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Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ

Instituto de Filosofia e Ciências Humanas


Aluna: Danyela M. Rosa de Barros

A filosofia no ensino médio - Caminhos para pensar seu sentido - Cap. 3 e 4 -


Alejandra A. Cerletti Walter O. Kohan
Tradução
Norma Guimarães Azeredo

Ao longo dos capítulos, os autores se esforçam para discorrer sobre as condições que a
filosofia opera e de onde vem. Para esse último, é destrinçado no capítulo 3 sobre as “origens” da
filosofia como o que nos leva a ela, principalmente em um mundo “pós-modernamente tão hostil” a
essa prática. Encontra-se de cara uma origem no mundo grego pelo caráter da admiração, admiração
ao que lhe percorre e compõe que muitas vezes num momento de ócio lhes oferece curiosidade para
entender as causas do mundo ao seu redor. Entretanto o que se chama de origem possui uma intrínseca
relação com a circunstâncias históricas, e com mudanças significativas na sociedade essa origem
também é alterada por necessidade. Talvez por novas estruturas políticas e midíaticas que somos
expostos já não temos mais a mesma sensação de admiração pelos acontecimentos corriqueiros, já
que temos constantemente notícias e acontecimentos extraordinários lançados até nós. E que
acabamos banalizando tais acontecimentos ou até os acharmos tediosos. A admiração apesar de ainda
presente em muitos fenômenos que presenciamos, não tem a mesma motivação que tinha no mundo
grego.
O texto então apresenta uma segunda origem a filosofia encontrada no agora no mundo
moderno: a dúvida. Introduzida por Descartes, a dúvida que dá certeza ao próprio pensar e uma
existência indubitável a subjetividade. E a partir da certeza da subjetividade temos autonomia para
explorar e questionar as condições de cada experiência ou substância que nos apareça. Porém, a
dúvida também se mostra desgastada no mundo contemporâneo empresarial e enraizado em negócio
que necessitam de respostas imediatas. Retira-se o espaço (ou o tempo) da dúvida no dia a dia.
Identifica-se então uma terceira origem na filosofia já presente nas correntes existencialistas: as
situações-limite. Quais situações nos levam a um estado de perplexidade a ponto de avaliarmos e
eventualmente filosofarmos sobre elas. Talvez através da morte ou fenômenos com fins iminentes
que nos levem a uma sensação de limite.
De toda forma, mostra-se como a filosofia não tem uma origem única, elas são múltiplas que
podem reaparecer após vários séculos em um problema contemporâneo, porém adaptada as
necessidades do presente. Há sempre um ponto de partida para a filosofia na experiência, campo de
situações, estado de coisas. A filosofia opera no “teatro do mundo”, que não satisfeita com as
explicações definidas das coisas, entra em inquietude. E o incomodo de que a ordem predominante
tem fissuras em seu sistema condicionam a filosofia a aparecer. Tal mal-estar vai ser renovado
constantemente sob novos estados de coisas que se formem e, se assimilando a estrutura do desejo,
corre atrás de um fim absoluto como se tivesse perdido quando na verdade nunca o teve.

No capítulo seguinte, os autores discorrem sobre o que então é a filosofia começando sobre
essa própria pergunta que cai em si mesma. Para questionar sobre a filosofia acaba-se filosofando
também. E no caráter inquieto descrito anteriormente ela nunca chega em consenso, tendo inúmeros
filósofos ao longo do tempo discordando da definição antes suposta em contínuos embates. Pois a
filosofia se opõe a apresentação de realidade como eterna, natural ou necessária. E sempre desafia o
status quo que eventualmente pode lhe causar repressões por tirar a base do que é visto como conforto
para muitos. A filosofia, em uma herança platônica, age no pressuposto de crítica ao estabelecido.
Uma das práticas mais antigas da filosofia é a crítica, que pela origem grega krino, assemelha-
se ao trabalho de um agricultor que julga e separa os grãos de resíduos a serem plantados. Crítica não
tem uma conotação negativa necessariamente de reprovação, mas de revisão e avaliação de valores
predominantes. Para tal revisão necessita-se abertura intelectual contra o dogmatismo, e acima de
tudo, coragem para expô-lo. E como vimos no exemplo de Sócrates, tal ato de coragem pode ter
reações repressoras ou exterminadoras. Entre os recursos para crítica usamos do questionamento além
de um ponto de partida, mas também de método para o filósofo. E em seguida ele pode ser expresso
através do diálogo. Pois a partir de perspectivas variadas de dois seres distintos pode-se trabalhar a
reflexão de forma mais intensa.
Outra prática necessária à filosofia é a criatividade. O exercício imaginativo para conceber
outras formas de pensamento, valores, conceitos ou mundos que ainda não existam. Entre muitos
autores citados, o texto ressalta Deleuze e Guattari na defesa do filósofo com um criador de conceitos.
Esses que não estão prontos a nossa espera para conhecê-los, mas que devem ser moldados por nós
mesmos mediante a necessidade. E apesar de nos inspirarmos e apoiarmos em conhecimentos
anteriores para pautar nossas práticas, o filósofo deve estar em inquietude até, após a crítica, criar
conceitos para chamar de seu.
Encontra-se então dois valores importantes na prática da filosofia: a descoberta e a invenção.
Após o esclarecimento daquilo que não víamos pela descoberta temos as possibilidades para criar
reações ou intervenções do que passamos a entender.

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