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A velhice e a última transição: a família perante a

morte
Família perante a morte
• Envelhecimento é um dos fenómenos com maior relevo dos últimos anos- uma
revolução demográfica silencioso
• Equilíbrios demográficos bastante alterados, nos países industrialmente
avançados
• Isto deve-se:
o Ao prolongamento progressivo do tempo de vida, devido aos avanços na
medicina e das condições de vida em geral
o Contração das taxas de natalidade

É visível que ao longo dos anos o aumento da taxa de envelhecimento

Existe cada vez mais gente a viver mais tempo, devia as condições serem muito melhoras
(alimentação, cuidados, saneamento, etc.) ao mesmo tempo que a população envelhece
menos bebes a aparecer

• Índice de envelhecimento: 2020- por cada adolescente menor que 15 anos existe
165,1 idosos
• Índice de envelhecimento na UE (2020): 137,2
• Índice atual em Portugal (2020): 165,1 (27,5 em 1960)
• Nos países da UE, varia entre os 180,9 em Itália (37,6 nos anos 60) e os 72,5 da
Irlanda (36,0 nos anos 60) – caso completamente à parte: em penúltimo lugar
surge o Luxemburgo com 91,1 (50,5 nos anos 60)
• O nosso índice é o 2º maior da EU

Envelhecimento
• Outras expressões para o envelhecimento
o Velhos, idosos, 3ª idade, senescência
▪ 3ª idade implica uma “idade de entrada”, que não é possível
delimitar
▪ Velho é utilizado muitas vezes como uma avaliação negativa,
correspondente a algo de que era capaz, mas já não é- “estou velho
para isto” - portanto, muitas vezes definido pelo que não se pode
fazer
▪ É visto como um fenómeno generalizado
▪ Ainda que não atinja a totalidade da pessoa ao mesmo tempo, afeta
a pessoa em todas as suas dimensões
▪ O seu estudo decompõe-se em categorias de analise
• Biológico- relativo ao funcionamento dos sistemas vitais
do organismo do ser humano
• Psicológico- aborda as capacidades de natureza
psicológica; inclui sentimentos, cognições, motivações,
memória e inteligência, entre outras
• Sociocultural- refere-se ao conjunto de papeis adotados,
comportamentos, hábitos, estilos de vida e relacionamento
interpessoais entre outros
• Embora determinadas variáveis apareçam circunscritas a uma ou duas categorias,
os fatores biológicos, culturais, sociais e psicológicos cruzam-se em cada pessoa
• Desta interação surgem as diferenças individuais na forma como cada sujeito vive
e envelhece

Representações sociais do envelhecimento


• A questão do poder económico
o Sinonimo de qualidade de vida
o Diminuição da capacidade produtiva
o Aumento da dependência e das necessidades
o Incapacidade de gerir a própria vida
o Tudo contrário ao que é desejável: o “bom funcionamento social”
• Idosos tendem a ser vistos pela negativa, em vez de serem valorizados pela
experiência e sabedoria acumuladas- vistos pelo corpo dora de forma
• Modelos impostos pela publicidade
o Exercício: procurar com idosos
o Tendem a ser também negativos
o Associados a produtos ligados a problemas de saúde: dentaduras,
fraldas…
o Associados a incompetência em lidar com objetos tecnológicos
o Não mostra os idoso enquadrados familiarmente
o Mostra os idosos como pessoas doentes que não tem contacto com pessoas
jovens e “sãs”
o Mesmo quando se aborda o idoso de uma forma positiva, parte-se da
negatividade da idade avançada, principalmente na mulher: “… não
obstante a idade”
o Ao darem a idade, é no sentido de não parecer ter a idade que tem
• A publicidade reflete a tendência social; tem tanto a ver com o aspeto como com
a linguagem utilizada
• Num estudo em 2007, em Itália:
o 35% dos italianos define-se como adolescente (5%) ou jovem (30%) mas
menos de 20% dos entrevistados tem menos de 30 anos
o 15% considera-se idoso, mas 23% dos entrevistados tem mais de 65 anos

Transições familiares
• Transição- passagens críticas da família
o Jay Haley apercebeu-se como alguns sintomas de um determinado
membro da família estavam ligadas às crises que acompanham as
passagens
• As passagens são um sinal da dificuldade da família em enfrentar a mudança, mas
também são momentos propícios para a transformação relacional
• Permitem o acesso à “família despida”
• O conceito de transição, na perspetiva simbólico-relacional, surge como elemento
cardinal
o A família é considerada um corpo vivo
o Todo o tecido simbólico que envolve a família não é visível no quotidiano,
mas torna-se mais palpável nas transições
• As transições poem a nu e à prova a qualidade das relações entre os elementos da
família
• Evidenciam:
o A estrutura relacional da família, com os seus pontos fortes e pontos fracos
o A forma como “atacam” a mudança
• Por relevarem e desafiarem o pacto relacional da família, as transições agitam toda
a organização e poem em discussão os equilíbrios
• A dificuldade da transição esta no facto de ser incerto, ambíguo e comportar
riscos, alem disso existe sempre um elemento de perda, condição dolorosa da
mudança
• No espaço (aqui) e no tempo (agora) dos intercâmbios familiares, emerge a
temporalidade longa que liga os elementos entre se no tempo (entre gerações)
• Os significados das ações inserem-se neste sentido complexo do laço (o aqui e
agora)
• P.e: aquando no nascimento o que acontece é que há uma serie de ações do dia-a-
dia que tentam inserir o recém-nascidos na história anterior (com quem é
parecido? Olhos, orelhas, cabelo, nariz, expressões…)
• As transições estão sempre marcadas por eventos específicos
• Transições-chave:
o Aquisição de um novo membro (casamento, nascimento, adoção)
o Perda de um membro (morte, divorcio, invalidez, falência económica)
o Relação com o mundo social (entrada na escola, primeiro trabalho)
o Outras não tao identificáveis ou típicas
• Mccibbin e Patterson (1983) falam de 3 tipos de estratégia de adaptação ativa:
o Evitamento- nega-se ou subestima-se o acontecimento, esperando que se
resolva por si
o Eliminação- consiste na tentativa de se desembaraçar, do que o
acontecimento traz, de forma a minimizar o significado de forma que não
tenham de mudar
o Assimilação- é a forma mais evoluída; a família aceita a mudança para
responder à nova exigência, mas a mudança deixa intacta a estrutura,
apenas mudam parcialmente os padrões de interação
• Olson ligou a forma de lidar com a transição ao tipo de funcionamento da família
o Famílias com alta coesão e adaptabilidade parecem superar com uma certa
facilidade as passagens de um ciclo para outro tem mais dificuldades em
superar as crises provocadas por eventos imprevistos
o Famílias com baixo nível de coesão e adaptabilidade estão particularmente
vulneráveis às mudanças do ciclo de vida em menor medida vulneráveis
aos eventos imprevistos
• Podemos considerar uma transição como um processo:
o Uma transição não é apenas a passagem de uma posição para outra; inclui
para todos os que estão envolvidos uma tarefa de desenvolvimento
▪ P.e: quando nasce uma criança, automaticamente os pais se tornam
pais- papel e estatuto
▪ Mas é algo em que se tornam também ao longo do exercício e da
aquisição de competências do novo papel e da nova relação

Família perante a morte


• Do ponto de vista organizacional da família:
o Há mudança quantitativas, ao nível dos tempos de vida e dos deveres
evolutivos
o Há mudanças qualitativas, dinâmicas e estruturais- cada vez mais há
famílias multi-generacioanais, com várias gerações adultas: (bis)avós,
filhos, netos (adultos)
• Consequência também disto, é a forma como se torna necessário introduzir uma
periodização diferente e mais articulada desta fase: surge a chamada 4ª idade, apos
os 15 anos
• Outra distinção: os chamados idosos jovens e idosos
• Ou seja, a última fase da vida tornou-se um período longo e complexo,
aumentando o tempo de bem-estar e de possível boa saúde e adiando o tempo de
decaimento psicofísico
• Portanto, entra-se nesta fase de forma mais gradual e permanece-se nela por vários
anos
• Significa que temos diversos eventos incluídos, que podem ser considerados
eventos indicadores de início da fase- ninho vazio, reforma, tornar-se avós- e de
fim de fase- doença e morte
• Ao nível do funcionamento familiar, há uma crescente diferenciação dos
percursos evolutivos, havendo várias transições e várias tarefas de
desenvolvimento das várias gerações
• Multiplicam-se os eventos críticos familiares, a nível geral:
o Os mais velhos enfrentam a doença, a experiência de serem avós, a viuvez
e a morte
o Os filhos confrontam-se com deveres e passagens cruciais e exigentes: da
constituição do casal à fase da família com adolescentes ou jovens adultos
• Transição caracterizada por:
o Processo de envelhecimento
o Passagem de uma posição central e autónoma para uma posição cada vez
mais retirada e dependente
o Simetricamente, a nova geração adulta ocupa a primazia geracional,
implicando assunção completa das responsabilidades de adulto
• Inclui:
o Assegurar os cuidados necessários, por parte da nova geração adulta, em
relação à geração precedente e à antecedente
• Percurso da transição:
o Para idoso, transmitir o património (inclui acolhimento e elaboração da
memoria familiar)
o Para os filhos, acolher esse património e transmiti-lo às gerações mais
jovens
• A transmissão dá um sentido de uma termino (morte) não total do laço com o
idoso
o A capacidade de sentir, reconhecer e cultivar um sentido de pertença
comum e o empenho a transmiti-lo às gerações mais novas permite-o
• Transição completa-se quando a nova geração conseguir interiorizar a presença
da primeira geração
• Morte é o elemento que domina
• Ativa sobretudo aspetos simbólicos, porque o idoso deia o lugar central que até
ali ocupava
• Constituída pela eventual morte do cônjuge, perda de centralidade relacional,
sentimento de vida plena e a morte do próprio idoso
• É um percurso com alguns eventos críticos: aposentação, viuvez, nascimento dos
netos e doença
Aposentação
• Primeiro sinal de abandono de centralidade
• É uma das tarefas da transição: investir em novas atividades
o Tem uma representação da situação exterior
o Tem uma representação psicológica
▪ Ligada ao distanciamento do mundo produtivo
▪ Perda do reconhecimento e valorização que uma colocação social
traz, passando a uma sensação de vazio e inutilidade
• Corresponde a um precursor do “retiro definitivo da vida”
• Representação psicológica
o Por outro lado, permite muito mais tempo livre
o Esse tempo livre, pelo tempo de vida que se tem prolongado, permite o
investimento em novas atividades
o Esse tempo livre sofre um desequilíbrio, já que se junta ao abandono de
rotinas consolidadas
• Atividades ligadas à generatividade social surgem como opção de ocupação
o P.e. voluntariado intergeneracional; mais raro é um empenho
intergeneracional, que corresponde à oferta de ajuda e suporte a outros
idosos
• Nesta altura surge a oportunidade para intensificar ou recuperar algumas relações
que se mantiveram como pano de fundo durante os anos mais empenhativos com
os seus filhos
o São particularmente significativas as relações entre irmãos, que se
“reeditam” e muitas vezes são uma segurança em situações de necessidade
e dificuldade
o A relação de amigos tem também uma valência importante na moral dos
idosos, visto que há algum paralelismo na vivencia da determinados
valores e partilhas da fase da vida em que se encontram
• A relação conjugal também evolui:
o O início da reforma de um ou de ambos inicia um desequilíbrio no casal,
devido a ritmos e divisões de tarefas consolidados há muitos anos
o Aumenta massivamente o tempo que o casal passa em conjunto, que
obriga a que o casal tenha de redefinir a sua relação, em termos de tarefas
e de espaço individual
o Concretamente, no âmbito do trabalho familiar torna.se o terreno concreto
e simbólico de negociação relativa à gestão dos espaços e do poder
conjugal- que se inicia na altura da saída dos filhos de casa

Nascimento dos netos


• Como vimos, ativa sobretudo aspetos simbólicos relativamente ao que resta da
vida da primeira geração
• Inclui a ambivalência da vida que termina e da vida que permanece e continua
• Na prática, corresponde a uma passagem de testemunho de responsabilidades e
obrigações entre gerações
• A tarefa passa por vigiar e transmitir o património familiar às novas gerações: o
património inclui as suas relações familiares, conjugais e parentais

Doença
• Uma das passagens mais críticas no percurso evolutivo da família, sobretudo nos
casos em que a doença é debilitante e invalidante
o Traz mudanças de ritmos e rotinas
o Coloca a família perante o significado do acontecimentos a prazo
o Simbolicamente significa a passagem da “primeira frente” para a segunda
geração
• Para o idoso, a doença
o Funciona como reconhecimento consciente e definitivo do seu
envelhecimento. Por sua vez, leva a uma busca de equilíbrios e
compromissos:
▪ Entre evolução e regressão
▪ Entre desespero e esperança
▪ Entre mortificação do sei declínio e salvaguarda da sua dignidade
• O idos doente apresenta duas evidencias de necessidades crescentes
o Uma passa pela necessidade de dependência física, que passa pela ajuda
de que necessita em situações concretas do dia-a-dia
o A outra passa por manter uma identidade adulta e uma autonomia típica
do adulto, no que diz respeito às relações de intercambio recíproco, não
imposto
• Nos casos em que a doença surge ainda com o cônjuge vivo, a vivencia da doença
é menos complexa as longa convivência e disponibilidade do companheiro, a
partilha da condição (entram ambos na transição) tornam mais fácil a aceitação de
dependência
• É mais complexo articular os aspetos de dependência e de independência entre
pais e filhos os pais deverão aceitar que terão de vir a depender dos seus filhos; os
filhos deverão que aceitar que terão de conviver com a dependência cada vez
maior dos seus pais
• Tarefa de desenvolvimento, aceitar a ajuda e oferecer suporte, respetivamente de
pais e filhos
• Há inversão de papeis entre pais e filhos?
• Não há uma inversão total de papeis, já que o papel de experiência e história
familiar mantém-se sempre com o idoso
• Apesar de colocar à prova as relações familiares, pode acabar por resultar em
crescimento
o A doença é muitas vezes vista como uma oportunidade de resolver
conflitos antigos
o Pode servir também como motivador para a transmissão intergeracional
• A doença coloca ainda perante a necessidade de ativar relações especificas com
instituições sociais externas
o Não são relacionamentos simples e lineares
o A possibilidade de recorrer parece ser determinada por variáveis internas
da família, que tem mais a ver com a significação da doença do idoso do
que com questões de organização e de qualidade dos serviços prestados

Viuvez
• Em caso de viuvez, há uma tarefa de desenvolvimento própria, aceitar essa morte
e preparar-se para a sua própria morte
• Os filhos têm como tarefa encarar a morte não como uma interrupção total, mas
antes como uma herança a acolher
• Por norma, um dos cônjuges vive mais tempo
o Um enfrenta a morte mais cedo
o O outro terá de enfrentar alguma solidão, tendo de contar com os filhos
• Os homens viúvos tendem a procurar mais frequentemente outra mulher, para
responder sobretudo a necessidades de cuidados e de companhia
• Esta escolha cria muitas vezes reações negativas nos filhos, o que provoca conflito
no idoso, entre a sua liberdade de escolha e o vínculo dos laços familiares
• Evento extremamente doloroso que pode provocar sensação de vida vazia e sem
significado pode provocar uma crise de identidade
• Que se pode fazer para ajudar a vivencia do idoso?
o Partilhar a experiência com a família ajuda a enfrentar a desorganização e
é a resposta relacional à brusca passagem à viuvez
• Portanto, esta é a primeira tarefa: dividir o sofrimento e aceitar que cada familiar
a exprima segunda a sua própria modalidade
• Depois da fase de desorganização, as famílias têm como tarefa reorganizar-se e
de adequarem os seus objetivos à nova realidade relacional
o Há aqui um desenvolvimento familiar, no sentido de utilizar o “cuidado
da recordação”, que corresponde à evocação conjunta da família de
episódios vividos em conjunto- permite ligar passado e presente e permitir
que alguém que está longe fique mais próximo

Família perante a morte


• Como é que a família lida com tudo isto?
o O idoso pode conseguir encontrar uma nova função em que seja útil à
família
o Outras vezes, a família precisa de encontrar alguém que cuide do idoso
▪ Este evento constitui um período de crise que precisa de ser
resolvido, conforme foi visto

A transição para a (grã)parentalidade


Mudanças culturais
• Esta transição tem sofrido alterações; há 4 alterações importantes:
o Ter filhos tornou-se ter filho
▪ Sobretudo no sul da europa o índice de fertilidade esta em mínimos
histórias (cerca de 1,42/mulher em Portugal- 2019). O valor era de
2,25 no inico dos anos 80 e de 1,57 no inico dos anos 90
o É-se pai/mãe cada vez mais tarde- 30,5, anos em média na mulher
(2019). O valor era 23,6 anos no início dos anos 80 e 24,7 anos dos anos
90
▪ cada vez mais se adia o nascimento dos filhos ou se escolhe não os
ter
▪ cada vez mais conjugal e parental são exercícios diferentes:
antigamente era visto como um exercício garantido decorrente do
casamento
o É um evento cada vez mais escolhido
▪ Sabemos hoje como programar, impedir, ajudar a conceber
▪ Torna-se mais produto da vontade do casal
▪ Mudanças psicológicas no processo:
• Antigamente estava associada incerteza e repentismo
• Hoje temos controlo quase “omnipresente” e de rebeldia
contra o destino
o Por ser uma escolha dos pais, o filho torna-se facilmente uma forma de
o adulto se realizar
▪ Filho escolhido pode estar “condenado” a grandes expectativas
▪ Há o risco de vir a ser um modo de realizar os pais em vez de ser
um valor autónomo por si (valor da pessoa) - o problema da posse

Objetivo da transição
• Erickson fala em diversas formas de cuidado que qualificam o desenvolvimento
pessoal de cada um ao longo da vida:
o Inicio da adolescência- preocupação com fazer e em ser
o Adolescência- desenvolve- se o interesse pela relação
o Vida em conjunto- desenvolve-se a capacidade de gerar
• O objetivo da transição é o desenvolvimento por parte do casal, da capacidade de
gerar- inclui a capacidade de se preocupar e de ter os cuidados necessários com
quem foi gerado
• Mais concretamente, passa pela assunção da responsabilidade parental conjunta
• Dito de outra forma, o casal dá origem e desenvolve um pacto parental (cuidados
responsáveis): liga-se, mas distingue-se do pacto conjugal
• Uma vez mais, este pacto não se desenvolve de forma automática; precisa de
tempo e de energia
• O filho é de fruto do eixo intergeracional e fruto da relação de casal, mas
transcende ambos: reconhecimento de um espaço de pensamento e de ação
próprios

Tarefas de desenvolvimento (transição para a parentalidade)


• As tarefas dividem-se em 3 níveis em relação ao tipo de laço que temos em conta:
o Relacionamento com o filho
o Relacionamento com o parceira
o Relacionamento com as famílias de origem
• Os níveis da relação são qualitativamente diferentes:
o Com o filho existe assimetria- pode ser difícil a aquisição desta assimetria
o Com parceiro e famílias de origem existe uma base de reciprocidade
• A ter em atenção que a divisão dos níveis das tarefas não é natural, estão todos
entrelaçados e são inseparáveis; um influencia os outros
• O inico da transição é o momento da conceção
o Nesta transição o início é delimitado temporalmente: definido p0elo
período de tempo entre a noticio da conceção e o nascimento da criança
• Ruble e Seidman (1996) afirmam tratar-se de um inico lento e prolongado no
tempo, onde os aspetos motivacionais jogam um papel importante no sucesso da
transição
• Diversos autores afirmam que a transição tem maior probabilidade de sucesso
positivo em pais altamente motivados que desejam o filho
o Conseguem mais facilmente um espaço mental adequado para a criança e
enfrentar as mudanças com maior confiança e competência
• A primeira tarefa é a divisão e negociação entre o casal das modalidades com que
irão acolher e dar espaço à criança
• É uma espécie de inscrição do neonato na história da família
o A família é chamada a reconhecer e a introduzi-lo na própria vida e a
reconhecê-lo como sujeito com plenos direitos familiares
• Obstáculos na assunção da parentalidade:
o Conflitos sobre quem deve assumir determinada responsabilidade
o Atribuição de culpas ao outros
o Incapacidade de comportar-se como pai ou mãe no confronto com os
filhos (sentido de uma relação demasiado permissiva ou demasiado
autoritária)
• A transição não é só a assunção de um papel; é também a aquisição de uma nova
relação
• A forma como se assume a identidade parental tem influência cultural: quanto
mais autorreferenciados estiverem, mais difícil será gerir um evento que traz
fortes desequilíbrios da vida conjugal
• De inico existe um desequilíbrio de “fardos” e do prazer dos cuidados sobre a
figura materna: é um laço particular que se cria entre mãe e filho e da inadequação
do casal na divisão das tarefas
• Mães com empenho nos cuidados à criança maior do que previam:
o Manifestam sinais de insatisfação e descrevem a relação com termos mais
negativos do que mães cuja experiência esta de acordo com as
experiências
• Não é o(a) (falta de) empenho que leva à insatisfação, mas a violação das
expectativas: os casais mais tradicionais adquirem aqui alguma vantagem por
causa da divisão de tarefas
• Os dados dos estudos indicam que a tarefa decisiva para dar vida à aliança parental
é a negociação das responsabilidades recíprocas e a implicação nos cuidados em
função das expectativas
• As experiências têm a ver diretamente com a cultura em que os pais estão
inseridos
• A co-divisão não é vista como a divisão em dois das tarefas, mas com o sentido
de igualdade no empenho que sustenta o pato parental
• A negociação inicial acerca da gestão e organização da vida familiar, com o
tempo, inclui a definição da dimensão central no relacionamento educativo (ou
seja, definição dos estilos parentais)
• O estilo parental não significa comportar-se sempre da mesma maneira, mas
maturar um estilo de relação que permita ao filho experienciar continuidade na
ação educativa
• Atualmente, a este nível, a divisão de papeis é diferente da de há alguns anos atras:
o Os estilos parentais de ambos não são rigidamente ligados aos papeis
masculino ou feminino
o As matrizes paternais e maternais não são exclusivas
• Esta situação também comporta riscos: pode acontecer a não assunção por parte
de um dos dois da parte ética da relação (por exemplo a nível de
responsabilidades)
o Isso leva a que não existam, para o filho, os dois polos (ético e afetivo)
• Outro risco pode ser a falta de atenção do casal na diferença de género dos
próprios filhos
o A tendência educativa é de reduzir a diferença entre géneros, dando
uniformidade e igualdade
o O relacionamento pode vir a tornar-se igual, perdendo a especificidade
• Indicadores de existência do pacto parental:
o Estilo parental onde os pais saibam legitimar-se na sua função e saibam
enfrentar o erro e gerir a dúvida
o O prazer que os pais têm em interrogar-se e em procurar respostas para o
que os filhos fazem e dizem (por ser um diálogo que parte da tentativa de
se identificar com o filho e os seus problemas de crescimento
• O pacto acaba por falir se:
o Se quiser impor uma modalidade educativa em si justa, mas da qual se é o
único portador
o Quando um dos dois pais foge ao dever educativo
• Parentalidade e conjugalidade:
o Há mudanças profundas na conjugalidade; o filho é um desafio
o O nascimento pode ativar recursos pessoais e relacionados que ajudam a
consolidar a identidade de casal
o Por outro lado, pode trazer obstáculos e até fraturas na relação
• Os estudos indicam claramente uma complexidade e interdependência entre a
dimensão conjugal e a dimensão parental
• Indicam também que existe um período de crise no relacionamento do casal
o É uma crise evolutiva no sentido de uma reorganização, seja a nível de
disposição de cada um, seja do equilíbrio relacional
• Esta crise traz insatisfação em relação ao laço do casal?
• É controverso:
o Há estudos que indicam que sim: o nascimento traz um declínio da
qualidade da relação conjugal (Cowan, 1985; Kurdek, 1993; Crohan,
1996)
o Outros indicam que não: o nascimento traz gratificação e consequências
positivas à relação conjugal (McDermid, Huston, McHale, 1990)
• Huston e Vangelisti têm uma visão mais conciliadora:
o Há casais que melhoram ou que tem incidência mínima na sua relação
o Noutros, ainda, uma incidência mínima
o O impacto vem de diversos fatores; um dos mais evidentes é o tipo de
divisão de papéis
• Em geral, observa-se a seguinte sequencia de comportamentos:
o Fase inicial entusiasmante, com efeito novidade e proximidade de pais e
amigos, que ajuda na aquisição do papel parental
o Período de menor satisfação conjugal, nomeadamente na vida sexual,
enquanto cresce o bem-estar em relação ao papel parental
• O laço conjugal adquire novas valências:
o Diminuem os aspetos típicos de “companheirismo”
o Emerge, ao mesmo tempo, o sentido de pertença e de envolvimento num
projeto comum, uma “parceria”
• A alteração da perceção e definição do laço conjugal podem preceder o
nascimento
o O projeto em si pode ter consequências na qualidade da relação do casal
• A forma complexa como conjugalidade e parentalidade estão entrelaçadas requer
do casal a sua própria redefinição
o Objetivo de equilibrar os aspetos da nova dimensão parental com o aspetos
do laço conjugal
• A dinâmica de casal cruza-se com o papel parental, mas é sempre um subsistema
familiar autónomo:
o Onde requerida a gestão de recursos e de conflitos
o Onde existem afetos, entre o casal, independentemente da relação com o
filho
• O desafio torna-se saber criar distâncias em relação aos filhos de forma flexível
o A centralidade no filho, ao nível de atenção e afetividade nos primeiros
tempos de vida é algo positivo
o Mas caso se trone a modalidade preferencial, afasta o casal da dimensão
conjugal
• Efeitos de afastamento da dimensão conjugal:
o Dificuldades de aquisição de autonomia por parte do filho (por ter poucas
dificuldades para enfrentar)
o Empobrecimento do mundo afetivo dos cônjuges
o Presença excessiva da mãe
• Estes efeitos mantêm-se mesmo quando os filhos já não necessitam do dever de
cuidado dos pais
o O casal aqui vive o síndrome de ninho vazio e tem dificuldade em renovar
o pacto conjugal
o Síndromo é um desafio à capacidade de adaptação e bem-estar do casal
• Equilíbrio conjugal-parental é delicado, sobretudo na família contemporânea:
o Caracterizada por elevadas expectativas e grandes exigências de suporte
na relação com o parceiro; e por grandes investimentos emotivos nos
filhos
o As dificuldades acentuaram-se porque hoje as duas funções são separáveis
e antigamente vivia-se sobretudo para a parentalidade
• Os deveres para criar empenhava grande parte da vida dos cônjuges porque a
esperança de vida era bastante menor
o Quer dizer que há espaço muito maior de tempo para se viver o síndromo
de ninho vazio
• A diferença que cada cônjuge deve reconhecer e respeitar no outro acentua-se com
os novos papeis:
o Cada um é chamado a suportar o outro na aquisição do papel parental,
respeitando o deu modo de ser e de viver a função parental
o Quanto maior a confiança de que o outro se vai tornar um bom progenitor,
melhor conseguirão ambos enfrentar a complexidade emotiva e ética do
evento
o Conseguirão, assim, enfrentar as ambivalências que todo o processo traz
• Muda também a linguagem corporal (ordem espacial)
o O olhos nos olhos, estar abraçado ou dar as mãos passa-se a um simbólico
dar a mão nos cuidados ao filho
o O mundo relacional, com o filho é mais rico, mas tem maiores riscos ao
nível relacional
• O risco é a recordação de como se era como filho e as relações vividas enquanto
filho:
o Ativa-se ou uma identificação com o próprio filho ou uma identificação
com os próprios pais
• Efeitos transgeracionais da transição:
o Ao nível da relação com as famílias de origem:
▪ Oportunidade para estabelecimento de uma relação
maioritariamente paritária
o Os novos pais:
▪ Ao experienciarem a paternidade podem enriquecer o
relacionamento e permitir 8uma maior compreensão mútua

Transição para a grã- parentalidade


• Nascimento dos netos introduz uma nova dimensão temporal- o tempo que resta
para viver
• Introduz o sentido do limite e da morte (normalmente inconsciente):
o É uma forma “doce”, não é dramática e permite a introdução da
hereditariedade de uma forma positiva e esperançosa
• Por outro lado, permite também renovar a vida da família e é um baluarte contra
o efeito disruptivo da morte (a família continua
• É uma forma nova de geratividade em que responsabilidade e empenho estão
separadas pela distância geracional
• A afetividade pode jogar um papel de primeiro plano, gratificante para avos e
netos
• Os avós também têm tarefas de transição: dar apoio à aquisição da parentalidade
dos seus filhos
o Segundo Erickson, passa pelo desenvolvimento de uma geratividade não
narcisista, voltada para o desenvolvimento das potencialidades do outro
(filho ou neto), em vez de direcionada para a sua própria realização
o O apoio pode ser o reconhecimento da competência parental do filho
▪ Pode ser também ajuda em problemas organizativos
• Entre o casal de avós, deve-se recalibrar a distância com os filhos:
o Há uma presença muito próxima e participava no período sucessivo ao
nascimento
o Deve-se passar para uma “intimidade à distância” nas fases seguintes, de
reorganização familiar
o Caso seja feito da melhor forma, o laço intergeracional torna-se um grande
recurso na transmissão da função gerativa e no exercício do pacto parental
• Casais que tenham com uma presença adequada das famílias de origem:
o Maioritariamente conseguem lidar com os desafios que a parentalidade e
a conjugalidade apresentam
• Qualidade das relações ao nível intergeracional parecem desenvolver uma função
eficaz de suporte no confronto do casal, sobretudo nas primeiras fases da
transição:
o Cria-se um clima de fusão entre as duas gerações adultas
o O que mostra claramente o valor familiar do filho e a ajuda o casal a gerir
as mudanças num contexto de suporte e positivo
• A mulher sente mais este sistema relacional:
o Pode acontecer que pelo fato de sentir alguma dificuldade com a família
de origem, também venha a sentir dificuldade na relação conjugal; é um
sistema de “coerência relacional”
• O homem consegue compartimentar as relações
• Quando a mulher sente algum tipo de desequilíbrio, mais depressa usa a família
de origem como recurso
• A um nível geral, o laço com a família de origem representa um afronte subtil de
ambiguidades para os novos pais; tanto se torna um suporte importante como um
novo perigo
• Por um lado, significa um suporte muito relevante, com sacrifício por parte dos
avós, nos cuidados aos filhos
o Muito usual em culturas como a portuguesa, espanhola e italiana (sul da
europa)
• Por outro lado, por se continuar na orbita da família de origem, a procura de
equilíbrio da família de origem com a “saída do ninho” pode levar à tentativa,
inconsciente, do preenchimento dessa lacuna com o próprio filho-
restabelecimento do equilíbrio familiar
• Ou seja, a distância e diferenciação co0nstruídas na transição para a idade adulta
podem sair enfraquecidas e passar.se de família alargada a família extensa
• Nesta fase é importante o tipo de vinculação e o comportamento dos pais:
o Uma presença demasiado pressionante pode provocar uma postura de
desconfiança em relação à própria capacidade de se ser pai/mãe
o (dai a necessidade de redefinição das distâncias de avós para pais)
• É importante que os avós saibam encontrar um equilíbrio entre o desinteresse e a
invasão

Em suma:
o A transição para a parentalidade implica a construção de um identidade
parental, sabendo diferenciar-se e distinguindo-se da família de origem
o Essa distinção pode-se inscrever num continuum com dois polos: transição
difícil e transição aparente
• A transição para a parentalidade é uma etapa importante na distinção da nova
família e dá origem a um continuum onde se localizam os resultados da passagem:
o Na transição difícil temo0s as situações em que o casal exprime no
exercício das funções parentais uma fratura com a sua família de origem
▪ O estilo parental estabelece-se por contraposição com a dos seus
pais
▪ Neste caso o casal não é capaz de conseguir referencias positivas
de identificação e tenta construir uma história familiar totalmente
nova
▪ Casais que tenham uma história de família considerada infeliz (p.e.
injustiça), tentam redimir-se com o filho de forma a provar-se
como melhores pais do que os que tiveram
• Como consequência na relação com os filhos, surgem:
o As expectativas rígidas
o Negação de aspetos de dificuldade presente e redução ao mínimo o
contacto com a família de origem, com ilusão da criação de uma família
totalmente nova
• O polo oposto (transição aparente) é caracterizado pelas situações nas quais o
casal tende a pôr em prática uma repetição da história familiar
• Neste caso o nascimento não altera a hierarquia já consolidada e há uma certo
imutabilidade da organização familiar
• O casal não é capaz de mediar a sua própria história e o laço com as famílias de
origem e o passado determina o tipo de função parental
• São transições adequadas aquelas em que o casal tem uma visão critica da sua
própria historia familiar e é capaz de se distinguir dessa história
• O casal é capaz de não aceitar ou negar o laço familiar sem critério; é capaz de
aceitar o que considera bom e de estabelecer as próprias regras familiares

A relação entre avós e netos. Efeitos no


desenvolvimento vocacional, nos significados
atribuídos ao trabalho e no autoconceito académico
Enquadramento concetual
• Família tem passado por várias mudanças, fruto de mudanças demográficas
o Descida taxas de natalidade
o Incorporação da mulher no mercado de trabalho
o “verticalização da família”
o Maior esperança media de vida
• Esta alteração tem mudado relações familiares, nomeadamente no que diz respeito
aos avós
• Diversos estudos apontam um número de variáveis associadas à relação entre avos
e netos, sem grande consenso (linguagem, distancia, sexo, meio de residência,
frequência de contacto, estado profissional, número de netos, papeis dos avos,
estado civil dos avos, divorcio, formação dos avos, religião, saúde dos avos, idade,
morte de um dos avós)
Desenvolvimento vocacional
• Enquadramento contexto e bioecológico- fatores individuais e interindividuais
• Influencias familiares na exploração vocacional e na escolha vocacional
• Desenvolvimento vocacional favorecido nos caso em que a família consegue
alternar apoio e desafio, tenha comunicação aberta sobre os problemas familiares
e que garanta suporte emocional dos filhos
Significados atribuídos ao trabalho
• Centralidade do trabalho tem efeitos na importância para a pessoa
• Mudanças familiares derivadas da entrada da mulher no mercado de trabalho
• Há influencia familiar na construção de significados culturais, sociais e históricos
partilhados/ interpretados pela comunidade de origem
Autoconceito académico
• Dimensão do autoconceito geral
o Impacto da família na sua construção
o avaliações do adolescente por parte dos vários membros da família
o suporte emocional e social familiar
o concordância positiva e negativa dos pais em relação às expectativas dos
filhos
Portanto
o Desenvolvimento individual influenciado pelas dinâmicas e
características familiares
o Variáveis do desenvolvimento adolescente imersas na realidade/dinâmica
familiar
o Avós com influência direta de transmissão (generatividade social) e
indireta (através do que foi ensinado aos pais)

Estudos de investigação
Metodologia

Objeto de estudo
• Compreender as perceções que a díade composta pelos avós mais significativos e
respetivos netos têm da sua relação e a sua influência em dimensões do
desenvolvimento dos netos
o No desenvolvimento vocacional
o Na construção de significados de trabalho
o No autoconceito académico

Objetivos específicos

a) Compreender como as perceções da díade se relacionam com variáveis de


desenvolvimento indicadas e verificar se existem diferenças nas variáveis sexo
dos avós e netos, frequência de contacto, atividades partilhadas, linhagem e
doença dos avó
b) Adaptar a Escala de Significados da Grã-Parentalidade nas versões para avós e
netos à população portuguesa e validar o modelo conceptual através da Análise
Fatorial Confirmatória
c) Prosseguir os estudos do aperfeiçoamento das qualidades psicométricas da Escala
de Exploração e Investimento Vocacional

Hipóteses - Espera-se que:

• Os netos e netas manifestem preferência pelos avós maternos, mais


especificamente, pelas avós maternas
• Haja diferenças de sexo nos avós e netos na frequência de contacto e nas
atividades mantidas pela díade
• Haja diferenças no tipo de atividades mantidas, conforme a frequência de contacto
• Haja diferenças na frequência de contacto, conforme a linhagem dos avós

Questões de investigação

• Haverá influência das perceções da díade nas dimensões dos significados do


trabalho, do desenvolvimento vocacional e no autoconceito académico?
• Haverá influência da frequência de contacto nas dimensões da grã-parentalidade?
• Os significados do trabalho dos netos sofrerão influência do sexo, linhagem e
frequência de contacto com o avô/avó escolhido/a?
• Haverá influência dos avós no desenvolvimento vocacional e no autoconceito
académico dos netos?
Procedimento

• Pedidos de autorização às escolas e consentimento informado aos pais


• Por impossibilidade de conciliação de horários, recorreu-se à ajuda de um
professor e de uma psicóloga de uma das escolas
• Instrução aos alunos: responder à ESPG-N em relação ao avô/avó com quem
mantêm maior contacto
• Pedido aos alunos que levassem o dossier para o/a avô/avó escolhido/a

Amostra

• 268 díades recolhidas por conveniência e pouca aleatoriedade


• netos 12 – 16 anos | média = 13,25 DP = 1,016 | ♂ - 45,1% ♀ - 54,9%
• avós 52 – 90 anos | média = 70,37 DP = 7,482 | ♂ - 23,3%; ♀ - 76,7%

Estudos de investigação

Escolhas feitas pelos netos


Resultados

Significados da Grã-Parentalidade | Sexo

• Avós percecionam maior C. Mútua com as netas


o Educação das netas voltada para a relacionalidade e afetos, podendo ser
vistas como permitindo maior proximidade; estudos reportam maior
intimidade com os avós
• Netas percecionam maior Indulgência com os avós
o Menor C. Mútua com os netos, poderá levar a maior imposição de
disciplina; netas mais predispostas para comportamentos “mais
adequados” – desnecessária imposição de disciplina

Significados da Grã-Parentalidade | Avós | Sexo

• Esperava-se que V. Passado estivesse mais ligada aos avôs, mas não acontece
• Diferenças de sexo a esbater-se e busca dos avôs de experiências mais próximas
dos netos

Significados da Grã-Parentalidade | Avós | Linhagem: Sem diferenças na linhagem

Significados da Grã-Parentalidade | Netos | F. Contacto

• Quanto maior o contacto, maior o sentimento de compreensão


o De acordo com a literatura: quanto maior o contacto, mais atividades e
maior facilidade em estabelecer a relação
• Fins de semana e mensal sem diferenças - ritualização do contacto como
obrigação

Significados da Grã-Parentalidade | Avós | F. Contacto


• Compreensão Mútua
o Maior contacto gera maior confiança mútua, mas num padrão diferente
o Frequência diária e semanal sem diferenças; fins de semana e mensal sem
diferenças
o Poderá indicar maior sentido de continuidade da relação do que os netos
percecionam
• Sem diferenças significativas
o Ligação ao Passado
▪ Característica inerente à forma como avós se percecionam e são
percecionados
o Indulgência
▪ Papel percecionado por avós e netos não passa pela imposição de
disciplina
Actor-Partner Interdependence Model

• Modelo com efeitos moderados: valores de correlação não muito elevados;


valores de variância explicada entre os 3% e os 6%
• Apenas na Compreensão Mútua existe um efeito Actor-Partner - com o
Autoconceito Académico
• Influência da Ligação ao Passado sobre variáveis associadas ao trabalho e futura
profissionalização

Principais contributos
• Significados da Grã-Parentalidade associados à frequência de contacto
• Frequência de contacto, relativamente ao sexo e à linhagem, não esclarecida e
necessitada de estudos futuros
• Modelo Actor-Partner indicador da necessidade de exploração futura na temática
e de outras variáveis além das abordados nestes estudos

Principais limitações
• Apesar de aceder a uma realidade familiar, segmenta a díade dessa mesma
realidade
• Apenas utilizada metodologia quantitativa
• Questões com a amostra: autoadministração dos avós e instrução de escolha dos
avós; reunidos por conveniência
• Generalização dos resultados: valores das Manovas e participantes da mesma área
geográfica
• Modelo APIM não permite que nenhuma variável seja causa e efeito ao mesmo
tempo

Desafios futuros
• Prosseguir o desenvolvimento da ESGP
• Desenvolver estudos com metodologias mistas
• Alargar os estudos a todo o país
• Aceder diretamente às díades
• Alargar os estudos a toda a família
• Prosseguir o estudo do modelo APIM que apresenta indicadores a desenvolver e
a explorar
• Decorrentes dos resultados da APIM
o Será que os avós não se percecionam nem são percecionados como atores
do desenvolvimento dos netos? Continuarão a ter os pais esta
centralidade?
o Será que o papel dos avós se circunscreve a ser os guardadores
instrumentais dos netos, pela ausência forçada dos seus pais?
o Será que há influência da baixa escolaridade e do baixo nível
socioeconómicos dos avós?

Implicações para a intervenção


• Consultoria a (novos) pais e a (novos) avós
• Estruturação de estratégias de apoio aos avós e às famílias
o Grupos de apoio
o Escola de avós
o Escola de pais

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