SWEENEY, 2018; LEVI e
(HERTRAMPF et al,. 2012; LEITE et al., 2021) com LALLA,2018; VILLA e AKINTOYE, 2018).
isso é possível identificar lesões epiteliais A mucosite é caracterizada por múltiplas
precursoras e o CCE no estágio inicial. Ogden, ulcerações e erosões de sintomatologia dolorosa
Lewthwaite e Shepherd (2013) realizaram um na mucosa oral, essa condição pode levar a
impossibilidade de alimentação do paciente
(BEACHER e SWEENEY, 2018).

61
Capítulo 17 Câncer Oral

Riley et al., (2017) realizaram uma revisão Os autores afirmam que ocorreu uma melhora
sistemática para avaliar possíveis intervenções significativa do bem estar dos pacientes
nos casos de mucosite como fator estimulador relacionado à xerostomia, porém mais estudos
de colônia de granulócitos, bochecho com são necessários para elaboração de protocolos.
clorexidina e gel de aloe vera para bochecho. Em Em relação a cárie de radiação, a revisão
uma outra revisão da literatura De Sanctis et al., sistemática realizada por Hong et al., (2010)
(2016) também mencionam o uso de mel puro, aponta que é um problema prevalente nos
agentes analgésicos, antiinflamatorios e pacientes submetidos a quimioterapia e
antifúngicos. No entanto, ambos os autores radioterapia, soluções fluoretadas são de grande
destacam a importância de avaliar o nível de auxílio para a paralisação da atividade de cárie e
evidência científica dessas medidas, indicações e restaurações com resina composta
contra indicações de cada caso. A laserterapia de demonstraram um melhor desempenho dos que
baixa potência também tem demonstrado as realizadas com ionômero de vidro
promissores resultados no manejo da mucosite e convencional. Dentifrícios fluoretados também
nos estudos de Zecha et al., (2016) o protocolo são utilizados no manejo desses casos
descrito foi com laser ou LED, com comprimento (HANCOCK et al., 2003). Além das medidas
de onda de entre 633 e 685nm ou 780 - 830nm, preventivas com soluções fluoretadas e a
potência entre 10 e 100 mV, dose de 2 - 3J e com instrução de higiene oral o profissional deve ter o
a aplicação de de duas à três vezes por semana. conhecimento de que nos casos de elementos
A xerostomia e a hipossalivação são efeitos com lesões de cáries extensas, infecções
adversos bastante presentes em pacientes periodontais e demais complicações deverão ser
submetidos a radioterapia e quimioterapia extraídos para evitar infecções durante o
devido às alterações da qualidade e da tratamento (VILLA e AKINTOYE, 2018).
quantidade de saliva que podem ser transitórias A osteoradionecrose é uma complicação
ou perenes (BEACHER e SWEENEY, 2018). séria associada a radioterapia na região de
Algumas medidas não farmacológicas podem cabeça e pescoço que pode ocasionar infecção e
ser tomadas para amenizar os sintomas sendo até mesmo fratura do osso envolvido (BEACHER
elas mascar balas e gomas sem açúcar e SWEENEY, 2018). Chronopoulos et al., (2018)
estimulando assim o ácino residual da glândula, descreve clinicamente essa condição como área
ingestão regular de água, utilização de cubos de de osso exposto irradiado que não cicatriza em
gelo e picolés sem açúcar para manutenção da três meses sem a presença ou recorrência do
boca hidratada além de causarem certa tumor. Vários são os fatores de risco, mas o
refrescância (VILLA e AKINTOYE, 2018). Em principal é a realização de exodontia ou
relação aos Sialogogos os mais utilizados são procedimentos invasivos após a radioterapia
pilocarpina e cevimelina, no entanto, por (KALAVREZOS e SCULLY, 2016b) dessa forma fica
atuarem como agonistas colinérgicos é evidente que o melhor tratamento para esta
necessário estar atento aos efeitos colaterais. condição é a prevenção, adequação do meio
Outra opção para alívio dos sintomas causados bucal antes de iniciar o tratamento oncológico e
pelo baixo fluxo salivar é a utilização das salivas evitar fatores traumáticos na mucosa (HANCOCK
artificiais, esse produto pode conter et al., 2003). As possibilidades de tratamento
carboximetilcelulose e compostos a base de desta condição são desde administração de
mucina. (ATKINSON, GRISIUS e MASSEY, 2005; antibióticos, irrigação salina até cirurgia de
CHAMBERS. et al. 2007). Outro recurso pouco debridamento. A utilização de oxigênio
abordado na literatura mas que é possível hiperbárico como terapia adjuvante também é
observar tentativas de sua utilização é a mencionada (VILLA e AKINTOYE, 2018). A
acupuntura. Garcia et al., (2009) realizaram um laserterapia de baixa potência também tem sido
estudo piloto com dezenove pacientes muito utilizada nesses casos e mais estudos são
submetidos à acupuntura duas vezes por dia, necessários para otimização de protocolo e para
semanalmente e durante quatro semanas. a elaboração de evidências mais robustas
(ZECHA et al., 2016).
62
Capítulo 17 Câncer Oral

Apesar de pouco divulgada e mencionada AVON, Sylvie-Louise; KLIEB, Hagen BE. Clinical
na literatura, uma outra responsabilidade do Review-Oral Soft-Tissue Biopsy: An Overview.
cirurgião-dentista é o manejo do paciente que Journal of the Canadian Dental Association, v. 78,
está em cuidados paliativos. O principal objetivo n. 4, p. 233, 2012.
nesse caso deve ser a melhora na qualidade de
vida (TIMON e REILLY, 2006). Wilberg, et al., BEACHER, N. G.; SWEENEY, M. P. The dental
(2012) propuseram uma pesquisa com o objetivo management of a mouth cancer patient. British
de avaliar a morbidade oral de pacientes dental journal, v. 225, n. 9, p. 855-864, 2018.
submetidos a tratamento oncológico e as
condições mais mencionadas foram xerostomia BRAUN, L. W. et al. Continuing education
e disgeusia. Para conferir conforto a esse activities improve dentists’ self‐efficacy to
paciente é necessário promover uma boa manage oral mucosal lesions and oral cancer.
higiene oral, utilizar escova de dentes bem European Journal of Dental Education, v. 25, n. 1,
macia e manter a mucosa oral bem lubrificada. p. 28-34, Feb. 2021.
Em caso de dentes com bordos afiados e sítios
que podem promover a retenção de placa pode- CHAMBERS, Mark S. et al. Cevimeline for the
se pensar em suavizá-los com procedimentos treatment of postirradiation xerostomia in
restauradores simples (BEACHER e SWEENEY, patients with head and neck cancer.
2018). O manejo desse paciente deve ter como International Journal of Radiation Oncology*
objetivo o alívio da dor e dos outros sintomas Biology* Physics, v. 68, n. 4, p. 1102-1109, 2007.
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65
Capítulo

18 TÉCNICAS DE
BIÓPSIA
Jade Rocha Vasconcellos Ribeiro Matheus Carvalho Teles Filgueiras

Definição
A biópsia consiste na remoção de um
Confirmação de hipótese diagnóstica
fragmento de tecido vivo para estudo das
alterações eventualmente presentes. O
procedimento, objetiva estabelecer o diagnóstico ATENÇÃO
da lesão para então definir um tratamento
Às lesões vasculares, devido ao
adequado para a condição (Imagem 8.1).
risco de sangramento abundante.

Contra-Indicações
Não há nenhuma contra indicação absoluta.
Podem existir contra indicações relativas
referentes ao estado sistêmico do paciente,
como é o caso de pacientes com discrasias
sanguíneas, dentre outras alterações. Nestes
Imagem 18.1 - Ilustração de tecido contendo lesão. casos, é importante que o cirurgião-dentista
entre em contato com o médico responsável.
IMPORTANTE
Todo tecido removido deve ser enviado
para análise histopatológica. Tipos de Biópsia
Existem dois tipos de biópsia:
Indicações
Biópsia Incisional - Em que se realiza a
remoção parcial da lesão. Sendo indicada em
Condições patológicas persistentes
que não possam ser diagnosticadas casos de lesões com suspeita de neoplasia
clinicamente maligna, manifestação oral de doenças
sistêmicas ou lesões muito extensas em que
Lesões que persistam apesar do não há possibilidade de remoção em ato
tratamento clínico adequado após único.
um período de 10 a 14 dias
Biópsia Excisional - Realiza-se a remoção
Lesões com suspeita de malignidade total da lesão. É indicada para casos de lesões
pequenas e lesões sem suspeita de
Lesões potencialmente malignas malignidade.

66
Capítulo 18 Técnicas de Biópsia

Técnica de Biópsia
Para realizar o procedimento de biópsia, é
importante destacar alguns princípios:
A
A solução anestésica não deve ser injetada na
lesão, pois a mesma pode alterar a peça

Deve-se anestesiar a região com no mínimo 1


cm de distância da lesão

A área da biópsia deve estender-se ao tecido


clinicamente saudável adjacente

Evitar áreas de necrose B

Seguindo tais princípios, a técnica de biópsia Imagem 18.2 - Ilustração de incisão em forma de cunha.
pode ser realizada seguindo os passos a seguir: (A) visão transversal; (B) visão superior.

Em alguns casos, há a necessidade de se


realizar a biópsia em mais de um local. Como em
01 Realizar a antissepsia do local
pacientes em que a lesão seja observada em
mais de um sítio.
Realiza-se a anestesia local
02 evitando a lesão
Biópsia Excisional
Realiza-se a incisão do tecido de Nesta técnica, a incisão deve envolver toda a
03 acordo com a técnica de escolha lesão e a margem cirúrgica de tecido
clinicamente normal é de aproximadamente
2mm (Imagem 18.3 A e B).
Realiza-se a remoção do tecido
04 com auxílio de instrumentais

Realiza-se a hemostasia do local


05 em que foi retirada a amostra

A
06 Por fim, realiza-se a sutura

Biópsia Incisional
A incisão deve ser em forma de cunha,
envolvendo o tecido saudável adjacente. Prefere-
se incisões profundas e curtas a incisões largas e
rasas [Figuras 2 e 3].
B
Imagem 18.3 - Biópsia excisional. (A) Delimitação da área
com margens cirúrgicas livres de lesão; (B)
Representação da remoção da lesão com margens livres.

67
Capítulo 18 Técnicas de Biópsia

Biópsia por Punch Referências Bibliográficas


O bisturi circular ou punch é um instrumental MARCUCCI, Gilberto. Estomatologia. 2. ed. São
em formato cilíndrico de borda cortante que, no Paulo: Guanabara Koogan, 2014
momento da biópsia, é girado de forma
rotatória, aprofundando-se no tecido, PRADO, Roberto; SALIM, Martha Alayde
permitindo sua remoção, podendo chegar até Alcantara. Cirurgia bucomaxilofacial: diagnóstico
mesmo à gordura subcutânea. e tratamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
O instrumental é segurado verticalmente MEDSI, 2004.
sobre a lesão, o profissional utiliza a mão
dominante para realizar um movimento NEVILLE, B et al. Patologia oral e maxilo facial. 4ª
semicircular durante a inserção do punch. O Edição – Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.
tecido cilíndrico pode ser elevado utilizando
uma agulha ou pinça, utilizando a mão não- HUPP, J. R.; ELLIS, E. TUCKER,M. R. Cirurgia Oral e
dominante, e sua base cortada por uma tesoura. Maxilofacial Contemporânea. Elsevier, 6. Ed. 2015
Após a remoção do fragmento, a ferida cirúrgica
pode ser suturada (Imagem 18.4).

A B

C D

Imagem 18.4 - Sequência da realização de biópsia com


punch. (A) Inserir o bisturi circular (punch); (B) Realizar
movimento de rotação; (C) Remover o bisturi); (D) Pinçar
a área; (E) Cortar a base com uma tesoura afiada.

68
Capítulo

19 ACONDICIONAMENTO
DO MATERIAL

Jade Rocha Vasconcellos Ribeiro Matheus Carvalho Teles Filgueiras

Armazenamento
Após a retirada do material biológico através
da biópsia, o fragmento deve ser conservado, em
um frasco (Imagem 19.1) com formol tamponado
10%, afim de preservar suas características
histológicas, para que sua análise seja o mais fiel
possível, portanto, os seguintes parâmetros
devem ser respeitados:

O material deve ser armazenado


Imagem 19.1 - Exemplo de frascos para armazenamento
01 adequadamente imediatamente
do material biológico.
após a retirada do tecido

02
Ele não deve ser distorcido ou Situações Inadequadas
esmagado

Armazenar o material em um frasco


03 de vidro ou plástico com boca X Recipiente sem tampa

ampla, larga e com tampa

O frasco, deve conter solução de formol


a 10% em uma quantidade suficiente
de modo que toda lesão fique imersa X Amostra não imersa
04 na solução fixadora. Idealmente, um
volume 20 vezes maior do que o
volume da própria lesão;

O frasco deve ser lacrado e X Amostra não identificada


05 identificado

Nome ____________________________.
X Amostra danificada
Idade ________.
Material __________________________.
Local _____________________________.
Data ____/____/______.
X Gargalo estreito
Exemplo de identificação no frasco.

69
Capítulo 19 Requisição Histopatológica

Referências Bibliográficas
CAVALCANTE, Israel Leal et al. GUIA PRÁTICO
PARA O PREENCHIMENTO DA FICHA DE EXAME
HISTOPATOLÓGICO DE LESÕES DE TECIDO
MOLE DA BOCA. 1. ed. Rio de Janeiro: [s. n.], 2022.
v. 1. ISBN 978-65-00-47536-4. Disponível em:
https://pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/17533/5/9
786500475364.pdf. Acesso em: 6 dez. 2022.

MARCUCCI, Gilberto. Estomatologia. 2. ed. São


Paulo: Guanabara Koogan, 2014

PRADO, Roberto; SALIM, Martha Alayde


Alcantara. Cirurgia bucomaxilofacial: diagnóstico
e tratamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
MEDSI, 2004.

NEVILLE, B et al. Patologia oral e maxilo facial. 4ª


Edição – Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.

HUPP, J. R.; ELLIS, E. TUCKER,M. R. Cirurgia Oral e


Maxilofacial Contemporânea. Elsevier, 6. Ed. 2015

70
Capítulo

20 REQUISIÇÃO
HISTOPATOLÓGICA
Jade Rocha Vasconcellos Ribeiro Matheus Carvalho Teles Filgueiras

Componentes da Ficha de
Requisição Identificação do Paciente: Nome completo,
idade, sexo, etnia e profissão.
Para que o material coletado seja enviado
Características do material coletado:
para a análise histopatológica, o material deve
ser devidamente identificado e todo o material Descrição da lesão [Tabela 5]; presença ou
deve ser enviado em um formulário, seja cedido ausência de sintomatologia e se possível
pela instituição de análise, seja confeccionado hábitos, importantes ao diagnóstico (por
pelo próprio cirurgião-dentista. exemplo tabagismo e etilismo), uso de
O formulário de requisição histopatológica medicamentos.
deve conter os seguintes dados:

Mancha, Placa, Pápula (crescimento sólido menor que 5mm), nódulo


(crescimento maior que 5mm) de diâmetro, vesícula (lesão elevada com
Tipo líquido interno de até 3 mm); Bolha (idêntica a vesícula, porém com
diâmetro superior a 3mm), úlcera, erosão.

Coloração Normocrômico, vermelho, branco, arroxeado, castanha, etc.

Base Séssil (base maior do que a altura) ou pediculado (base menor que a altura)

Forma Oval; esférica; Lobulada; Irregular,etc

Superfície Lisa, Irregular, verrucosa,ulcerada, etc.

Número Única ou múltipla

Consistência Macia, borrachóide, endurecida, etc.

Tamanho Altura, largura e espessura

Localização Mucosa jugal, fundo de vestíbulo, borda lateral de língua, etc.

Tabela 5 - Relação de componentes necessários para descrever uma lesão para uma requisição histopatológica.

71
Capítulo 20 Requisição Histopatológica

Hipóteses Diagnósticas: Indica lesões com Seguindo os parâmetros para a formulação e


características clínicas semelhantes. preenchimento de uma requisição
histopatológica, é possível observar a seguir um
Exames Imaginológicos: Envio dos exames modelo contendo os tópicos indicados
de imagem, caso o profissional tenha acesso. anteriormente.

Modelo de Requisição Histopatológica

Identificação do Paciente
Nome: ___________________________________________________________.
Data de Nascimento: ___/____/_____. Sexo: ( )F ( )M
Etnia: __________________. Profissão: _____________________________.
Telefone: (__) ____________. Endereço: _____________________________.
Data da realização da biópsia: ____/____/______
E-mail para contato: ________________________

Descrição do Material. Fixador: Formol 10% Álcool

1. TIPO
Mancha Placa Pápula Vesícula Bolha

Nódulo Úlcera Erosão

2. COLORAÇÃO
Normal Branca Vermelha Arroxeado Acastanhado

Outra: __________
3. BASE
Séssil Pediculado

4. FORMA
Oval Esférica Lobulada Irregular

5. SUPERFÍCIE
Lisa Irregular Verrucosa Ulcerada

Outra: __________
6. NÚMERO
Única Múltipla

72
Capítulo 20 Requisição Histopatológica

7. CONSISTÊNCIA
Outra: __________
Macia Borrachóide Endurecida

8. TIPO DE BIÓPSIA

INCISIONAL EXCISIONAL

9. TAMANHO
_____cm X _____cm X _____cm.

10. LOCALIZAÇÃO
________________________________________________________.

Sintomas
Ausente

Presente Qual? ____________________________________.

Informações Adicionais
Tempo de evolução da lesão:_______________________________.
Houve modificação da lesão com o passar do tempo?__________.
Faz uso de medicamento? Se sim, qual(is)?____________________
_________________________________________________________.
Foi utilizada alguma medicação para tratar a lesão? Se sim, qual(is)?
__________________________________________________.
Possui alguma doença sistêmica? Se sim, qual(is)?______________
_________________________________________________________.

Hábitos:__________________________________________________.
Características radiográficas:
____________________________________________________________

Hipóteses Diagnósticas
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________.

73
Capítulo 20 Requisição Histopatológica

Referências Bibliográficas
CAVALCANTE, Israel Leal et al. GUIA PRÁTICO
PARA O PREENCHIMENTO DA FICHA DE EXAME
HISTOPATOLÓGICO DE LESÕES DE TECIDO
MOLE DA BOCA. 1. ed. Rio de Janeiro: [s. n.], 2022.
v. 1. ISBN 978-65-00-47536-4. Disponível em:
https://pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/17533/5/9
786500475364.pdf. Acesso em: 6 dez. 2022.

Souza, João Gabriel Silva, Soares, Luiza Anjos e


Moreira, GeaneConcordância entre os
diagnósticos clínico e histopatológico de lesões
bucais diagnosticadas em Clínica Universitária.
Revista de Odontologia da UNESP [online]. 2014,
v. 43, n. 01 [Acessado 6 Dezembro 2022], pp. 30-
35. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1807-
25772014000100005>. ISSN 1807-2577.
https://doi.org/10.1590/S1807-
25772014000100005.

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