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APOSTILA DO CURSO
Introdução
TEA Autismo
• Dificuldade de entender a linguagem não verbal das outras pessoas, tais como as
expressões faciais, gestos, sinais com os olhos, cabeça e mãos.
• Movimentos repetitivos ou estereotipados com objetos e/ou fala. Por exemplo: Pegar
um carrinho, virar e girar a rodinha repetidamente, ao invés de brincar da forma
esperada; pegar bonecos e jogá-los ou colocá-los na boca, ao invés de montar uma
brincadeira criativa com eles.
Como cada indivíduo é único, as crianças com TEA podem apresentar nuances
diversas dentro destas características descritas acima.
ABA
ABA refere-se ao termo em inglês Applied Behavior Analysis e pode ser traduzido para o
português como Análise do Comportamento Aplicada.
Os objetivos são:
Quando realmente acreditamos no que fazemos e sabemos que funciona, insistimos mais.
Emitimos mais comportamentos em direção ao objetivo final e isso é comprovado.
Conceitos importantes:
Lembrar sempre da Análise Funcional de cada comportamento da criança. Por que ela faz
isso? O que desencadeia a resposta? Quais são as consequências que mantém?
Tratamento Individualizado
Esse modelo em indivíduos com autismo considera a criança um agente ativo dentro do
brincar. As atividades escolhidas para aquisição de novas habilidades estão relacionadas
diretamente com a motivação e escolha da criança e todas as tentativas são validadas até que se
chegue ao objetivo final. Dessa forma, o parceiro de jogo consegue incentivar e tem a
possibilidade de aumentar a frequência de um comportamento esperado ou espontâneo da
criança.
Todo esse processo ocorre de forma natural e com afeto positivo estimulando o “gostar” e
“querer” como recompensa social. O parceiro (ou terapeuta) tem como objetivo encontrar as
fontes de prazer da criança para que a interação se torne um reforçador da brincadeira.
O programa de intervenção do modelo Denver, têm uma criteriosa avaliação inicial através
de um curriculum que aborda as competências exigidas para a idade, e tem como base, o estudo
da trajetória do desenvolvimento de crianças típicas.
As escalas podem ser úteis para a população de professores que cuidam de crianças de
pouca idade e precisam de informações para identificar sinais e sintomas precoces, pois a
intervenção quanto mais cedo for, melhor para a recuperação das crianças.
A quantidade de crianças diagnosticadas com autismo está aumentando nos últimos anos.
Em 1980 a prevalência era de 1 criança em cada 10.000. Hoje está em 1 a cada 54 crianças.
Então, precisamos estar atentos!
A Childhood Autism Rating Scale (CARS), é utilizada como um dos testes para autismo
para distinção de casos de autismo leve, moderado e grave, além de discriminar crianças com
autismo daquelas com deficiência intelectual. Trata-se uma escala de 15 itens que auxilia na
identificação de sintomas de autismo e as distingue de crianças com prejuízos do
desenvolvimento sem autismo. É indicada para criança acima de 2 anos de idade.
É importante lembrar que os testes para autismo não substituem o diagnóstico, que
somente um médico especialista (preferencialmente psiquiatra infantil ou neuropediatra) pode
fazer.
Como cada indivíduo é único, as crianças com TEA podem apresentar nuances diversas
dentro destas características descritas nos testes para autismo.
Justamente por se tratar de um “espectro”, o autismo pode ter muitos sintomas diferentes
em uma pessoa e na outra. Não é real a crença que crianças com autismo não são carinhosas.
Elas podem ser sim, muito afetivas. Podem também olhar nos olhos.
Se procurarmos sintomas na internet, veremos que muitos a criança não tem. Isso pode
dar a falsa ilusão nos pais de negação, por encontrar sintomas que outras crianças apresentam e
seus filhos não. A dica aqui é buscar ajuda para os sintomas que a criança pode apresentar e que
são diferentes do esperado para o desenvolvimento na idade, independente de encontrar
sintomas semelhantes em outros.
• Check List ESDM – Ferramenta descrita no livro “Intervenção Precoce em Crianças com
Autismo” do Modelo Denver de Intervenção Precoce. São centenas de comportamentos
que podem ser testados e, a partir das “falhas” ou "não acertos" da criança, podemos
utilizar o item para virar objetivo e, com ele, montar o programa de intervenção da
criança.
Através dos comportamentos mensurados nos instrumentos, podemos comparar o que era
esperado na idade que a criança se encontra e, caso ela não realize, pegamos o item para
transformar em objetivo das sessões e montar o programa da criança.
Tratamento do Autismo
É importante que os pais e profissionais tenham metas e objetivos concretos, que devem
ser construídos junto com a equipe que cuida da criança. É necessário traçarmos planos para o
tratamento do autismo, de onde podemos chegar, para que todos caminhem na mesma direção.
Questione sempre o que está sendo planejado para a evolução do seu filho, caso você
seja pai ou mãe. Converse com o profissional que trabalha com seu filho – professor,
fonoaudiólogo, psicólogo – sobre o que é realizado e pensem juntos quais são os caminhos que
precisarão seguir e onde pretendem chegar.
Uma coisa importante para o tratamento do autismo: Se você não entender nada da
explicação que o profissional está dando, por ser uma linguagem técnica, pergunte novamente e
peça para dizer em outras palavras.
A meta do trabalho deve ser sempre atingir as expectativas para a idade e interagir com
os pares.
Brincar é essencial para as crianças! As crianças com autismo precisam aprender a brincar
e não usar os brinquedos somente como forma de auto estimulação (só para alinhar, desmontar
ou explorar). Muitas vezes, a criança com autismo espalha os brinquedos e não usa com a função
para a qual ele foi feita, como jogar os blocos ao invés de brincar de construir, por exemplo.
É uma forma direta da criança representar seu mundo interno. Quando a criança com
autismo usa os brinquedos para fazer movimentos repetitivos, olhar brilhos e formas, sabemos
que ela está apenas “alimentando” a necessidade de estereotipias ou interesses restritos e não
adquirindo novos repertórios.
Brincar com a criança com autismo pode ser diferente. Elas apresentam déficit na
comunicação social – então é isso que precisamos ESTIMULAR!
Etapa 1: Comece brincando do que a criança gosta. Siga a liderança e a iniciativa dela nas
brincadeiras. Mostre que você entende o que ela quer e que gosta da ideia que ela teve. Assim,
você vai conseguir começar a brincar com a criança com autismo.
Itens importantes:
• Fazer narrações com poucas palavras: 1 palavra para crianças não verbais, 2 palavras para
crianças que falam palavras soltas, 3 palavras para crianças que juntam palavrinhas e
assim por diante.
Etapa 2: Utilize atividades sensório-sociais preferidas – correr, esconder, jogar para cima,
serra-serra, etc.
O segredo é: Brincar sem esquecer dos princípios que estão sendo trabalhados na terapia.
Busque contato visual, reciprocidade, tenha como objetivo tirar sorriso da criança o tempo todo!
Faça por um minuto o que a criança quer e depois faça um pedido que está na sua lista de
objetivos. Volte a fazer o que a criança quer por um minuto e depois peça outro objetivo e assim
por diante. Aqui você começa a fazer variações de idéias suas das brincadeiras. Suas variações
devem ser objetivos do programa da criança.
Espere a criança entrar em uma atividade e siga a ordem: ela desenvolve um tema, você
segue a liderança por 1 minuto, depois dê uma variação (item do seu programa comportamental) e
fechamento da atividade.
Uma das áreas comprometidas em uma pessoa que está no Espectro do Autismo é a
comunicação social, e a grande maioria das crianças com TEA apresentam atraso na fala - ou até
possuem a comunicação verbal desenvolvida, porém não a utilizam de forma funcional, ou seja,
elas falam palavras, mas não as empregam para a transmitir uma mensagem a outra pessoa ou a
fim de alcançar um resultado.
Uma criança com o desenvolvimento típico começa a organizar ao longo do seu primeiro
ano de vida as percepções, experiências e estímulos de linguagem que recebe, ao mesmo tempo
que desenvolve e treina a parte motora da fala, emitindo sons aleatórios. Então, ela passa a
perceber que os sons emitidos causam efeitos, trazem resultados e, aos poucos, seleciona os
sons que irá emitir para que esses resultados se repitam, assim como começa a relacionar sons
que ouve com as situações que acontecem ou com os objetos a sua volta.
Quando ela percebe que a emissão de determinados sons gerará determinados efeitos, ela
entende a função da linguagem. A fala é o resultado de todo esse processo de desenvolvimento
da linguagem e do entendimento de sua função.
Com um ano de idade é esperado que as crianças falem funcionalmente algumas palavras
de seu cotidiano.
Não desenvolver a linguagem faz com que a criança não consiga se expressar, informar o
que deseja ou precisa, nem alcançar muitos de seus objetivos, prejudicando ainda mais a
socialização e a troca com as pessoas. Nesses casos, é muito importante que um profissional
especializado seja consultado para o início de um plano de intervenção. Mas, além disso, algumas
ações podem auxiliar a estimular o desenvolvimento da linguagem.
Ser comunicativo com a criança, mesmo que não tenha retorno dela. Falar com alta
frequência, mas de forma simples, narrando acontecimentos, nomeando objetos, fazendo pedidos
à criança, etc. – Neste ponto é muito importante utilizar uma linguagem simples para que a criança
consiga relacionar as palavras ao que ela está experienciando. Para isso, deve-se utilizar um nível
de complexidade pouco acima da linguagem que a criança possui, ou seja, se ela não fala, deve-
se utilizar poucas palavras por vez (uma ou duas), assim ela consegue relacionar o som da palavra
ao que está sendo indicado. Se a criança já fala algumas palavras, pode começar a associa-las
entre si ou com verbos, e assim por diante.
Estimular também a comunicação não verbal da criança. Para isso, é importante não
tentar adivinhar o que ela quer e sim incentiva-la a mostrar o que deseja com um olhar, gesto,
som, etc. e então dar imediatamente o resultado que ela espera, para que ela entenda que seu
sinal (sua comunicação não verbal) que gerou aquela resposta. Caso ela não emita sinal algum,
pode ser realizado um auxílio físico, ajudando-a a fazer um gesto, como apontar, e então
fornecendo o resultado, para que ela relacione o gesto à consequência. Nesse sentido, também é
possível criar situações que aumentem a oportunidade de comunicação, como oferecer duas
opções para que ela indique a que deseja ou entregar algo embrulhado para que precise pedir
ajuda para abrir, por exemplo.
Imitação
Aprendemos muito observando e fazendo igual outras pessoas. Quando esse repertório
está adquirido não precisaremos mais ensinar tudo a ela, pois muitas coisas ela aprenderá
“sozinha”, ou seja, imitando.
Por essas e outras razões, a imitação será um dos focos de trabalho. Precisamos ampliar
esse repertório, pois ele ainda está muito limitado.
Para exercitar a imitação pediremos para a criança, “fazer igual” ao que estamos fazendo.
No início podemos utilizar de auxílios extras para que ela tenha sucesso na imitação. Com o tempo
esse comportamento será automático.
Procedimento:
Respostas:
• Possibilidade 1:
Reforçar
A criança faz igual Registrar
IMEDIATAMENTE!
• Possibilidade 2:
• Levantar os braços
• Dar tchau
• Bater Palmas
• Mandar beijo
• Mão na barriga, etc.
Lembrando:
Cada um dos movimentos deverá ser realizado 10 vezes, porém não na mesma ordem. Variar os
pedidos.
Caso a criança necessite de ajuda física, as imitações devem ser repetidas até que a criança
consiga realizar o comportamento sem ajuda. Porém, devemos nos atentar a não deixar a criança
dependente da ajuda. Diminuir a ajuda quando sentir um pouco mais de atitude da criança é
fundamental.
• Apoio Verbal: Pedimos para a criança fazer. Descrevemos exatamente o que queremos.
Deixar claro o antecedente.
• Ajuda Verbal + Gestual: Pedimos verbalmente o que queremos que a criança faça e
usamos nossas mãos para apontar ou mostrar o que ele deve olhar ou fazer, fazemos
gestos.
Os registros são nossa base de dados mais eficiente para observamos a evolução
consistente do paciente e do que está sendo ensinado a ele. Muitas vezes quando a criança inicia
o tratamento os avanços são tão visíveis que todas as pessoas que estão em torno dessa criança
observam as evoluções consideráveis que ela vem desenvolvendo, inclusive nós mesmo
terapeutas, observamos esse tipo de evolução e ficamos muito felizes com esses resultados.
Porém, mesmo diante de resultados tão positivos necessitamos de dados diários de como esses
comportamentos estão se instaurando, além de dados sempre atualizados do que está sendo
trabalhado com essa criança, assim conseguimos entender como devemos elevar a aprendizagem
dessa criança cada vez mais.
Em outros casos, as evoluções podem se dar de maneira mais lenta, sendo mais difícil para
a criança aprender determinada competência. Para isso necessitamos dos registros que nos
auxiliarão a selecionar quais programas a criança responde melhor (seus pontos positivos) ou ainda
por que não está evoluindo (se está dependente de alguma dica, se ainda não esta preparada para
avançar para o programa mais refinado ou ainda se não tem os pré requisitos que determinada
competência exige para a realização daquele programa).
São folhas que nos permitem anotar diariamente determinados comportamentos que
queremos ensinar a criança para que a mesma aprenda e execute de maneira eficiente e
generalizada o que estamos a ensinar. Para que isso ocorra precisamos entender os tipos de folhas
e como devemos anotar em cada uma delas.
1. Cada programa terá sua folha especifica que deve ser registrada todas as vezes que aquela
competência for trabalhada, seja de maneira lúdica (na própria brincadeira da criança) ou
em um ensino mais direcionado (realizado na mesa ou no chão).
2. Os registros podem se dar de maneira positiva ou (+) quando a criança acerta o que lhe é
pedido, de maneira negativa ou (–) quando erra o que lhe foi pedido ou ainda a correção do
item pedido.
• Nome do paciente
• Programa que será realizado
• Data do programa
• (Em alguns casos) o estímulo que será usado - por exemplo o item que a criança está
apontando
Essas folhas são preenchidas sempre que necessitamos ensinar uma competência única a
criança como por exemplo: apontar, esperar, olhar quando chamada pelo nome, entre outros.
Nesses programas devemos aumentar o número de vezes que esse comportamento precisa ser
emitido pela mesma de maneira independente. Anotar o tipo de ajuda que a criança precisou
receber ou se ela realizou a tentativa de forma independente.
Registro do desfralde:
• Nome da criança
• Data
• Xixi (para pontuar se fez no momento que foi levada)
• Cocô (para pontuar se fez no momento que foi levada)
Lembrando que esses registros são base de dados para o plano de intervenção que é
elaborado diante das dificuldades ou atrasos que a criança apresenta, passamos para
comportamentos mais refinados a medida que a criança aumenta sua resposta sem precisar de
qualquer tipo de apoio (80% das vezes que pedimos, com pelo menos duas pessoas diferentes em
ambientes diferentes para promover generalização)