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Não existe uma simples resposta de “sim” ou “não” ao questionarmos se o discurso científico
é objetivo ou não; depende de como se define “objetividade.” Na concepção tradicional, a
objetividade é entendida como a correspondência entre o conhecimento e a realidade. Dessa
forma, o discurso científico é objetivo, na medida que ela vai apresentar a realidade como ela
é. Essa concepção de objetividade conta com uma distinção entre sujeito e objeto: o sujeito
nesse caso é o observador, sendo ele o agente do conhecimento; já o objeto é o que é observado,
o que é conhecido. O sujeito toma uma posição neutra, imparcial. Ou seja, o sujeito não interfere
no objeto, não o “contamina” com sua subjetividade acerca do que é a realidade definitiva. O
conhecimento científico surge a partir de um processo de observação, experimentação e análise.
Nessa perspectiva, podemos dizer que a ciência é um saber objetivo, isto é, obedece a concepção
que o objeto pesquisado efetivamente é.
Por outro lado, Kant considera o enquadramento é uma influência importante, mas não é a única
influência. As categorias mentais também desempenham um papel importante, e elas são
universais e necessárias, mas não são suficientes para determinar completamente o
conhecimento. É nesse ponto que entra o enquadramento do sujeito. Por exemplo, um cientista
que estuda a evolução das espécies pode estar influenciado por sua cultura e seus valores. Se o
cientista é religioso, ele pode ser mais propenso a aceitar uma explicação da evolução que seja
compatível com sua religião. O enquadramento do sujeito pode influenciar o conhecimento de
várias maneiras. Ele pode influenciar a escolha do que observar, do que experimentar e da
maneira como interpretar os dados.
Em conclusão, na concepção tradicional, o discurso científico é objetivo na medida em que ele
representa a realidade tal como ela é. Não obstante, essa concepção tem sido questionada por
filósofos e cientistas, como foi observado em Kuhn e Kant.
Portanto, uma visão equilibrada sobre a objetividade científica é aquela que reconhece tanto os
aspectos positivos quanto os negativos da concepção tradicional. A ciência é um
empreendimento humano, e, como tal, está sempre sujeita aos limites da subjetividade humana.
No entanto, a ciência pode ser objetiva na medida em que se esforça para superar esses limites,
visto que ela é um processo de construção de conhecimento, e, como tal, ela é aberta ao debate
a à crítica. Assim, a objetividade científica é um ideal inatingível, mas o entendimento e estudo
desse fato é essencial, a fim de promover a execução científica mais próxima da realidade
possível.