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COMISSÃO SANS
Versão 2
2022
COMISSÃO PARA ELABORAR PROPOSTA DE
POLÍTICA DE SEGURANÇA ALIMENTAR E
NUTRICIONAL SUSTENTÁVEL PARA A UNESP
B - ANÁLISE DA CONJUNTURA
B.1. Cenário internacional
O Pacto Internacional dos Direitos Econômicos Sociais e Culturais (PIDESC),
celebrado pelas Nações Unidas em 1966, do qual o Brasil tornou-se signatário em
1992, estabelece em seu artigo 11 o DHAA como direito humano fundamental. O DHAA
está ligado à dignidade da pessoa humana e consiste na disponibilidade e o acesso
físico e econômico a alimentos culturalmente aceitos, livres de substâncias nocivas, em
quantidade suficiente, adequados às condições sociais, econômicas, climáticas e
ecológicas em bases sustentáveis. A garantia do DHAA como obrigação do Estado deve
ser atendida tão rápido quanto possível, não podendo ser usada para justificar
situações de injustiça e discriminação, nas quais os que têm fome são obrigados a
aceitar qualquer tipo de alimento. Em 1999, um Comitê do Alto Comissariado da ONU
elaborou o "Comentário n. 12”, no qual esclarece a progressividade desse direito e
define o DHAA como:
O direito à alimentação adequada realiza-se quando cada homem,
mulher e criança, sozinho ou em companhia de outros, tem acesso
físico e econômico, ininterruptamente, à alimentação adequada ou
aos meios para sua obtenção. O direito à alimentação adequada não
deverá, portanto, ser interpretado em um sentido estrito ou
restritivo, que o equaciona em termos de um pacote mínimo de
calorias, proteínas e outros nutrientes específicos.
O comentário esclarece as dimensões de acesso e disponibilidade do alimento,
quanto à adequação e sustentabilidade.
A Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) reflete a realização do DHAA. A
Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), reconhece seis
dimensões da SAN, às quais foram progressivamente incorporadas no seu conceito:
1) Disponibilidade - a alimentos nutritivos, seguros do ponto de vista sanitário,
cultural e ambientalmente adequados;
2) Acesso - que corresponde aos meios para obter os alimentos;
3) Uso - relativo ao consumo e os resultados do alimento sobre a saúde e bem
estar;
4) Estabilidade - transversal à disponibilidade, acesso e uso, os quais devem ser
garantidos em qualquer situação em curto prazo;
5) Sustentabilidade - transversal também, porém num horizonte de longo prazo,
não devendo comprometer as gerações futuras e;
6) Agência - o poder de agência que deve ser garantido a cada pessoa sobre sua
alimentação, envolve cidadania e participação.
Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) conversam diretamente
com a SAN em todas as suas dimensões. A transformação dos sistemas alimentares
(produção, transformação, distribuição, consumo, saúde e bem-estar) para garantir
alimentos para as pessoas, sem destruir o planeta, envolve todos os ODS e exige
abordagens multissetoriais e interdisciplinares. Esse é um desafio posto para a missão
da Universidade. O outro diz respeito ao direito de estar livre da fome e à
disponibilidade de uma alimentação adequada, conforme preconiza o ODS 2.
No mundo inteiro existem iniciativas dentro das universidades preocupadas
com a qualidade da alimentação da comunidade escolar e com o desenvolvimento de
uma postura de consumo responsável e espírito empreendedor frente aos ODS, no que
tange ao DHAA.
B.2. Cenário nacional
O Art. 3º da LOSAN, afirma que “a Segurança Alimentar e Nutricional consiste
na realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de
qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras
necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde
que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e
socialmente sustentáveis”.
As desigualdades sociais, o machismo e o racismo encontrados no Brasil vêm
sendo apontados como causas estruturais das violações do DHAA no país. Por outro
lado, a indignação de alguns e as lutas sociais travadas no país proporcionaram um
arcabouço legal que permite hoje a exigibilidade desse direito. São eles:
C.1.1. Princípios
- Equidade e universalidade na garantia do DHAA para toda a comunidade;
- Realização progressiva do DHAA;
- Participação nos processos decisórios e de execução e monitoramento da
política;
- Gestão integrada, respeitada a autonomia das Unidades;
- Inserção social em ações de ensino, pesquisa e extensão voltadas à SANS;
- Sustentabilidade em termos de insumos, energia, água, resíduos, etc.
C.1.2. Diretrizes
- Garantia de acesso ao alimento a toda comunidade Unespiana;
- Transformação dos ambientes tornando-os facilitadores de práticas alimentares
saudáveis, sustentáveis e inclusivas;
- Desenvolvimento de habilidades voltadas às práticas alimentares saudáveis,
sustentáveis e inclusivas;
- Promoção da cultura e identidade alimentar regional;
- Desenvolvimento sustentável do sistema alimentar;
- Atuação em múltiplos níveis: local, regional, nacional e internacional;
- Promoção da intersetorialidade e da interdisciplinaridade nas ações de SANS.
D. Considerações Finais
25 de Novembro de 2022