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ABA e Estratégias Naturalistas


Professores:
Mayra Gaiato e Dr. Rodrigo Silveira

APOSTILA DO CURSO

ABA E ESTRATÉGIAS NATURALISTAS


PARA INTERVENÇÕES PRECOCES NO
AUTISMO

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ABA e Estratégias Naturalistas


Professores:
Mayra Gaiato e Dr. Rodrigo Silveira

Introdução

TEA Autismo

Autora: Mayra Gaiato

O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é considerado um transtorno de


neurodesenvolvimento no qual a criança tem dificuldade na comunicação social e apresenta
interesse restrito e estereotipado. Isso significa que é uma alteração ocorrida dentro do cérebro no
qual as conexões entre os neurônios se dão de uma forma diferente ocasionando dificuldade em
interagir com as outras pessoas de uma maneira adequada.

A alteração em comunicação social no TEA Autismo pode aparecer com:

• Dificuldade no contato visual.

• Dificuldade no uso de gestos e expressões faciais.

• Dificuldades em fazer amizades e no brincar, entender emoções e sentimentos


relacionados ao outro.

• Não se interessam por coisas que as outras crianças propõem (brinquedos ou


brincadeiras que não sejam do seu interesse). Por exemplo, enquanto as outras
crianças brincam com peças de montar e planejam fazer um prédio, a criança com
autismo usa as pecas para enfileirar ou empilhar.

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• Aproximação de uma maneira não natural, robotizada, “aprendida” e tem fracasso


nas conversas interpessoais.

• Demonstrações de pouco interesse no que outra pessoa está dizendo ou sentindo.


Por exemplo, quando alguém relata estar aborrecido com o trabalho, a pessoa com
TEA Autismo pergunta sobre o tipo de serviço que ele faz e não sobre o sentimento
que ele traz.

• Dificuldade em iniciar ou responder a interações sociais.

• Dificuldade de entender a linguagem não verbal das outras pessoas, tais como as
expressões faciais, gestos, sinais com os olhos, cabeça e mãos.

• Dificuldade em se adaptar a diferentes situações sociais, tais como dificuldade de


dividir brinquedos, mudanças de brincadeiras, participar de brincadeiras imaginárias
(casinha, por exemplo).

O interesse restrito e estereotipado pode aparecer:

• Movimentos repetitivos ou estereotipados com objetos e/ou fala. Por exemplo: Pegar
um carrinho, virar e girar a rodinha repetidamente, ao invés de brincar da forma
esperada; pegar bonecos e jogá-los ou colocá-los na boca, ao invés de montar uma
brincadeira criativa com eles.

• Na fala, repetições de filmes ou desenhos, falando sozinhos numa linguagem


“própria”, sem função de interação social.

• Insistência em rotinas, rituais de comportamentos padronizados, fixação em temas e


interesses restritos. Por exemplo, só falar de carros ou de um personagem, não se
interessando por outros assuntos; só querer jogar o mesmo jogo no tablet.

• Hiper ou hipo reação a estímulos do ambiente como sons ou texturas.

• Estereotipias motoras, movimentos repetitivos com o corpo ou com as mãos, tais


como abanar as mãozinhas, pular ou rodar, bater as mãos, alinhar objetos, empilhar.

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• Extrema angústia com pequenas mudanças na rotina, como mudar o caminho de


casa, por exemplo. Gostam de manter os mesmos costumes, entendem que o
mundo “correto” é como eles aprenderam na primeira vez. Tentam manter o mesmo
padrão, sempre.

• Forte apego a objetos, gastando muito tempo observando ou usando um mesmo


brinquedo ou segurando o dia todo algo que caiba nas mãos. Mesmo quando
pedimos para escolher outro, não conseguem parar de se preocupar com aquele
determinado. Nesses momentos, dificilmente a criança compartilha conosco o que
está fazendo, não traz para nos mostrar e não nos olha com a intenção de ver se
estamos vendo-a.

• Sensibilidade a barulhos, cheiros, texturas de objetos ou ficar extremamente


interessados em luzes, brilhos e determinados movimentos repetitivos, como objetos
girando ou ventiladores, por exemplo.

• Alteração na sensibilidade a dor. Algumas vezes, os pais descrevem quedas ou


batidas que parecem não ter sentido dor.

Como cada indivíduo é único, as crianças com TEA podem apresentar nuances
diversas dentro destas características descritas acima.

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ABA

Autora: Mayra Gaiato

ABA refere-se ao termo em inglês Applied Behavior Analysis e pode ser traduzido para o
português como Análise do Comportamento Aplicada.

As intervenções em ABA foram e são embasadas por muitas pesquisas científicas. O


objetivo deste método é potencializar comportamentos adequados e eliminar inadequados.
Sempre ampliando repertórios de comportamento verbal e social.

O programa de treinamento baseia-se na Análise Funcional do Comportamento. Quais os


comportamento emitidos? Por que eles aparecem? O que ocorre antes e depois deles ocorrerem?

Na terapia ABA, os comportamentos são motivados, de forma prazerosa, através de


reforçadores que podem ser sociais somente (se a criança já é sensível a elogios) ou reforçadores
arbitrários (bonecos, jogos, salgadinhos ou chocolate). O reforço social deve ser sempre
associado, para que um dia a criança fique sob controle somente deles.

Os objetivos são:

1. Trabalhar os atrasos, identificando os comportamentos que a criança apresenta


dificuldades que prejudicam sua vida e a aprendizagem.

2. Diminuir a freqüência e intensidade de comportamentos de birra, agressividade,


estereotipias e outros que dificultam a socialização e aprendizagem.

3. Promover o desenvolvimento de comunicação social.

4. Promover comportamentos socialmente aceitáveis e desejáveis.

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Quando realmente acreditamos no que fazemos e sabemos que funciona, insistimos mais.
Emitimos mais comportamentos em direção ao objetivo final e isso é comprovado.

Conceitos importantes:

Lembrar sempre da Análise Funcional de cada comportamento da criança. Por que ela faz
isso? O que desencadeia a resposta? Quais são as consequências que mantém?

• Antecedentes: Ambiente que antecede o comportamento. É o estímulo discriminativo. A


partir dele a resposta surge. Influenciam diretamente o comportamento.

Com a análise dos antecedentes podemos trabalhar com a prevenção dos


comportamentos. Entendendo o que desencadeia certas respostas podemos manipular para que
comportamentos inadequados não ocorram e também que comportamentos adequados ocorram.

• Resposta: É o comportamento em si, que queremos aumentar ou diminuir de frequência e


intensidade.

• Consequência: Reforçamento. O comportamento é mantido pela consequência que produz.

Podemos utilizar reforçadores:

Intrínsecos - dar uma consequência agradável, positiva com a própria brincadeira ou


atividade que estamos realizando com a criança. Ela quer voltar a fazer, por isso, após pedirmos
um item de estimulação do nosso programa comportamental, voltamos a brincar com a criança
para reforçar esse comportamento.

Extrínsecos: de fora da brincadeira. Podemos utilizar um brinquedo, material, guloseima


ou eletrônicos para consequenciar um comportamento adequado que queremos aumentar a
frequência.

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Modelo Denver de Intervenção Precoce

Autora: Lidiane Ferreira

Denver Autismo é um modelo de Intervenção Precoce (ESDM). Foi considerado, em


2012, uma das 10 maiores descoberta da área médica, apontada pela revista Times. Trata-se de
uma abordagem de intervenção com comprovação cientifica que otimiza o desenvolvimento de
crianças com autismo com idades entre 1 e 5 anos.

Prioriza a construção das interações sociais da criança, a espontaneidade e a habilidade


de engajamento com o outro, o que a leva a construção de vínculos de afeto de forma positiva e
natural.

Tendo em vista a dinâmica do desenvolvimento típico, o Denver Autismo tem como


objetivo ajudar a criança a aprender em todos os momentos do dia, porque explora de forma ativa
e retém as oportunidades de aprendizagens através do interesse pelo outro espontaneamente. As
atividades sociais são motivadoras e ajuda na construção da leitura social.

Considerando a influência dessas relações no desenvolvimento infantil, é possível notar


que muitas crianças com autismo ficam prejudicadas pela dificuldade de construção de vínculo e
interesse restrito, logo as oportunidades de aprendizagem são limitadas pela falta da troca social.

Modelo de Intervenção Precoce

Os primeiros sinais do autismo, na maioria dos casos, é possível observar através do


comportamento quando a criança ainda é bebê, logo, quanto mais cedo a intervenção se iniciar,
menores serão as dificuldades decorrentes do autismo.

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As pesquisam apontam que a estimulação precoce melhora as capacidades sociais,


cognitiva, comunicação e a motivação para interação social e ajuda a criança a desenvolver de
forma mais rápida as competências exigidas seja no ambiente escolar, familiar e sociedade.

Tratamento Individualizado

O modelo Denver Autismo de intervenção precoce acrescenta, de forma individualizada,


um conjunto de estratégias para desenvolver as aptidões de (a) comunicação verbal e não verbal,
(b) atenção compartilhada, (c) imitação, (d) habilidades motoras, (e) interação social, (f) auto
cuidado e (g) comportamento, no qual o terapeuta se torna um parceiro de jogo e tem como foco
os aspectos cognitivos das brincadeiras. Desta forma, tenta aumentar o engajamento da criança e
o interesse por aprender.

Esse modelo em indivíduos com autismo considera a criança um agente ativo dentro do
brincar. As atividades escolhidas para aquisição de novas habilidades estão relacionadas
diretamente com a motivação e escolha da criança e todas as tentativas são validadas até que se
chegue ao objetivo final. Dessa forma, o parceiro de jogo consegue incentivar e tem a
possibilidade de aumentar a frequência de um comportamento esperado ou espontâneo da
criança.

Todo esse processo ocorre de forma natural e com afeto positivo estimulando o “gostar” e
“querer” como recompensa social. O parceiro (ou terapeuta) tem como objetivo encontrar as
fontes de prazer da criança para que a interação se torne um reforçador da brincadeira.

O programa de intervenção do modelo Denver, têm uma criteriosa avaliação inicial através
de um curriculum que aborda as competências exigidas para a idade, e tem como base, o estudo
da trajetória do desenvolvimento de crianças típicas.

O procedimento de ensino é construído de forma individualizado para demarcar passo a


passo do aprendizado que deve ser seguido diariamente. Desta forma, o método permite ser
usado em variados ambientes como na escola, terapia, em casa e por todos que acompanham a
criança. Sendo assim, a família tem um papel de suma importância nessa parceria e é
imprescindível para a eficácia do tratamento.

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Testes para Autismo

Autora: Mayra Gaiato

Testes para autismo podem ajudar na identificação de sintomas. As características


comportamentais podem ser medidas por meio dos diferentes instrumentos, ou escalas
diagnósticas. O uso desses recursos pode ser importante para o delineamento dos sintomas de
TEA em crianças pequenas com autismo.

As escalas podem ser úteis para a população de professores que cuidam de crianças de
pouca idade e precisam de informações para identificar sinais e sintomas precoces, pois a
intervenção quanto mais cedo for, melhor para a recuperação das crianças.

A quantidade de crianças diagnosticadas com autismo está aumentando nos últimos anos.
Em 1980 a prevalência era de 1 criança em cada 10.000. Hoje está em 1 a cada 54 crianças.
Então, precisamos estar atentos!

A escala Modified Checklist for Autism in Toddlers (M-CHAT) é um instrumento de


rastreamento precoce de testes para autismo, que visa identificar indícios desse transtorno em
crianças entre 18 e 24 meses. Deve ser aplicada nos pais ou cuidadores da criança. Pode ser
aplicada por qualquer pessoa devido a sua simplicidade.

A Childhood Autism Rating Scale (CARS), é utilizada como um dos testes para autismo
para distinção de casos de autismo leve, moderado e grave, além de discriminar crianças com
autismo daquelas com deficiência intelectual. Trata-se uma escala de 15 itens que auxilia na
identificação de sintomas de autismo e as distingue de crianças com prejuízos do
desenvolvimento sem autismo. É indicada para criança acima de 2 anos de idade.

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Os escores de cada domínio variam de 1 (dentro dos limites da normalidade) a 4 (sintomas


autistas graves). A pontuação varia entre 15 e 60, e o ponto de corte para autismo é 30.

É importante lembrar que os testes para autismo não substituem o diagnóstico, que
somente um médico especialista (preferencialmente psiquiatra infantil ou neuropediatra) pode
fazer.

Como cada indivíduo é único, as crianças com TEA podem apresentar nuances diversas
dentro destas características descritas nos testes para autismo.

Justamente por se tratar de um “espectro”, o autismo pode ter muitos sintomas diferentes
em uma pessoa e na outra. Não é real a crença que crianças com autismo não são carinhosas.
Elas podem ser sim, muito afetivas. Podem também olhar nos olhos.

Se procurarmos sintomas na internet, veremos que muitos a criança não tem. Isso pode
dar a falsa ilusão nos pais de negação, por encontrar sintomas que outras crianças apresentam e
seus filhos não. A dica aqui é buscar ajuda para os sintomas que a criança pode apresentar e que
são diferentes do esperado para o desenvolvimento na idade, independente de encontrar
sintomas semelhantes em outros.

Outros instrumentos para avaliação comportamental de crianças com sintomas do


Espectro:

• Check List ESDM – Ferramenta descrita no livro “Intervenção Precoce em Crianças com
Autismo” do Modelo Denver de Intervenção Precoce. São centenas de comportamentos
que podem ser testados e, a partir das “falhas” ou "não acertos" da criança, podemos
utilizar o item para virar objetivo e, com ele, montar o programa de intervenção da
criança.

• VBMAPP: É um protocolo de avaliação que identifica comportamentos que precisam ser


modificados no repertório da criança, em cada fase do desenvolvimento. Muito estudado
e comprovadamente eficaz, principalmente para rastreamento de pré-requisitos verbais e
barreiras de aprendizagem para o desenvolvimento da criança.

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• ADOS 2 e ADIR – São escalas de avaliação diagnóstica muito importantes, solicitadas na


maioria dos artigos científicos de padrão internacional. Podem ser utilizadas para dar
diagnóstico. Precisa ter capacitação para aplicar, pois são bastante complexas.

Os instrumentos nos ajudam também na reavaliação periódica para avaliar a evolução da


criança, comparando os resultados atuais com os anteriores.

Através dos comportamentos mensurados nos instrumentos, podemos comparar o que era
esperado na idade que a criança se encontra e, caso ela não realize, pegamos o item para
transformar em objetivo das sessões e montar o programa da criança.

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Tratamento do Autismo

Autora: Mayra Gaiato

É importante que os pais e profissionais tenham metas e objetivos concretos, que devem
ser construídos junto com a equipe que cuida da criança. É necessário traçarmos planos para o
tratamento do autismo, de onde podemos chegar, para que todos caminhem na mesma direção.

Questione sempre o que está sendo planejado para a evolução do seu filho, caso você
seja pai ou mãe. Converse com o profissional que trabalha com seu filho – professor,
fonoaudiólogo, psicólogo – sobre o que é realizado e pensem juntos quais são os caminhos que
precisarão seguir e onde pretendem chegar.

Uma coisa importante para o tratamento do autismo: Se você não entender nada da
explicação que o profissional está dando, por ser uma linguagem técnica, pergunte novamente e
peça para dizer em outras palavras.

A meta do trabalho deve ser sempre atingir as expectativas para a idade e interagir com
os pares.

Sabemos que terapias funcionam efetivamente no tratamento do autismo. Elas são


baseadas em metodologias comportamentais, que têm como objetivos a eliminação de
comportamentos considerados inadequados e potencialização de comportamentos funcionais,
independência e autonomia.

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Como aplicar os programas comportamentais

Autora: Mayra Gaiato

Brincar é essencial para as crianças! As crianças com autismo precisam aprender a brincar
e não usar os brinquedos somente como forma de auto estimulação (só para alinhar, desmontar
ou explorar). Muitas vezes, a criança com autismo espalha os brinquedos e não usa com a função
para a qual ele foi feita, como jogar os blocos ao invés de brincar de construir, por exemplo.

Para que uma criança brinca?

É uma forma direta da criança representar seu mundo interno. Quando a criança com
autismo usa os brinquedos para fazer movimentos repetitivos, olhar brilhos e formas, sabemos
que ela está apenas “alimentando” a necessidade de estereotipias ou interesses restritos e não
adquirindo novos repertórios.

Brincar com a criança com autismo pode ser diferente. Elas apresentam déficit na
comunicação social – então é isso que precisamos ESTIMULAR!

Como fazer isso?

Etapa 1: Comece brincando do que a criança gosta. Siga a liderança e a iniciativa dela nas
brincadeiras. Mostre que você entende o que ela quer e que gosta da ideia que ela teve. Assim,
você vai conseguir começar a brincar com a criança com autismo.

Itens importantes:

• Fazer narrações com poucas palavras: 1 palavra para crianças não verbais, 2 palavras para
crianças que falam palavras soltas, 3 palavras para crianças que juntam palavrinhas e
assim por diante.

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• Fazer imitações do que a criança está fazendo.

• Eliminar distratores do ambiente.

• Usar muito sons engraçados e onomatopéias.

• Entender a idéia da criança e seguir a liderança do que ela quer fazer.

• Manter distanciamento confortável.

• Não dar demandas.

• Se antecipar para ajudar a criança no que ela quer realizar.

Etapa 2: Utilize atividades sensório-sociais preferidas – correr, esconder, jogar para cima,
serra-serra, etc.

Depois que a relação de confiança se estabelecer e a criança entender que é divertido


brincar com você, faça pausas incitativas para continuar a brincadeira. Espere a criança fazer um
ato comunicativo e continue a brincar.

O segredo é: Brincar sem esquecer dos princípios que estão sendo trabalhados na terapia.
Busque contato visual, reciprocidade, tenha como objetivo tirar sorriso da criança o tempo todo!

Etapa 3: Você vai começar a introduzir os programas comportamentais. Já utilizou as


técnicas das etapas 1 e 2 para fazer vínculo com a criança (durante 2 ou 3 sessões) e agora pode
começar a aplicar os objetivos. Sempre intercale as demandas do que vai pedir para a criança
fazer com as etapas anteriores.

Faça por um minuto o que a criança quer e depois faça um pedido que está na sua lista de
objetivos. Volte a fazer o que a criança quer por um minuto e depois peça outro objetivo e assim
por diante. Aqui você começa a fazer variações de idéias suas das brincadeiras. Suas variações
devem ser objetivos do programa da criança.

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Espere a criança entrar em uma atividade e siga a ordem: ela desenvolve um tema, você
segue a liderança por 1 minuto, depois dê uma variação (item do seu programa comportamental) e
fechamento da atividade.

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Autismo e o desenvolvimento da linguagem

Co-autoria: Pattyeli Dalmás e Mayra Gaiato

Uma das áreas comprometidas em uma pessoa que está no Espectro do Autismo é a
comunicação social, e a grande maioria das crianças com TEA apresentam atraso na fala - ou até
possuem a comunicação verbal desenvolvida, porém não a utilizam de forma funcional, ou seja,
elas falam palavras, mas não as empregam para a transmitir uma mensagem a outra pessoa ou a
fim de alcançar um resultado.

Uma criança com o desenvolvimento típico começa a organizar ao longo do seu primeiro
ano de vida as percepções, experiências e estímulos de linguagem que recebe, ao mesmo tempo
que desenvolve e treina a parte motora da fala, emitindo sons aleatórios. Então, ela passa a
perceber que os sons emitidos causam efeitos, trazem resultados e, aos poucos, seleciona os
sons que irá emitir para que esses resultados se repitam, assim como começa a relacionar sons
que ouve com as situações que acontecem ou com os objetos a sua volta.

Quando ela percebe que a emissão de determinados sons gerará determinados efeitos, ela
entende a função da linguagem. A fala é o resultado de todo esse processo de desenvolvimento
da linguagem e do entendimento de sua função.

Com um ano de idade é esperado que as crianças falem funcionalmente algumas palavras
de seu cotidiano.

As crianças no Espectro do Autismo têm dificuldade em perceber os resultados de suas


ações comunicativas e acabam tendo disfunções na fala.

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Não desenvolver a linguagem faz com que a criança não consiga se expressar, informar o
que deseja ou precisa, nem alcançar muitos de seus objetivos, prejudicando ainda mais a
socialização e a troca com as pessoas. Nesses casos, é muito importante que um profissional
especializado seja consultado para o início de um plano de intervenção. Mas, além disso, algumas
ações podem auxiliar a estimular o desenvolvimento da linguagem.

Ser comunicativo com a criança, mesmo que não tenha retorno dela. Falar com alta
frequência, mas de forma simples, narrando acontecimentos, nomeando objetos, fazendo pedidos
à criança, etc. – Neste ponto é muito importante utilizar uma linguagem simples para que a criança
consiga relacionar as palavras ao que ela está experienciando. Para isso, deve-se utilizar um nível
de complexidade pouco acima da linguagem que a criança possui, ou seja, se ela não fala, deve-
se utilizar poucas palavras por vez (uma ou duas), assim ela consegue relacionar o som da palavra
ao que está sendo indicado. Se a criança já fala algumas palavras, pode começar a associa-las
entre si ou com verbos, e assim por diante.

Estimular também a comunicação não verbal da criança. Para isso, é importante não
tentar adivinhar o que ela quer e sim incentiva-la a mostrar o que deseja com um olhar, gesto,
som, etc. e então dar imediatamente o resultado que ela espera, para que ela entenda que seu
sinal (sua comunicação não verbal) que gerou aquela resposta. Caso ela não emita sinal algum,
pode ser realizado um auxílio físico, ajudando-a a fazer um gesto, como apontar, e então
fornecendo o resultado, para que ela relacione o gesto à consequência. Nesse sentido, também é
possível criar situações que aumentem a oportunidade de comunicação, como oferecer duas
opções para que ela indique a que deseja ou entregar algo embrulhado para que precise pedir
ajuda para abrir, por exemplo.

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Exemplo de um Programa Comportamental


Co-autoria: Keli Santos e Mayra Gaiato

Imitação

Nome do cliente: (preencher com o nome da criança)

Objetivo do Programa: Ensinar a criança a imitar

Por que ensinar a imitar?

É importante que a criança observe o outro e copie os seus comportamentos, para


aumentar a chance de imitar um colega na escola, seus primos, entre outro. Com isso, ampliar seu
repertório social e contribuir com para apreender com menos estrutura e apoio.

Quando vamos a um restaurante, por exemplo, olhamos e imitamos as pessoas. Vemos


onde elas estão pegando os pratos, a comida e onde vão pagar. Com isso, economizamos energia
para resolver nossos problemas e temos uma maior chance de emitir um comportamento assertivo
naquela situação. Imitação social e autonomia estão diretamente interligadas.

Aprendemos muito observando e fazendo igual outras pessoas. Quando esse repertório
está adquirido não precisaremos mais ensinar tudo a ela, pois muitas coisas ela aprenderá
“sozinha”, ou seja, imitando.

Por essas e outras razões, a imitação será um dos focos de trabalho. Precisamos ampliar
esse repertório, pois ele ainda está muito limitado.

Para exercitar a imitação pediremos para a criança, “fazer igual” ao que estamos fazendo.
No início podemos utilizar de auxílios extras para que ela tenha sucesso na imitação. Com o tempo
esse comportamento será automático.

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Procedimento:

Respostas:

• Possibilidade 1:

Reforçar
A criança faz igual Registrar
IMEDIATAMENTE!

• Possibilidade 2:

Dar ajuda (apoio)


A criança NÃO
faz igual
seguindo hierarquia REFORÇAR Registrar
de dicas

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Sugestões do que pode ser trabalhado:

• Levantar os braços
• Dar tchau
• Bater Palmas
• Mandar beijo
• Mão na barriga, etc.

Lembrando:

Cada um dos movimentos deverá ser realizado 10 vezes, porém não na mesma ordem. Variar os
pedidos.

Caso a criança necessite de ajuda física, as imitações devem ser repetidas até que a criança
consiga realizar o comportamento sem ajuda. Porém, devemos nos atentar a não deixar a criança
dependente da ajuda. Diminuir a ajuda quando sentir um pouco mais de atitude da criança é
fundamental.

Hierarquia de Dicas/Ajuda para a criança realizar o que foi solicitado:

• Apoio Verbal: Pedimos para a criança fazer. Descrevemos exatamente o que queremos.
Deixar claro o antecedente.

• Ajuda Verbal + Gestual: Pedimos verbalmente o que queremos que a criança faça e
usamos nossas mãos para apontar ou mostrar o que ele deve olhar ou fazer, fazemos
gestos.

• Ajuda Física: Pedimos verbalmente e direcionamos o movimento com nossas mãos,


direcionando a criança até concluir a ação.

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Exemplos de Registros para Programas Comportamentais


Co-autoria: Keli Santos e Mayra Gaiato

Preenchendo as Folhas de Registro

Por que os registros são importantes?

Os registros são nossa base de dados mais eficiente para observamos a evolução
consistente do paciente e do que está sendo ensinado a ele. Muitas vezes quando a criança inicia
o tratamento os avanços são tão visíveis que todas as pessoas que estão em torno dessa criança
observam as evoluções consideráveis que ela vem desenvolvendo, inclusive nós mesmo
terapeutas, observamos esse tipo de evolução e ficamos muito felizes com esses resultados.
Porém, mesmo diante de resultados tão positivos necessitamos de dados diários de como esses
comportamentos estão se instaurando, além de dados sempre atualizados do que está sendo
trabalhado com essa criança, assim conseguimos entender como devemos elevar a aprendizagem
dessa criança cada vez mais.

Em outros casos, as evoluções podem se dar de maneira mais lenta, sendo mais difícil para
a criança aprender determinada competência. Para isso necessitamos dos registros que nos
auxiliarão a selecionar quais programas a criança responde melhor (seus pontos positivos) ou ainda
por que não está evoluindo (se está dependente de alguma dica, se ainda não esta preparada para
avançar para o programa mais refinado ou ainda se não tem os pré requisitos que determinada
competência exige para a realização daquele programa).

O que são as folhas de registro?

São folhas que nos permitem anotar diariamente determinados comportamentos que
queremos ensinar a criança para que a mesma aprenda e execute de maneira eficiente e
generalizada o que estamos a ensinar. Para que isso ocorra precisamos entender os tipos de folhas
e como devemos anotar em cada uma delas.

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1. Cada programa terá sua folha especifica que deve ser registrada todas as vezes que aquela
competência for trabalhada, seja de maneira lúdica (na própria brincadeira da criança) ou
em um ensino mais direcionado (realizado na mesa ou no chão).

2. Os registros podem se dar de maneira positiva ou (+) quando a criança acerta o que lhe é
pedido, de maneira negativa ou (–) quando erra o que lhe foi pedido ou ainda a correção do
item pedido.

Esta folha contém:

• Nome do paciente
• Programa que será realizado
• Data do programa
• (Em alguns casos) o estímulo que será usado - por exemplo o item que a criança está
apontando

Essas folhas são preenchidas sempre que necessitamos ensinar uma competência única a
criança como por exemplo: apontar, esperar, olhar quando chamada pelo nome, entre outros.
Nesses programas devemos aumentar o número de vezes que esse comportamento precisa ser
emitido pela mesma de maneira independente. Anotar o tipo de ajuda que a criança precisou
receber ou se ela realizou a tentativa de forma independente.

Registro do desfralde:

Os registros em relação ao desfralde são feitos de maneira simples onde registramos as


idas da criança ao banheiro e se ela fez xixi ou cocô no vaso quando a levamos ao banheiro. Esse
registro nos auxilia a dizer se a criança está conseguindo entender os passos do desfralde,
ajudando inclusive os pais e responsáveis pelas crianças a se organizarem melhor e aumentar o
intervalo de idas ao banheiro da criança ajudando a mesma a ter um controle melhor.

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ABA e Estratégias Naturalistas


Professores:
Mayra Gaiato e Dr. Rodrigo Silveira

Esse registro contém:

• Nome da criança
• Data
• Xixi (para pontuar se fez no momento que foi levada)
• Cocô (para pontuar se fez no momento que foi levada)

Lembrando que esses registros são base de dados para o plano de intervenção que é
elaborado diante das dificuldades ou atrasos que a criança apresenta, passamos para
comportamentos mais refinados a medida que a criança aumenta sua resposta sem precisar de
qualquer tipo de apoio (80% das vezes que pedimos, com pelo menos duas pessoas diferentes em
ambientes diferentes para promover generalização)

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