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MEMÓRIA

Profª. Sílvia Albuquerque


Mnemosine - A Deusa da Memória

Filha de Urano (Céu) e Gaia (Terra).

Foi dada a ela a responsabilidade de dar nome a todos os


objetos (por Zeus), e por fazer isto deu aos humanos os
meios para o diálogo.

Inspirava poetas, músicos, dançarinos. Protetora da arte e da


história.

Carrega o bastão da sabedoria.


Ela aparece como um rio a cruzar a morada dos mortos, onde as almas
bebiam sua água quando estavam prestes a reencarnar e por isso esqueciam
sua existência anterior.
MEMÓRIA
Três distinções importantes

Os psicólogos fazem três grandes distinções sobre a memória:

a) Três estágios: codificação, armazenamento, recuperação

b) Armazenar informações por períodos longos e curtos

c) Diferentes memórias para armazenar diferentes informações


MEMÓRIA
a) Os três estágios

CODIFICAÇÃO ARMAZENAMENTO RECUPERAÇÃO

Colocar na memória Manter na memória Recuperar da memória


(hemisfério esquerdo) (hemisfério direito)

Inclinação biológica
MEMÓRIA
Tipos de memória

MEMÓRIA SENSORIAL MEMÓRIA DE OPERAÇÃO


INFORMAÇÃO ou MEMÓRIA DE
ou LONGO PRAZO
MEMÓRIA ICÔNICA MEMÓRIA DE CURTO PRAZO

Algumas centenas de
Ainda ativo na consciência.
milissegundos. Por exemplo
Não há esforço para a
um grupo de 12 letras
recuperação.
aparece brevemente numa
Alguns segundos depois.
tela (imagem sensorial).
ABCWWFCIAKLB
Por exemplo:

Se um paciente tiver um sofrer


um dano nessa região mostra
uma severa perda de memória:
amnésia do lobo medial
temporal.
Por exemplo:

Pacientes com dano nessa área terá


dificuldade para repetir
corretamente uma sequência de três
palavras: memória de operação
prejudicada.
Até um década atrás, os psicólogos geralmente presumiam que o mesmo
sistema de memória era usado por todos os tipos de memórias.

Por exemplo, a mesma memória de longo prazo era presumivelmente


usada para armazenar tento nossa lembrança do enterro de nossa avó,
quanto as habilidades necessárias para andar de bicicleta. Evidências
recentes indicam que esta suposição está errada.
MEMÓRIA

MEMÓRIA EXPLÍCITA Recordação de um determinado


tempo e lugar.
MEMÓRIA DE OPERAÇÃO
MEMÓRIA
Memória de operação ou de curto prazo

Codificação
Para codificar a informação na memória de operação, precisamos dar atenção
a ela.

Grande parte daquilo que somos expostos nunca sequer entra na memória de
operação e, evidentemente não está disponível para futura recuperação.

Na verdade, muitos problemas de memória são, realmente, lapsos de


atenção.
MEMÓRIA
Codificação fonológica: codificação pelos sons (ensaio) ou semântica
(significado). Por exemplo, uma lista de consoantes RLBKSJ. Quando as letras
com sons semelhantes são dispostos próximos, é mais difícil a sua
codificação: RLBPJKF.

Codificação visual: quando pessoas precisam guardar itens não-verbais.


Algumas pessoas são capazes de manter com clareza a imagem na memória,
especialmente crianças. Imagem eidética (fotográfica).
Imagem eidética. Se for mostrado à uma criança do ensino fundamental essa imagem por
30 segundos, ela poderá ser capaz de dizer uma média da quantidade de manchas que a
vaca tem.
Quando você procura um número de telefone e o guarda até discá-lo, você o guarda visual,
fonológica ou semanticamente?
MEMÓRIA
Armazenamento

A memória de operação tem sua capacidade muito limitada.

Em média, o limite é sete itens. Algumas pessoas armazenam apenas cinco.


Outras são capazes de guardar até nove.

Hermann Ebbinghaus (1885): iniciou o estudo experimental da memória.

George Miller (1956): “mágico número sete”. Esse limite aplica-se a todas as
culturas.
MEMORIZEM ESSAS PALAVRAS

LEIAM UMA VEZ SÓ!


CENÁRIO

LIDERANÇA

TECNOLOGIA

INOVAÇÃO

REGRAS

ARTE

FORÇA

PREÇO

BARREIRA

PAISAGEM

LIVRO

ARTISTA
MEMÓRIA
Recodificação: recodificar material novo em unidades maiores e significativas e
armazenar essas unidades na memória de operação.

Essas unidades podem ser chamadas de chunks (literalmente, nacos).

Aqui precisamos da memória de longo prazo (itens a serem lembrados).

Por exemplo, memorizem as letras a seguir:


ETNEMASOICNETA

14 letras
ATENCIOSAMENTE

1 palavra
MEMÓRIA
Esquecimento: podemos ser capazes de reter sete itens brevemente, mas na
maioria dos casos eles logo serão esquecidos. O esquecimento ocorre ou
porque os itens “decaem” com o passar do tempo, ou porque são substituídos
por novos. Itens.

Por exemplo, nossa memória de operação retém menos palavras quando


estas levam mais tempo para serem ditas: “devanear” e “rota”. Esse efeito
ocorre porque, porque quando as palavras são apresentadas, nós as
repetimos para nós mesmos, e quanto mais tempo isso leva, maior a
probabilidade de que alguns sinais das palavras tenham desaparecido antes
de elas poderem ser recordadas.
MEMÓRIA
Recuperação: os conteúdos da memória de operação estão ativos na
consciência. O acesso a informação é imediato. Não é preciso procura-la.
Ela está ali.

Quanto mais itens na memória de operação, mais lenta torna-se a


recuperação.
MEMÓRIA
Memória de operação e pensamento

A memória de operação desempenha um papel importante no pensamento.

Quando estamos conscientemente tentando resolver um problema, muitas vezes usamos a


memória de operação para armazenar partes do problema bem como informações
acessadas da memória de longo prazo que se relacionam com o problema.

Por exemplo,

Multiplique 35 por 8 – a memória de operação é necessária para armazenar os números


em questão (35 e 8), a natureza da operação (multiplicação) e fatos aritméticos tais como 8
x 5 = 40 e 8 x 3 = 24.
Exemplo de analogia geométrica
MEMÓRIA
Transferência da memória de operação para a memória de longo prazo

Funções da memória de operação:

1 armazena material por períodos curtos;

2 serve como espaço de trabalho;

3 estação intermediária para a memória de longo prazo.


MEMÓRIA

Uma das maneiras para transferir a informação da memória de operação para


a memória de longo prazo é o ensaio.

Ensaio: é a repetição consciente de informações na memória de operação.


MEMÓRIA DE LONGO PRAZO
MEMÓRIA
Memória de longo prazo: quando a informação precisa ser
retida por intervalos tão curtos quanto alguns minutos ou
durante uma vida inteira.

Novamente aqui, nossa discussão será sobre: codificação,


armazenamento e recuperação.
MEMÓRIA
Codificação: a representação dominante da memória de longo prazo
não é apenas acústica ou visual, mas também baseada nos
significados dos itens.

A codificação do significado está presente nas situações mnemônicas


cotidianas.

Ex.: quando alguém descreve situações políticas complexas, podem


não lembrar quem disse o que para quem, mas podem descrever
com precisão a situação básica.
MEMÓRIA
Recuperação: uma memória fraca, muitas vezes, reflete uma
falha na recuperação ao invés de uma falha no
armazenamento.

Note que isso é diferente da memória de operação que o


item desaparece ou é substituído por outro.
MEMÓRIA

Tentar recuperar um item


da memória de longo prazo
é como tentar encontrar um
livro em uma grande
biblioteca.
MEMÓRIA
Recuperação:

- Falhas de recuperação

- Interferência
MEMÓRIA
Falhas de recuperação

- “ponta de língua”

- Pistas de auxílio (nos saímos melhor em testes de reconhecimento do que


em teste de recordação)

Interferência

Se associarmos diferentes itens à mesma pista, quando tentarmos usar


aquela pista para recuperar um dos itens, os outros itens podem tornar-se
ativos e interferir em nossa recuperação.
MEMÓRIA
Exemplo 1:

Se um amigo seu chamado Rui se muda e você finalmente aprende seu número de
telefone novo, você terá dificuldade para se lembrar do número antigo.

Por quê?

Porque você está usando a pista “número de telefone do Rui” para recuperar o número
antigo, mas essa pista ativa o número novo, o qual interfere na recuperação do antigo
(interferência retroativa).

Exemplo 2:

Suponha que sua vaga em um estacionamento que você usa há anos tenha mudado. Você
pode achar difícil se lembrar da nova (interferência proativa).
MEMÓRIA
Muitos experimentos demonstram que a interferência pode levar
a uma falha total de recuperação se os itens-alvo forem fracos ou
se a interferência for forte.

Na verdade, há muito acredita-se que a interferência é um dos


principais motivos pelos quais o esquecimento da memória de
longo prazo aumenta com o tempo: as pistas de recuperação
relacionadas tornam-se cada vez mais sobrecarregadas com o
tempo.
MEMÓRIA
Armazenamento:

O fato de que parte do esquecimento se deve a falhas de


recuperação não significa que todo esquecimento se deve a isso. É
certo de que alguma informação se perca no armazenamento. Por
exemplo, dano no hipocampo (consolida as memórias).
Hipocampo é uma estrutura localizada
nos lobos temporais do cérebro humano,
considerada a principal sede da memória e
importante componente do sistema límbico.
Além disso é relacionado com a navegação
espacial.

Seu nome deriva de seu formato curvado


apresentado em secções coronais do
cérebro humano, se assemelhando a
Localização do hipocampo
um cavalo-marinho (grego: hippos = cavalo,
kampi = curva).
Lesões no hipocampo impedem a pessoa de construir novas memórias.
MEMÓRIA
Interações entre codificação e recuperação
Organização: quanto mais
organizamos o material que
codificamos, mais fácil é a
recuperação.
Dois fatores de
codificação tornam a
recuperação bem-
sucedida: Contexto: é mais fácil recuperar
um fato se estivermos no mesmo
contexto em o codificamos. Ex.: quando
visitamos um lugar onde já estivemos
(pistas). Nosso estado interno também
(para aprender).
FATORES EMOCIONAIS NO ESQUECIMENTO
MEMÓRIA
Fatores emocionais no esquecimento

A emoção pode influenciar a memória de longo prazo de cinco


maneiras:

- Ensaio
- Memórias instantâneas
- Interferência na recuperação por ansiedade
- Efeitos de contexto e repressão
MEMÓRIA
Ensaio

Tendemos a pensar mais sobre situações emocionalmente


carregadas, tanto negativas como positivas, do que sobre
situações neutras. Nós ensaiamos e organizamos mais as
memórias estimulantes do que as memórias mais amenas.
MEMÓRIA

RESPONDAM...
MEMÓRIA

O QUE VOCÊ ESTAVA FAZENDO NO DIA


11 DE SETEMBRO DE 2001?
MEMÓRIA
Memórias instantâneas

É um registro vívido e relativamente permanente das


circunstâncias em que soubemos de um evento significativo
carregado de emoção.
MEMÓRIA
O armazenamento de memórias
emocionais envolve os hormônios
adrenalina e noradrenalina.

E a estrutura neural envolvida na


memória de material emocional é a
amígdala. HIPOCAMPO
Interferência na recuperação por ansiedade

As emoções negativas também podem obstruir a recuperação.

Por exemplo:

Você está fazendo uma prova em relação à qual não está muito confiante. Você mal
confunde entender a primeira pergunta, quanto menos responde-la. Aparecem sinais de
pânico. Embora a segunda questão não seja tão difícil, a ansiedade provocada pela
primeira se difunde com essa. Quando chega a hora de ler a terceira questão, não fará
diferença se fosse apenas uma pergunta sobre seu número de telefone. Não há como
responde-la: você está em pânico.

A ansiedade não causa diretamente falha na memória. Ela está associada a pensamento
alheios e, estes pensamentos provocam falha de memória ao interferirem na recuperação.
MEMÓRIA
Repressão

Freud sugeriu que algumas experiências emocionais da infância


são tão traumáticas que permitir-lhes acesso à consciência muitos
anos depois, faria o indivíduo a ser totalmente dominado pela
ansiedade.

Essas experiências traumáticas estão reprimidas, ou guardadas no


inconsciente e, só podem ser recuperadas quando parte da
emoção associada a elas é abrandada.
MEMÓRIA
MEMÓRIA EXPLÍCITA MEMÓRIA IMPLÍCITA

Recordamos experiências Habilidades. Não precisamos


pessoais. recordar conscientemente.
MEMÓRIA
Memória na amnésia

Grande parte do que se sabe sobre memória implícita foi aprendido com
pessoas que sofrem de amnésia ou perda parcial de memória.

Causas:

- Derrames
- Encefalite
- Alcoolismo
- Choque eletroconvulsivo
- Procedimentos cirúrgicos (remoção do hipocampo para reduzir epilepsia)
O principal sintoma da amnésia é uma profunda incapacidade de lembrar
eventos do dia-a-dia e, consequentemente, de adquirir novas informações
fatuais: amnésia anterógrada.

Exemplos:

Paciente 1: incapaz de participar de uma conversa normal porque à menor


distração, ele perde “o fio da meada”.

Paciente 2: lê a mesma revista repetidamente e tem que sempre ser


apresentado aos médicos que o tratam há décadas.

Amnésia retrógrada: incapacidade de recordar eventos que ocorreram antes


do dano.
DICA DE FILME

Um homem que sofre de amnésia


anterógrada, impossibilitando que ele
adquira novas memórias.
Dica de filme

Um homem que após sofrer uma grande violência


por parte de 3 rapazes, acorda em um hospital um
ano depois e esquece de todo o seu passado, até
mesmo as palavras mais básicas.
Um aspecto notável da amnésia é que nem todos os tipos de memória são
afetados.

Embora os amnésicos sejam incapazes de lembrar-se de fatos que ocorreram


há muito tempo em suas vidas ou de aprender coisas novas, eles não têm
dificuldade para lembrar e adquirir habilidades motoras e perceptivas.

Isso indica que existe uma memória para fatos e outra diferente para
habilidades (memórias explícita e implícita).
MEMÓRIA
Amnésia infantil

Praticamente ninguém consegue recordar eventos dos primeiros anos de


vida.

Por quê?

- Como as crianças codificam a experiência


- Como os adultos organizam suas memórias
- Hipocampo: não está maduro até, aproximadamente um ou dois anos
depois do nascimento (eventos não são consolidados)
MEMÓRIA
Melhorando a memória

1 Sistemas mnemônicos: itens não-relacionados acrescentando


conexões significativas entre eles no momento da codificação.

Um sistema mnemônico bem conhecido é o método de loci (loci =


lugares).
2 Método PQRST

P = preview (prever) – ex.: leitura do sumário de um livro didático, passando os olhos nos
capítulos e prestando atenção aos títulos.

Q = question (perguntar) ex.: aplicadas às principais seções


do livro, como se apresenta.
R = read (ler) Q,R,ST cada seção. Ler os títulos e
seções e converter em perguntas.
ST = self-recitation (descrever para si mesmo) Responder as questões (em voz
alta).

T = test (testar) – ex.: depois de ler todo o capítulo, o aluno irá testar se compreenderam.
Memória construtiva

Inferência simples: nossa memória total vai além da informação original


oferecida. Ex.: “João quebrou a garrafa numa briga num bar”. Fazemos
inferência de que seja uma garrafa de cerveja e não de leite.

Estereótipos: um conjunto de inferências sobre traços de personalidade ou


atributos físicos de uma classe inteira de pessoas. Ex.: alemão típico
(inteligente, meticuloso, sério). Depois de um tempo essa percepção pode
mudar.

Esquemas: representação mental de uma classe de pessoas, objetos ou


situações. Ex.: como comer num restaurante – entrar, escolher a mesa...)
REFERÊNCIA

CAPÍTULO 8 - MEMÓRIA
FIM

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