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OS IMPACTOS COGNITIVOS E COMPORTAMENTAIS QUE OCORREM NA

ADOLESCÊNCIA
Durante o século XIX, Frank Wedekind escreveu uma belíssima obra que
retratava a vida de sete adolescentes vivendo em uma sociedade conservadora
e opressiva, mostrando-se presente a homossexualidade, abuso sexual,
machismo, violência doméstica, gravidez na adolescência e suicídio, que são
um dos mais presentes nas falas dos personagens, os pensamentos suicidas.
Nela, é possível visualizar como se você estivesse vivendo e sentindo o peso
da fala de cada um.
De um lado, é mostrado de forma explícita como os impactos cognitivos e
comportamentais que ocorrem durante a adolescência são danos de um abalo
emocional muito cedo, desde a criação, cultura, uma rotina abusiva,
relacionamentos conturbados e entre outros fatos.
São poucos estudos e pequenos avanços que temos na medicina a cada dia
que comprovam cada vez mais que essas influências nas fases iniciais da vida
humana são como uma pandemia, que vai tirando vidas e deixando muitos com
sequelas duradouras para trás.

Consequências de um estresse crônico na Adolescência

Tendo em vista que o EEP (Estresse Emocional Precoce) desencadeia


problemas cognitivos, podendo desenvolver transtornos e dificuldades de uma
maturação cerebral bem sucedida, temos a certeza de que tudo se inicia nos
primeiros dias de vida de um adolescente, implicando em seu comportamento
futuro e como lidará com seus próprios processos internos de desenvolvimento
como pessoa.
Antes de mais nada, precisa-se compreender o que é o Estresse e o que ele
causa no corpo humano. Seus primeiros sinais se iniciam no HPA (Hipotálamo-
pituitária-adrenal), realizando interações entre glândulas endócrinas,
responsáveis pela produção e liberação de hormônios diretamente na corrente
sanguínea, nos rins e cérebro, que irá controlar as reações do seu corpo, ou
seja, assim que o cérebro detectar uma situação estressante, ele ativa o eixo
HPA imediatamente, que irá produzir o Cortisol, hormônio do estresse.
Contudo, não se pode descartar a importância destas interações para um ser
humano, no entanto quando se torna crônico, traz consequências prejudiciais
para seu lado cognitivo e biológico do cérebro humano, aumentando a
atividade cerebral e a quantidade de conexões mentais na amígdala, que é o
que conhecemos como o centro de controle do medo no cérebro.
Conforme há um aumento de Cortisol, sinais elétricos são enviados ao
hipocampo (região associada ao aprendizado, memória e controle do estresse),
danificando-a. Esta parte cerebral também e responsabilizada pela inibição de
atividade do eixo HPA, ou seja, quando prejudicada, a dificuldade para
controlar as reações perante tanto hormônio liberado, aumenta.
Segundo a pesquisa direcionada pelo professor da escola de Medicina de
Harvard, Justin B. Echouffo-Tcheugui, altos níveis de cortisol podem encolher a
região do córtex pré-frontal, parte do cérebro que regula comportamentos como
concentração, tomada de decisões, julgamentos e interação social, e ainda
ocasionar a perda de conexões sinápticas entre neurônios, danificando todo
seu funcionamento, pois o oxigênio e nutriente que deveria ser direcionado
para ele, se dissipa pelo corpo para que consiga lidar com a ‘’bagunça’’ que o
estresse deixou. Levando em consideração estes aspectos, o estresse crônico
prejudica o aprendizado e a memória, também preparando o terreno para
problemas mentais futuros se desenvolverem.

A falta dos cuidados maternos na infância


Um experimento registrado por Gilliard Lach, trouxe uma tese comprovando
que a negligência materna nos primeiros dias de vida de um rato-filhote foi
crucial para que o mesmo desenvolvesse ansiedade no futuro. Com isso,
também foi registrado que aqueles que tiveram toda atenção da mãe,
desenvolveram receptores de Cortisol, Y1 e o neurotransmissor
Neuropeptídeo, responsável pela regulação do estresse, memória, ansiedade e
medo, tornando-se menos sensíveis aos efeitos colaterais do hormônio em seu
corpo.
Tendo em vista os aspectos observados, para que ficasse mais claro todo o
experimento, foi administrado Intracerebroventricular (técnica de injeção
invasiva de substâncias diretamente no liquido cefalorraquidiano nos
ventrículos cerebrais) de NPY (Neuropeptídeo Y) e LP-NPY. Com isso, após 7
dias, o rato-filhote foi exposto a um ambiente novo e rico de estímulos, que lhe
causava estranheza, tendo como resultado a extinção e reconsolidação do
medo condicionado. O receptor Y1 tem uma participação importante em tudo,
já que o mesmo é responsável por controlar os níveis de NPY, para que assim
haja um equilíbrio.
Uma sociedade incompreensível
Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) em 2019, um em
cada sete adolescentes brasileiros já sofreu algum tipo de abuso sexual em
fase escolar.
Em outubro de 2021, o IBGE divulgou dados de que 9% (16.920) das meninas
no ano de 2019, antes da pandemia retirar os alunos das escolas, já foram
obrigadas a manter relação sexual sem vontade nenhuma. Durante a
realização da pesquisa, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,
entrevistou 188 mil estudantes, que responderam questões em 4.361 escolas
de 1.288 municípios brasileiros. Dados comprovam que 14% (26.320) desses
adolescentes, sendo 20,1% (5.290) meninas e 9% (2.368) meninos, já
passaram por uma situação de estresse em alto nível, sendo tocados ou tendo
exposição de seu corpo contra sua vontade.
Relações forçadas ou estupro, 6,3% (11.844) dos entrevistados confirmaram
terem sido vítimas, sendo 8,8% (1.042) garotas e 3,6% (402) garotos. Além do
uso de drogas ilícitas, que 13% (24.440) dos adolescentes dos 13 aos 17 anos,
mais de um quinto (22,6%) deles confirmaram o uso de pelo menos um cigarro
ao longo de suas vidas.
Um em cada cinco estudantes, sendo 21,4% deles, (40.232) confirmaram
terem sentido que a vida não valia a pena ser vivida nos 30 dias anteriores a
entrevista. Durante este mesmo ano de 2019, um quarto dos entrevistados
(23%) disse ter sofrido bullying por seus colegas de classe.
Entre esses acontecimentos, 11,6% (21.808) dos alunos deixaram de ir às
escolas por medo do perigo que continha no trajeto de ida e volta.
A pesquisa prova que 21% (39.480) dos entrevistados afirmaram terem sido
agredidos pelo pai, mãe ou responsável, alguma vez nos últimos meses que
antecederam a entrevista.

Sequelas de uma agressão


O Jornal GloboNews, São Paulo, confirmou que com a pandemia, denúncias
de abuso sexual contra crianças e adolescentes crescem.
Além de que, no dia 20 de maio de 2021, 30% dos alunos da rede estadual de
SP dizem que foram vítimas de bullying nos últimos 30 dias por causa de sua
aparência.
O site do Governo Federal afirma que o Brasil registra mais de 119,8 mil
denúncias de violência contra crianças e adolescentes, no ano de 2021.
Perante estes acontecimentos, o estado emocional de uma maioria de jovens
se encontra em estado danificado e prejudicado, abrindo portas para
desencadear diversos problemas psicológicos, inclusive doenças. A
adolescência não é apenas uma fase de preguiça, frescura ou mentiras, há
bases teóricas científicas e medicas comprovadas que dizem totalmente o
contrário. O erro está em tentar procurar problemas nos próprios causadores
deles.
A produção de estresse destes adolescentes triplicou, o que ocasionou em
sérias dificuldades cognitivas, tendo dificuldades na aprendizagem, memória,
atenção, linguagem e inclusive seu sono, afetando o controle emocional e
dando abertura para transtornos mentais se desenvolverem.

Ciclo Circadiano de um adolescente


É de conhecimento geral que o Ciclo Circadiano é a ritmicidade do seu corpo
dentro de um intervalo de um dia, ou seja, se dá pela flutuação especifica de
alguns hormônios. Quando vai chegando até uma certa hora da noite, o cortisol
começa a cair (hormônio do estresse) e a melatonina vai subindo (hormônio do
sono). Se houver luz branca no ambiente, ela vai inibir a produção da
melatonina, ou seja, o ideal é que esteja em um ambiente escuro ou com luz
amarela, vermelha ou amarela, para que não seja agressivo para o cérebro e
interrompa a produção.
O hipotálamo regula o ciclo circadiano, ou seja, como que a luz chega até ele?
O que acontece é que no seu olho tem neurônios que ficam a espera de sinais
para enviar ao seu cérebro e lá ser produzido hormônios que vão despertar seu
corpo. Na parte interna de seu hipotálamo há um núcleo supraquiasmático e
dentro deste núcleo, tem um gene que se chama Genes CLOCK, responsável
pelo seu ritmo circadiano. Este DNA produz um RNA, este RNA traduz uma
proteína e durante o dia ela vai se acumulando na célula, chegando a um ponto
de que vai inibir sua própria produção. Este ciclo demora um total de 24 horas
para acontecer, ou seja, assim que você se expor a luz e ela chegar no núcleo
supraquiasmático, a produção de proteína vai iniciar.
Se seu sono for prejudicado, o controle emocional é perdido. Tendo em vista
que os adolescentes não são preparados, biologicamente falando, para
acordarem cedo, pois tendem a ser seres noturnos, dormindo tarde e passando
o ciclo para frente, a educação brasileira em manter escolas matutinas, só é
prejudicial aos mesmos. Além disto, durante toda a infância e pré-adolescência,
os estudantes passam a acordar mais tarde e estudar no período integral, ou
seja, quando se muda este ciclo para o matinal, você está reprogramando um
organismo. Entre outras questões, vamos citar também a produção de cortisol
e adrenalina durante o dia e a noite, que diminuem o sono-REM e dificulta que
tentem dormir pelo menos às 21 horas da noite.

Porta de Entrada da Adolescência


A adolescência é uma fase da vida conhecida como fase de transição entre a
infância e a vida adulta, portanto é nessa fase onde ocorrem mudanças
importantes, físicas, cognitivas e comportamentais. A adolescência, entretanto,
é uma construção social, visto que muitas culturas a desconsideram,
entendendo as mudanças citadas como indicativo de que aquela pessoa é
então, um adulto.
A principal mudança física observada é a puberdade, processo de
amadurecimento que se inicia entre os 6 e 8 anos de idade, mas alcança seu
pico por volta dos 12 anos de idade, segundo pesquisas realizadas por
médicos na sociedade moderna. é nesse momento em que acontece a
maturação dos órgãos sexuais e a produção de hormônios reprodutivos
fundamentais, há também o crescimento acelerado do corpo, o surgimento de
odores corporais e o crescimento de pêlos.
Além disso, há também as alterações que o cérebro de um adolescente sofre.
Estudos mostram que adolescentes tendem a processar as informações com
as amígdalas, enquanto o cérebro adulto o faz com o lobo frontal. Essa
informação explica que os jovens tendem a tomar decisões e ter julgamentos
menos precisos e racionais, já que a amígdala está fortemente relacionada às
reações emocionais e instintivas, enquanto o lobo frontal ao raciocínio, controle
dos impulsos e planejamento.
Uma característica muito observada em adolescentes é a propensão para
fatores de risco, tais como uso de substancias nocivas e ilicitas, como o alcool
e drogas, as relações sexuais não seguras. Segundo Steinberg (2007), a
interação entre duas redes cerebrais, uma rede socioemocional sensível a
estímulos sociais e emocionais e uma rede de controle cognitivo responsável
por regular respostas e estímulos, pode explicar a tendência dos adolescentes
a comportamentos de risco e o porquê dos comportamentos de risco
frequentemente acontecerem em grupos.
A adolescência é um momento de  oportunidades e riscos para o
desenvolvimento e isso acontece exatamente por ser uma fase de mudanças
em vários aspectos. De acordo com a teoria do desenvolvimento cognitivo de
Piaget, os adolescentes entram no nível operatório-formal, onde observa-se
uma maneira mais flexível de processar informações e uma capacidade de
pensamentos abstratos.
É nesse nível que se desenvolve o raciocínio hipotético-dedutivo que torna o
adolescente capaz de desenvolver uma hipótese e testá-la em experimentos
elaborados sistematicamente, proporcionando assim, ferramentas para a
resolução de problemas. Esse raciocínio pode ser ensinado e aprendido, o que
se mostra quando observa-se o raciocínio de adolescentes inseridos em
diferentes culturas e escolarização.
Com isso é possível perceber que a cultura, a sociedade, a classe social e a
base familiar onde um adolescente está inserido influenciam diretamente seu
desenvolvimento cognitivo, mas não apenas ele, também há influências no
desenvolvimento social e psicológico.
Mudanças psicológicas e a busca por identidade

A adolescência é um processo onde não mais se considera criança, mas


também não é reconhecido como adulto, é a busca pelas boas vindas ao
mundo adulto, que pode se manifestar de diversas formas. Todas as mudanças
citadas anteriormente acontecem de forma rápida, porém complexa para o
próprio adolescente.
As mudanças físicas, principalmente as trazidas pela puberdade, causam
insegurança e muitas vezes levam a transtornos psicológicos. Essa
insegurança com a própria aparência costuma ser o primeiro desafio a ser
enfrentado na adolescência.
Em "Adolescência", livro escrito por Contardo Calligaris, o autor afirma: “Em
nossa cultura, um sujeito será reconhecido como adulto e responsável na
medida em que viver e se afirmar como independente, autônomo 一 como os
adultos dizem que são”.
Ser reconhecido como adulto é um objetivo que encontra diversos obstáculos e
contradições. Para alcançar esse reconhecimento, os jovens encontram uma
contradição entre o que os próprios adultos dizem ser necessário e a moratória
imposta pela sociedade (o interesse em ser reconhecido). Essa contradição
que os fazem pensar “o que os adultos querem de mim?” Exigir uma
independência característica dos adultos ou aceitar a fase de preparação, onde
não tem as certezas da infância ou da fase adulta. As expectativas muito altas
se contrapõem com a falta de confiança na capacidade dos adolescentes em
alcançá-las.
Segundo Contardo Calligaris (1948-2021), é essa insegurança que leva à
formação de 5 tipos de adolescentes: O adolescente gregário, o adolescente
delinquente, o adolescente toxicômano, o adolescente que se enfeia, e o
adolescente barulhento. Cada um deles sendo uma forma encontrada para
tentar alcançar o fim da fase da adolescência da melhor forma possível.
Nesta fase em que procura-se uma identificação na sociedade é comum que os
adolescentes usem a família como modelo, observando as habilidades, as
resoluções de problemas, o que é certo ou errado. Ter uma base familiar
suportiva pode levar essa fase de transição a ser mais tranquila, mas existe
dificuldade para os familiares, que precisam lidar com mudanças nos
adolescentes e em si próprios para aceitar esse adolescente, mas também
para os jovens que percebem diferenças na forma como é tratado e precisa
descobrir o ideal de adulto que precisa se formar.
TRANSTORNOS E DOENÇAS MENTAIS

Transtorno de Ansiedade
O transtorno de ansiedade é um dos mais comuns na sociedade atual,
principalmente durante a fase da adolescência. Apesar disso, a ansiedade é
um sentimento comum e necessário em todos os seres humanos porque auxilia
o organismo a prever situações de perigo que podem ser evitadas, ou
fornecendo os meios de sair de uma situação perigosa, de modo que pode ser
entendida como instinto. Porém, passa a ser considerado patológico o medo e
a ansiedade acima do normal, que afeta o cotidiano e atrapalha o convívio com
outras pessoas.
O DSM-V (Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais, quinta
edição) caracteriza transtorno ansioso como todos aqueles que compartilham
de sintomas de medo excessivo, como taquicardia, suor em abundância,
tremores, inquietação, entre outros. Existem onze transtornos catalogados
como ansiosos pelo mesmo manual, são alguns deles:
Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG)
É um transtorno frequente e constantemente subdiagnosticado. Pode
ocorrer em todas as fases da vida e muitas vezes é confundido com
depressão, por causar cansaço e agonia frente a situações diversas,
além de distúrbios do sono, irritabilidade, tensão muscular e dificuldade
de concentração.
Transtorno de Ansiedade de Separação
Pode acontecer em qualquer fase da vida, sendo mais comum durante a
infância. É caracterizado por sintomas ansiosos frente a situações de
separação de pessoas com grande significado. Os sintomas incluem:
antecipação da partida de uma pessoa importante, preocupação e medo
excessivo com a separação, incapacidade de lidar com a separação de
uma pessoa específica.
Transtorno de Ansiedade Social ou Fobia Social
É muito comum entre adolescentes, caracteriza-se pelo medo e a
ansiedade que surgem quando há a necessidade de interações sociais.
Costuma ter como comorbidade a depressão e outros transtornos
ansiosos e pode causar prejuízos como pensamentos suicidas,
dificuldade em manter ou criar relações próximas e piora no
desenvolvimento escolar.
Transtorno do pânico
É uma ansiedade aguda, que acontece de forma repentina e episódica
que em geral possui curta duração. Causa medo e sensação de
desespero, além de sintomas que podem ser confundidos com infartos:
dor no peito, dormência nos membros. Durante uma crise de pânico a
pessoa tem a sensação de que está próxima da morte ou da loucura.
Fobias específicas
Caracteriza-se pelo medo e ansiedade extrema causado por fatores
específicos, que podem ser lugares, objetos, situações ou animais. Os
exemplos comuns são: altura, insetos e aranhas.
DEPRESSÃO NA ADOLESCÊNCIA

O tema trata-se de um assunto de grande importância na atualidade. A


depressão na adolescência constitui um grave problema de saúde pública, com
sérias consequências pessoais e sociais no futuro dos jovens e de toda a
sociedade. A adolescência é um momento especial na vida do indivíduo. Nessa
etapa, o jovem passa por diversas transformações, pois está em um processo
contínuo de desenvolvimento. No entanto, neste processo de desenvolvimento
pode haver a ocorrência de transtornos mentais, haja vista a constante
mudança biopsicossocial do adolescente. Ademais, deve-se tomar o cuidado
em não confundir depressão na adolescência com a normalidade de oscilação
de humor decorrente da fase do adolescer. Daí ser de grande e precioso valor
falar a respeito dos agentes que contribuem para o estado de depressão,
acarretando em consequências negativas para a saúde física e mental durante
seu ciclo de vida.

As condições encontradas no ambiente onde esses adolescentes residem que


eliciam a depressão dos mesmos podem vir a ser: um ambiente de
promiscuidade; período de formação de identidade, o que os torna vulneráveis
às condições externas; as constantes flutuações de humor e do estado de
ânimo; a falta de estrutura e/ou funcionalidade familiar como base para sua
constituição e formação no seu vir a Ser Humano – equilíbrio nos aspectos
físico, mental, social e espiritual.

A adolescência é o período da vida em que ocorrem as transformações mais


aparentes no corpo, em razão das alterações hormonais. Inicia-se por volta dos
dez ou onze anos de idade, tendo as meninas o acontecimento da primeira
menstruação ou menarca, o aumento dos pelos vaginais e o crescimento dos
seios. Nos meninos acontece a alteração da tonalidade da voz, o aumento dos
pelos pubianos e o crescimento do pênis, que passa a ter ereção e ejaculação.
Assim, a necessidade da pesquisa surge da necessidade de tratar um assunto
presente na sociedade atual e que atinge uma parcela considerável de
adolescente, sendo esta responsável por causar uma série de consequências
na sociedade. Além disso, a especificação do estudo da depressão no grupo
dos adolescentes é de grande relevância por se tratar de uma parcela de
indivíduos que farão e serão o amanhã de um futuro bem próximo. E por isso,
ao se pensar na qualidade de vida destes é o mesmo que estar pensando na
qualidade de vida da sociedade que de um modo geral se molda a cada dia
traçando um ritmo de vida para todos. Para tanto, surge a

importância de se ter um olhar crítico e cuidadoso em relação a estes


indivíduos. O problema da depressão na fase do adolescer se revela de suma
importância entre a sociedade atual, porquanto constitui uma das formas de
compreender a estruturação e organização de nossa sociedade presente e
futuramente. Daí a importância da psicologia, em especial, do papel
fundamental do psicólogo, que é a de acompanhar o desenvolvimento do
indivíduo levando em conta o processo do adolescer e todos aspectos que
envolvem a qualidade ou não desta fase de crescimento humano.

Adolescência Segundo Outeiral (2008, p. 09), na adolescência, o indivíduo se


vê obrigado a assistir e a sofrer passivamente uma série de transformações
que se operam em seu corpo, e, por conseguinte, em sua personalidade. Cria-
se um sentimento de impotência frente a realidade que poderá ser vivida de
uma forma persecutória, maníaca ou fóbica. Vive o adolescente, neste
momento evolutivo, a perda de seu corpo infantil, com uma mente ainda infantil
e com um corpo que vai se fazendo inexoravelmente adulto, que ele teme,
desconhece e deseja e, provavelmente, que ele perceba aos poucos diferenças
do que idealizava ter quando adulto. A adolescência pode ser destacada por
algumas características, como o desenvolvimento do autoconceito, autoestima
e de conceitos mais complexos. É uma fase caracterizada pelo aumento das
responsabilidades sociais, familiares e, até mesmo, vista por um outro ângulo
criminal, com a utilização do estatuto da infância e adolescência. Pode ser
considerada como um período de grande aprendizagem de normas, conceitos
sociais e morais, mesmo que às vezes sejam contrariados e violados no
sentido da experimentação dos limites. Também é uma fase de acentuadas
mudanças biológicas e hormonais, que proporcionam, muitas vezes dúvidas,
inquietação e mudanças de comportamento em relação aos pares sociais
(amigos) e família. Segundo Baptista (2001), a adolescência é um período da
vida que envolve grandes mudanças e confrontações em vários níveis:

A) mudanças biológicas (puberdade, aumento físico do tamanho);

B) deveres psicossociais (criar relações íntimas com pessoas significativas,


tomar decisões importantes)

C) mudanças no meio (transição do ginásio para o colégio).

A fase da adolescência é marcada por algumas características, dentre elas, a


maior capacidade de reconhecer alternativas nas escolhas e encontrar
soluções através deste reconhecimento. Geralmente, esta característica é
acompanhada pela tendência de questionar as autoridades. Outras
características que podem ser reconhecidas durante esta fase são: aquisição
de independência dos pais e família; desenvolvimento do sistema de valores e
aquisição de identidade própria; estabelecimento de relações efetivas com
outros indivíduos da mesma idade, tendência de egocentrismo nos interesses e
metas, além da preparação para a carreira profissional. O adolescente enfrenta
um mundo complexo para o qual ainda não dispõe de um repertório adequado,
pois as mudanças que o ambiente exige desta fase são em número muito
grande, sendo a adolescência um período de aprendizagem de regras novas,
afirma Baptisa (2001). A adolescência parece ser uma das fases do
desenvolvimento humano em que um grande número de mudanças ocorre em
um período de tempo muito curto, o que supõe uma certa preocupação em
relação ao desenvolvimento de problemas ligados à saúde mental. Depressão
na Adolescência Segundo Drauzio Varella, depressão é uma doença crônica,
recorrente, muitas vezes com alta concentração de casos na mesma família,
que ocorre não só em adultos, mas também em crianças e adolescentes. O
que caracteriza os quadros depressivos nessas faixas etárias é o estado de
espírito persistentemente irritado, tristonho ou atormentado que compromete as
relações familiares, as amizades e a performance escolar. De acordo com a
“American Psychiatric Association”, um episódio de depressão é indicado pela
presença de 5 ou mais dos seguintes sintomas, quase todos os dias, por um
período de pelo menos duas semanas:

Estado de espírito depressivo durante a maior parte do dia;

· Interesse ou prazer pela maioria das atividades claramente diminuídos;


· Diminuição do apetite, perda ou ganho significativo de peso na ausência de
regime alimentar (geralmente, uma variação de pelo menos 5% do peso
corpóreo);

· Insônia ou hipersonia;

· Agitação psicomotora ou apatia;

· Fadiga ou perda de energia;

· Sentimento exagerado de culpa ou de inutilidade;

· Diminuição da capacidade de concentração e de pensar com clareza;

· Pensamentos recorrentes de morte, ideação suicida ou qualquer tentativa de


atentar contra a própria vida. Na ausência de tratamento, os episódios de
depressão duram em média oito meses. Durações mais longas, no entanto,
podem ocorrer em casos associados a outras patologias psiquiátricas e em
filhos de pais que também sofrem de depressão. A doença é recorrente: para
quem já apresentou um episódio de depressão a probabilidade de ter o
segundo em dois anos é de 40%, e de 72% em 5 anos. Em pelo menos 20%
dos pacientes com depressão instalada na infância ou adolescência, existe o
risco de surgirem distúrbios bipolares, nos quais fases de depressão se
alternam com outras de mania, caracterizadas por euforia, agitação
psicomotora, diminuição da necessidade de sono, ideias de grandeza e
comportamentos de risco. Antes da puberdade, o risco de apresentar
depressão é o mesmo para meninos ou meninas. Mais tarde, ele se torna duas
vezes maior no sexo feminino. A prevalência da enfermidade é alta: depressão
está presente em 1% das crianças e em 5% dos adolescentes. Ter um dos pais
com depressão aumenta de 2 a 4 vezes o risco da criança. O quadro é mais
comum entre portadores de doenças crônicas como diabetes, epilepsia ou
depois de acontecimentos estressantes como a perda de um ente querido.
Negligência dos pais e/ou violência sofrida na primeira infância também
aumentam o risco. É muito difícil tratar depressão em adolescentes sem os
pais estarem esclarecidos sobre a natureza da enfermidade, seus sintomas,
causas, provável evolução e as opções medicamentosas. Uma classe de
antidepressivos conhecida como a dos inibidores seletivos da recaptação da
serotonina (fluoxetina, paroxetina, citalopran, etc.) é considerada como de
primeira linha no tratamento em crianças e adolescentes e os estudos mostram
que 60% respondem bem a esse tipo de medicação, que apresenta menos
efeitos colaterais e menor risco de complicações por “overdose” do que outras
classes de antidepressivos. A recomendação é iniciar o esquema com 50% da
dose e depois ajustá-la no decorrer de três semanas de acordo com a reação
da pessoa e os efeitos colaterais. Uma vez que a resposta clínica tenha sido
obtida, o tratamento deve ser mantido por seis meses, no mínimo, para evitar
recaídas. A terapia comportamental mostrou eficácia em ensaios clínicos e
parece dar resultados melhores do que outras formas de psicoterapia. Outro
tipo de psicoterapia eficaz em ensaios clínicos é conhecido como terapia
interpessoal. Nela, os pacientes aprendem a lidar com dificuldades pessoais
como a perda de relacionamentos, decepções e frustrações da vida cotidiana.
O tratamento psicoterápico deve ser mantido por seis meses, no mínimo.
Segundo Papalia (2010), “quanto maior o número de fatores de risco
presentes, maior a chance de o adolescente ou jovem adulto abusar das
drogas e, entre os fatores de risco estão

· Temperamento difícil;

· Pouco controle dos impulsos e tendência a buscar sensações (que pode ter
uma base bioquímica);

· Influências da família (como predisposição genética ao alcoolismo, uso ou


aceitação parental de drogas, práticas de educação inconsistentes ou
precárias, conflito familiar e relacionamentos familiares problemáticos ou
distantes;

· Problemas comportamentais persistentes desde a infância, principalmente a


agressão;

· Fracasso escolar e falta de comprometimento com os estudos;

· Rejeições por parte dos colegas;

· Associações com usuários de drogas;

· Alienação e rebeldia;

· Atitudes favoráveis ao uso de drogas;

· Iniciação prematura ao uso de drogas. Quanto mais cedo os jovens começam


a usar drogas, com mais frequência vão usá-las e maior será a tendência ao
abuso (Hawkins, Catalano & Miller, 1992; Johnson, Hoffmann & Gerstein, 1996;
Masse & Tremblay, 1997; USDHHS, 1996b).”. Como o abuso de drogas
psicoativas e o suicídio são consequências possíveis de quadros depressivos,
os familiares devem estar atentos e encaminhar os doentes a serviços
especializados assim que surgirem os primeiros indícios de que esses
problemas possam estar presentes. Para Camon (2003, p. 189), a depressão
oriunda dos quadros de luto e perda embora esperada e até mesmo
considerada saudável pode vir a tornar-se patológica se o tempo de sua
duração se estender por períodos muito longos. A Contribuição da Psicanálise
Segundo Monteiro (2007), a adolescência, geralmente, é considerada um
momento de profundas transformações, desde a relação do jovem com seu
corpo até seu reconhecimento como membro de um corpo social. A
psicanálise, assim, aborda o sujeito adolescente considerando também seus
processos de luto, que se articulam entre si promovendo no jovem, a dolorosa
tarefa de desligar-se dos pais, de posicionar-se na partilha dos sexos e,
consequentemente, de realizar suas escolhas. Para Freud (1905/1972 apud
Monteiro, 2007) com o advento da puberdade ocorrem as transformações
necessárias para que a vida sexual infantil vá ao encontro de sua forma final.
Contudo, a sexualidade para a psicanálise não guarda relação direta somente
com os aspectos concernentes aos caracteres sexuais secundários, mas com
uma noção desexualidade que, independentemente de servir ou não às
finalidades de reprodução, desempenha papel importante em toda a amplitude
da vida mental, incluindo seus aspectos psíquicos e éticos. As constatações
clínicas de manifestações sexuais infantis, a partir da adolescência, colocam
em evidência o corpo erógeno, o corpo investido. A estranheza que a
puberdade lhe evidencia, coloca o jovem diante de um contexto ainda não
compreendido totalmente, mas que, com certeza, lhe imputa a perda da
condição infantil e a perda da encantadora fantasia da onipotência parental.
Todavia, mesmo com todo o impacto dessa perda, vale ressaltar que, desde os
meses iniciais de vida a criança já vai vivenciando a ausência da mãe,
percebendo que esta não é onipresente. Tais ausências podem ser vividas
como pequenas mortes, inaugurando uma das representações mais fortes do
desenvolvimento humano "que é a morte como ausência, perda, separação, e
a consequente vivência de aniquilação e desamparo" (Kovács, 1992, apud
Monteiro, 2007)). Consequentemente, um luto importante se faz neste
momento: o luto pelos pais da infância. A separação da autoridade dos pais se
organiza enquanto uma perda, pois antes aos pais da infância era atribuída
uma posição idealizada, que o adolescente, ao longo de sua jornada, necessita
abrir mão. Paradoxalmente, é esta percepção vacilante dos referenciais
identificatórios que permite ao adolescente criar uma direção para si mesmo e
investir em suas próprias escolhas. Para Freud (1905/1972 apud Monteiro,
2007) ao mesmo tempo em que estas fantasias claramente incestuosas são
superadas e repudiadas, completa-se uma das mais significativas e, também,
uma das mais dolorosas realizações psíquicas do período puberal: o
desligamento progressivo dos pais, um processo que, sozinho, torna possível a
oposição, tão importante para o progresso da civilização, entre a nova geração
e a velha. Esta decepção com os pais idealizados da infância vem juntar-se
aos lutos pelo papel e pela identidade infantis cujo exercício implicam em
alguns privilégios para a criança e, certamente, sua perda, num certo temor
com relação às responsabilidades do mundo adulto. Ao mesmo tempo, a
percepção do adolescente lhe informa sobre a sua crescente semelhança física
com os adultos, transformação esta que vai acontecendo a sua revelia, de
forma rápida e inevitável, promovendo um outro luto, o luto pelo corpo infantil
perdido (Aberastury, 1978; Knobel, 1978 apud Monteiro, 2007). O corpo, efeito
primordial da puberdade, passa a ser um território de interrogações para o
jovem. O que se costuma chamar de caracteres sexuais secundários: a
mudança de voz, da pilosidade, o crescimento dos seios, dentre outros; são
autônomos com relação ao desejo de amadurecer e, por sua prenuncia, ali se
encontram, questionando o jovem. Se na infância alguma direção em relação
ao gozo era sustentada, mesmo que artificialmente, agora a bissexualidade
infantil, já não se sustenta. A partir da adolescência se faz praticamente
impossível mantê-la sem recorrer a certos mecanismos patológicos (Rassial,
1997, apud Monteiro, 2007). O adolescente necessita situar-se quanto a sua
sexualidade, a ele é solicitado uma representação de si mesmo, uma tomada
de posição na partilha dos sexos, e à criança tal solicitação não é feita. Freud
(1917/1980) afirma que a puberdade implica no encontro com o sexo, algo
imprevisto, que certamente promove angústia, na medida em que põe à prova
a relação edípica e os ideais parentais. Múltiplas causalidades se configuram
na constituição dos sintomas no sujeito adolescente, o encontro com o sexo
seria uma delas, não o encontro que se reduz somente à relação sexual, mas o
que confronta o adolescente com uma tomada de posição sexual. A depressão,
segundo Deloya (2002 apud Monteiro, 2007), emerge com essa progressiva
consciência de ser separado da mãe, na falácia da fantasia de completude
mãe-filho, que permite a saída da criança deste lugar santificado, possibilitando
assim, a emergência do sujeito psíquico. No complexo de Édipo o objeto em
falta é a própria mãe e é exatamente em torno desta falta que a relação com o
mundo se dá, pois somos todos enquanto seres falantes forjados por uma
perda, modelados por uma falta [...] a falta é o elemento central que impulsiona
a nossa entrada no universo simbólico (Peres, 2003, apud Monteiro, 2007). A
estruturação do sujeito é norteada em torno desta falta, levando assim, o luto, a
ocupar um lugar fundante e, na medida em que o relacionemos com a questão
da depressão e da melancolia, observa-se uma tendência depressiva dentro da
própria constituição humana. Pierre Fédida (2000 apud Monteiro, 2007)
enfatiza este aspecto, de não caracterizar a depressão enquanto estrutura
psíquica por se tratar de um estado próprio à constituição do aparelho psíquico,
possibilitando declarar que tal quadro caracteriza o humano. Para tanto, é
preciso que o passado seja reconhecido enquanto lembrança, instaurando a
memória e protegendo assim a vida psíquica. Os pais não são mais os
salvadores do desamparo humano, existe sempre algo que aponta uma falha
parental e exige uma elaboração por parte do sujeito. Em tal processo de
elaboração surge a depressão, e nessa diferença entre depressão e
melancolia, a manifestação depressiva, na ausência de outro recurso, protege
da ameaça melancólica (Deloya, 2002; Fédida, 2002, apud Monteiro, 2007).
Quando o jovem manifesta os sintomas da depressão, principalmente no que
tange às manifestações de seus afetos: como a tristeza e a inibição, pode estar
necessitando deste afastamento do mundo, a fim de elaborar, as dificuldades
em encontrar as referências simbólicas que pavimentem um acesso em que
possa criar um caminho para si mesmo e para investir em suas próprias
escolhas. "Compreendemos as condutas mais patológicas do adolescente
somente na condição de considerá-la como busca de uma nova virtude"
(Rassial, 1997, apud Monteiro, 2007). Afinal, o mundo dos adultos revela o
quão frágil é a promessa de que a saída da infância é condição de um lugar
social reconhecido, na verdade, tal saída o coloca em um tempo de espera
onde terá que realizar a reconstrução dos ideais perdidos. Nesta tarefa deverá
separar-se dos pais idealizados para incorporá-los simbolicamente e, ao
incorporá-los, reconhecê-los ao longo de sua trajetória na vida. Neste momento
os adolescentes já não satisfazem às demandas dos pais, questionam as
regras da família, da escola e da sociedade, numa manifestação clara de que,
nem todas as referências que os pais ofereceram, lhes servirão. Aqui, não
existem necessariamente oposições entre pais e filhos, mas visões diversas de
mundos, curiosamente complementares: a bagagem que lhes foi passada
pelos pais, em vez de constituir um peso, poderá ser um estímulo poderoso
para que o adolescente se imponha um sem-número de desafios, abrindo mão
de uma segurança estéril - útil somente para a infância -, dos pais como
muletas e se aventurando em compor um outro personagem; uma reinvenção,
afirma Monteiro (2007). Drogas na adolescência (podendo se apresentar como
fuga da depressão) Na busca do que já foi pesquisado, pode-se encontrar uma
extensa bibliografia a respeito da drogadição na adolescência, pois, que o tema
se faz sempre necessário entrar em discussão. Assim, segundo Papalia (2010),
“entre os fatores de risco estão
· Temperamento difícil;

· Pouco controle dos impulsos e tendência a buscar sensações (que pode ter
uma base bioquímica);

· Influências da família (como predisposição genética ao alcoolismo, uso ou


aceitação parental de drogas, práticas de educação inconsistentes ou
precárias, conflito familiar e relacionamentos familiares problemáticos ou
distantes;

· Problemas comportamentais persistentes desde a infância, principalmente a


agressão;

· Fracasso escolar e falta de comprometimento com os estudos;

· Rejeição por parte dos colegas;

· Associação com usuários de drogas;

· Alienação e rebeldia;

· Atitudes favoráveis ao uso de drogas;

Iniciação prematura ao uso de drogas. Quanto mais cedo os jovens começam a


usar drogas, com mais frequência vão usá-las e maior será a tendência ao
abuso (Hawkins, Catalano & Miller, 1992; Johnson, Hoffmann & Gerstein, 1996;
Masse & Tremblay, 1997; USDHHS, 1996b). Quanto maior o número de fatores
de risco presentes, maior a chance de o adolescente ou jovem adulto abusar
das drogas”. E mais adiante, Papalia afirma: “O uso de drogas geralmente
começa no momento em que a criança entra no ensino médio, quando então
fará novas amizades e ficará mais vulnerável à pressão dos colegas”. Segundo
o autor Paul Henry Mussen (2001) são várias as razões pelas quais os
adolescentes tendem a usar drogas. Assim, um fator relevante é a curiosidade
constante dos adolescentes em expandir seu mundo. Além disso, são ainda
muito mais inclinados a assumir riscos que os adultos. Outro fator responsável
pela drogadição na adolescência poder ser o relacionamento entre pais e
filhos, onde este relacionamento pode influir no envolvimento dos jovens no
uso contínuo de drogas. O risco de uso significativo de drogas é maior para
aqueles jovens cujos pais não foram afetuosos e que são negligentes ou
autoritários e hostis. Outros fatores responsáveis pelo abuso de drogas na
adolescência podem ser: fugas das pressões da vida – as drogas sendo
usadas como fuga das pressões da vida ou do tédio, podem interferir no
preparo do jovem para enfrentar as exigências da responsabilidade do mundo
adulto; distúrbio emocional – principalmente para os usuários de diversas
drogas, a dependência de drogas pode refletir em um distúrbio emocional,
incluindo os distúrbios nas relações familiares. Adolescentes reconhecem que
nunca viram outra forma de lidar com a ansiedade, o tédio, a depressão, o
medo ou o fracasso e, alienação ou rejeição social – em alguns casos, o uso
de drogas pelo adolescente pode refletir alienação e uma reclusão para o
mundo das drogas que alteram a mente.
TRANSTORNO ALIMENTAR

Atualmente, vivemos em um mundo, onde a aparência conta muito. Apenas,


quem é magro é considerado bonito, com isso, a cada dia que passa, aumenta
consideravelmente, o número de transtornos alimentares como: anorexia e
bulimia. O medo obsessivo da obesidade faz com que, cada vez mais,
mulheres controlem o peso corporal, com o uso de dietas milagrosas,
exercícios exagerados, laxantes, diuréticos e drogas anorexígenas. O gênero
feminino, segundo Vilela (2004), geralmente é o mais vulnerável à aceitação
das pressões sociais, econômicas e culturais associadas aos padrões estéticos
e, por isso, mais suscetíveis aos transtornos alimentares, representando 95%
dos casos. O atual modelo cultural, que supervaloriza os corpos delgados, tem
propiciado o aumento da incidência dos transtornos alimentares entre
adolescentes. Os meios de comunicação têm reforçado o “culto à magreza”
que associa esse padrão estético à ideia de liberdade, sucesso e aceitação
social. Sabe-se que essas exigências sociais poderão trazer alterações nos
comportamentos alimentares, principalmente, em adolescentes que buscam o
corpo ideal mostrado pela mídia. Entende-se, também, que esses transtornos
trazem grande sofrimento psicológico, físico e social para seus portadores. Há
também, das dificuldades, por parte das meninas, em aceitar esses transtornos
como um tipo de doença, somente, quando se reconhecem ou se revelam
doentes é que as pessoas procuram ajuda para minimizar essa dor. Quem
sofre com esse problema, geralmente, demora a buscar ajuda e, na maioria
das vezes, a pessoa é forçada a aderir ao tratamento, contudo essa demora,
muitas vezes, se justifica pelo preconceito que existe em relação aos
transtornos alimentares ou, ainda, pelo fato de não se sentir doente e de
acreditar que não precisa de auxílio. O que caracteriza os transtornos
alimentares: Transtornos alimentares (TA) são doenças que acometem a
mente e o

corpo. Os padrões estéticos dominantes, que supervalorizam a magreza e


estimulam a busca de um ideal de beleza questionável e inatingível, contribuem
para o aumento da ocorrência dos TA, principalmente entre as adolescentes. A
mídia, reflexo da sociedade, impõe o padrão de magreza como sinônimo de
beleza, mas paradoxalmente também estimula o consumo de alimentos
altamente calóricos e pouco saudáveis. No conceito de Borges et al. (2006), os
Transtornos Alimentares (TAs) são doenças psiquiátricas caracterizadas por
graves alterações do comportamento alimentar e que, em sua maioria, afetam
adolescentes e adultos jovens do sexo feminino. Justificando isso, Branco et al.
(2006) afirmam que, no início da adolescência, as transformações biológicas e
as alterações na personalidade ocorrem juntas e, assim, como o corpo vai
adquirindo uma nova forma, modifica-se, também, a imagem mental, onde o
adolescente passa a crer que sua imagem corporal está desproporcional à
imagem idealizada. Pacientes com transtornos alimentares possuem
inadequações profundas em seu comportamento alimentar, associadas a
sentimentos negativos, ou ambivalentes, sobre o “comer” e a imagem corporal
e crenças equivocadas sobre alimentação. Essas inadequações do
comportamento alimentar, por sua vez, geralmente levam ao comprometimento
do estado nutricional – na anorexia, que se caracteriza pela recusa alimentar,
emagrecimento excessivo; na compulsão alimentar, obesidade; na bulimia,
ainda que o peso geralmente se mantenha dentro da faixa de normalidade,
desequilíbrios metabólicos diversos e possíveis lesões do trato digestório. Com
frequência, os TA se apresentam combinados a outros transtornos mentais,
como a depressão, os transtornos de ansiedade ou o transtorno afetivo bipolar.
Característica dos principais distúrbios, com atenção especial para Anorexia,
Bulimia e Compulsão Alimentar: Os TAs mais prevalentes na atualidade são a
anorexia nervosa, a bulimia e o transtorno de compulsão alimentar periódica.
São mais frequentes entre adolescentes do sexo feminino, mas também
ocorrem em outras idades e entre os homens.

A anorexia (an = sem; orexis = apetite) se caracteriza por recusa alimentar (não
há uma verdadeira falta de apetite, mas sim a recusa em aceitar a alimentação,
o desejo de negar ou vencer a fome e evitar a incorporação do alimento e o
que ele representa - a mãe, a família, o crescimento, a própria vida). A recusa
alimentar, por sua vez, se traduz em perda considerável de peso, podendo
chegar à desnutrição grave. Na atualidade, a anorexia nervosa está associada
à preocupação mórbida com o risco de engordar, alterações na percepção
corporal e disfunções endócrinas, como atraso no desenvolvimento puberal e
ausência de menstruação, nas mulheres. Mas as causas do problema são mais
profundas e se relacionam com as experiências precoces na área da
alimentação (aleitamento materno, práticas de desmame, alimentação infantil),
a superproteção e as expectativas exageradas que os pais depositam em seus
filhos, o nível de exigência que o(a) adolescente interioriza e projeta no próprio
corpo, o medo de se tornar adulto. Resistir à fome, privar-se do alimento e
emagrecer acaba sendo uma forma de se auto afirmar, de demonstrar
autocontrole e poder, ao mesmo tempo em que demonstra sua fragilidade e
necessidade de proteção e cuidado. A bulimia (“fome de boi” ou apetite
insaciável) se caracteriza pela ingestão compulsiva, descontrolada e rápida de
grande quantidade de alimento, com pouco ou nenhum prazer, alternada com
comportamento compensatório de purga dirigido para evitar o ganho de peso,
como vomitar, abusar de laxantes e diuréticos, realizar exercícios físicos em
excesso ou períodos de restrição alimentar severa, pelo medo mórbido de
engordar. A preocupação com o corpo e o medo de engordar tem semelhança
com o que ocorre na anorexia, mas na bulimia a descontrole alimentar leva aos
sentimentos de fracasso, frustração e culpa, associados ao comportamento
impulsivo e desorganizado.

Já a compulsão alimentar, ou transtorno de compulsão alimentar periódica se


manifesta por episódios de grande excesso alimentar e falta de controle, sem
comportamentos compensatórios. Comer rapidamente, comer até sentir-se
cheio, comer grandes quantidades de comida mesmo

sem estar com fome, comer sozinho por sentir embaraço pela quantidade de
comida ingerida e sentir repulsa por si mesmo, depressão ou demasiada culpa
após a compulsão, são alguns dos comportamentos e sentimentos típicos
desse transtorno. A sensação de vazio e solidão assume um caráter
devastador que conduz ao comer excessivo e, em seguida, é por ele agravada.
Diferença entre transtorno e distúrbio Ambas as palavras significam
“perturbação”. Transtorno é termo adotado na psiquiatria para designar os
quadros mentais em que há alteração da personalidade, do pensamento, do
sentimento, do comportamento, da percepção. Os distúrbios podem ser
fisiológicos ou psicossomáticos. Um emagrecimento acentuado pode indicar
um quadro de transtorno alimentar típico (anorexia nervosa) ou um distúrbio
nutricional (uma desnutrição provocada por carência alimentar ou por uma
doença como diabetes descompensado, câncer ou estresse grave, por
exemplo). Também há distúrbios alimentares psicossomáticos, semelhantes à
anorexia, mas em que a recusa alimentar não é devida ao medo de engordar e
à distorção da imagem corporal e sim a outras condições psicossociais como
vínculo mãe-filho insatisfatórios (mãe superprotetora ou mãe ausente, por
exemplo). Como a pessoa que apresenta TA se vê: Os distúrbios da imagem
corporal, ou seja, alterações no modo como a pessoa percebe seu corpo (como
se vê) ou como o vivencia (pensamentos, sentimentos e comportamentos
relacionados ao corpo) são característicos dos TA. Nem sempre a distorção da
imagem corporal (enxergar-se gorda quando na realidade está magra) está
presente, mas a insatisfação com o peso ou a forma física, sim. A insatisfação
corporal tem a ver com a pressão cultural pela magreza e também com
características pessoais. A baixa autoestima pela insatisfação com o corpo
remete ao pouco valor pessoal auto atribuído (a pessoa considera seu corpo
como seu único elemento com possibilidade real de sucesso).

Resistências ao tratamento Para ela, perder peso pode ser tarefa mais simples
que obter sucesso em outras tarefas (por conta de seu perfeccionismo), além
de ser gratificação rápida e tangível, quando se traduz em queda no número da
balança. Ao mesmo tempo, “emagrecer” é promessa de aceitação social,
status, atração física, ou, inconscientemente, evitação dos atributos femininos,
da sexualidade. Disso tudo se pode depreender que as resistências ao
tratamento existem e encontram força nos aspectos psíquicos da doença.
Melhor forma de tratamento: Essas doenças têm origem multifatorial, isto é,
sofrem influências biológicas, psicológicas e sociais. O tratamento, portanto,
deve ser multidisciplinar, envolvendo cuidados de uma equipe composta por
médicos (endocrinologista e psiquiatra), nutricionista e psicólogo, dentre outros
possíveis terapeutas. Dependendo do caso e da fase em que se encontra o
paciente, cada um desses profissionais tem um tipo de conduta, mas sempre
considerando a pessoa como um todo biopsicossocial, o que significa que a
família também deve ser incluída no tratamento e que a equipe de saúde deve
estar integrada, na abordagem do caso. Do ponto de vista nutricional, a
conduta deve ser voltada para a normalização da relação da pessoa com o
alimento e com o próprio corpo. Dietas rígidas devem ser evitadas, e a
reeducação alimentar deve contribuir para o estabelecimento de um padrão
alimentar saudável e prazeroso, que seja aceito pela pessoa, nunca impositivo.
Hipóteses Diagnósticas: A grande maioria dos casos de TA se manifesta na
adolescência. Logo, os pais devem estar atentos ao comportamento dos filhos,
uma vez que a adolescência é um período complicado, de muito sofrimento e
angústia. Qualquer reação estranha deve ser levada em conta, pois quanto
mais cedo o tratamento for iniciado, maior a chance de cura. A família deve
ficar atenta quando a adolescente, mesmo magra, se julga acima do peso e
passa a viver obcecada por dietas, denotando indícios do quadro de

anorexia. Por outro lado, na bulimia o emagrecimento não está presente, mas o
comportamento alimentar caótico – dietas rigorosas e episódios de excesso
alimentar, assim como o tempo prolongado no banheiro, após as refeições e o
desejo de uso de laxantes, por exemplo, são sinais que podem servir de alerta
aos pais. O início dos sintomas na bulimia nervosa geralmente ocorre entre os
16 e 19 anos de idade, mas observa-se que a procura por tratamento médico
demora, em média, cerca de 5 anos. Esse fato decorre, frequentemente, de
sentimento de culpa e vergonha, bem como da ideia de que esse não seja um
problema médico. Para a família, a adolescência também é um período difícil, e
esses comportamentos dos filhos tendem a ser vistos como rebeldia, não como
manifestações de transtornos psicológicos. Casos em que se deve
encaminhamento a um psiquiatra: Sendo os transtornos alimentares distúrbios
da mente e do corpo, a avaliação psiquiátrica e o tratamento psicológico são
recomendados, em paralelo à avaliação e tratamento clínico e nutricional. Em
casos de depressão, ansiedade ou outro transtorno, a medicação específica é
indicada e deverá ser prescrita pelo psiquiatra. A equipe de saúde poderá
ajudar a família a avaliar a necessidade desse encaminhamento. Situações do
TA que pode levar a óbito: Em casos extremos, a desnutrição grave decorrente
da recusa alimentar e a desidratação, pelos desequilíbrios eletrolíticos
decorrentes dos comportamentos compensatórios, podem levar a óbito.
Conclusão: Inicialmente, pesquisar sobre transtorno alimentar e que se
encontrariam, apenas, questões ligadas ao culto à magreza, ao padrão estético
imposto como o bonito e o ideal, mas, após a análise e aprofundamento nas
leituras, constatam-se que as questões familiares presentes, questões estas
que foram precursoras dos transtornos alimentares.
Podemos notar que, trata-se de um assunto complexo que envolve diversos
fatores, e o tratamento não poderia ser diferente, também é bastante difícil.
Geralmente é necessária uma equipe multidisciplinar, composta por: médicos,
psiquiatras, nutricionistas e psicólogas. Assim, a melhor maneira para se evitar
a epidemia desses tipos de transtornos é a prevenção. Que pode iniciar:
controle os estímulos e padrões determinados pela da mídia, informação e
divulgação a respeito da doença, educação nutricional nas escolas, incentivo a
prática de hábitos saudáveis, entre outras. Estes são só alguns pequenos e
primeiros passos, mas pelo menos, iríamos prevenir uma epidemia, que
embora, ainda silenciosa, é muito perigosa.

Transtorno de Personalidade Borderline

É um transtorno considerado grave e difícil de tratar ocasionando sofrimento


intenso. O diagnóstico dos padrões comportamentais de TPB é de atos
autodestrutivos intencionais e tentativas de suicídio, podendo conceituar a
instabilidade nos relacionamentos interpessoais, nos afetos e comportamentos,
com acentuada impulsividade. É comum desenvolverem sintomas psicóticos,
como alucinações e ideias de referência, dependência de substancias,
transtorno de humor e alimentação, mas o TPB é razoavelmente estável,
mudam ao longo dos anos. O transtorno é diagnosticado mais em mulheres,
aparecendo duas vezes mais em mulheres do que em homens. Os autores
baseiam-se na teoria de seleção por consequências de Skinner e ressaltam a
contribuição dos níveis filogenéticos, ontogenéticos e culturais, pode-se pensar
também em uma vulnerabilidade a frustrações, traumas e eventos estressores
herdada. Algumas pesquisas dizem que pode haver associação do TPB com
algumas desordens neurológicas e atividade distinta de ondas cerebrais
durante o sono na maioria dos pacientes com TPB. As características das
pessoas que apresentam o transtorno são decorrentes e, secundárias a essa
desregulação fundamental das emoções. Caracteriza por respostas emocionais
reativas e dificuldade em lidar com episódios de depressão, ansiedade,
irritabilidade e problemas com a raiva. Palavras chaves: TPB - Transtorno de
Personalidade Borderline, Borderline, Transtornos, Instabilidade. Introdução:
Pesquisas em psicoterapia buscam entender o que ocorre com as pessoas que
sofrem de TPB, quais os sinais e sintomas desse transtorno e como elas
podem ser tratadas. O presente estudo tem como objetivo analisar os clientes
borderline e as suas mudanças internas e externas que podem causar
alterações na anatomia do corpo humano, em seu comportamento e seu
psicológico.

Transtorno de Personalidade Borderline Pesquisas apontam que 11 a 19 % dos


pacientes psiquiátricos internados, possuem o Transtorno de Personalidade
Borderline. Esse transtorno é considerado um dos mais graves, pois os
pacientes possuem um intenso grau de sofrimento, sendo difíceis de tratar.
Pessoas com o diagnóstico de TPB, apresentam comportamentos
autodestrutivos intencionais e tentativas de suicídio, como também,
instabilidade em relacionamentos interpessoais, afetivos e comportamentos
com grande impulsividade. São diagnosticados alguns critérios para o TPB:
Esforços para evitar um abandono real ou imaginário- são pessoas intolerantes
à solidão; Padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos, em
que a pessoa alterna entre extremos de idealização e desvalorização;
Perturbação da identidade – instabilidade constante da autoimagem ou do
sentimento do “eu”; Impulsividade em duas ou mais áreas, prejudicando
significativamente a sua vida (sexo, abuso de substâncias, comer compulsivo,
etc.); Instabilidade afetiva – oscilação frequente de humor; Comportamentos,
gestos ou ameaças de suicídio ou de comportamentos auto mutilantes;
Sentimentos crônicos de vazio; Raiva intensa ou dificuldade em controlar a
raiva; Episódio de ideação paranoide relacionado ao stress a sintomas
dissociativos internos. Fonte: American Psyquiatric Association (2002)
Indivíduos com TPB, em períodos de estresse, podem ter sintomas psicóticos
transitórios, como alucinações e ideias de referência. Podem também
apresentar dependência de substâncias, transtornos de humor e alimentação.
Mas os pacientes com TPB, de um modo geral são estáveis e mudam pouco
ao longo dos anos. O ambiente que contribui para o desenvolvimento do TPB é
chamado de invalidante: punição, banalização ou rejeição da expressão de
experiências privadas. A desregulação comportamental é caracterizada por
comportamentos impulsivos extremos e problemáticos, são consideradas
soluções adaptativas para os sentimentos negativos intensos ou padrão de
fuga e/ou esquiva. A desregulação interpessoal caracteriza por
relacionamentos caóticos, intensos e marcados por dificuldades e esforços
para evitar abandono. Dificuldade com o sentimento de raiva, impedindo a
manutenção de relacionamentos estáveis. A disfunção do self é a dificuldade
dos indivíduos borderline com a relação a própria identidade. A desregulação
cognitiva é a desregulação do pensamento, (pensamentos muito rígidos,
inflexíveis), dissociação e delírios.

Epidemiologia Os casos mais diagnosticados com TPB, são mulheres,


chegando a 75% dos casos. O TPB, atinge cerca de 1 a 2% da população, mas
não há estudos definitivos que comprovem essa prevalência.

Etiologia É incerta ainda a etiologia do TPB, a principal hipótese é que a causa


seja multifatorial. Pesquisas apontam que 87% de pessoas com transtorno
borderline sofreram algum trauma na infância, 40 a 71% sofreram abuso sexual
e 25 a 71% sofreram abuso físico. Há hipóteses de que a maioria dos
comportamentos borderline é formado por parte do indivíduo, de regular o afeto
intenso ou os resultados da desregulação emocional. De acordo com a Teoria
Biossocial de Linehan, pode-se dizer que existe uma influência filogenética no
comportamento dos indivíduos borderline, na medida em que eles apresentam
uma sensibilidade maior ao ambiente (vulnerabilidade emocional); influência
ontogenética, ou seja na história de vida desse indivíduo; e cultural,
observando seu contexto interpessoal, com a família e a modernidade, como
os avanços tecnológicos. Diante de um pequeno sinal de rejeição, é comum
sentimentos de raiva, vazio e solidão nas pessoas borderline. A desregulação
do self pode ser vista como uma dificuldade de auto-observação e
autoconhecimento. Dificuldades no tratamento do TPB Geralmente, pessoas
com TPB procuram a terapia por queixassem de: depressão, ansiedade e
transtornos alimentares, podendo assim confundir o terapeuta. Segundo
Linehan, a tarefa do terapeuta, além de manter o equilíbrio é proporcionar
circunstâncias, para que terapeuta e cliente andem para o meio ao invés de
avançar para as pontas. Segundo ele há alguns comportamentos que
interferem na terapia como: a) comportamentos que levam à infrequência –
abandono da terapia ou ameaça de abandono; faltar às sessões; cancelar
sessões por razões que não sejam terapêuticas; internar-se várias vezes em
hospitais psiquiátricos impedindo o comparecimento às sessões; tomar
substâncias que alterem a mente antes de ir para as sessões; sair da sessão
antes de acabar; não dormir o suficiente antes da sessão, chegando cansada
demais para se manter desperta; etc; b) comportamentos não cooperativos –
incapacidade ou recusa em trabalhar na terapia; mentir; não falar na terapia;
retrair-se emocionalmente durante as sessões; etc; c) comportamentos de
recusa – inclui a não realização de tarefas que o terapeuta solicitou que
realizasse em casa; não cumprir acordos feitos com o terapeuta; recusar-se a
aderir às recomendações do tratamento; d) comportamentos que esgotam o
terapeuta – forçar limites pessoais do terapeuta: não aceitar estratégias
terapêuticas que o terapeuta considera essenciais para o progresso da terapia;
telefonar demais para o terapeuta; exigir soluções para problemas que o
terapeuta não pode resolver; exigir mais tempo nas sessões ou mais sessões
do que o terapeuta pode propiciar; interagir com o terapeuta de um modo
excessivamente pessoal ou familiar; etc. Alterações anatômicas no TPB O
TPB, apresenta aspectos em comum com outros transtornos de personalidade,
principalmente o Transtorno de Personalidade Antissocial (TPAS). A falta de
controle de impulso é comum aos dois transtornos, o que dificulta o diagnóstico
diferencial. Quando são observadas as mudanças de personalidade, o lugar
onde mais se vê danos cerebrais são nas regiões pré-frontais, levando a
sugestão de que um comprometimento do funcionamento do lobo frontal
ventromedial, contribuiria para problemas relacionados ao controle de impulso
e de transtorno de personalidade. Em estudo de neuroimagem com
ressonância magnética foram identificadas alterações do lobo frontal nos TPB e
TPAS, verificaram que pacientes com esses transtornos de personalidade
apresentavam uma redução de volume da matéria cinzenta pré-frontal e que
essa diminuição se correlacionava com uma diminuição de resposta
autonômica a um evento provocado por estresse. Em um outro estudo
publicado examinaram pacientes com TPB e TPAS, e compararam com
controles saudáveis, mostrando várias anormalidades no corpo caloso que
poderia ser considerado como sugestivo de alterações no
neurodesenvolvimento. Os estudos com alguns autores a respeito das regiões
atingidas no TPB, indicaram o envolvimento do córtex pré-frontal, reduzindo o
metabolismo em regiões frontais, redução também de metabolismo em
estruturas subcorticais do sistema límbico, na amígdala, no hipocampo e
núcleo caudado. Conclusão Mediante os fatos expostos, o grupo concluiu que
o trabalho realizado sobre Transtorno de Personalidade Borderline é uma
doença grave que atinge na maior parte em mulheres, com um tratamento
permanente, pois ainda está sendo estudado e testado. De acordo com os
estudos realizados, observou-se mais aprofundado as variações anatômicas
presentes nos pacientes que obtém esse problema psicológico diagnosticado.
Limite da Pesquisa Há muitos artigos e livros publicados que falam do TPB, em
seus diversos contextos. Todos eles geralmente abordam a definição desse
transtorno, a epidemiologia, a etiologia e as dificuldades encontradas nesse
tratamento e as limitações do terapeuta ao fazer o tratamento. Por isso o TPB
ainda deve ser mais difundido, para que se tenha novas descobertas, para que
os tratamentos sejam mais eficientes e conclusivos.

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