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morte
Família perante a morte
• Envelhecimento é um dos fenómenos com maior relevo dos últimos anos- uma
revolução demográfica silencioso
• Equilíbrios demográficos bastante alterados, nos países industrialmente
avançados
• Isto deve-se:
o Ao prolongamento progressivo do tempo de vida, devido aos avanços na
medicina e das condições de vida em geral
o Contração das taxas de natalidade
Existe cada vez mais gente a viver mais tempo, devia as condições serem muito melhoras
(alimentação, cuidados, saneamento, etc.) ao mesmo tempo que a população envelhece
menos bebes a aparecer
• Índice de envelhecimento: 2020- por cada adolescente menor que 15 anos existe
165,1 idosos
• Índice de envelhecimento na UE (2020): 137,2
• Índice atual em Portugal (2020): 165,1 (27,5 em 1960)
• Nos países da UE, varia entre os 180,9 em Itália (37,6 nos anos 60) e os 72,5 da
Irlanda (36,0 nos anos 60) – caso completamente à parte: em penúltimo lugar
surge o Luxemburgo com 91,1 (50,5 nos anos 60)
• O nosso índice é o 2º maior da EU
Envelhecimento
• Outras expressões para o envelhecimento
o Velhos, idosos, 3ª idade, senescência
▪ 3ª idade implica uma “idade de entrada”, que não é possível
delimitar
▪ Velho é utilizado muitas vezes como uma avaliação negativa,
correspondente a algo de que era capaz, mas já não é- “estou velho
para isto” - portanto, muitas vezes definido pelo que não se pode
fazer
▪ É visto como um fenómeno generalizado
▪ Ainda que não atinja a totalidade da pessoa ao mesmo tempo, afeta
a pessoa em todas as suas dimensões
▪ O seu estudo decompõe-se em categorias de analise
• Biológico- relativo ao funcionamento dos sistemas vitais
do organismo do ser humano
• Psicológico- aborda as capacidades de natureza
psicológica; inclui sentimentos, cognições, motivações,
memória e inteligência, entre outras
• Sociocultural- refere-se ao conjunto de papeis adotados,
comportamentos, hábitos, estilos de vida e relacionamento
interpessoais entre outros
• Embora determinadas variáveis apareçam circunscritas a uma ou duas categorias,
os fatores biológicos, culturais, sociais e psicológicos cruzam-se em cada pessoa
• Desta interação surgem as diferenças individuais na forma como cada sujeito vive
e envelhece
Transições familiares
• Transição- passagens críticas da família
o Jay Haley apercebeu-se como alguns sintomas de um determinado
membro da família estavam ligadas às crises que acompanham as
passagens
• As passagens são um sinal da dificuldade da família em enfrentar a mudança, mas
também são momentos propícios para a transformação relacional
• Permitem o acesso à “família despida”
• O conceito de transição, na perspetiva simbólico-relacional, surge como elemento
cardinal
o A família é considerada um corpo vivo
o Todo o tecido simbólico que envolve a família não é visível no quotidiano,
mas torna-se mais palpável nas transições
• As transições poem a nu e à prova a qualidade das relações entre os elementos da
família
• Evidenciam:
o A estrutura relacional da família, com os seus pontos fortes e pontos fracos
o A forma como “atacam” a mudança
• Por relevarem e desafiarem o pacto relacional da família, as transições agitam toda
a organização e poem em discussão os equilíbrios
• A dificuldade da transição esta no facto de ser incerto, ambíguo e comportar
riscos, alem disso existe sempre um elemento de perda, condição dolorosa da
mudança
• No espaço (aqui) e no tempo (agora) dos intercâmbios familiares, emerge a
temporalidade longa que liga os elementos entre se no tempo (entre gerações)
• Os significados das ações inserem-se neste sentido complexo do laço (o aqui e
agora)
• P.e: aquando no nascimento o que acontece é que há uma serie de ações do dia-a-
dia que tentam inserir o recém-nascidos na história anterior (com quem é
parecido? Olhos, orelhas, cabelo, nariz, expressões…)
• As transições estão sempre marcadas por eventos específicos
• Transições-chave:
o Aquisição de um novo membro (casamento, nascimento, adoção)
o Perda de um membro (morte, divorcio, invalidez, falência económica)
o Relação com o mundo social (entrada na escola, primeiro trabalho)
o Outras não tao identificáveis ou típicas
• Mccibbin e Patterson (1983) falam de 3 tipos de estratégia de adaptação ativa:
o Evitamento- nega-se ou subestima-se o acontecimento, esperando que se
resolva por si
o Eliminação- consiste na tentativa de se desembaraçar, do que o
acontecimento traz, de forma a minimizar o significado de forma que não
tenham de mudar
o Assimilação- é a forma mais evoluída; a família aceita a mudança para
responder à nova exigência, mas a mudança deixa intacta a estrutura,
apenas mudam parcialmente os padrões de interação
• Olson ligou a forma de lidar com a transição ao tipo de funcionamento da família
o Famílias com alta coesão e adaptabilidade parecem superar com uma certa
facilidade as passagens de um ciclo para outro tem mais dificuldades em
superar as crises provocadas por eventos imprevistos
o Famílias com baixo nível de coesão e adaptabilidade estão particularmente
vulneráveis às mudanças do ciclo de vida em menor medida vulneráveis
aos eventos imprevistos
• Podemos considerar uma transição como um processo:
o Uma transição não é apenas a passagem de uma posição para outra; inclui
para todos os que estão envolvidos uma tarefa de desenvolvimento
▪ P.e: quando nasce uma criança, automaticamente os pais se tornam
pais- papel e estatuto
▪ Mas é algo em que se tornam também ao longo do exercício e da
aquisição de competências do novo papel e da nova relação
Doença
• Uma das passagens mais críticas no percurso evolutivo da família, sobretudo nos
casos em que a doença é debilitante e invalidante
o Traz mudanças de ritmos e rotinas
o Coloca a família perante o significado do acontecimentos a prazo
o Simbolicamente significa a passagem da “primeira frente” para a segunda
geração
• Para o idoso, a doença
o Funciona como reconhecimento consciente e definitivo do seu
envelhecimento. Por sua vez, leva a uma busca de equilíbrios e
compromissos:
▪ Entre evolução e regressão
▪ Entre desespero e esperança
▪ Entre mortificação do sei declínio e salvaguarda da sua dignidade
• O idos doente apresenta duas evidencias de necessidades crescentes
o Uma passa pela necessidade de dependência física, que passa pela ajuda
de que necessita em situações concretas do dia-a-dia
o A outra passa por manter uma identidade adulta e uma autonomia típica
do adulto, no que diz respeito às relações de intercambio recíproco, não
imposto
• Nos casos em que a doença surge ainda com o cônjuge vivo, a vivencia da doença
é menos complexa as longa convivência e disponibilidade do companheiro, a
partilha da condição (entram ambos na transição) tornam mais fácil a aceitação de
dependência
• É mais complexo articular os aspetos de dependência e de independência entre
pais e filhos os pais deverão aceitar que terão de vir a depender dos seus filhos; os
filhos deverão que aceitar que terão de conviver com a dependência cada vez
maior dos seus pais
• Tarefa de desenvolvimento, aceitar a ajuda e oferecer suporte, respetivamente de
pais e filhos
• Há inversão de papeis entre pais e filhos?
• Não há uma inversão total de papeis, já que o papel de experiência e história
familiar mantém-se sempre com o idoso
• Apesar de colocar à prova as relações familiares, pode acabar por resultar em
crescimento
o A doença é muitas vezes vista como uma oportunidade de resolver
conflitos antigos
o Pode servir também como motivador para a transmissão intergeracional
• A doença coloca ainda perante a necessidade de ativar relações especificas com
instituições sociais externas
o Não são relacionamentos simples e lineares
o A possibilidade de recorrer parece ser determinada por variáveis internas
da família, que tem mais a ver com a significação da doença do idoso do
que com questões de organização e de qualidade dos serviços prestados
Viuvez
• Em caso de viuvez, há uma tarefa de desenvolvimento própria, aceitar essa morte
e preparar-se para a sua própria morte
• Os filhos têm como tarefa encarar a morte não como uma interrupção total, mas
antes como uma herança a acolher
• Por norma, um dos cônjuges vive mais tempo
o Um enfrenta a morte mais cedo
o O outro terá de enfrentar alguma solidão, tendo de contar com os filhos
• Os homens viúvos tendem a procurar mais frequentemente outra mulher, para
responder sobretudo a necessidades de cuidados e de companhia
• Esta escolha cria muitas vezes reações negativas nos filhos, o que provoca conflito
no idoso, entre a sua liberdade de escolha e o vínculo dos laços familiares
• Evento extremamente doloroso que pode provocar sensação de vida vazia e sem
significado pode provocar uma crise de identidade
• Que se pode fazer para ajudar a vivencia do idoso?
o Partilhar a experiência com a família ajuda a enfrentar a desorganização e
é a resposta relacional à brusca passagem à viuvez
• Portanto, esta é a primeira tarefa: dividir o sofrimento e aceitar que cada familiar
a exprima segunda a sua própria modalidade
• Depois da fase de desorganização, as famílias têm como tarefa reorganizar-se e
de adequarem os seus objetivos à nova realidade relacional
o Há aqui um desenvolvimento familiar, no sentido de utilizar o “cuidado
da recordação”, que corresponde à evocação conjunta da família de
episódios vividos em conjunto- permite ligar passado e presente e permitir
que alguém que está longe fique mais próximo
Objetivo da transição
• Erickson fala em diversas formas de cuidado que qualificam o desenvolvimento
pessoal de cada um ao longo da vida:
o Inicio da adolescência- preocupação com fazer e em ser
o Adolescência- desenvolve- se o interesse pela relação
o Vida em conjunto- desenvolve-se a capacidade de gerar
• O objetivo da transição é o desenvolvimento por parte do casal, da capacidade de
gerar- inclui a capacidade de se preocupar e de ter os cuidados necessários com
quem foi gerado
• Mais concretamente, passa pela assunção da responsabilidade parental conjunta
• Dito de outra forma, o casal dá origem e desenvolve um pacto parental (cuidados
responsáveis): liga-se, mas distingue-se do pacto conjugal
• Uma vez mais, este pacto não se desenvolve de forma automática; precisa de
tempo e de energia
• O filho é de fruto do eixo intergeracional e fruto da relação de casal, mas
transcende ambos: reconhecimento de um espaço de pensamento e de ação
próprios
Em suma:
o A transição para a parentalidade implica a construção de um identidade
parental, sabendo diferenciar-se e distinguindo-se da família de origem
o Essa distinção pode-se inscrever num continuum com dois polos: transição
difícil e transição aparente
• A transição para a parentalidade é uma etapa importante na distinção da nova
família e dá origem a um continuum onde se localizam os resultados da passagem:
o Na transição difícil temo0s as situações em que o casal exprime no
exercício das funções parentais uma fratura com a sua família de origem
▪ O estilo parental estabelece-se por contraposição com a dos seus
pais
▪ Neste caso o casal não é capaz de conseguir referencias positivas
de identificação e tenta construir uma história familiar totalmente
nova
▪ Casais que tenham uma história de família considerada infeliz (p.e.
injustiça), tentam redimir-se com o filho de forma a provar-se
como melhores pais do que os que tiveram
• Como consequência na relação com os filhos, surgem:
o As expectativas rígidas
o Negação de aspetos de dificuldade presente e redução ao mínimo o
contacto com a família de origem, com ilusão da criação de uma família
totalmente nova
• O polo oposto (transição aparente) é caracterizado pelas situações nas quais o
casal tende a pôr em prática uma repetição da história familiar
• Neste caso o nascimento não altera a hierarquia já consolidada e há uma certo
imutabilidade da organização familiar
• O casal não é capaz de mediar a sua própria história e o laço com as famílias de
origem e o passado determina o tipo de função parental
• São transições adequadas aquelas em que o casal tem uma visão critica da sua
própria historia familiar e é capaz de se distinguir dessa história
• O casal é capaz de não aceitar ou negar o laço familiar sem critério; é capaz de
aceitar o que considera bom e de estabelecer as próprias regras familiares
Estudos de investigação
Metodologia
Objeto de estudo
• Compreender as perceções que a díade composta pelos avós mais significativos e
respetivos netos têm da sua relação e a sua influência em dimensões do
desenvolvimento dos netos
o No desenvolvimento vocacional
o Na construção de significados de trabalho
o No autoconceito académico
Objetivos específicos
Questões de investigação
Amostra
Estudos de investigação
• Esperava-se que V. Passado estivesse mais ligada aos avôs, mas não acontece
• Diferenças de sexo a esbater-se e busca dos avôs de experiências mais próximas
dos netos
Principais contributos
• Significados da Grã-Parentalidade associados à frequência de contacto
• Frequência de contacto, relativamente ao sexo e à linhagem, não esclarecida e
necessitada de estudos futuros
• Modelo Actor-Partner indicador da necessidade de exploração futura na temática
e de outras variáveis além das abordados nestes estudos
Principais limitações
• Apesar de aceder a uma realidade familiar, segmenta a díade dessa mesma
realidade
• Apenas utilizada metodologia quantitativa
• Questões com a amostra: autoadministração dos avós e instrução de escolha dos
avós; reunidos por conveniência
• Generalização dos resultados: valores das Manovas e participantes da mesma área
geográfica
• Modelo APIM não permite que nenhuma variável seja causa e efeito ao mesmo
tempo
Desafios futuros
• Prosseguir o desenvolvimento da ESGP
• Desenvolver estudos com metodologias mistas
• Alargar os estudos a todo o país
• Aceder diretamente às díades
• Alargar os estudos a toda a família
• Prosseguir o estudo do modelo APIM que apresenta indicadores a desenvolver e
a explorar
• Decorrentes dos resultados da APIM
o Será que os avós não se percecionam nem são percecionados como atores
do desenvolvimento dos netos? Continuarão a ter os pais esta
centralidade?
o Será que o papel dos avós se circunscreve a ser os guardadores
instrumentais dos netos, pela ausência forçada dos seus pais?
o Será que há influência da baixa escolaridade e do baixo nível
socioeconómicos dos avós?