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vista meramente descritivo, administrar é planejar, organizar, coordenar, comandar e controlar.

Planejar : estabeler um conjunto coordenado de ações, visando à consecução de determinados objetivos. Planejar é
elaborar um roteiro de ações para se atingir um determinado fim.
Organizar : Definir quem irá executar determinadas ações no prazo requerido , qual a estrutura necessária para o projeto
Ou seja a organização possibilita a execução do planejamento.
Coordenar : harmonizar todos os esforços coletivos
Comandar : Dirigir e orientar o pessoal.
Controlar :Verificar que tudo ocorra de acordo com as regras estabelecidas e as ordens dadas.

se exerce um poder delegado pela elite econômica e política sobre aqueles que não detêm poder algum ou,
na melhor das hipóteses, dispõem de pouco poder real.

Há muitas formas de se exercer poder. Pode-se impor, pode-se coagir pode-se corromper, pode-se
persuadir, pode-se seduzir, pode-se manipular. Em muitas situações todas essas possibilidades podem
entrar no jogo do poder e nem sempre é fácil discernir uma modalidade da outra.

A racionalidade instrumental, aquela vinculada à adequação mais eficiente entre meios e fins.
Outro ponto refere-se ao conhecimento como base para o exercício do poder. É importante ressaltar que há
questões administrativas que exigem conhecimento especializado, enquanto outras exigem apenas
conhecimento comum. O problema, entretanto, está em saber se o conhecimento especializado pode ser
legitimamente suficiente para a dominação.
A dominação mediante organização é inseparável da opressão, na medida em que se retira do dominado a
faculdade de pensar e decidir sobre o que faz, pelo menos em determinadas esferas da vida, como o
trabalho.
Opressão não é necessariamente sinônimo de exploração. A primeira categoria é política, enquanto a
segunda é econômica.
a administração nos moldes em que a conhecemos parece, em sentido absoluto, não poder perder o aspecto
coercivo que lhe é próprio, certamente pode ter esse aspecto minimizado. Uma das formas de minimizar o
aspecto coercivo da administração é a participação.( participação autêntica e não de modalidades de
manipulação camufladas sob este rótulo.)
é perfeitamente possível que a coletividade influa sobre o poder, ao mesmo tempo em que este procura
cooptá-la para seus objetivos. Todavia, a preocupação com a participação é algo que decorre de valores
democráticos, isto é, da idéia de que a sociedade ou as coletividades menores como a empresa ou a escola
são pluralistas, constituindo-se num sistema de pessoas e grupos heterogêneos, e que, por isto mesmo,
precisam ter seus interesses, suas vontades e seus valores levados em conta.
Para participar é necessário algum conhecimento e certas habilidades políticas. Isso varia conforme a
amplitude da participação e a natureza das matérias em que se participa.
uma educação participativa favorece a aquisição de habilidades de valor na participação na administração
na idade adulta.
A participação imposta, isto é, os formatos participativos criados pela própria administração e voltados
para a maior eficiência da organização. O problema que se coloca para a participação imposta é que ela
abre uma oportunidade, mas não um leque de possibilidades, a ser explorada pela própria coletividade.
os movimentos participacionistas surgem com a situação de exploração e de opressão na empresa que a
aplicação do taylorismo, primeira teoria administrativa, tornou transparente. O taylorismo implicou a
destruição dos restos de oficio que o trabalho conservava. Separou concepção de execução, introduziu
tempos e movimentos rígidos e, seguido do fordismo, organizou rigidamente o espaço.
Chama-se participação conflitual Baseia-se no processo de negociação coletiva entre patronato e sindicato
de trabalhadores.
participação funcional a prática de reuniões periódicas entre patrões e trabalhadores, entre
administradores, funcionários e trabalhadores, entre unidades organizacionais e entre níveis hierárquicos
em geral.
Participação administrativa é um tipo especial de participação, que se organiza por representação. Há,
neste caso, a formação de comissões de trabalhadores, ou de trabalhadores e funcionários ou ainda de
comissões que reúnem administradores e trabalhadores, ou administradores, funcionários e trabalhadores.
Co-gestão é uma forma avançada de participação administrativa que implica co-decisão em determinadas
matérias e direito de consulta em outras. Ela pode ser paritária ou não.
Entretanto, a maioria absoluta de experimentos participativos é caracterizada pela natureza consultiva dos
órgãos de representação e não por uma natureza deliberativa e normativa.
Autogestão não é participação. Por autogestão se entende um sistema no qual a coletividade se auto-
administra. Portanto, não se trata de participar de um poder, mas sim de ter um poder.
A eventual construção de uma sociedade autogestionária passa inquestionavelmente pela questão da
educação politécnica e polivalente, pela aprendizagem não-autoritária.
No âmbito da escola, a participação constitui tema de estudantes, professores, administradores,
supervisores, orientadores e funcionários. Aos administradores educacionais, cabe especialmente o desafio
não pequeno de descobrir e delinear formatos organizacionais que, adequados a contextos específicos,
assegurem a educação participativa voltada para a construção de uma sociedade verdadeiramente
igualitária, não apenas em termos econômicos, mas em termos de distribuição do poder.

ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS”: PRÁTICAS ORGANIZACIONAIS EM UMA EMPRESA


RECUPERADA POR TRABALHADORES
A Tragédia Anunciada
Fundada em 1914, Companhia Alice de Indústrias produzia, inicialmente, um único produto, sendo a sua
expansão custeada pelo recurso sonegado aos trabalhadores, assim a empresa tinha inúmeras irregularidades
patronais, além da falta de modernização.
A empresa tinha uma administração fundamentada na heterogestão - uma forma de gestão autoritária, aonde
as bases do poder fundamentam-se na coerção e na autoridade legal. Alimentado pelo exército industrial de
reserva . Resultado dessas combinações foi a crise falimentar da Alice Industrias . Os trabalhadores, por
medo de perder o emprego, não efetivaram processos trabalhistas por seus direitos legalmente garantidos .
A Companhia , sabedora da necessidade dos trabalhadores, reduziu os salários e ainda ofereceu um poder
ilusório de que estavam auxiliando no salvamento da empresa. Mas com a segunda falência culminou na
criação da Cooperativa dos Trabalhadores em Metalurgia do País das Maravilhas –Alicecoop. uma
cooperativa que é resultado direto da ação coletiva dos trabalhadores.
A natureza associativa decorre a necessidade da participação política de seus associados na condução do
empreendimento e, da natureza empresarial, decorre a necessidade da participação econômica dos
associados na cooperativa.
A participação política dos sujeitos no âmbito organizacional é entendida como decorrência do exercício da
autogestão, da auto-organização entre as pessoas . Um tipo de participação que tem como objetivo maior a
autonomia e emancipação desses sujeitos
a participação política dos cooperados, aqui deveria começar, então, um período de aprendizagem que
culminaria na autogestão ou, pelo menos, na co-gestão. A co-gestão é entendida por Faria (1985) como um
tipo de administração participativa que não questiona os objetivos da empresa e apenas reafirma o modo de
produção capitalista .As relações de poder que se estabelecem sob a co-gestão estão assentadas em
estratégias de cooptação e de envolvimento dos trabalhadores, apresentando essa forma de participação
apenas como instrumento ou ferramenta de gestão.
A co-gestão é um modelo de participação caracterizado pela composição paritária, especialmente no que se
refere a tomada de decisões. Na co-gestão se cede uma parte do poder absoluto para conciliar ou superar
conflitos entre empregados e proprietários, mas de nenhuma maneira se põe em dúvida quem manda, quem
tem a última palavra, quem é o dono .
A participação incitada pela co-gestão na Alicecoop, conforme a visão desse autor, é mais um
recurso para o incremento da produtividade, sem que isso resulte em uma melhoria das condições de
trabalho.
A autogestão acontece quando “a participação é prática cotidiana, e só pode ser estruturada onde as decisões
relativas à produção e ao trabalho sejam tomadas por conselhos operários compostos por delegados
removíveis”. Autogestão significa que os próprios “produtores associados” dirigem sua atividade e o
produto dela derivado [...] já que com a autogestão abole-se a divisão social do trabalho.
a auto-organização dos trabalhadores, praticamente impossível de ser realizada em uma estrutura hierárquica
rígida, que é o que também acontece em organizações com práticas co-gestionárias.
O período de aprendizagem de auto-organização para a real participação dos trabalhadores nas decisões da
Alicecoop nunca veio, e a autogestão, de fato, nunca se efetivou. O espaço e o tempo que poderiam ser
utilizados para criar condições e garantir a participação da população organizacional na gestão da
cooperativa não aconteceram. Na Alicecoop, as alternativas que poderiam possibilitar o desenvolvimento e
aprendizagem dos trabalhadores na prática da gestão, a partir da experiência de auto-organização que, em
longo prazo, proporcionaria a emancipação dos sujeitos, também não foram viabilizadas.
Uma Administração ‘Napoleônica
Não foi dado aos cooperados a possibilidade de experimentar um cargo de chefia e assim aprender o
exercício da função , pelo contrários foi confirmado a direção da cooperativa com os antigos gerentes que
tomam as decisões em assembleias , Na sexta feira e de surpresa no horários das refeições ( é mais uma
comunicação do que uma assembleia ) – A Participação é imposta !
“o problema que se coloca para a participação imposta é que ela abre uma oportunidade, mas não um leque
de possibilidades, a ser explorada pela própria coletividade. se converte em ferramenta de dominação, não
de prática de aprendizagem para a participação.
Os cooperados tem baixa escolaridade e baixo nível de qualificação , sendo esse aspecto a justificativa da
coordenação da cooperativo para tomar a decisão em nome do grupo sem consulta-los . Assim como
Napoleão, é através da desqualificação dos demais que o ‘Presidente’ justifica a aplicação de práticas
heterogestionárias em detrimento da maioria. Dessa forma cria-se a impressão de gestão participativa , mas
na verdade a decisão foi apenas comunicada. O ‘Presidente Napoleão’ da Alicecoop, além de trabalhar na
Cia. Alice de Indústrias, também havia sido dirigente sindical, abandonou seu cargo de dirigente sindical, no
que foi seguido por alguns colegas, e junto com alguns outros membros da cooperativa articulou a formação
do primeiro (e até então único) ‘corpo executivo’ da Alicecoop.
A remuneração é igualitária ao nível da produção, mas os coordenadores recebem um valor a mais, pela
responsabilidade da função , mesmo quando as metas não são alcançadas , apenas o colaboradores ficam
sem salário , caso meta não seja alcançada .
mais incoerente nos pareceu quando descobrimos que a cooperativa aceitava realizar trabalhos terceirizados,
tais como fundição de peças para veículos, em detrimento da produção de seus
próprios produtos, sendo que é a partir da concepção das metas de produção destes últimos que é regulado o
pró-labore dos cooperados.
Prestes Motta (2003, p. 371), “participar não implica necessariamente que todas as pessoas ou grupos
opinem sobre todas as matérias, mas implica necessariamente algum mecanismo de influência sobre
o poder”. Entretanto, na Alicecoop não há qualquer mecanismo que indique a influência dos trabalhadores
no destino da organização.
Sacramentando a Ordem Vigente
o modelo burocrático utilizado de forma ímpar nas organizações heterogestionárias é o utilizado na
Alicecoop assim, A burocracia se manifesta como poder institucionalizado e, como tal, reflete todas as
características do poder: é conservadora, apropriadora e alienante.
as EPEs, embora incluam todas as formas de organizações, inclusive as não-cooperativas, possuem
entre as suas principais características: o fato de a distribuição do lucro se dar segundo a proporção que tem
cada acionista no capital da empresa; todos têm direito a voto, porém este voto não tem o mesmo valor para
efeito de qualquer decisão; e, por último, nenhum mecanismo garante a rotatividade dos ‘sócios’ nos cargos
de direção de uma EPE.
as Cooperativas Industriais possuem três características básicas, a saber: O excedente de um período é
distribuído aos membros com base no trabalho realizado por cada um, e não com base na participação de
cada membro no capital da empresa. [...] O controle é exercido pelos membros através de eleição direta, pela
Assembléia Geral dos membros, de um Conselho de Administra-
ção. Na eleição, cada membro tem um voto, independentemente de sua participação no capital. Qualquer
membro da cooperativa é elegível para o Conselho de Administração (STORCH, 1987, 66-7). Tais
características estão expressas no estatuto da Alicecoop, porém, se trata de mais uma das falácias da
participação empregadas no âmbito organizacional
Na Alicecoop houve um processo de desarticulação dos operários a partir da criação da cooperativa. Isto
porque, estatutariamente, todos estão em condições de igualdade, como proprietários, mas na prática alija os
operários da possibilidade de participação política e da tomada de decisão, estabelecendo uma hierarquia e
negando-lhes a oportunidade de auto-organização, que entendemos como fundamental para os sujeitos no
seu processo de emancipação.
Assim, pode-se afirmar que Alicecoop configura-se mais como uma Empresa de Propriedade dos
Empregados (EPE) do que uma Cooperativa Industrial (CI). A sua organização, que deveria acontecer a
partir da autogestão, sequer utiliza a co-gestão
A cooperativa, na verdade, é, um empreendimento onde os associados, de fato, agem como empregados e
não como seus legítimos proprietários. Ficam restritos ao chão de fábrica e não passam de mão-de-obra que
pode ser descartada a qualquer instante
o indivíduo manipulado – pois a posição de poder consiste em manipular a mão-de-obra, tendo em vista o
equilíbrio orçamentário – é caracterizado pela “apatia política”, devido ao fato de que a preocupação do
poder é fragmentar as classes sociais em indivíduos.
Tragtenberg (2005): muitas das formas de participação implementadas nas organizações não passam de
estratégia do capital para manipular a classe trabalhadora. Um verdadeiro conto de “Alice no País
das Maravilhas”
operários é chamado a cooperar, no sentido de auxiliar a categoria dirigente a executar as decisões que esta
última deliberou.
“a gente só queria salvar os nossos empregos e criar a cooperativa foi o jeito pra conseguir isso”
Do pó à ferramenta: autogestão do trabalho e da produção em uma fábrica brasileira recuperada pelos
trabalhadores
Introdução ao problema fundamental
Simone Weil tratava de distinguir “a exploração da classe operária que se define pelo lucro capitalista e a
opressão da classe operária no local de trabalho.
Nota : Opressão não é necessariamente sinônimo de exploração. A primeira categoria é política, enquanto
a segunda é econômica.(Preste Mota)
A tomada das fábricas
A situação-limite
na América Latina dos anos 1990 e 2000, como resistência dos trabalhadores às graves consequências da
implantação das políticas neoliberais, em especial da abertura comercial (Juvenal, 2006), sobretudo no
aumento do desemprego nas regiões mais industrializadas.
Recordemo-nos que, em 1989, as instituições financeiras sediadas em Washington, incluindo o Banco
Mundial, elaboraram um“cardápio” de recomendações para a América Latina. Tais recomendações,
nomeadas em 1990 como “Consenso de Washington” - a abertura comercial e financeira (Averbug, 1999),
seguida das privatizações, resultou em grave ameaça de desindustrialização do parque industrial da região
(Soares et al., 2013), acompanhado de desemprego, precarização do trabalho e de crescimento da pobreza
(Mattoso, 1999)
Os atos-limite
Tomando por base a elaboração de Robert Merton (1968), há cinco maneiras de adaptação a um “sistema
social”, em termos de seus objetivos instituídos (fins) e formas instituídas (meios) para atingir tais objetivos:
conformismo (aceita fins e meios); inovação (aceita os fins, recusa os meios); ritualismo (recusa os fins,
aceita os meios); retraimento (recusa fins e meios); e rebelião (refuta o “sistema”). A rebeldia é, portanto, a
única forma capaz de alterar fins e meios instituídos.
A miserabilidade premente, advinda da crise do emprego dos anos 1990, levou muitos trabalhadores
brasileiros à “inovação” - Na agricultura familiar e campesina houve ocupação coletiva de terras para
reforma agrária, com assentamentos de trabalhadores rurais; organização de cooperativas para
beneficiamento e comercialização; criação de associações de extensão rural, assessoria técnica, captação
recursos de fontes internacionais, Nos serviços houve muita ação coletiva, com grande diversidade. Neste
setor aconteceu a organização de muitas cooperativas de trabalho e de serviços, frequentemente no limite da
precariedade, em atividades como limpeza, manutenção predial, jardinagem, artesanato, etc. Mas também
foram muitas as cooperativas de serviços específicos, técnicos e tecnológicos (Souza, 2011). A indústria
também foi terreno fértil para ações de resistência e de rebeldia coletivas. Em todos os seus segmentos
(mineração; máquinas, equipamentos e ferramentas; itens de consumo, etc.), a falência de muitas empresas
foi seguida pela rebeldia coletiva de permanecer na fábrica ou reocupá-la para, com a criação de
cooperativas industriais dos trabalhadores, garantir o direito ao trabalho e à renda, obtida por meio da
produção sob o controle operário (Faria e Cunha, 2011).
Conversar para conhecer
A situação estudada8, uma cooperativa situada em Mauá (SP), é uma indústria metalúrgica de médio porte,
constituída no ano 2000 por trabalhadores que, ao recusarem a sina da falência das empresas em que
trabalhavam, encamparam a autogestão e recuperaram seus postos de trabalho a produção e o trabalho
acontecem, foi a etnografia, ou melhor, uma “etnografia de psicólogo social”, atenta aos “processos de
deslocamentos para o encontro com o Outro e [para] a concepção de pesquisa como processo de
convivência, pautado por conflitos, negociações e acordos entre sujeitos – fenômenos próprios de toda
relação social”
O trabalho na cooperativa na perspectiva dos trabalhadores
A força motriz do controle dos trabalhadores sobre seu trabalho nesta cooperativa é a ideia de “procurar
trabalho”: quando o trabalho de um cooperado termina, espera-se que ele saia em busca e perceba o que tem
para ser feito de modo autônomo e regulado.
O que mudou foi a relação entre elas, antes hierárquica, depois participativa. Vlad explica que a
comunicação também melhorou dentro da fábrica, aproximando os setores, e que agora é possível consultar
diretamente o trabalhador responsável pela execução de determinado trabalho, evitando erros no processo
produtivo e reconhecendo os cooperados
Outro aprimoramento no processo produtivo foi a criação de um pequeno estoque intermediário de peças
(anéis para selos mecânicos), junto aos fornos da sinterização. Este estoque regula o fluxo produtivo
repondo eventuais perdas na sinterização.
A responsabilidade marca diariamente as relações entre os trabalhadores na fábrica ou no escritório, já que
podem ser diretamente atingidos pelas oscilações no faturamento ou na rentabilidade da cooperativa.
Estes conflitos são motivo para alguns cooperados considerarem a cooperativa um local ruim para trabalhar,
com um clima pesado.
A liberdade provém da igualdade formal, conquistada estatutariamente. Por outro lado, nesta cooperativa, a
liberdade certamente acarreta mobilidade, flexibilidade, aprendizagem,comunicação e aprimoramento.
Nesta cooperativa, a preocupação carrega consigo a responsabilidade pelo faturamento, a vigilância
recíproca e os conflitos entre cooperados. Conjugadas, a liberdade e a preocupação explicam o sucesso
econômico e social desta empresa sob o controle dos trabalhadores; elas compõem as peças fundamentais da
equação que é a autogestão da produção e do trabalho desta cooperativa. A liberdade possibilita e incentiva
que os trabalhadores conversem e regulem suas atividades fabris, buscando formas mais eficazes de
trabalhar e produzir, justamente porque eles estão preocupados com o faturamento da cooperativa e com sua
retirada mensal.
Ir atrás de trabalho”, “consultar outro trabalhador”, “vigiar um colega” ou simplesmente “conversar sobre
a produção” são exemplos de microinterações políticas e sociais favoráveis à produtividade. Mas há também
inovações na produção, tais como o “atalho” no fluxo produtivo, entre a etapa comercial (recebimento do
pedido) e a sinterização, reduzindo o prazo de entrega; e a criação do pequeno “estoque” intermediário de
peças na sinterização, possibilitando maior regularidade à produção.
Encontraram, assim, uma fórmula para equacionar “o mais grave problema que a classe operária tem:
encontrar um método de organização do trabalho que seja aceitável ao mesmo tempo para a produção, para o
trabalho e para o consumo” (Weil, 1996, p. 139). Livres da “exploração da classe operária que se define pelo
lucro capitalista”, assim como da “opressão da classe operária no local de trabalho” (Weil, 1996, p. 138).
Possuidores da possibilidade histórica de inventar e experimentar outras formas de organizar o trabalho,a
produção e o governo de sua fábrica.
Conclusão: o inédito-viável
O conjunto das diferentes formas de iniciativa econômica coletiva dos trabalhadores foi nomeado, no Brasil
do fim da década de 1990, como Economia Solidária (Singer, 1998, 2000). Inicialmente dispersos, os
trabalhadores destes Empreendimentos Econômicos Solidários – EES, como foram denominados desde o
fim dos anos 1990 (Gaiger, 1999), buscaram referências e apoio em outros empreendimentos do mesmo
tipo, o que levou à sua reunião e articulação, facilitada e consolidada por meio de fóruns e entidades de
representação, agências de fomento e redes de cooperação, que surgiram concomitantemente

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