Então aqui o que nos importa especificamente é o que diz respeito ao que pode vir a afetar a
aprendizagem futura deste indivíduo.
O som e o ritmo do compasso cardíaco, o carinho ou o desprezo expressos nas vozes difusas, o barulho do líquido e outros estímulos mais sutis são tudo o que um feto conhece até o parto. Se essa experiência for agradável, tudo vai contribuir para uma criança tranquila e sensível. Se não, a gravidez pode provocar distúrbios psicológicos graves. Fetos rejeitados são fortes candidatos a distúrbios de comportamento. Esse trecho eu tirei da matéria da revista super interessante: “Para a criança, essas coisas não são simples estímulos”, diz a psicóloga Vera Iaconeli, professora da Universidade Paulista (Unip) e especializada em psiquismo fetal. “Aquilo é a vida, é tudo.” Por isso, se a gestação for desagradável, a criança já vai sair do quarto escuro com uma impressão ruim da própria existência. Segundo estudos recentes, filhos indesejados pela mãe têm maior chance de nascer esquizofrênicos ou autistas. As duas doenças têm em comum o fato de se caracterizarem pela fuga do mundo real. São uma forma de se proteger da hostilidade dos outros.” É um assunto pesado? É, mas verdadeiro! Os fetos estão ligados a mão pelo cordão umbilical, e percebem tudo que a afeta pela percepção sensorial. Por exemplo, ansiedade, depressão, stress, nervosismo também são transmitidos quimicamente por hormônios. “Toda situação de estresse atinge o feto”, resume a neuropsiquiatra infantil Theodolinda Mestriner Stocche, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto (SP). O obstetra austríaco Gerhardt Reinold na década de 80 comprovou o efeito da química materna sobre o filho, com um experimento. Fato é que enquanto se está na barriga da mãe, é como se estivessem numa espécie de pré-escola. Ainda não se sabe o quanto se pode aprender no útero. Mas não há dúvida de que, ao sair da sua salinha escura depois de nove meses, você já nasceu sabendo ser o que é. Ao menos um pouco. 1. Crianças que foram expostas ao crack no período gestacional podem ter aumento de deficit baseado na linguagem, havendo implicações para a adaptação escolar e social, principalmente se estiverem expostas a outros fatores de risco que potencializam esses deficit e dificuldades (Morrow et al., 2004). DEL (Déficit/Distúrbio Específico da Linguagem), DAp (Dificuldades de Aprendizagem) 2. O consumo de maconha na gestação altera a atividade de regiões do cérebro do feto em longo prazo, principalmente a região do lobo pré‐frontal, relacionado às funções cognitivas complexas. A pessoa exposta à Cannabis na gestação pode desenvolver hiperatividade, deficiência cognitiva e emocional. 3. A exposição pré natal à cocaína tem sido associada à ocorrência de psicopatologia mais tarde na vida, como transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, delinquência, depressão, ansiedade e ideação suicida. Para crianças maiores e adultos: problemas do sono até os 12 anos; asma e broncoespasmo; pior regulação autonômica; resposta auditiva pobre. 4. Estudo tem apontado que o uso de substâncias psicoativas por mulheres grávidas está relacionado a prejuízos nas funções cognitivas das crianças, impactando em dificuldades na manutenção da atenção e prejuízos na memória e no aprendizado, com maior deficiência ou retardo no desenvolvimento cognitivo em crianças de até dois anos(7). (7. Coles CD, Black MM. Introduction to the special issue: impact of prenatal substance exposure on children’s health, development, school performance, and risk behavior. J Pediatr Psychol. 2006;31(1):1-4. ) 5. Crianças e adolescentes com deficit no desenvolvimento podem ter sérios prejuízos em seu desempenho funcional e em sua saúde mental, que vão desde a diminuição na capacidade de realizar atividades rotineiras do cotidiano de maneira satisfatória e apropriada para cada etapa do desenvolvimento até tornarem-se alvos de ações de bullying, violência, preconceito, entre outros. 6. Com a ingestão de álcool (mesmo em quantidades menores) após o terceiro ou quarto mês de gestação, o feto pode sofrer da chamada Síndrome Fetal Alcoólica, capaz de trazer microcefalia discreta, deficiência intelectual e outros quadros psicológicos. 7. Défice de Atenção. Esse quadro é comum no período da infância em algumas crianças, e costuma se prolongar para a vida toda. Ele não tem cura e atrapalha no desempenho de qualquer atividade e aprendizado — e, mais uma vez, as drogas na gravidez são um verdadeiro vilão para o desenvolvimento desse transtorno nos filhos de mães usuárias.