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Anatomia

do Fígado
e Vias
Biliares
SUMÁRIO
FÍGADO.............................................................................................................. 3

1. Introdução ..........................................................................................................3

2. Anatomia de superfície, faces, reflexões peritoneais e relações........................... 3

3. Anatomia macroscópica dos lobos .....................................................................8

4. Divisão anatomofunional.....................................................................................8

5. Suprimento vascular do fígado .........................................................................11

6. Drenagem linfática e inervação .........................................................................17

VIAS BILIARES ....................................................................................................18

1. Introdução ........................................................................................................18

2. Vesícula biliar ...................................................................................................18

3. Árvore biliar intra-hepática ...............................................................................19


Árvore biliar extra-hepática ........................................................................................ 20

4. Suprimento vascular e drenagem linfática ........................................................20

5. Inervação ..........................................................................................................21

Referências.........................................................................................................................22
FÍGADO

1. INTRODUÇÃO
O fígado é a maior víscera da cavidade abdominal, ocupando uma porção subs-
tancial da porção superior dela. Preenche a maior parte do hipocôndrio direito e do
epigástrio, podendo se estender até o hipocôndrio esquerdo. O fígado aumenta de
tamanho acompanhando o desenvolvimento do indivíduo até os 18 anos e, a partir da
meia-idade, ocorre diminuição gradual do peso do fígado. Ao longo da vida o fígado
apresenta uma cor marrom avermelhada, mas essa cor pode variar a depender da
quantidade de gordura, sendo a obesidade a causa mais comum do excesso de gor-
dura no fígado, adquirindo uma cor mais amarelada à medida que o teor de gordura
aumenta.

Saiba mais! O fígado corresponde a cerca de 5% do peso corpo-


ral na infância e a 2% do peso do corpo na idade adulta.

2. ANATOMIA DE SUPERFÍCIE,
FACES, REFLEXÕES PERITONEAIS E
RELAÇÕES
O fígado está situado principalmente no quadrante superior direito do abdome,
onde é protegido pela caixa torácica e pelo diafragma. O fígado normal situa-se pro-
fundamente às costelas VII a XII no lado direito e cruza a linha mediana em direção à
papila mamária esquerda.

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Figura 1: Topografia do fígado
Fonte: Macrovector/shutterstock.com

O fígado tem uma face diafragmática convexa (anterior, superior e algo posterior)
e uma face visceral relativamente plana, ou mesmo côncava (posteroinferior), que
são separadas anteriormente por sua margem inferior aguda, que segue a margem
costal direita, inferior ao diafragma.
A face diafragmática do fígado é lisa e tem forma de cúpula, onde se relaciona
com a concavidade da face inferior do diafragma, que a separa das pleuras, pul-
mões, pericárdio e coração. Existem recessos subfrênicos — extensões superiores
da cavidade peritoneal — entre o diafragma e as faces anterior e superior da face
diafragmática do fígado. Os recessos subfrênicos são separados em recessos direi-
to e esquerdo pelo ligamento falciforme, que se estende entre o fígado e a parede
anterior do abdome. A parte do compartimento supracólico da cavidade peritoneal
imediatamente inferior ao fígado é o recesso sub-hepático.

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O recesso hepatorrenal (bolsa de Morison) é a extensão posterossuperior do re-
cesso sub-hepático, situada entre a parte direita da face visceral do fígado e o rim
e a glândula suprarrenal direitos. O recesso hepatorrenal é uma parte da cavidade
peritoneal dependente da gravidade em decúbito dorsal; o líquido que drena da bolsa
omental flui para esse recesso. Lembre-se de que normalmente todos os recessos da
cavidade peritoneal são apenas espaços virtuais, contendo apenas líquido peritoneal
suficiente para lubrificar as membranas peritoneais adjacentes.
A face diafragmática do fígado é coberta por peritônio visceral, exceto posterior-
mente na área nua do fígado, onde está em contato direto com o diafragma. A área
nua é demarcada pela reflexão do peritônio do diafragma para o fígado, como as lâ-
minas anterior (superior) e posterior (inferior) do ligamento coronário. Essas lâminas
encontram-se à direita para formar o ligamento triangular direito e divergem para a
esquerda a fim de revestir a área nua triangular. A lâmina anterior do ligamento coro-
nário é contínua à esquerda com a lâmina direita do ligamento falciforme, e a lâmina
posterior é contínua com a lâmina direita do omento menor. Próximo ao ápice (a ex-
tremidade esquerda) do fígado cuneiforme, as lâminas anterior e posterior da parte
esquerda do ligamento coronário se encontram para formar o ligamento triangular
esquerdo. A VCI atravessa um profundo sulco da veia cava na área nua do fígado.

Se liga!
Na cirurgia - A secção do ligamento triangular esquerdo permite que o lobo he-
pático esquerdo seja mobilizado para a exposição da parte abdominal do esôfa-
go e dos pilares do diafragma.
Na cirurgia – Cuidado ao seccionar o omento menor, pois pode haver uma
artéria hepática aberrante esquerda passando em sua extremidade medial, po-
dendo ser identificada por uma pulsação no omento menor próximo da fissura
umbilical.

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Figura 2: Ligamentos do fígado.
Fonte: joshya/shutterstock.com

A porta do fígado é uma fissura profunda da face inferior do fígado, situada entre
o lobo quadrado na frente e o processo caudado atrás e contém a veia porta, a ar-
téria hepática, plexos nervosos, ductos hepáticos direito e esquerdo e alguns vasos
linfáticos, sendo que todas essas estruturas estão envoltas por uma cápsula fibrosa
perivascular, conhecida como cápsula de Glisson, uma bainha de tecido conjuntivo
frouxo que rodeia os vasos que passam pelos canais portais no interior do fígado
(peritônio visceral) e é contínua com a cápsula hepática fibrosa. Há um denso agru-
pamento de vasos, que servem de suporte para o tecido conjuntivo, e o parênquima
hepático logo acima da porta do fígado são muitas vezes chamados de placa hilar.
A face visceral do fígado também é coberta por peritônio, exceto na fossa da vesí-
cula biliar e na porta do fígado — uma fissura transversal por onde entram e saem os
vasos (veia porta, artéria hepática e vasos linfáticos), o plexo nervoso hepático e os
ductos hepáticos que suprem e drenam o fígado. Ao contrário da face diafragmática
lisa, a face visceral tem muitas fissuras e impressões resultantes do contato com ou-
tros órgãos.
Duas fissuras sagitais, unidas centralmente pela porta do fígado transversal, for-
mam a letra H na face visceral. A fissura sagital direita é o sulco contínuo formado
anteriormente pela fossa da vesícula biliar e posteriormente pelo sulco da veia cava.
A fissura umbilical (sagital esquerda) é o sulco contínuo formado anteriormente pela

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fissura do ligamento redondo e posteriormente pela fissura do ligamento venoso. O
ligamento redondo do fígado é o remanescente fibroso da veia umbilical, que levava o
sangue oxigenado e rico em nutrientes da placenta para o feto. O ligamento redondo
e as pequenas veias paraumbilicais seguem na margem livre do ligamento falcifor-
me. O ligamento venoso é o remanescente fibroso do ducto venoso fetal, que desvia-
va sangue da veia umbilical para a VCI, passando ao largo do fígado.

Figura 3: Vista anterior e visceral do fígado


Fonte: lotan/shutterstock.com

Além das fissuras, as impressões na face visceral (em áreas dela) refletem a rela-
ção do fígado com:

• Lado direito da face anterior do estômago (áreas gástrica e pilórica);


• Parte superior do duodeno (área duodenal);
• Omento menor (estende-se até a fissura do ligamento venoso);
• Vesícula biliar (fossa da vesícula biliar);
• Flexura direita do colo e colo transverso direito (área cólica);
• Rim e glândula suprarrenal direitos (áreas renal e suprarrenal).

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3. ANATOMIA MACROSCÓPICA DOS
LOBOS
O fígado é dividido em lobos hepático direito, esquerdo, caudado e quadrado, pelas
fixações peritoneais e ligamentares da superfície. O lobo hepático direito é o lobo
com maior volume e contribui para a formação de todas as faces do fígado, separado
do lobo hepático esquerdo pelo ligamento falciforme superiormente e pelo ligamen-
to venoso inferiormente. Na face inferior, à direita do sulco formado pelo ligamento
venoso, há duas proeminências separadas pela porta do fígado: o lobo caudado, que
é posterior à porta do fígado; e o lobo quadrado, que é anterior a ela. A vesícula biliar
está em uma fossa rasa à direita do lobo quadrado. O lobo hepático esquerdo é o
menor dos dois lobos principais, está situado à esquerda do ligamento falciforme e
não possui subdivisões. O lobo quadrado é visível como uma proeminência na face
inferior do fígado, à direita do sulco formado pelo ligamento venoso. É anterior à
porta do fígado e é delimitado pela fossa da vesícula biliar à direita, por uma porção
pequena da margem inferior anteriormente, pela fissura do ligamento redondo à es-
querda e pela porta do fígado posteriormente. O lobo caudado é visível como uma
proeminência nas faces inferior e posterior, à direita do sulco formado pelo ligamento
venoso: é posterior à porta do fígado, à sua direita está o sulco da veia cava, acima é
contínuo com a face superior, à direita da extremidade superior da fissura do ligamen-
to venoso.

4. DIVISÃO ANATOMOFUNIONAL
Baseada na divisão do fígado realizada por Couinaud, o fígado é dividido em oito (e
subsequentemente nove) segmentos funcionais tendo como base a distribuição dos
ramos da veia porta e a localização das veias hepáticas no parênquima. Outros estu-
diosos utilizam o sistema biliar como ponto de referência para divisão do fígado.
O fígado é dividido em quatro divisões portais pelos quatro ramos principais da
veia porta, tendo as divisões lateral direita, medial direita, medial esquerda e lateral
esquerda. As três principais veias hepáticas passam entre essas divisões como veias
intersetoriais, que também são chamados de fissuras portais. Cada divisão está sub-
dividida em segmentos (geralmente dois) com base no seu suprimento por divisões
terciárias das bainhas vasculares biliares.

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Figura 4: Distribuição dos vasos do fígado.
Fonte: piyapon chantra/shutterstock.com

As divisões do fígado são compostas de um a três segmentos: lateral direita –


segmentos VI e VII; medial direita – segmentos V e VIII; medial esquerda – segmen-
tos III e IV e parte do I; lateral esquerda – segmento II.

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Figura 5: Segmentos hepáticos.
Fonte: piyapon chantra/shutterstock.com

Segmento I – corresponde ao lobo caudado, recebe de forma independente casos


dos ramos direito e esquerdo da veia porta e da artéria hepática, e drena de modo in-
dependente para a veia cava inferior por vários ramos pequenos;
Segmento II – é posterolateral à fissura esquerda, drena para a veia hepática
esquerda;
Segmento III – está situado entre a fissura umbilical e a fissura esquerda, drena
para a veia hepática esquerda;
Segmento IV – está entre a fissura umbilical e a fissura principal, anterior à fissura
dorsal e ao segmento I, e a principal drenagem venosa desse segmento segue para a
veia hepática intermédia;
Segmento V – é o segmento inferior da divisão medial direita, estando entre as
veias hepáticas intermédia e direita, com drenagem venosa seguida para as veias he-
páticas direita e intermédia;
Segmento VI – é responsável por formar a parte inferior da divisão lateral direita,
posterior à fissura portal direita, com drenagem venosa seguindo para a veia hepática
direita, mas pode seguir diretamente para a veia cava inferior através da veia hepática
direita inferior;
Segmento VII – forma a parte superior da divisão posterior e está situado atrás da
veia hepática direita, drenando para a veia hepática direita;

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Segmento VIII – é a parte superior da divisão anterior direita, drenando para as
veias hepáticas direita e intermédia;
Segmento IX – é uma subdivisão recente do segmento I, correspondendo à parte
do segmento que é posterior ao segmento VIII.

5. SUPRIMENTO VASCULAR DO
FÍGADO
O fígado, como os pulmões, tem irrigação dupla (vasos aferentes): uma venosa
dominante e uma arterial menor. A veia porta traz 75 a 80% do sangue para o fígado.
O sangue porta, que contém aproximadamente 40% mais oxigênio do que o sangue
que retorna ao coração pelo circuito sistêmico, sustenta o parênquima hepático (célu-
las hepáticas ou hepatócitos) . A veia porta conduz praticamente todos os nutrientes
absorvidos pelo sistema digestório para os sinusoides hepáticos. A exceção são os
lipídios, que são absorvidos pelo sistema linfático e passam ao largo do fígado. O
sangue da artéria hepática, que representa apenas 20 a 25% do sangue recebido pelo
fígado, é distribuído inicialmente para estruturas não parenquimatosas, sobretudo os
ductos biliares intra-hepáticos.

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MAPA MENTAL – SEGMENTOS DO FÍGADO

I Lobo caudado Drena para a VCI

Posterolateral à Drena para a veia


II
fissura esquerda hepática esquerda

Entre a fissura
Drena para a veia
III umbilical e a fissura
hepática esquerda
esquerda

Entre a fissura
Drena para a veia
IV umbilical e a fissura
hepática intermédia
principal

Drena para as veias


SEGMENTOS Segmento inferior da
V hepáticas direita a
DO FÍGADO divisão medial direita
intermédia

Drena para a veia


Parte inferior da hepática direita ou
VI
divisão lateral direita VCI através da veia
hepática direita inferior

Parte superior da Drena para a veia


VII
divisão posterior hepática direita

Drena para as veias


Parte superior da
VIII hepáticas direita e
divisão anterior direita
intermédia

Parte do segmento
Subdivisão do
IX que é posterior ao
segmento I
segmento VIII

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O sistema venoso hepático possui duas divisões. O sistema portal que transporta
o sangue venoso proveniente da maior parte do trato gastrointestinal e dos órgãos a
ele associados para o fígado e o sistema venoso hepático que drena o sangue prove-
niente do parênquima hepático para a veia cava inferior.
A veia porta começa ao nível da segunda vértebra lombar e é formada pela conver-
gência das veias mesentérica superior e esplênica. Está situada anteriormente à veia
cava inferior e posteriormente ao colo do pâncreas. As principais tributárias extra-he-
páticas da veia porta são a veia gástrica esquerda e a veia pancreaticoduodenal su-
perior posterior. Na região da porta do fígado a veia porta se divide em dois ramos, o
direito e o esquerdo. O ramo esquerdo emite ramos para os segmentos I (na maioria
das vezes), IV, III e II, enquanto que o direito emite ramos para os segmentos V, VIII,
VII e VI, podendo emitir também para o segmento I.
O fígado é drenado por três veias hepáticas principais (direita, intermédia e esquer-
da) e por uma profusão de veias hepáticas secundárias. As principais levam o sangue
para a parte supra-hepática da veia cava inferior e estão localizadas entre as quatro
principais divisões do fígado, enquanto que as veias secundárias drenam para a parte
intra-hepática da cava inferior.

Figura 6: Veia porta do fígado.


Fonte: BlueRingMedia/shutterstock.com

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MAPA MENTAL – DRENAGEM VENOSA DO FÍGADO

VEIA
MESENTÉRICA
SUPERIOR + VEIA
ESPLÊNICA

Veia porta

Veia gástrica esquerda e


Ramo direito Ramo esquerdo
veia pancreaticoduodenal
superior posterior

V, VIII, VII, VI, I I, IV, III, II

Veia centrolobular Veia centrolobular

Veias hepáticas Veias hepáticas

VCI VCI

A artéria hepática, um ramo do tronco celíaco, pode ser dividida em artéria he-
pática comum, do tronco celíaco até a origem da artéria gastroduodenal, e artéria
hepática própria, da origem da artéria gastroduodenal até a bifurcação da artéria he-
pática. Na porta do fígado, ou perto dela, a artéria hepática e a veia porta terminam
dividindo-se em ramos direito e esquerdo; esses ramos primários suprem as partes
direita e esquerda do fígado, respectivamente. O ramo direito quase sempre se divi-
de em ramos anterior e posterior, sendo que o ramo anterior irriga os segmentos V
e VIII, e o posterior irriga os segmentos VI e VII, e, com frequência a divisão anterior
envia ramos para o segmento I e para a vesícula biliar. A artéria hepática esquerda
irriga os segmentos IV, III e II do fígado.

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Figura 7: Artérias do fígado.
Fonte: Autoria própria

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MAPA MENTAL – ARTÉRIAS DO FÍGADO

Artéria
gastroduodenal
ARTÉRIA Artéria hepática
HEPÁTICA comum
Artéria gástrica
direita

V, VII, I e
Ramo anterior
vesícula biliar
Ramo direito

ARTÉRIA Ramo posterior VI e VII


HEPÁTICA
PRÓPRIA

Ramo esquerdo IV, III e II

Figura 8: Vascularização arterial dos segmentos hepáticos.


Fonte: Autoria própria

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6. DRENAGEM LINFÁTICA E
INERVAÇÃO
A drenagem linfática hepática é vasta e pode seguir para linfonodos situados acima
e abaixo do diafragma. Os vasos linfáticos do fígado são divididos em dois sistemas:
superficial e profundo. Os superficiais seguem no interior do tecido areolar subseroso
localizado em toda a superfície do fígado e drenam em quatro direções, sendo que os
vasos provenientes da maior parte da face posterior, da face do lobo caudado e da parte
posterior da face inferior do lobo hepático direito acompanham a veia cava inferior e dre-
nam para os linfonodos pericavais. Já os vasos dos ligamentos triangular direito e coro-
nário podem penetrar diretamente no ducto torácico sem passar por nenhum linfonodo
intermediário e os vasos que drenam a maior parte da face inferior, da face anterior e da
maior parte da face superior convergem para a porta do fígado para drenar para os linfo-
nodos hepáticos. Os vasos profundos são constituídos de vasos pequenos, no parênqui-
ma hepático, que se fundem para formar vasos maiores. Alguns seguem superiormente
através do parênquima e formam os troncos ascendentes, que acompanham as veias
hepáticas e passam através do forame da veia cava no diafragma para drenar para linfo-
nodos situados ao redor da parte terminal da veia cava inferior. Os vasos da parte inferior
formam os troncos descendentes que emergem pela porta do fígado e drenam para os
linfonodos hepáticos.
A inervação do fígado é dupla, de forma que o parênquima é inervado por nervos
hepáticos, que tem origem no plexo hepático, contendo fibras simpáticas e parassimpá-
ticas, penetrando no órgão através da porta do fígado e a cápsula é inervada por alguns
ramos finos dos nervos intercostais inferiores.
O plexo hepático é a maior estrutura derivada do plexo celíaco, recebendo ramos dos
nervos vago anterior e posterior. Segue acompanhando a artéria hepática e a veia porta
e seus ramos até o interior do fígado, onde suas fibras são enviadas para os vasos hepá-
ticos, para a árvore biliar e inerva diretamente os hepatócitos. Além disso, vários ramos
finos do plexo inervam diretamente o ducto hepático e o ducto colédoco. Os ramos para
a vesícula biliar formam um plexo cístico delicado. As fibras vagais são motoras para a
musculatura da vesícula biliar e dos ductos biliares e inibitórias para o músculo esfíncter
do ducto colédoco. Ademais, sabe-se que os nervos do plexo hepático inervam também
as estruturas derivadas do intestino anterior e contribuem para inervação do piloro.

Se liga!O fato da cápsula ser inervada pelos nervos intercostais faz


com que, diante de um rompimento da cápsula hepática ou uma distensão, haja
uma dor aguda e bem localizada.

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VIAS BILIARES

1. INTRODUÇÃO
A árvore biliar é composta por ductos que coletam a bile do parênquima hepático
e a transportam até a parte descendente do duodeno. De maneira geral, ela é dividida
em: intra-hepática e extra-hepática. Os ductos intra-hepáticos têm origem nos cana-
lículos biliares maiores, que se reúnem e formam os ductos segmentares, os quais
se fundem próximo da porta do fígado, dando origem aos ductos hepáticos direito
e esquerdo. A porção extra-hepática é constituída pelos ductos hepáticos direito e
esquerdo, pelo ducto hepático comum, pelo ducto cístico, pela vesícula biliar e pelo
ducto colédoco.

2. VESÍCULA BILIAR
É um divertículo em forma de cantil, com fundo cego, ligado ao ducto colédoco
por intermédio do ducto cístico, estando, geralmente, preso à face inferior do lobo
hepático direito por tecido conjuntivo. No adulto, ela tem cerca de 7 – 10 cm de com-
primento e uma capacidade de armazenamento de até 50 mL. No geral, está em uma
fossa rasa no parênquima hepático, sendo coberta pelo peritônio. É descrita como
um órgão constituído por: fundo, corpo e colo, sendo que o colo está na extremidade
medial, perto da porta do fígado e quase sempre está preso a ele por uma conexão
curta coberta por peritônio, o mesentério, o qual, no geral, contém a artéria cística. Na
extremidade lateral, o colo se alarga para formar o corpo da vesícula biliar, conhecido
também como bolsa de Hartmann.

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Figura 9: Divisão da vesícula biliar.
Fonte: ilusmedical/shutterstock.com

3. ÁRVORE BILIAR INTRA-HEPÁTICA


Composta pelos ductos segmentares e setoriais, responsáveis pela formação dos
ductos hepáticos, sendo que o ducto hepático esquerdo é formado pela união dos
ductos dos segmentos II e III, e, geralmente, do segmento IV também. Já o ducto he-
pático direito é formado pela união dos ductos setoriais medial e lateral direitos, os
quais são formados por ductos segmentares, provenientes dos segmentos VI, VII, V e
VIII.

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Árvore biliar extra-hepática
• Ducto cístico: É o ducto responsável por drenar o conteúdo da vesícula biliar
para o ducto colédoco. Possui de 3 – 4 cm de comprimento, emerge do colo da
vesícula biliar, se une ao ducto hepático comum e forma o ducto colédoco. No
geral, essa junção entre o ductos cístico e o hepático comum ocorre ao nível da
porta hepática.
• Ductos biliares hepáticos: São os ductos hepáticos direito e esquerdo, que
emergem do fígado e fundem-se próximo da extremidade direita da porta do
fígado, formando o ducto hepático comum. O ducto hepático comum está loca-
lizado à direita da artéria hepática e é anterior à veia porta na margem livre do
omento menor.
• Ducto colédoco: Formado próximo da porta do fígado pela junção dos ductos
cístico e hepático comum. No geral, possui de 6 – 8 cm de comprimento e tem
por volta de 6 mm de diâmetro. O colédoco penetra junto com os ductos pan-
creáticos na parede duodenal, formando a ampola hepatopancreática, também
conhecida como papila de Vater onde está situado o esfíncter de Oddi.
• O trígono cisto-hepático (de Calot): É um espaço triangular formado entre o
ducto cístico, o ducto hepático comum e a superfície inferior do segmento V
do fígado. Trata-se de um importante marco anatômico, pois é nesse espaço
onde passa a artéria cística, próximo à vesícula biliar, o linfonodo cístico e os
vasos linfáticos que deixam a vesícula, uma ou duas veias císticas pequenas, os
nervos autônomos que seguem para a vesícula e um pouco de tecido adiposo
frouxo.

4. SUPRIMENTO VASCULAR E
DRENAGEM LINFÁTICA
• Artéria cística: De forma geral, tem origem na artéria hepática direita, passando
posterior ao ducto hepático comum e anterior ao ducto cístico, até alcançar a fa-
ce superior do colo da vesícula biliar e se dividir nos ramos superficial e profundo.
Essas artérias se anastomosam na superfície do corpo e do fundo. Ela dá origem
a vários ramos finos que irrigam os ductos hepáticos comum e lobar, além da par-
te superior do ducto colédoco.
• Veias císticas: Raramente a drenagem da vesícula biliar é feita por uma única
veia cística, de forma que, geralmente existem várias veias pequenas. As veias
que se originam da face superior do corpo e do colo estão no tecido areolar en-
tre a vesícula biliar e o fígado, e penetram no parênquima hepático para drenar
para as veias portas segmentares. O resto das veias forma uma ou duas veias

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císticas pequenas, que penetram no fígado diretamente ou após se unir às veias
que drenam os ductos hepáticos e a parte superior do ducto biliar.
• Vasos linfáticos: Vários vasos linfáticos partem dos plexos submucoso e sub-
seroso de todas as superfícies da vesícula biliar e do ducto cístico. Os que sur-
gem da face hepática da vesícula biliar se conectam aos vasos intra-hepáticos,
o restante drena para o linfonodo cístico, que geralmente está acima do ducto
cístico, no tecido do trígono cisto-hepático.

5. INERVAÇÃO
Tanto a vesícula biliar quanto a árvore biliar extra-hepática são inervadas por ra-
mos do plexo hepático. A parte retroduodenal do ducto colédoco e o músculo liso
da ampola hepatopancreática também são inervados por ramos menores dos ramos
pilóricos dos vagos.

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REFERÊNCIAS
Standring S. Gray's Anatomia. A base anatômica da prática clínica. 40. ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2010.
Townsend C et al. Sabiston Tratado de Cirurgia. 18. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
Moore KL. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2014.

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