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O que é esquizofrenia na infância?

Diagnóstico e quadro clínico 8

Tipos de Esquizofrenia 17

Causas 20

Fatores de Risco 20

Complicações 21

Tratamento e Terapia 21

O que você pode fazer? 25

O papel do terapeuta 27

Família e Doença Mental 30

Estudo de caso 33
O que é esquizofrenia na infância?

Trata-se de um transtorno mental crônico e grave que afeta o modo como


uma pessoa pensa, sente e se comporta. Provoca alterações no comportamento,
indiferença afetiva, pensamentos confusos e dificuldades para se relacionar com
pessoas. Pessoas com esquizofrenia podem parecer que perderam o contato com a
realidade. Embora a esquizofrenia não seja tão comum como outros transtornos
mentais, os sintomas podem ser muito incapacitantes.
O termo esquizofrenia foi criado pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler em
1911, a partir das raízes gregas schizo (dividida) e phren (mente) = mente fendida.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, a esquizofrenia é uma patologia
psiquiátrica crônica, grave que leva a distorções no pensamento, no
comportamento, na percepção e emoções.
A esquizofrenia geralmente tem seu início no final da adolescência ou início
da fase adulta. Porém, a esquizofrenia de início precoce é definida como o
aparecimento de sintomas psicóticos específicos e prejuízos nas funções
adaptativas entre os 13 e os 17 anos. E a esquizofrenia de início muito precoce
aparece antes dos 13 anos de idade.
Os critérios diagnósticos para esquizofrenia em crianças são os mesmos
para a forma adulta, exceto que as crianças deixam de atingir os níveis esperados
de desempenho social e acadêmico.
A imaturidade normal do desenvolvimento da linguagem e a separação entre
a realidade e a fantasia tornam difícil o diagnóstico da esquizofrenia em crianças,
principalmente, com idade abaixo dos sete anos. Para a Organização Mundial da
Saúde (OMS), a esquizofrenia é uma patologia psiquiátrica crônica, grave que leva
a distorções no pensamento, no comportamento, na percepção e emoções.
Geralmente tem seu início no final da adolescência ou início da fase adulta.
Segundo informações da Associação Brasileira de Psiquiatria, a doença tem
predominância no sexo masculino e nem sempre é diagnosticada no seu início.
Existem os chamados ‘sintomas precoces’ que podem aparecer meses ou anos
antes da doença se exteriorizar – e em alguns dos casos esses sintomas são
confundidos com depressão ou outros tipos de transtornos de semelhantes ao da
esquizofrenia.
Para abordar a transmissão genética de doenças mentais, é inevitável ter de
diferenciar os aportes congênitos e ambientais na etiopatogenia dos transtornos.
Essa distinção, já difícil e polêmica para a psiquiatria de adultos, é ainda mais difícil
e polêmica na psiquiatria de crianças: qual a porcentagem da doença a ser atribuída
a fatores genéticos, congênitos, estruturais? E qual a correspondente porcentagem,
quanto resta a ser atribuído a fatores ambientais, estresse familiar, maus tratos ou
deficiência no vínculo primordial mãe-bebê? Obviamente são respostas impossíveis
de serem dadas com precisão. Cada escola de pensamento, cada período de
evolução da psicopatologia da infância tem respondido mais ou menos a essas
perguntas, seguindo a tendência do momento.
Outra complicação na psiquiatria da infância é a própria nomenclatura, a
começar pelo termo psicose ou psicoses da infância: elas englobam ou não o
autismo e os transtornos globais do desenvolvimento? O estado atual dos
conhecimentos e as investigações em psicopatologia e nosografia das doenças
mentais em crianças aponta para uma clara distinção entre os transtornos invasivos
do desenvolvimento (TID), presentes desde o início (senão explícitos, pelo menos
latentes), e os transtornos psicóticos, que, assim como nos adultos, representam
uma quebra num funcionamento prévio.
Nos últimos decênios, vinha se travando uma discussão acirrada entre o lado
dito organicista e o lado psicanalítico, ou talvez psicodinâmico. De onde provinham
os sintomas tão peculiares e tão graves dessas crianças ensimesmadas, alheias?
De uma incapacidade fisiológica cerebral para se comunicarem ou de uma rejeição
psicológica, uma recusa ativa ao contato com os outros? Do hardware ou do
software? Nos últimos anos, essa discussão perdeu o sentido, uma vez que se
comprovou inegavelmente a causa genética desse transtorno.
Ou melhor, o padrão de herança familiar genético é que foi comprovado, pois,
enquanto não se localizar com precisão qual cromossomo e qual(is) gene(s)
está(ão) envolvido(s), ainda se estará investigando a causa propriamente dita. O
que se pode afirmar é que a causa NÃO é psicológica, mesmo se a evolução, a
patoplastia e a apresentação do quadro são únicas, estas sim sendo "causadas"
pelo ambiente psicológico. Uma pesquisa da psiquiatra brasileira Mônica Zilbovicius
sobre um grupo de 21 crianças com autismo revelou uma "hipoperfusão bem
localizada, no giro temporal superior e no sulco temporal superior".
Na esquizofrenia, os fatores biológicos são primários, e os fatores
psicossociais têm influência muito importante. O componente genético é
comprovado por estudos de família, adoção e gêmeos. Atualmente, pesquisas mais
refinadas em biologia molecular e técnicas moleculares mapeiam os genes que
tornam os indivíduos suscetíveis à esquizofrenia .
Os fatores de risco pré-natais e perinatais para a esquizofrenia são
pesquisados, tentando identificar os comprometimentos cerebrais no
neurodesenvolvimento.
Complicações de gravidez e de parto, exposição prénatal a viroses e
achados neuropatológicos, como anormalidades na citoarquitetura, são
comprovadamente associados a um maior risco de desenvolver esquizofrenia.
Assim, é consistente o achado de diminuição volumétrica do cérebro,
aumento dos ventrículos laterais, além de diminuição do lobo temporal na região do
hipocampo em pacientes esquizofrênicos adultos.
As alterações histopatológicas são sugestivas mais de disgenesia do que de
degeneração, como redução de neurônios corticais e periventriculares, ausência de
células de gliose e alteração da posição das células piramidais. Quanto à
neuroquímica, a principal teoria é a hipótese dopaminérgica, uma vez que a maioria
dos neurolépticos ou antipsicóticos são bloqueadores de dopamina ; esta teoria
sugere um aumento na atividade do sistema dopaminérgico mesolímbico,
importante na modulação da aquisição, motivação e emoção.
Além da dopamina, outras substâncias biogênicas provavelmente também
estão envolvidas: a noradrenalina, a serotonina e outros neuropeptídeos
neurotransmissores. Estudos de neuroimagem com PET e SPECT apontam
receptores de neurotransmissores em diferentes regiões cerebrais, além de
confirmarem o bloqueio de receptores D2 pelos neurolépticos (talvez D4 com a
clozapina).
A abordagem pelo neurodesenvolvimento vem sendo mais estudada e pode
ser compreendida ao menos por dois aspectos: desenvolvimento normal de início,
submetido a uma lesão no período mais crítico do desenvolvimento (trauma
perinatal, infecção viral congênita), alterando a citoarquitetura; ou desenvolvimento
já de início alterado, não aparente nos primeiros anos e evidenciado durante a
maturação por algum fator estressor.
Esta segunda hipótese explica por que, dos indivíduos submetidos às
mesmas condições patogênicas, apenas aqueles com vulnerabilidade maior
evoluem para esquizofrenia. Os raros estudos bioquímicos em crianças portadoras
de esquizofrenia são pouco conclusivos.
Por exemplo, a comparação de níveis plasmáticos de beta-endorfina imuno
reativa em crianças autistas, esquizofrênicas e normais não mostra alterações em
crianças com esquizofrenia não tratada e mostra aumento dos níveis de
beta-endorfina em associação com a administração de neurolépticos. Outro estudo
comparou o metabolismo de catecolamina e a dopamina-beta-hidroxilase
plasmática, encontrando diferença significativa no subgrupo dos pacientes com
esquizofrenia - nível baixo de pDBH.
A neurobiologia da esquizofrenia de início na infância ainda precisa ser
melhor estudada, tanto para melhorar a definição e o entendimento da patologia
quanto para melhorar a abordagem terapêutica e o prognóstico.
Diagnóstico e quadro clínico

Os critérios diagnósticos utilizados para esquizofrenia pela Associação


Americana de Psiquiatria (DSM-IV, 1994) e pela Classificação Internacional de
Doença da Organização Mundial da Saúde (CID-10, 1992) são bastante
semelhantes entre si, e ambos ressaltam sintomas equivalentes quando de início na
infância.
Os critérios diagnósticos pelo DSM-IV para esquizofrenia. Para o diagnóstico,
são necessários pelo menos dois dos seguintes sintomas: delírios, alucinações
(sintomas positivos), discurso desorganizado, comportamento grosseiramente
desorganizado ou catatônico ou sintomas negativos (apatia marcante, pobreza do
discurso, embotamento ou incongruência de respostas emocionais, retraimento
social).
Esses sintomas iniciais duram pelo menos 1 mês (ou menos se tratados com
sucesso). É importante ressaltar que o diagnóstico é evolutivo, sendo necessário um
mínimo de 6 meses de doença, incluindo a fase ativa.

Sintomas característicos: no mínimo dois dos seguintes quesitos, cada qual


presente por uma porção significativa de tempo durante o período de 1 mês (ou
menos, se tratados com sucesso):
● delírios
● alucinações
● discurso desorganizado (por exemplo, frequente descarrilamento ou
incoerência)
● comportamento amplamente desorganizado ou catatônico
● sintomas negativos: embotamento afetivo, alogia ou abulia

Nota: ​apenas um sintoma do critério A é necessário quando os delírios são


bizarros ou as alucinações consistem de vozes que comentam o comportamento ou
os pensamentos da pessoa, ou de duas ou mais vozes conversando entre si.

Disfunção social/ocupacional: por uma porção significativa do tempo,


áreas importantes do funcionamento, tais como trabalho, relações interpessoais ou
cuidados pessoais estão acentuadamente abaixo do nível alcançado antes do início
(ou, quando o início se dá na infância ou adolescência, incapacidade de atingir o
nível esperado de realização interpessoal, acadêmica ou profissional).
Duração: sinais contínuos da perturbação persistem pelo período mínimo de
6 meses. Este período de 6 meses deve incluir pelo menos 1 mês de sintomas que
satisfazem o critério A (isto é, sintomas da fase ativa) e pode incluir períodos de
sintomas prodrômicos ou residuais. Os sinais da perturbação podem ser
manifestados apenas por sintomas negativos ou por dois ou mais sintomas
relacionados no critério A, presentes de uma forma atenuada (por exemplo, crenças
estranhas, experiências perceptuais incomuns).

Exclusão de transtorno esquizoafetivo e transtorno de humor: o


transtorno de humor com características psicóticas foram descartados, por que: (1)
nenhum episódio depressivo maior, maníaco ou misto ocorreu concomitantemente
aos sintomas da fase ativa; ou (2) se os episódios de humor ocorreram durante os
sintomas da fase ativa, sua duração total foi breve com relação à duração dos
períodos ativo e residual.

Exclusão de substância/condição médica geral: a perturbação não se


deve aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (por exemplo, uma droga de
abuso, um medicamento) ou uma condição médica geral.

Relação com um transtorno global do desenvolvimento: se existe um


histórico de transtorno autista ou de outro transtorno de desenvolvimento, o
diagnóstico adicional de esquizofrenia é feito apenas se delírios ou alucinações
proeminentes também estão presentes pelo período mínimo de 1 mês (ou menos,
se tratados com sucesso). Classificação do curso Longitudinal (pode ser aplicada
apenas 1 ano após o aparecimento inicial dos sintomas da fase ativa).

O delírio ​é uma alteração do juízo de realidade, onde existem crenças


errôneas, habitualmente envolvendo a interpretação equivocada de percepções ou
experiências. Seu conteúdo pode incluir temas de caráter persecutório, referencial,
somático, religioso ou grandioso. Os delírios bizarros são considerados
especialmente característicos da esquizofrenia .
As ​alucinações são alterações da sensopercepção que podem ocorrer em
qualquer modalidade sensorial (auditiva, visual, olfativa, gustativa e tátil). Alucinação
é a percepção clara e definida de um objeto (voz, ruído, imagem) sem a presença
do objeto estimulante real. A alucinação auditiva é mais comum e é percebida como
uma voz distinta do pensamento do próprio paciente.
A ​desorganização ​do pensamento pode acontecer nas situações em que o
paciente salta de um assunto para outro; as respostas não estão relacionadas com
as perguntas e o discurso geralmente é incompreensível.
Com relação ao ​comportamento amplamente desorganizado​, podem
aparecer dificuldades no desempenho da vida diária, tais como preparar as
refeições ou manter a higiene e a aparência pode ser de acentuado desleixo . Essa
alteração chama a atenção dos pais, pois geralmente a criança já tinha alcançado
essa fase de autonomia.
O ​afeto embotado ou inadequado é uma das características marcantes dos
pacientes com esquizofrenia em qualquer idade. É difícil notar ressonância afetiva,
normalmente se percebe um distanciamento afetivo com sorriso ou expressão facial
tola na ausência de um estímulo adequado.
O diagnóstico de esquizofrenia na infância envolve a exclusão de outros
distúrbios de saúde mental e a determinação de que os sintomas não são devidos
ao abuso de substância, medicação ou uma condição clínica.
O processo de diagnóstico pode envolver:
​Exame físico​.
Isso pode ser feito para ajudar a excluir outros problemas que possam estar
causando sintomas e para verificar se há complicações relacionadas.
Testes e exames.
Estes podem incluir testes que ajudam a excluir condições com sintomas
semelhantes, e triagem de álcool e drogas. O médico também pode solicitar estudos
de imagem, como uma ressonância magnética ou tomografia computadorizada.
Avaliação psicológica.
Isso inclui observação de aparência e comportamento, perguntando sobre
pensamentos, sentimentos e padrões de comportamento, incluindo quaisquer
pensamentos de autoagressão ou prejudicar outros, avaliando a capacidade de
pensar e funcionar em um nível adequado à idade e avaliar humor, ansiedade e
possíveis sintomas psicóticos. Isto também inclui uma discussão da família e da
história pessoal.
Diagnóstico diferencial
Quando se suspeitar de um diagnóstico de esquizofrenia na infância, é
sempre importante ter em mente alguns pontos. O primeiro é a idade de início do
quadro, lembrando que a esquizofrenia é um quadro evolutivo e tem uma história
prévia aparentemente normal. São extremamente raros os quadros iniciados antes
dos 7 anos de idade. Outro ponto importante é o histórico familiar, onde com
frequência se observam outros indivíduos afetados. Não é um diagnóstico simples e
pode ser difícil de diferenciar de outros quadros, principalmente o transtorno afetivo
bipolar, sendo necessárias, muitas vezes, reavaliações ao longo do tempo.
Transtornos do humor
O transtorno afetivo bipolar na infância com frequência tem uma
apresentação muito semelhante às psicoses infantis. O quadro de mania do
transtorno afetivo bipolar na infância muitas vezes se apresenta com delírios e
alucinações, o que confunde seu diagnóstico. Aproximadamente metade dos
pacientes com transtorno bipolar com início na adolescência teve erroneamente o
diagnóstico de esquizofrenia no passado, revelando grande dificuldade deste
diagnóstico na infância e adolescência. Com o tratamento medicamentoso da
mania, o quadro tende a remitir, e aparentemente não se observa "defeito" após
esse episódio. Normalmente, na esquizofrenia, após o quadro psicótico, o indivíduo
tende a apresentar certos prejuízos, como déficit no contato social e diminuição da
volição - os chamados sintomas negativos da doença.
Transtorno global do desenvolvimento (autismo infantil/síndrome de
Asperger)
O autismo infantil é uma entidade distinta da esquizofrenia com início na
infância, não apenas por questões conceituais, mas também com base na
fenomenologia, genética, correlações biológicas e quadros neurológicos associados,
que o distinguem da esquizofrenia. Normalmente, o diagnóstico é estabelecido por
volta dos 3 anos de idade, apesar de se poder concluí-lo antes dessa idade. De um
modo geral, não é difícil diferenciar as duas entidades, uma vez que, na
esquizofrenia, as crianças não apresentam as anormalidades de fala encontradas
no autismo, como ausência de fala ou fala sem papel de comunicação. Talvez a
maior dificuldade no diagnóstico diferencial seja com relação aos adolescentes
autistas de melhor funcionamento ou com síndrome de Asperger (a cognição
nesses casos não está muito comprometida), onde a presença de linguagem e o
processo de pensamento podem ser confundidos com quadros delirantes.
Entretanto, outros sintomas presentes no paciente autista desde os primeiros anos
de vida o distinguem da esquizofrenia.
Quadros orgânicos
É de extrema importância que as psicoses funcionais sejam diferenciadas
dos quadros orgânicos, sendo muitas vezes necessária uma investigação maciça de
possíveis causas, que incluem não só uma história clínica detalhada e exame físico,
mas muitas vezes também exames laboratoriais e de imagem.
O delirium (diferentemente de delírio) é um quadro confusional orgânico
agudo que se caracteriza por déficit de atenção, confusão, flutuações no estado de
consciência ao longo do dia, muitas vezes com alucinações, ilusões e, às vezes,
episódios de agitação psicomotora. De um modo geral, o quadro tem início agudo e,
muitas vezes, quando instalado, é confundido com quadro psicótico. As causas de
delirium são amplas, necessitando de ampla investigação clínica.
Em um número significativo de casos, não se encontra um fator causal para o
delirium, o que não afasta uma etiologia orgânica. É um quadro grave, muitas vezes
podendo levar o indivíduo à morte. Uma vez corrigida a causa, há remissão do
quadro, podendo o indivíduo retornar ao estado normal ou ficar com algum déficit
cognitivo ou outra sequela.
As causas dos são bastante variadas: quadros confusionais pós-ictais das
epilepsias, lesões no sistema nervoso central (tumores, traumatismos,
malformações, outros), doenças degenerativas (coréia de Huntington, distúrbios de
depósito de lípidos), distúrbios metabólicos (endocrinopatias, doença de Wilson),
tóxicos (abuso de anfetaminas, cocaína, alucinógenos, fenciclidina e solventes,
cada vez mais frequentes em nosso meio), além do uso de medicações, como os
corticosteróides e os anticolinérgicos, e intoxicação por metais pesados. Doenças
infecciosas, como meningite, encefalite e a infecção pelo vírus HIV, também devem
ser descartadas .
Os quadros demenciais na infância, que poderiam ser confundidos com a
esquizofrenia, são extremamente raros; além do mais, quando ocorrem, são
acompanhados por marcado declínio intelectual e alterações neurológicas.

Transtornos do comportamento, quadros emocionais e dissociativos


Crianças com problemas de comportamento ou emocionais graves algumas
vezes apresentam atitudes que parecem pouco adequadas ou mesmo bizarras aos
nossos olhos, as quais são descritas como "sintomas psicóticos". Quando
comparadas às psicoses infantis, não se observam delírios ou alucinações.
Normalmente, os comportamentos da criança estão associados a questões
emocionais sérias, que requerem uma investigação psicodinâmica cuidadosa,
algumas vezes envolvendo questões de abuso ou negligência contra a criança. A
abordagem nesses casos muitas vezes exige da equipe de saúde atitudes no
sentido de proteger a criança.
Transtornos de comunicação
Crianças com distúrbios da fala e linguagem podem parecer ter alterações no
pensamento e, com isso, ser confundidas com crianças psicóticas. Uma avaliação
cuidadosa mostra que não há alterações no conteúdo do pensamento, e outros
sintomas psicóticos, como delírios e alucinações, estão ausentes. Outros fatores
que muitas vezes confundem esses quadros são as alterações de comportamento
associadas.

Outras psicoses
A esquizofrenia na infância se diferencia das demais psicoses por ter um
caráter mais crônico e com maior comprometimento não só intelectual, mas em
diversas áreas. De um modo geral, as psicoses reativas ou psicogênicas têm uma
resposta bastante favorável e rápida à medicação. Um fator estressor é facilmente
observado nessas crianças. As psicoses reativas têm sido descritas com maior
frequência em países em desenvolvimento ou em imigrantes, onde os fatores
externos favorecem o desenvolvimento da psicose.

Outros quadros
Os transtornos de personalidade são entidades diagnósticas que
praticamente só são utilizadas na população adulta, uma vez que, sendo a criança
um ser em desenvolvimento, ainda não possui as estruturas de personalidade
totalmente formadas. Entretanto, alguns transtornos de personalidade, como o
transtorno de personalidade anti social, têm como requisito uma história de
transtorno de conduta anterior aos 15 anos. Na verdade, o que parece é que os
transtornos de personalidade se iniciam na infância e se estendem até a idade
adulta, sendo o continuum de uma mesma entidade. Sob esses aspectos, os
transtornos de personalidades, esquizóide, esquizotípica e paranoide seriam
quadros importantes no diagnóstico diferencial da esquizofrenia na infância.
Curso e prognóstico
O curso da esquizofrenia é bastante variado e influenciado por diversos
fatores, como idade de início, tipo de esquizofrenia, gênero, além de fatores
individuais e ambientais que podem interferir em seu prognóstico.
Normalmente, o curso da doença é flutuante, inicialmente com uma fase
prodrômica, seguida por uma fase ativa, de crise, com sintomatologia variada, onde
normalmente é feito o diagnóstico. Com a evolução, episódios de crise, recuperação
e fase residual são observados. Na esquizofrenia, normalmente após a
estabilização da crise, o indivíduo não volta ao estado anterior; geralmente se
percebe alguma alteração na afetividade e no pragmatismo: o chamado "defeito"
pós-crise. O prognóstico da doença é reservado, apesar de as novas terapêuticas
farmacológicas terem favorecido muito uma melhora da doença.
Fatores de um melhor prognóstico são: início tardio, fator precipitante claro,
início agudo, antecedente social favorável, como trabalho e relacionamentos
interpessoais, presença de sintomas depressivos, ser casado (o que claramente não
se aplica aqui), sintomas positivos (delírios e alucinações) e suporte familiar e social
favorável.
Fatores de um pior prognóstico seriam: início precoce, não existência de
fatores precipitantes, fatores pré mórbidos, como má adaptação social e no trabalho,
comportamentos autísticos, sintomas negativos, pouco suporte familiar e social, não
remissão no período de 3 anos, muitas recaídas. A esquizofrenia na infância acaba
tendo um pior prognóstico principalmente pelo início precoce e pela predominância
de sintomas negativos.

Exames complementares
A utilização de exames complementares para o diagnóstico de esquizofrenia
não se faz necessária, a menos como exclusão de causa orgânica. O diagnóstico é
eminentemente clínico, de acordo com a sintomatologia apresentada e sua
evolução.
Os estudos por imagem têm sua importância, não diagnóstica, mas sim pela
propriedade de uma maior compreensão de estruturas cerebrais envolvidas na
doença. Estudos através de tomografia computadorizada de crânio têm revelado
uma dilatação de ventrículos consequente a uma redução do parênquima cerebral
em alguns pacientes. Esses mesmos achados têm sido encontrados em crianças, já
evidenciando o comprometimento e também a gravidade de áreas cerebrais
atingidas.
Estudos utilizando ressonância magnética têm revelado diferenças no volume
de áreas do lobo temporal e parietal em adultos com esquizofrenia, especialmente
redução na porção anterior do complexo amígdala-hipocampo, mais notadamente
no lado esquerdo. Essas alterações não são observadas nas crianças e parece que
começam a surgir com a adolescência.
Características Clínicas
Normalmente, as crianças com esquizofrenia passam a se desinteressar
pelas atividades realizadas anteriormente, acompanhadas de isolamento. No início,
o quadro é facilmente confundido com depressão, pois a criança torna- se retraída,
perde o interesse pelas atividades habituais e passa a apresentar distorções do
pensamento e da percepção. Como ocorre com os adultos, a criança pode ter
alucinações, delírios e paranoia, temendo que as outras pessoas estejam
maquinando para lhe causar danos ou que estejam controlando seus pensamentos.
A criança esquizofrênica também pode apresentar contenção das emoções,
nem a sua voz nem suas expressões faciais alteram-se em resposta a situações
emocionais. Eventos que normalmente provocam o riso ou o choro podem não
produzir qualquer resposta. O início do quadro da esquizofrenia na infância costuma
ser lento, podendo levar meses ou anos para se chegar ao diagnóstico devido à
interpretação da alteração do comportamento como período de transição entre as
fases normais do desenvolvimento ou como consequência de algum acontecimento
marcante.
Quando os sinais e sintomas estão presentes, como os delírios e as
alucinações, com queda no rendimento escolar, insônia, agitação, agressividade o
diagnóstico é mais evidente. As crianças com esquizofrenia podem ter risos
inadequados ou chorar sem serem capazes de explicar o motivo.

Epidemiologia
As pesquisas demonstram que aproximadamente 1% da população é afetada
pela esquizofrenia. Os estudos sobre a hereditariedade ou a genética da
esquizofrenia não têm sido totalmente conclusivos, mas está comprovado que o
fator de risco é influenciado pela presença da patologia em parentes diretos. A
prevalência de esquizofrenia entre os pais de crianças afetadas é cerca de 8%.
Estima-se que 0,1 a 1% dos casos de esquizofrenia tenha iniciado antes dos dez
anos de idade e cerca de 4% antes dos 15 anos.
Os meninos parecem ter leve preponderância entre as crianças com
esquizofrenia, com uma razão estimada de 1,67 meninos para cada menina. Alguns
diagnósticos em psiquiatria infantil não são muito precisos. Uma vez que a criança é
um ser em desenvolvimento, esses quadros só irão se configurar mais claramente
ao longo dos anos.
Estudos genéticos
Os componentes genéticos estão entre os mais importantes elementos desta
rede, sendo que distintas alterações devem ocorrer no genoma para que a doença
se estabeleça.
Acredita-se que essas alterações produzam um significativo desequilíbrio de
certas vias fisiológicas, que por sua vez desencadeiam o processo patológico. As
similares taxas mundiais de prevalência da esquizofrenia, além da similaridade de
sintomas e evolução clínica nas diversas populações, sugerem fortemente que a
esquizofrenia não resulte de determinados padrões ambientais ou étnicos.
O envolvimento de componentes genéticos é fortemente sugerido
principalmente por estudos que investigam o padrão de herança da doença,
incluindo gêmeos, pais e filhos afetados, e estudos de famílias completas. A taxa de
concordância para esquizofrenia é da ordem de 41 a 65% entre gêmeos
monozigóticos e de 0 a 28% entre gêmeos dizigóticos.
As buscas de marcadores biológicos – principalmente alterações genômicas,
alterações de expressão gênica ou alterações na atividade ou na expressão de
proteínas – que possam determinar o desenvolvimento da doença ou mesmo
apontar caminhos que possam elucidar a sua patogênese, têm sido o alvo principal
de diversos grupos de pesquisa nos últimos anos. Apesar da evidência da
importância de fatores genéticos, mudanças na estrutura cerebral e vias
neuroquímicas, ainda não é possível saber exatamente qual é a causa da
esquizofrenia.

Estudos bioquímicos
O sistema dopaminérgico consiste principalmente de três vias: nigroestriatal,
mesolímbico e mesocortical, e tuberoinfundibular. Há também vários tipos de
receptores dopaminérgicos, com diferentes localizações cerebrais. São conhecidos
os receptores D1, D2, D3, D4 e D5; sabe-se que os antipsicóticos atuam de modo
indiferenciado nos diversos receptores e sua administração por tempo prolongado (3
a 4 semanas) leva a uma diminuição do ritmo de atividade, fenômeno conhecido por
bloqueio de despolarização.
Esse fenômeno ocorre nos sistemas nigroestriatal e mesolímbico. Assim é
possível inferir que a atividade excessiva de alguns sistemas dopaminérgicos ocorre
na esquizofrenia.
Estudos do neurodesenvolvimento
Os fatores de risco pré-natais e perinatais para a esquizofrenia são
pesquisados tentando identificar os comprometimentos cerebrais no
neurodesenvolvimento. Complicações de gravidez e de parto, exposição prénatal a
viroses e achados neuropatológicos, como anormalidades na citoarquitetura, são
comprovadamente associados a um maior risco de desenvolver esquizofrenia.
Assim, é consistente o achado de diminuição volumétrica do cérebro, aumento dos
ventrículos laterais, além de diminuição do lobo temporal na região do hipocampo
em pacientes esquizofrênicos adultos.
As alterações histopatológicas são sugestivas mais de disginesia do que de
degeneração, como redução de neurônios corticais e periventriculares, ausência de
células de gliose e alteração da posição das células piramidais. Além da dopamina,
outras substâncias biogênicas provavelmente também estão envolvidas: a
noradrenalina, a serotonina e outros neuropeptídeos neurotransmissores.
Estudos de neuroimagem com PET e SPECT apontam receptores de
neurotransmissores em diferentes regiões cerebrais, além de confirmarem o
bloqueio de receptores D2 pelos neurolépticos. A neurobiologia da esquizofrenia de
início na infância ainda precisa ser melhor estudada, tanto para melhorar a definição
e o entendimento da patologia quanto para melhorar a abordagem terapêutica e o
prognóstico.
Tipos de Esquizofrenia

Esquizofrenia simples: A esquizofrenia simples apresenta mudanças na


personalidade. O paciente prefere ficar isolado – o que inibi seu convívio social –, é
disperso aos acontecimentos do dia a dia e insensível no que diz respeito a afetos.

Esquizofrenia paranoide: O isolamento social também está presente na


esquizofrenia paranoide – ou paranoica, como é conhecida. O portador da doença
enfrenta problemas como falas confusas, falta de emoção e tende a achar que está
sendo perseguido por pessoas ou espíritos.

Esquizofrenia desorganizada: Conhecida também como ‘esquizofrenia


hebefrênica’, esse tipo é caracterizado por um comportamento mais infantil,
respostas emocionais descabidas e pensamentos sem nexo.

Esquizofrenia catatônica: O paciente diagnosticado com esquizofrenia


catatônica mostra um quadro de apatia. Pode ficar na mesma posição por horas,
causando também a redução da atividade motora.

Esquizofrenia residual: Existe a alteração no comportamento, nas emoções


e no convívio social, mas não na frequência dos demais tipos.

Esquizofrenia indiferenciada: Pacientes que não se enquadram


perfeitamente em um dos tipos de esquizofrenia, contudo, podem desenvolver
algumas das características citadas acima.

Subtipos de esquizofrenia
Podemos subdividir a esquizofrenia em cinco tipos, de acordo com a
sintomatologia predominante na ocasião da avaliação. São eles: tipo paranóide,
desorganizado ou hebefrênico, catatônico, indiferenciado ou simples e tipo residual.
A ​esquizofrenia paranóide é o tipo mais comum; no quadro clínico,
predominam delírios e alucinações, além da perturbação do afeto e pragmatismo.
No tipo desorganizado ou hebefrênico​, a característica principal é a
desorganização do pensamento; o discurso é incoerente, as associações de ideias
são ilógicas; o prognóstico é ruim, principalmente pelo rápido desenvolvimento de
sintomas negativos, como embotamento afetivo e perda da volição.
A forma ​catatônica se caracteriza pelos sintomas psicomotores
proeminentes, que podem se alternar, como hipercinesia, estupor ou obediência
automática e negativismo.
Atitudes e posturas forçadas podem ser mantidas por longos períodos, e
episódios de agitação extrema podem ocorrer. Por razões desconhecidas, esta
forma de esquizofrenia tem sido pouco vista nos dias atuais.
A forma indiferenciada é a mais complicada de ser caracterizada; o quadro
preenche critérios para esquizofrenia, mas não satisfaz os critérios para o tipo
paranoide, desorganizado ou catatônico. Muitas vezes, esta forma de esquizofrenia
é confundida com transtorno de personalidade.
O tipo ​residual ​é a forma crônica da doença, onde se percebe uma
progressão clara dos sintomas psicóticos da esquizofrenia; no estágio mais tardio,
há predominância de sintomas negativos.

Quando consultar um médico


Pode ser difícil saber como lidar com mudanças comportamentais vagas. O
professor ou outro profissional da escola pode alertar para mudanças no
comportamento da criança.
Procurar aconselhamento médico se a criança:
● Tiver atrasos de desenvolvimento em comparação com outros irmãos ou
colegas;
● Parar de realizar atividades diárias, como tomar banho ou vestir-se;
● Não quiser mais se socializar;
● Estiver apresentando um baixo desempenho acadêmico;
● Apresentar estranhos rituais alimentares;
● Demonstrar excessiva suspeita dos outros;
● Mostrar uma falta de emoção ou mostra emoções inadequadas para a
situação;
● Apresentar ideias e medos estranhos;
● Confundir sonhos ou programas da televisão para a realidade;
● Apresentar ideias, comportamento ou fala estranhos;
● Tiver comportamento violento ou agressivo ou agitação.

Estes sinais e sintomas gerais não significam necessariamente que o seu


filho tem esquizofrenia na infância. Poderiam indicar uma fase, outro transtorno de
saúde mental, como depressão ou um transtorno de ansiedade, ou uma condição
médica. Procure atendimento médico o mais rápido possível se tiver dúvidas sobre
o comportamento ou desenvolvimento da criança.

Pensamentos suicidas e comportamento


Pensamentos suicidas e comportamento são comuns entre as pessoas com
esquizofrenia. Se você tem uma criança ou adolescente que está em perigo de
tentar suicídio ou fez uma tentativa de suicídio, certifique-se que alguém permanece
com ele ou ela, e busque atendimento médico.

Causas
Não se sabe o que causa a esquizofrenia na infância, mas pensa-se que ela
se desenvolve da mesma forma que a esquizofrenia adulta. Os pesquisadores
acreditam que uma combinação de genética, química cerebral e meio ambiente
contribui para o desenvolvimento da doença.
Não está claro por que a esquizofrenia começa tão cedo na vida de alguns e
não de outros. Problemas com certos produtos químicos cerebrais naturais,
incluindo neurotransmissores chamados dopamina e glutamato, podem contribuir
para a esquizofrenia. Estudos de neuroimagem mostram diferenças na estrutura
cerebral e no sistema nervoso central de pessoas com esquizofrenia. Enquanto os
pesquisadores não estão certos sobre o significado dessas mudanças, eles indicam
que a esquizofrenia é uma doença cerebral.
Fatores de Risco
Embora a causa precisa da esquizofrenia não seja conhecida, certos fatores
parecem aumentar o risco de desenvolver ou desencadear esquizofrenia, incluindo:
● Ter histórico familiar de esquizofrenia;
● Aumento da ativação do sistema imunológico, como a inflamação ou doenças
autoimunes;
● Idade avançada do pai;
● Algumas complicações da gravidez e do nascimento, tais como a desnutrição
ou a exposição às toxinas ou aos vírus que podem afetar o desenvolvimento
do cérebro;
● Tomar drogas psicoativas (alterando a mente) durante a adolescência.
Complicações
Se não tratada adequadamente, a esquizofrenia na infância pode resultar em
graves problemas emocionais, comportamentais e de saúde. Complicações
associadas à esquizofrenia podem ocorrer na infância ou mais tarde, tais como:
● Suicídio, tentativas de suicídio e pensamentos de suicídio;
● Auto ferimento;
● Transtornos de ansiedade, transtornos de pânico e transtorno obsessivo
compulsivo (TOC);
● Depressão;
● Abuso de álcool ou outras drogas, incluindo tabaco;
● Conflitos familiares;
● Incapacidade de viver de forma independente, frequentar a escola ou
trabalhar;
● Isolamento social;
● Saúde e problemas médicos;
● Problemas legais e financeiros e falta de moradia;
● Comportamento agressivo, embora raro.
Tratamento e Terapia
Embora não exista cura para a esquizofrenia, muitas pessoas com essa
doença podem levar uma vida produtiva e satisfatória com o tratamento adequado.
A recuperação é possível através de uma variedade de serviços, incluindo
programas de medicação e reabilitação. A reabilitação pode ajudar uma pessoa a
recuperar a confiança e as habilidades necessárias para viver uma vida produtiva e
independente na sociedade.
O portador de esquizofrenia é incapaz de avaliar seu próprio comportamento.
Neste caso, pessoas próximas ao paciente são quem identificam os sintomas e
procuram ajuda médica. Com acompanhamento de um psicólogo, psiquiatra e
medicamentos é possível que a frequência das crises diminuem e o paciente
consiga viver de maneira mais tranquila.
O acompanhamento de um especialista é indispensável. Como as causas
ainda são desconhecidas, os tratamentos se concentram na eliminação dos
sintomas da doença. Os tratamentos incluem: O tratamento das psicoses está
voltado para duas vertentes: farmacológica e socioeducativa. A base do tratamento
farmacológico restringe-se aos neurolépticos ou antipsicóticos.
A eficácia dessas drogas sobre as psicoses tem sido demonstrada em vários
trabalhos. Infelizmente, os estudos dessas drogas na infância são em número
infinitamente menor que em adultos. Por uma série de razões, as pesquisas com os
neurolépticos iniciam-se na população adulta, e somente após alguns anos essas
drogas são autorizadas para uso na infância.
Nos últimos anos, tem surgido um número importante de neurolépticos
(atípicos) com eficácia comprovada e menores efeitos adversos, porém sua
utilização no tratamento das psicoses infantis ainda é restrita. O haloperidol, uma
droga já utilizada há vários anos, continua sendo uma boa escolha para o
tratamento das psicoses infantis (dose de 0,02 a 0,12 mg/kg/dia) .
Apesar de terem efeitos colaterais, como sintomas extrapiramidais e acatisia,
estes são facilmente controlados, e são drogas extremamente seguras. Outra boa
opção seria a risperidona, que apresenta um risco de discinesia tardia bem inferior
ao haloperidol. A olanzapina também tem sido utilizada no tratamento das psicoses
infantis, com boa resposta.
Existem dois tipos principais de medicação antipsicótica: Os antipsicóticos
típicos (“convencionais”) controlam efetivamente os sintomas “positivos”, como
alucinações, delírios e confusão da esquizofrenia. Alguns antipsicóticos típicos são:
● Clorpromazina (Thorazine)
● Haloperidol (Haldol)
● Mesoridazina (Serentil)
● Perfenazina (Trilafon)
● Flufenazina (Proxlixina)
● Tioridazina (Mellaril)
● Thiothixene (Navane)
● Trifluoperazina (Stelazine)

Os antipsicóticos atípicos (“de nova geração”) tratam os sintomas positivos e


negativos da esquizofrenia, frequentemente com menos efeitos colaterais. Alguns
antipsicóticos atípicos são:
● Aripiprazol (Abilify, Aristada)
● Asenapina (Saphris)
● Brexpiprazol (Rexulti)
● Cariprazina (Vraylar)
● Clozapina (Clozaril, FazaClo, Versacloz)
● Iloperidona (Fanapt)
● Lurasidona (Latuda)
● Olanzapina (Zyprexa)
● Paliperidona (Invega)
● Quetiapina (Seroquel)
● Risperidona (Risperdal)
● Ziprasidona (Geodon)
Uma terceira categoria menor de drogas usadas para tratar a esquizofrenia é
conhecida como “agentes antipsicóticos diversos”. Os agentes antipsicóticos
diversos funcionam de maneira diferente dos medicamentos antipsicóticos típicos ou
atípicos. A loxapina (Adasuve, Loxitane) é um desses antipsicóticos diversos e é
usada para tratar a agitação em pessoas com esquizofrenia.
Os efeitos colaterais são comuns com drogas antipsicóticas. Eles variam de
efeitos colaterais leves, como boca seca, visão turva, constipação, sonolência e
tontura que geralmente desaparecem depois de algumas semanas para efeitos
colaterais mais graves, como problemas com o controle muscular, estimulação,
tremores e carrapatos faciais.
A nova geração de drogas tem menos efeitos colaterais. No entanto, é
importante conversar com seu psiquiatra antes de fazer qualquer alteração na
medicação, pois muitos efeitos colaterais podem ser controlados.

Abordagem psicossocial
Na literatura não existem trabalhos mostrando que determinadas técnicas
psicoterápicas são efetivas no tratamento da esquizofrenia na infância . Parece que
ações socioeducativas voltadas ao funcionamento da família, soluções de
problemas e habilidades de comunicação têm sido mais efetivas na diminuição das
crises. No nosso meio, o tratamento desses casos em nível de hospital/dia (HD) tem
mostrado uma evolução mais favorável.
De um modo geral, a criança permanece no HD cerca de duas a cinco vezes
por semana, por meio período, onde é assistida por uma equipe multidisciplinar. A
família também participa de algumas atividades, onde é realizado um trabalho de
orientação sobre a doença e muitas vezes tenta-se abordar possíveis fatores
dinâmicos que possam interferir no quadro.

Orientação familiar e terapia familiar


A presença de uma criança doente em uma família quase que
inevitavelmente acaba levando a um desequilíbrio nas relações familiares,
principalmente quando se trata de doença mental. Muitas vezes, um ser doente
acaba mobilizando sentimentos variados, como culpa, raiva, medo, vergonha,
fracasso, entre outros, os quais necessitam ser trabalhados. Em algumas situações,
uma orientação familiar pode solucionar o problema.
Entretanto, nas famílias onde as relações já eram conflituosas, o surgimento
de uma criança doente somente favorece a rede de problemas já existente, e a
criança não tem a possibilidade de mudanças, sendo necessário um processo de
terapia de família com o objetivo de uma melhor compreensão e solução desses
conflitos. Hoje, muitas pessoas com diagnóstico de esquizofrenia vão à escola,
trabalham, casam-se e têm filhos.
O ganhador do Prêmio Nobel de Matemática de 1994, John Nash, viveu com
esquizofrenia por trinta anos. Proporcionando um ambiente acolhedor, medicação
apropriada, tratamento e incentivo, podemos capacitar pessoas com esquizofrenia a
serem membros produtivos de nossa comunidade.
Contudo, representações negativas de pessoas com esquizofrenia na
televisão, cinema e outros meios de comunicação, continuam a perpetuar o estigma
e piorar ainda mais a discriminação.
Como disse uma paciente, "Quando você é hospitalizado por causa de uma
perna quebrada, as pessoas lhe mandam flores ou vão visitá-lo. Mas se você for
internado por causa de uma doença mental, as pessoas não mandam flores, e não
visitam você." Muitos pacientes relatam que o apoio consistente de pais, amigos,
profissionais de saúde ou professores, foi um fator importante em sua reabilitação.

Temos aqui alguns depoimentos de pessoas que sofreram


discriminação:
"Uma noite a polícia me parou para verificar a placa de meu carro. Estava
escuro. As luzes estavam piscando. Eu estava apavorada e tremendo. Quando o
policial se aproximou de meu carro, eu estava tão assustada que não conseguia
falar. Ele me acusou de não colaborar. Eu tentei dizer que sofria de esquizofrenia.
‘O que isso tem a ver?’ respondeu ele." Elizabeth Anderson Professora
Vocalista Casada por cinco anos Diagnóstico de esquizofrenia há três anos "Eu
estava grávida quando recebi o diagnóstico de esquizofrenia. Os pais de meus
amigos perguntaram: ‘Quando será o aborto?’"
Michele Miserelli Mãe Diagnóstico de esquizofrenia em 1988 Porta-voz da
Sociedade de Esquizofrenia do Canadá Hoje já ouvimos vozes de esperança "Eu
tinha acabado de me graduar em Inglês quando recebi o diagnóstico de
esquizofrenia há dezoito anos atrás. Durante muito tempo eu não conseguia me
concentrar o suficiente para ler. Mas com minha nova medicação, posso ler
novamente.
Toco violão e adoro violoncello." Elizabeth MacDonell Grau de Bacharel em
literatura inglesa Toca violão em uma orquestra local Viveu com esquizofrenia por
18 anos.
O que você pode fazer?
● Cuidado com as palavras que você usa. "Louco", "maluco", "psicopata", são
palavras que ferem.
● Ajude a conscientizar os outros de como nossas palavras e atitudes
machucam. Não ria de piadas cruéis. Faça com que os outros saibam que a
ignorância dói.
● Ajude pessoas que possam estar sofrendo dos sintomas iniciais de uma
doença mental.
● Participe. Ligue para seu grupo local de Apoio à Esquizofrenia. Se não
houver um em sua comunidade, ou se desejar mais informações sobre o
Programa Mundial de Combate ao Estigma e à Discriminação (Worldwide
Program to Fight Stigma and Discrimination), entre em contato com a
Associação Mundial de Psiquiatria (WPA) – por telefone, fax, ou e-mail – para
receber informações sobre programas nacionais em seu país.

Psicoterapia na esquizofrenia
A psicoterapia tem se mostrado um importante recurso terapêutico,
associado ao tratamento farmacológico, na recuperação e na reabilitação do
indivíduo esquizofrênico. Por meio de abordagens educativas, suportivas,
interpessoais ou dinâmicas, visa-se recuperar o indivíduo no nível psíquico,
interpessoal e social.

Objetivos da psicoterapia
Encontram-se resumidos a seguir os objetivos comuns, levantados por vários
autores, que podem ser atingidos na psicoterapia de um paciente com diagnóstico
de esquizofrenia:

1. Oferecer continência e suporte.


2. Oferecer informações sobre a doença e modos de lidar com ela.
3. Restabelecer o contato com a realidade. O paciente deve ser capaz de
reconhecer experiências reais e diferenciá-las das alucinatórias ou delirantes.
Isso pode ser alcançado por meio do teste de realidade, feito pela
intervenção direta do terapeuta ou pelos próprios pacientes no caso da
psicoterapia de grupo.
4. Integrar a experiência psicótica no contexto de vida do paciente, ou seja, dar
um sentido à experiência psicótica.
5. Identificar fatores estressores e instrumentalizar o paciente a lidar com os
eventos da vida. Os fatores desencadeantes de crises estão intimamente
relacionados com as recaídas e o prognóstico da doença. Discutir formas de
suportar, modificar ou compreender melhor as situações vividas pelos
pacientes podem ajudá-los a ter uma melhor evolução na sua doença.
Algumas estratégias usadas são a busca de solução de problemas e o
planejamento de metas, conseguidas pela orientação direta do terapeuta ou
por discussões grupais.
6. Desenvolver maior capacidade de diferenciar, reconhecer e lidar com
diferentes sensações e sentimentos.
7. Crescimento emocional associado à mudança nos padrões de
comportamento, resultando em melhora na qualidade de vida e na adaptação
social fora do setting terapêutico.
8. Conquista de maior autonomia e independência. Aumentando-se a
capacidade de gerenciar a própria vida, melhora-se também a autoestima.
9. Diminuição do isolamento. Outro sintoma proeminente nos pacientes
esquizofrênicos é o autismo. Em geral, esses pacientes apresentam pouca
possibilidade de troca e de registro de experiências negativas no contato com
as pessoas – geralmente paranoides. A oportunidade de experimentarem
contatos positivos, individualmente ou em grupo, pode possibilitar a
diminuição do autismo.
10. Observação dos pacientes. Pode-se observar, durante o processo
psicoterápico, o funcionamento e o comportamento dos pacientes - de
esquiva, de inibição, de desconfiança ou de inadequação - como também, a
presença de sintomas psicopatológicos - delírios, alucinações, auto
referência, depressão, entre outros. Essa observação pode ajudar o clínico
na avaliação de determinado paciente. É mais aconselhável que a consulta
clínica seja realizada por um psiquiatra que não seja o terapeuta do paciente.
O que modifica as características dos diferentes tipos de intervenção será a
ênfase dada a um ou outro objetivo.

O papel do terapeuta
Os pacientes esquizofrênicos geralmente apresentam pouca condição de
suportar altos níveis de tensão. Por isso, o terapeuta deve ser ativo e monitorar a
expressão dos afetos no encontro terapêutico, criando, assim, um clima de
compreensão, respeito e empatia.
Podem-se sugerir temas, estimular a participação e organizar a conversa, ou
seja, coordenar ativamente a sessão. Sua fala deve ser concreta e de fácil
entendimento, aproximando-se ao máximo do universo e da linguagem dos
pacientes. Algumas intervenções possíveis do terapeuta são: afirmação, conselho,
validação, encorajamento, reforço, clarificação, confrontação, elaboração e
atribuição de significado. O processo de interpretação é um caso especial de
atribuição de significado.
Ele tem, geralmente, o sentido de tornar conscientes pensamentos e
sentimentos que, anteriormente, eram inconscientes. Os grupos terapêuticos não
são tão eficazes como as sessões individuais na revelação de processos
emocionais inconscientes.
Na psicoterapia de pacientes esquizofrênicos, as interpretações são mais
úteis quando se referem a sentimentos que estão obviamente presentes (como os
inferidos diretamente de expressões faciais ou gestos), mas que não estão
acessíveis à percepção consciente do indivíduo. A interpretação da transferência
deve ocupar um pequeno espaço no tratamento. O terapeuta deve ser habilidoso ao
colocar suas intervenções para não confrontar demais ou desautorizar os pacientes.
Esses pacientes podem fazer projeções no terapeuta e distorcerem a realidade.
Um terapeuta menos neutro ajudará o paciente a discriminar o que é fantasia
do que não é. É mais adequado trabalhar com o momento atual, no aqui e agora, e
fazer pouca investigação ou alusões ao passado. Muitos pacientes têm dificuldade
em discriminar memória de fantasia.
É necessário ao terapeuta conter, compreender, processar e devolver em
palavras ou atitudes o que está sendo vivenciado na sessão. Só assim haverá uma
maior chance da psicoterapia ser eficaz.
Uma outra tarefa importante do terapeuta é a de estar atento para oferecer a
intervenção adequada àquele determinado tipo de paciente, naquela determinada
fase da doença. Não superestimar os pacientes, nem oferecer uma proposta aquém
das suas capacidades.

Seleção e encaminhamento de pacientes


A eficácia da psicoterapia exige que o diagnóstico seja um passo essencial
no processo. Uma avaliação e um diagnóstico cuidadosos ajudam a determinar se o
paciente é adequado para a psicoterapia e, se for, qual o tipo de abordagem que lhe
será de maior benefício.
Para avaliação e fornecimento de informações, é interessante que sejam
feitas entrevistas individuais com cada paciente antes do ingresso numa
psicoterapia. Essa prática contribui para o aumento da taxa de adesão ao
tratamento.
Desse modo, devem-se considerar no paciente o diagnóstico nosológico, o
grau de comprometimento e o tempo de evolução da doença, os sintomas
psicopatológicos predominantes, a fase da doença, a capacidade de adaptação a
situações de estresse, as circunstâncias de vida, a forma habitual de relacionar-se,
as defesas predominantemente usadas, a eficácia ou não no controle e expressão
dos impulsos e dos afetos, a capacidade de distinguir os sentimentos ou emoções
como provenientes do seu mundo interno ou externo, a capacidade de expressão
verbal, o estilo de comunicação e a existência de um tema ou área problemática que
se destaque dentre outras.
Além disso, deve-se avaliar a motivação do paciente para o tratamento. Caso
não exista, considerar a possibilidade de criar estratégias de mobilização ou
sensibilização. As habilidades ou preferências dos pacientes e as experiências
anteriores positivas ou negativas devem ser consideradas. Pode ser necessária a
mobilização da família.
Uma família mobilizada pode contribuir estimulando o paciente, facilitando o
seu acesso ao tratamento ou reforçando a sua importância. A partir desses
elementos, pode-se ter uma ideia da condição do paciente, qual sua demanda e
suas necessidades primordiais, e fazer uma avaliação da capacidade de tolerância
ou suportabilidade do paciente ao setting terapêutico (seja ele em grupo ou
individual).
Também é necessário considerar, nas intervenções grupais, os objetivos de
cada grupo. Para a formação de grupos novos é interessante buscar a maior
homogeneidade possível, seja nas características individuais de cada paciente ou
nas suas necessidades, para assim facilitar a coesão.
Para cada intervenção, dependendo dos seus objetivos, haverá diferentes
critérios de inclusão e de exclusão. Utilizando-se o modelo tridimensional para a
classificação de sintomas psicopatológicos em negativos, positivos e de
desorganização, sugerimos que:

a) Pacientes com predomínio de sintomas positivos intensos podem não se


beneficiar de intervenções grupais. Enquanto não haja estabilização de seu quadro
clínico, com a consequente redução dos sintomas, esses pacientes, em geral, não
devem ser incluídos em grupos. Uma possibilidade, nesses casos, pode ser a
intervenção psicoterápica individual. O terapeuta poderá acompanhar o paciente
durante sua recuperação, oferecendo suporte e continência e, posteriormente,
encaminhá-lo a um grupo. Entretanto, em grupos coesos é possível a inclusão de
pacientes com sintomas positivos moderados. Os outros pacientes podem funcionar
como auxiliares daqueles mais sintomáticos. Um certo conteúdo psicótico,
abertamente apresentado, pode ser útil para estimular debates.

b) Pacientes com predomínio de sintomas negativos podem se beneficiar de


grupos psicoterápicos e de intervenções individuais. Ainda que não participem
ativamente, podem aproveitar a experiência. É importante avaliar o grau de ameaça
que o paciente sente no contato com o outro antes de encaminhá-lo a um grupo.
c) Para pacientes com predomínio de sintomas de desorganização, são mais
indicadas intervenções em terapia ocupacional. Pacientes estáveis com razoável
controle dos sintomas podem se beneficiar de diferentes formas de intervenções
psicoterápicas.
Nesses casos, a complexa gama de variáveis individuais e grupais precisará
ser considerada na decisão da melhor indicação. O enfoque poderá estar na
recuperação das habilidades sociais, na aceitação da doença, na diminuição do
isolamento, no desenvolvimento emocional, no resgate da história individual, entre
outros. Os vários objetivos poderão se distribuir em diferentes tipos de intervenções
individuais e grupais, como por exemplo, grupos operativos, grupos interpessoais,
psicoterapia individual, terapia ocupacional individual ou grupal.
A psicoterapia grupal pode combinar-se à psicoterapia individual em
diferentes momentos no decurso do tratamento. Os efeitos terapêuticos de uma
abordagem adicionam-se à outra e amplificam-se. É recomendado, portanto, que a
equipe terapêutica organize um plano de tratamento moldado para cada paciente.

Família e Doença Mental


A concepção e compreensão atual sobre a estrutura da família nuclear no
mundo ocidental estão centradas na afeição e na intensificação das relações entre
pais e filhos na privacidade de suas casas (Melman, 2001), começou a se ampliar
na Europa, a partir do século XVII, e nesse sentido, amplia e problematiza a
concepção de família (Neder, 2002), pois, para ela, não existiria histórica e
antropologicamente, um modelo-padrão de organização familiar.
Assim, deve-se pensar as famílias de forma plural, para que construa uma
democracia baseada na tolerância com as diferenças. Portanto, é nessa idéia das
inúmeras possibilidades de formatação de grupos familiares que implicam
aceitação, tolerância e, não raro na solidariedade com a singularidade que a
presença da diferença remete e, nesse contexto, coloca-se a doença mental.
Os significados e representações sobre os transtornos mentais podem não
ser compartilhados igualmente por todas as pessoas que vivem numa mesma casa,
o que resulta em diferentes atitudes e vivências ante os problemas (Melman, 2001),
pois as subjetividades e objetividades de cada componente do grupo familiar que
possuem representações e valores diferenciados a respeito do doente mental são
determinadas historicamente, e ainda, esse olhar recebe a influência e os reflexos
de outros contextos, como a religiosidade, o fator socioeconômico, a cultura e
outros.
Dessa forma: O adoecimento de um membro da família representa, em geral,
um forte abalo. Para a maioria das pessoas a enfermidade significa uma grande
ruptura na trajetória existencial. A vivência de catástrofe desestrutura as formas
habituais de lidar com situações do cotidiano. Muitos familiares não estão
preparados para enfrentar os problemas, não sabem como agir.
Encarando as dificuldades, tentando explicar o aparecimento da doença,
essas pessoas mergulham na turbulência de suas dúvidas e conflitos (Melman,
2001, p. 19-20). No entanto, a convivência com a doença e o adoecer, seja física ou
psiquiátrica, acaba por representar uma dificuldade e um desgaste ao grupo familiar,
isso tudo, podendo ser ampliado se este adoecer for longo, com manifestações
agudas e, sobretudo, for vivido, como incapacitante e estigmatizado (Cavalheri,
2003). Ao remeter-se às singularidades da doença mental, encontra-se que: Os
transtornos mentais e comportamentais exercem considerável impacto sobre os
indivíduos, as famílias e as comunidades.
Os indivíduos não só apresentam sintomas inquietadora de seu distúrbio
como sofrem também por estarem incapacitados de participar em atividade de
trabalho e lazer, muitas vezes em virtude da discriminação.

Eles se preocupam pelo fato de não poderem arcar com suas


responsabilidades para com a família e os amigos, e temem ser um fardo para os
outros (OPAS/OMS, 2001, p. 51). A situação acaba por sobrecarregar as rotinas
familiares, implicando mudanças das atividades diárias desse grupo, como os
cuidados com a casa, o trabalho, a escola e os cuidados pessoais.
A isso, soma-se o quadro de sintomas que o indivíduo poderá apresentar o
que significará cuidados intensivos por parte da família, para acompanhamento em
consultas, com a higiene, alimentação, sono, medicação e outros (Cavalheri, 2003).
Assim, a sociedade frente à doença mental e todo o movimento de crítica,
desospitalização e afluência da reforma psiquiátrica na atualidade, acabaram por
configurar: “uma nova realidade na qual um número cada vez maior de pessoas
passaram a ser assistidas em serviços extra-hospitalares. Esses fenômenos
introduziram novos elementos no campo de negociação entre famílias e o campo da
saúde mental, obrigando as partes implicadas a rediscutir as bases de uma nova
relação” (Melman, 2001, p. 61).
Nesse sentido, há de se considerar que a real possibilidade de reinserção
social do indivíduo com transtorno mental implica envolvimento e comprometimento
do grupo familiar e isto, independe como a família se constitui, pois ela continua
representando a garantia de sobrevivência e proteção de seus membros (Cavalheri,
2003).
Dessa forma, no que diz respeito as relações sociais, Não é difícil perceber
que o processo de inclusão começa na família, pois ela precisa se dar conta da
importância de uma pessoa com deficiência ter estreitas e íntimas com as outras,
participando da vida normal, integrando-se em grupos sociais diversos.
Nesse caso, a aceitação por parte dos pais será o fator fundamental para o
desenvolvimento da criança ao longo da vida, estimulando a convivência com os
demais membros da sociedade, as atividades culturais, esportivas, de lazer e outros
(FGV/IBR/CPS, 2004, p. 44).
A importância da valorização das famílias, como um espaço de produção de
identidade social básica para qualquer criança, portanto, um lugar de formação de
uma cidadania ativa, cuja construção desta identidade seja em seu aspecto
individual ou coletivo, deve, também, passar pela tolerância com a diversidade
humana (Neder, 2002).
O objeto deste estudo foi um Programa de Educação Especial no município
de Indaiatuba e, que possui como objetivo central, a perspectiva da inclusão
educacional dos alunos em classes comuns da rede regular de ensino ou, em outras
palavras, busca "trabalhar a política sociopedagógica da inclusão" (Ferretti, Milan, &
Sanches, 2004).

Entretanto, ainda que um programa de caráter e características educacionais


possui em sua estrutura ações e serviços (Classes de Apoio e Oficinas
Pedagógicas) que, sob o ponto de vista da educação inclusiva, mantém o aluno
deficiente excluído de um contexto socioeducacional regular. Por outro lado, as
Salas de Recursos e as Orientações Pedagógicas em Caráter Itinerante do
Programa Educação Especial, têm a qualidade de complementar o ensino regular
em seus níveis de escolarização, promovendo e auxiliando, assim, no processo de
inclusão.
Entre todos os alunos matriculados no Programa - deficientes físicos,
intelectuais, auditivos, visuais e com dificuldades acentuadas de aprendizagem,
fez-se a opção de apoiados no Estudo de Caso, realizar entrevista semiestruturada
e gravada, com a família do aluno com diagnóstico de Transtorno Mental e com
acompanhamento psiquiátrico.
A unidade de análise [família] é de fundamental importância na vida do
indivíduo, pois o grupo familiar é a primeira e importante vinculação afetiva e social
da criança, seguida da sua entrada no ambiente socioeducacional da escola.
Portanto, nesse contexto, o papel da família é essencial no desenvolvimento da vida
escolar do aluno.
É importante ressaltar que, o diagnóstico de Transtorno Mental (OMS, 1993),
foi utilizado em razão da Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento
da CID-10 ser referência na prática dos serviços de saúde mental no Brasil. No
entanto, segundo a Organização Mundial de Saúde (1993), “O termo 'transtorno' é
usado [...] de forma a evitar problemas ainda maiores inerentes ao uso de termos
tais como 'doença' ou 'enfermidade'. 'Transtorno' não é um termo exato, porém é
usado [...] para indicar a existência de um conjunto de sintomas ou comportamentos
clinicamente reconhecível associado, na maioria dos casos, a sofrimento e
interferência com funções pessoais” (OMS, 1993, p. 05).
Por outro lado, frente à utilização corrente de termos como: doença mental e
loucura, encontrados na literatura também são utilizados para manter-nos fiel às
revisões literárias realizadas e ao socialmente representado.
A opção pelo diagnóstico de Transtorno Mental e, em tratamento psiquiátrico,
deve-se ao fato de o tema ser um desafio à Educação, suscitando controvérsias na
maioria das vezes e, ainda, entender que a própria nosografia psiquiátrica em
relação ao doente mental é excludente e responsiva a um processo dialético
histórico estrutural de construção da doença mental.
Por conseguinte, a unidade de análise que foi parte do objeto de estudo: a
família do aluno com diagnóstico de Transtorno Mental referiu-se exclusivamente ao
aluno com diagnóstico médico inicial nesta categoria e, em tratamento psiquiátrico.

Assim, com a análise da entrevista com o familiar, fundamentada com o


conceito das Representações Sociais, sob a perspectiva da Psicologia Social Crítica
e com base no enfoque histórico-estrutural da dialética Exclusão/Inclusão,
entende-se que haveria a necessidade de se buscar uma resposta à seguinte
questão: “Como são as representações sociais da família do aluno com diagnóstico
de Transtorno Mental matriculado no Programa de Educação Especial no município
de Indaiatuba frente à perspectiva de sua inclusão educacional?” As representações
sociais: “... representam, por excelência, o espaço do sujeito social, lutando para dar
sentido, interpretar e construir o mundo em que ele se encontra. Para mais além das
estruturas dadas da vida social, elas oferecem a possibilidade da novidade, da
autonomia, daquilo que ainda não existe, mas poderia existir” (Jovchelovitch, 2000,
p. 41).
Por outro lado, a construção do objeto de pesquisa é um processo pelo qual
o fenômeno de Representação Social é simplificado e tornado compreensível pela
teoria, para a finalidade da pesquisa (Sá, 1998).

Estudo de caso

Participantes
Foram entrevistadas duas mães de alunos regularmente matriculados no
Programa de Educação Especial, com diagnóstico de Transtorno Mental, conforme
a Classificação Internacional de Doenças - 10 [CID-10] (OMS, 1993), e, em
tratamento psiquiátrico.
Para que as participantes desta pesquisa tivessem seus direitos
resguardados, sem que fossem infringidos os princípios éticos, o presente projeto foi
submetido à:
(1) Aprovação no Comitê de Ética da Escola de Enfermagem da Universidade
de São Paulo;
(2)​ Pedido de autorização institucional à Secretaria Municipal de Educação;
(3) Na abordagem inicial aos sujeitos da pesquisa, foi facultada a
possibilidade de participarem ou não do estudo e informados, previamente, de que,
uma eventual negação, não lhes acarretaria prejuízos.
Foram esclarecidos da necessidade da gravação, cada um receberia uma
identificação fictícia para manter o anonimato, e os dados contidos nos depoimentos
seriam publicados e divulgados em periódicos e eventos científicos nacionais e
internacionais. Ao final da abordagem foi esclarecido que a colaboração deles seria
relevante aos profissionais da educação e da saúde mental;
(4) Consentimento Livre e Esclarecido foi obtido com as colaboradoras.
Assim, foi importante a leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido com
as participantes, a fim de clarificar informações que possam ter ficado obscuras. Em
seguida, o mesmo foi assinado pelas participantes e pelo pesquisador;
(5) Foi firmado compromisso com as participantes de que teriam suas
dúvidas, quanto à pesquisa, esclarecidas sempre que necessário. A primeira análise
dos prontuários escolares indicou 15 alunos que, inicialmente, enquadravam-se no
diagnóstico de Transtorno Mental e de Comportamento e encontravam-se em
assistência psiquiátrica, sendo oito do sexo masculino e sete do feminino.
Considerando que, a classificação de Transtornos Mentais e de
Comportamento é ampla e implica inúmeras diretrizes diagnósticas, assim, para fins
deste estudo, após uma segunda análise dos prontuários dos alunos e novas
consultas à Direção e Coordenação do Programa, realizou-se dois Estudos de
Casos.
Nos dois casos escolhidos, os documentos - o parecer médico e os registros,
asseguravam, circunscrevendo e ou indicando, conforme documentos em
prontuários das alunas, em um primeiro momento, exclusivamente, o diagnóstico
inicial de Transtorno Mental e, encontrava-se em tratamento psiquiátrico, conforme
informação verbal da Coordenadora do Programa. Assim, entrevistaram-se as mães
das seguintes alunas:
1. Lélia (D1), sexo feminino, dez anos, aluna de Classe de Apoio / Educação
Infantil, com diagnóstico de Transtorno Desintegrativo da Infância com
características Psicóticas [F84.3]; com acompanhamento psiquiátrico (convênio
privado) e psicológico em unidade de saúde pública municipal e prescrição
medicamentosa de Haldol. Frequentou a partir de 2001, a Sala de Recursos do
Programa de Educação Especial, em período contrário ao da Pré-Escola. Em 2002,
foi matriculada em período integral e, exclusivamente, no Programa de Educação
Especial que passou a frequentar regularmente.
2. Íris (D2), sexo feminino, 14 anos, aluna de Oficina Pedagógica, com
registro de diagnóstico de Esquizofrenia e com acompanhamento em unidade de
saúde pública municipal nos setores de Psiquiatria e Terapia Ocupacional; não
havia registro de prescrição medicamentosa. Frequentou a Pré-Escola,
posteriormente o Ensino Fundamental regular comum e foi matriculada, em 1999,
em período integral e, exclusivamente, no Programa de Educação Especial, onde
permaneceu desde então.

Procedimentos de Coleta e Análise dos Dados


Os aspectos éticos foram cumpridos, conforme as Resoluções do Conselho
Nacional de Saúde (CNS) dispostas por meio da Resolução n.º 96, de 10 de outubro
de 1996 (Brasil, 1996), que aprovou as diretrizes e normas regulamentadoras de
pesquisa, envolvendo seres humanos (Brasil, 1996).
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Escola de Enfermagem da
Universidade de São Paulo e autorizada pela Secretaria Municipal de Educação.
Para a análise dos discursos dos entrevistados, foi utilizada a proposta de Análise
de Conteúdo de Bardin (1994), definida por ela como um "conjunto de técnicas de
análise de comunicações" (p. 42) que, por meio de procedimentos sistemáticos e
objetivos de descrição do conteúdo dos dados coletados, possibilita a inferência de
conhecimentos que se referem às condições de produção e ou recepção (variáveis
inferidas) das comunicações.

Resultados
Entre as muitas questões para estudo que acabaram por emergir, destaca-se
aquela em que o familiar revelaria o seu entendimento frente à perspectiva de
retorno do filho ao ensino regular comum. Portanto, para a mãe de Lélia, a
perspectiva da inclusão escolar na rede regular comum:"... seria uma tentativa?..."
(D1.37). Justificada por ela em razão da filha:"... ela não sabe escrever nada."
(D1.38).
Por outro lado, a mãe de Íris relatou: "é... eu fiquei pensando nisso o ano
passado quando ela terminou no ano passado..." (D2.33). Pois,"... será que a minha
filha vai ficar sempre só frequentando aqui... não vai ter condição nunca de
frequentar uma escola normal..." (D2.34),"... aí, eu fico pensando, mas... do jeito que
ela está como ela vai ter condição de frequentar uma escola normal..." (D2.35). No
entanto, para esta mãe:"... podia até tentar não é? Para ver como ela se comporta
agora não é?
Depois desse tempo todo, não é?" (D2.36). A análise desta categoria indicou
que as mães da alunas representaram a perspectiva de inclusão escolar como uma
tentativa, uma vez que as alunas não estavam, ainda, alfabetizadas. Entretanto,
encontramos que nas proposições Educação Inclusiva haveria um lugar para Lélia e
Íris, uma vez que implicaria: “... uma reforma radical nas escolas em termos de
currículo, avaliação, pedagogia e formas de agrupamento dos alunos nas atividades
de sala de aula.
Ela é baseada em um sistema de valores que faz com que todos se sintam
bem-vindos e celebra a diversidade que tem como base o gênero, a nacionalidade,
a raça, a linguagem de origem, o background social, o nível de aquisição
educacional ou a deficiência (Mittler, 2003, p. 34).

A educação inclusiva é uma aplicação prática de um movimento mundial


denominado de inclusão social que propõe um novo paradigma e implica um
processo bilateral, das pessoas excluídas e da sociedade, na construção de uma
parceria que busca efetivar a equiparação de oportunidades (Mendes, 2002). Nesse
sentido, embora o debate sobre a educação inclusiva não tenha nascido no contexto
da educação especial, se aplica também a ela, na medida em que sua clientela
também faz parte daquela população historicamente excluída da escola e da
sociedade (Mendes, 2002).
Para melhor compreender, a importância da ampliação da proposição de uma
sociedade inclusiva, ao entrevistar as mães, foi possível, ainda, entender a dialética
exclusão/inclusão, pois as duas alunas haviam frequentado a Préescola (Educação
Infantil).
Embora, a legislação brasileira vigente na época não obrigasse a matrícula
escolar da criança na faixa etária até seis anos e 11 meses, ambas possuíam um
antecedente de frequência na modalidade de Educação Infantil, relatado por uma
das mães: "Ela estudou na Escola... é prezinho também..." (D1.4).
Por outro lado, foi na Pré-escola que as alunas apresentaram
comportamentos diferenciados mais acentuados, que foram assim pontuados pelas
mães,"... desde os quatro aninhos que ela está na escolinha, mas ela nunca teve
progresso nenhum..." (D1.5)"...quando ela entrou no prezinho que ela começou com
essas dificuldades aí..." (D2.38) Essas mães representaram, ainda, o período da
Pré-escola, como um espaço lúdico, mas também de proposições pedagógicas.
Para a mãe de Lélia, nos momentos de brincadeira:"...ela conseguia ficar" (D1.10)
No entanto, "...na hora de fazer alguma atividade, algum desenho, ela se
recusava..." (D1.11).Por outro lado, a mãe de Íris relatou que independente das
atividades propostas,"...ela atormentava muito as outras crianças, atrapalhava as
crianças no que elas estavam fazendo, negócio de, às vezes, beliscar, puxar cabelo,
tirava a atenção das crianças" (D2.4)
Naquele período, a relação com as professoras foram, assim, descritas: para
a mãe de Lélia "...ela ficava num cantinho, e lá ela ficava..." (D1.12) e "...nunca
participou de desenhar" (D1.13). Já para a mãe de Íris, sua filha apresentava o
seguinte comportamento:"...ficava só atrás da professora, ela fazia lição e... fazia
ali... , às vezes, de desenhar ou pintar alguma coisa ou ela rasgava, ou ela
amassava..." (D2.7).Ainda,"...ficava só ali, atrás da professora... chegava uma hora
que ela ficava rodando, só queria ficar atrás da professora..." (D2.8). Somando-se a
isso, "...na época, eu não sei se ela chegou cuspir, mas, mais tarde ela começou
com esse negócio de cuspir..." (D2.5).No contexto pré-escolar, a mãe de Lélia,
entendeu que:"...bom ela estudava na escolinha só que lá eles acharam que não era
problema de lá..." (D1.7).

Naquele momento, por indicação da Unidade Escolar e por meio do Grupo de


Apoio Pedagógico (GAP) da Secretaria Municipal de Educação (SEME),"...ela
estava fazendo tratamento no Departamento de Reabilitação Física e Mental
(DEREFIM) com a Psicóloga..." (D1.14) e,"...foi ela que indicou essa Escola
[Programa de Apoio à Educação Especial - PAEE] aqui..." (D1.15).Naquele período
a mãe relatou ter havido um momento de discussão intersetorial: "Fez uma vez... [...]
foi a doutora, que é psicóloga do Departamento de Reabilitação Física e Mental
(DEREFIM), com a professora que ela estudava." (D1.72).
Como resultado da discussão, houve a indicação, por meio de laudo
psicológico do Departamento de Reabilitação Física e Mental (DEREFIM), que a
aluna, em horário contrário ao da Pré-escola, começou a frequentar o Programa de
Apoio à Educação Especial (PAEE). Foi interessante constatar que essa mãe
passou a representar o Programa como uma proposta escolar, pois:"...ela começou
a frequentar a escolinha, enquanto que estava no pré... [...] brincando..." (D1.9).
Nesse ponto, observa-se uma confusão e ambiguidade na fala dessa mãe, pois,
para ela o papel da Educação Infantil, tanto poderia representar um espaço somente
para brincadeiras, como um espaço de aprendizagem e, ainda, um misto entre um e
outro.
A experiência da mãe de Íris, no contexto pré-escolar, frente aos
comportamentos e atitudes da filha, foi relatada da seguinte maneira: "...na época
do prezinho... eu não estava levando ela em lugar nenhum..." (D2.39). Entretanto:
"...quando ela foi indicada, quando eu coloquei ela no prezinho, quando ela não
estava se enturmando lá, estava dando problemas, eles indicaram para mim levar
no Programa de Apoio à Educação Especial (PAEE)..." (D2.1).
Em sua fala ficou claro, haver sido orientada a importância da filha receber
assistência, no caso, frequentar em horário contrário ao da Pré-escola, a Sala de
Recursos do Programa de Apoio à Educação Especial (PAEE), a mãe
ressaltou:"...eu, não aceitei muito porque... ficava naquela, eu não queria.... aceitar
dela ir para uma escola especial..." (D2.2)."...achava que com o tempo isso aí ia...
ela ia melhorar, que ia acabar frequentando a escola normal e, na época, pela
dificuldade que eu tinha, eu acabei não levando, ela estava no prezinho, porque na
época não tinha perua nem para pegar nem para levar de volta..." (D2.3), Para
Jerusalinsky (1997), o papel da escola é fundamental, pois é nesse espaço de
entrar e sair, um lugar de trânsito, que faz dela uma instituição "normal" da
sociedade, não estando representada socialmente como um depósito, como o é um
hospital psiquiátrico.
Nesse sentido, espera-se de alguém, que ao frequentar a escola sinta-se
mais reconhecido socialmente do que aquele que não frequenta. Pois, é assim que,
muitos "psicóticos púberes ou adolescentes, reclamam que querem ir à escola com
seus irmãos, precisamente porque isso funcionaria para eles, como um signo de
reconhecimento de serem capazes de circular, numa certa porção, pela norma
social" (Jerusalinsky ,1997, p. 91).

Discussão
A contribuição e relevância deste estudo devem-se ao fato de que as
questões que envolvem a construção da doença mental têm sofrido modificações ao
longo da história humana em um processo histórico-estrutural de exclusão/inclusão,
portanto, com verdades historicamente produzidas e variadas.
Por outro lado, existe uma ideia subjacente de que a loucura não é parte da
esfera ou de competência, também, das proposições do processo ensino e ou
aprendizagem regular ou especial e, ainda, servindo para fortalecimento de
paradigmas que estabelecem uma linha divisória entre "normal" e "anormal". Com a
educação inclusiva, é necessário romper com paradigmas, a fim de estabelecer um
novo lugar escolar implicado na diversidade e que a segregação de alunos e o
distanciamento mútuo entre família e escola, não são mais possíveis.
Ainda, há uma necessidade premente de ações intersetoriais e de
complementaridade de ações, sobretudo na formulação e implementação das
políticas públicas.
Assim, justifica-se a importância deste estudo em razão de, historicamente,
sempre houve uma tendência da instituição escolar de homogeneizar seus alunos,
sendo a educação inclusiva, antes de tudo, uma provocação que propõe uma
educação para todos, sem exceção. As propostas político-pedagógicas, assim como
o cotidiano escolar em seus processos pedagógicos e de avaliação do
desenvolvimento do aluno, segundo as concepções da educação inclusiva, também,
devem ser submetidas a um novo olhar e distintas práticas.
Ensino/aprendizagem é chamada para participar efetivamente do
desenvolvimento escolar em todos os seus aspectos. Isso dado, espera-se com
esse estudo que a unidade escolar frente à organização e execução das
proposições da educação inclusiva, além de buscar ou ampliar sua articulação com
a família do aluno com transtorno mental, venha a contribuir para um trabalho
produtivo com as diferenças, conflitos, desentendimentos e desestabilizações que
implicam as relações com a diferença, especialmente, se considerarmos que as
políticas intersetoriais que envolvem as áreas de educação, de saúde e social
precisam ser revistas e ampliadas.
Na especificidade deste estudo, encontram-se alguns caminhos para melhor
entender a problemática que envolve a criança e o adolescente em tratamento
psiquiátrico. Couto (2001) cita que haveria três mal entendidos: o mal entendido
pedagógico, o mal entendido que se refere à justiça e o mal entendido da saúde
mental.

O mal entendido pedagógico é o que reduziria a criança à condição de


aprendiz, que acaba por sustentar um "[...] ideário de metas a serem alcançadas de
tal forma que ela, a criança, possa ser medida em escalas de desenvolvimento e
recolocada no curso do desenvolvimento saudável caso apresente algum desvio"
(Couto, 2001, p.137).
Assim, inseridas em um contexto educacional, supúnhamos que estariam a
salvo do reducionismo médico; no entanto, as crianças e adolescentes ficaram, "na
verdade excluídas das tentativas de construção de um dispositivo
clínico/psicossocial que desse sustentação a um novo modo de cuidar dirigido a
sujeitos em sofrimento e não a aprendizes eficazes" (Couto, 2001, p.137). O
segundo mal-entendido refere-se à justiça que acaba por envolver esses sujeitos
em um enquadre de tutela e de proteção.
A transformação, neste caso, seria mais do que buscar a construção de
novas modalidades de serviços seja na educação, na saúde ou dos benefícios
sociais para o cuidado de crianças e adolescentes, seria, "fundamentalmente, rever
e reescrever as fundações conceituais do exercício da tutela, sem o quê tudo terá
sido inócuo" (Couto, 2001, p. 137).
O terceiro equívoco foi nomeado pela autora, provisoriamente, como mal
entendido da Saúde Mental. Este diz respeito à desconsideração de que uma
criança possa portar o enigma da loucura. "Criança deficiente e desadaptada sim,
louca não; parecem abordar os fios da história em suas traduções quotidianas nos
serviços assistenciais existentes" (Couto, 2001, p. 137).
A autora ainda aponta que "tributar a uma criança a enigmática condição de
uma existência particular, louca, exige um duro exercício de rompimento com os
ideais que na modernidade sustentaram sua inclusão diferenciada e valorada na
cena social" (Couto, 2001, p.137), visto que esta posição de "criança louca" acaba
por macular os ideais, subvertendo o imaginário cultural, o que acaba por nos
convocar ao desafio de delas cuidar e com elas coexistir. Uma dura resistência
frequentemente formulada num falso democratismo que confunde uma questão de
sintoma com uma questão de direito, ora num igualitarismo puramente imaginário,
muito mais destinado a satisfazer o narcisismo dos pais ou as aparências políticas
do que as verdadeiras necessidades clínicas das crianças que padecem destas
dificuldades (Jerusalinsky ,1997, p. 93).
Em termos de desenvolvimento, não se pode ignorar o fato de que: ... e
alguns psicóticos adultos tiveram a chance de produzir, em períodos fora de crise,
algumas suplências de laço que lhes permitiram estudar, aprender uma profissão e
eventualmente ter uma circulação social, muitas crianças não têm a mesma sorte. A
interrupção do desenvolvimento as captura em um momento anterior a qualquer
aprendizagem, ainda que frágil ou suplente, do universo social (Kupfer & Petri,
2000, p. 113).

Nesse sentido, percebe-se que a tendência social de exclusão do deficiente e


do louco passava, ainda, pela instituição escolar. "Aquela em já havia sido apontada
a vocação segregacionista a propósito dos pobres, agora recebia também o impacto
da crítica de segregação aos loucos e diferentes" (Voltolini, 2004).
Ou seja, ... que se fala em louco, e não em psicótico, por exemplo, ou ainda,
em crianças portadoras de necessidades educativas especiais, e não em psicóticos,
autistas, cegos, surdos, etc., já que se trata não da prática e da teorização
específicas com estas pessoas, mas sim do funcionamento dos diversos discursos
(científico, religioso, político, etc.) que atribuem a estas crianças seu estatuto
(Voltolini, 2004, p. 94).
Por outro lado, entende-se que,... a construção do direito de cidadania como
eixo prioritário não é uma escolha somente ética, mas também técnica: somente o
cidadão pleno poderá exercitar as suas trocas (e com essas trocar também a
loucura), enquanto o cidadão partido ao meio não saberá o que fazer com as
aquisições (se na verdade adquiridas), com as habilidades relacionais, uma vez que
não haverá direito nem acesso ao exercício de relações ou estas se darão como
relações desprovidas da materialidade que as torna reais (Saraceno, 1999, p. 94).
Dessa forma, as ações deverão estar voltadas para criança-sujeito, "na
condição de estar vivenciando a complexa experiência de um sofrimento para ela
intolerável, sejam quais forem às formas escolhidas para a expressão de sua dor;
do fracasso na escola ao horror do olhar" (Couto, 2001, p. 142).
Assim, se faz necessária à construção de noções e conceitos como
"existência-sofrimento" do sujeito na sua relação com o corpo social, paradigma
estético, acolhimento, cuidado, emancipação e contratualidade social (Costa-Rosa,
Luzio & Yasui, 2003).
Ainda que existam inúmeros textos de Relatórios, Conferências, Declarações,
Protocolos Legais, entre outros - na Educação e na Saúde - que indiquem a
importância da intersetorialidade para a compreensão na busca de qualidade na
atenção e a necessidade de ressignificação da vida dos sujeitos em sofrimento
psíquico, os depoimentos das mães mostraram que os profissionais das áreas de
educação e saúde passam ao largo dessas informações e orientações.
De forma a garantir e ampliar o desenvolvimento dessas alunas no contexto
do Programa de Educação Especial ou para lhes possibilitar uma inclusão em
classe comum da rede regular de ensino, far-se-á necessário, primeiro, que se
busque uma intervenção pedagógica que efetive e garanta o acesso dessas alunas
na aquisição da leitura e da escrita, além de repensar as relações interpessoais que
estão estabelecidas entre elas e o grupo.
Acredita-se que, em casos singulares como estes, por meio de um Plano de
Ensino Individualizado (PEI) o professor ao estabelecer de dois a três objetivos que,
efetivamente, possam garantir um desenvolvimento significativo no processo de
aprendizagem, poderiam reconduzir, reorientar, ampliar e ressignificar o movimento
educacional dessas alunas.
Em segundo, que ocorram discussões intersetoriais entre profissionais da
escola e da saúde, para assim, garantir que a essas alunas lhes seja facultado o
direito de que suas existências-sofrimento sejam minimizados, assim como ampliar,
aprimorar e melhorar os vínculos com essas famílias, de forma a garantir que
acessem outros meios de relações possíveis na comunidade.
Por fim, considera-se que, com as proposições da Educação Inclusiva, a
partir da década de 1990, deve-se buscar a defesa esse movimento, como parte de
um processo maior que é o da inclusão social, e atuar no sentido de garantir a
universalização do acesso e da qualidade dos contextos sócio-educacionais. Por
outro lado, o Estudo de Caso proposto, em sua especificidade, mostra que a
viabilidade das proposições da Educação Inclusiva só dará certo se ocorrer quebra
de paradigma em torno do doente mental.
PSICOSES NA INFÂNCIA – UM RELATO DE CASO

Caroline Valerio Spozati1 5 , Érico Marques Kohl2 Ester Souza de Freitas


Silva3 1. Acadêmica do Curso de Medicina da Faculdade Ceres - FACERES, São
José do Rio Preto, SP. 10 2. Médico residente em psiquiatria da Faculdade de
medicina de São José do Rio Preto, SP. 3. Professor de psiquiatria do Curso de
Medicina da Faculdade Ceres - FACERES, São José do Rio Preto, SP.

Resumo do relato de caso


Identificação: D.S.T, 15 anos, masculino, estudante, natural e procedente de
São José do Rio Preto – São Paulo, evangélico praticante, mora com os pais e mais
3 irmãos, sendo 2 do sexo masculino e 1 do sexo feminino.
Queixa principal:​ “Tentei me matar’’
Motivo da Internação: “Eu estava ouvindo muitas vozes pedindo para me
suicidar”. (sic)
História da moléstia atual: paciente acompanhado pela sua mãe deu
entrada no serviço de emergência do Hospital Adolfo Bezerra de Menezes,
apresentando quadro de agressividade, irritabilidade, inquietude e alucinações
auditivas com vozes de comando. Relata que ficou sem tomar a medicação por 30
dias, com retorno do quadro psicótico após a retomada do mesmo. Segundo a mãe,
paciente nunca teve internações prévias nesse hospital.
História Patológica Pregressa: nega hipertensão, diabetes e tuberculose.
Refere ter tido pneumonia com 8 anos de idade, tendo sido diagnosticado e tratado,
sem sequelas. Nega doenças comuns da infância. Refere ter sido internado por 2
vezes no Hospital Adolfo Bezerra de Menezes pelo quadro esquizofrênico.
História Familiar: paciente mora com seus pais, possui 2 irmãos e 1 irmã
(22, 20 e 18 anos, respectivamente). Nega comorbidades psiquiátricas.
Condições relativas à gestação e parto: Gestação com indícios de
abortamento desde o primeiro mês, com descolamento de placenta, em que houve
início de trabalho de parto no quinto mês, necessitando de intervenções para cessar
o mesmo. Relatado boa evolução da gestação após esta intercorrência. Nascimento
com 38 semanas de gestação, de parto vaginal.
Infância: Mãe negou atrasos no desenvolvimento psicomotor e referiu que o
paciente costumava ser amoroso e carinhoso, que gostava de ir à escola e à igreja.
Porém, aos 5 anos de idade, no jardim da infância, foi notada pela família uma
mudança repentina em suas atitudes: ele se negava a entrar na sala de aula e, após
entrar, era o último a se retirar no horário de término das aulas. Alguns relatos de
isolamento e medo foram relatados no mesmo período. Descobriuse, mais
tardiamente, que na referida época, a professora chegou a cometer agressões
físicas contra os alunos e inclusive contra o paciente.
Adolescência:
Aos 11 anos de idade, foi relatada mudança de comportamento do paciente,
que preferia manter-se isolado dos pais, dos colegas de sala e da igreja. Relato de
que quando fazia “coisa de homem” sentia que estava pecando contra Deus e
preferia se isolar.
Chegou a jejuar por longos períodos, com quadros de desidratação e
manchas cutâneas, necessitando inclusive de internação. Atitudes de tampar os
espelhos por medo foram também referidas.
Houve início de quadro de alucinações auditivas. Os professores notaram a
conduta diferenciada de D. e o encaminharam para a psicologia e psiquiatria,
inclusive foi inserido para tratamento no CAPS de São José do Rio Preto. Iniciou-se,
portanto, o tratamento medicamentoso com Risperidona na dose de 1mg de manhã
e 1mg à noite.
Aos 15 anos de idade, após ficar cerca de 1 mês sem ingerir o medicamento,
houve mudanças de comportamento importantes, com quadro de risos involuntários,
e alucinações auditivas, “pressão na cabeça”, agressividade e sua primeira tentativa
de suicídio, no dia 04 de maio de 2017, necessitando ir para o serviço de urgência e
emergência do hospital Bezerra de Menezes para avaliação psiquiátrica,
permanecendo por 1 dia com aumento da dosagem do medicamento Risperidona
para 1mg de manhã e 2mg a noite.
Necessitou retornar ao hospital no mesmo dia da alta, pois houve a segunda
tentativa de suicídio, na qual o paciente utilizou um pedaço de madeira e tentou ferir
região de orofaringe. Retornou ao mesmo hospital através de transporte pelo SAMU
e foi internado por um período de 3 dias com manutenção dos medicamentos antes
prescritos e acréscimo de Prometazina 25g à noite.
O comportamento do paciente na internação foi excelente e não houve
intercorrências. Paciente recebeu alta e, em sua residência, iniciou comportamento
de isolamento, com a terceira tentativa de suicídio, na qual se isolou no banheiro e
arrancou os fios do chuveiro, na tentativa de se eletrocutar. D. referia que vozes
mandavam ele agir dessa forma.
Voltou, portanto, a ser internado no mesmo hospital por mais 5 dias, com
acréscimo na prescrição já existente de Sertralina 50mg. O paciente apresentou
melhora geral, e não houve intercorrências nos dias posteriores, porém o paciente
corre o risco de futuras crises, caso haja a interrupção medicamentosa novamente.
Sua avaliação após essa última internação será feita no CAPS de São José do Rio
Preto.
Exame Físico: Paciente em bom estado geral, consciente e orientado em
tempo e espaço, hidratado, normocorado, acianótico, anictérico, afebril.
Aparelho Respiratório: Murmúrio vesicular audível bilateralmente sem
presença de roncos difusos. Frequência respiratória: 20irpm.

Aparelho Cardiovascular: Ritmo cardíaco regular em 2 tempos, bulhas


normofonéticas, ausência de sopros adventícios.

Frequência cardíaca:​ 75bpm. Pressão arterial:115x80 mmHg.

Abdome: Plano, atípico, RHA+, indolor à palpação superficial e profunda,


peristalse normal, sem visceromegalias.

Membros Inferiores: Pulsos presentes, rítmicos e bilaterais. Ausência de


edemas, panturrilhas livres.

Exame Psíquico: (feito em sala de reunião do HPBM, sem interrupções, em


ambiente calmo).
Paciente encontra-se acordado, sentado na cadeira, com cabelo e barba em
boa aparência, mostrando-se calmo perante o examinador e bastante paciente em
fornecer seu relato. Auxilia a mãe no relato de seu caso clínico.
Refere o lugar em que se encontra, data e a hora aproximadas corretamente.
Atenta-se às perguntas feitas e as responde adequadamente, buscando explicações
longas e elaboradas.
Não aparenta dificuldade em relembrar os episódios que relata. Cita temas
místicos e religiosos, mostrando interesse em ser missionário, ajudar pessoas e
aprender a tocar instrumentos musicais. Não demonstra estar triste, tampouco
eufórico ou inquieto com o ambiente em que se encontra, mas sorridente e solícito
ao realizar a entrevista. Refere vontade de não assustar sua mãe com novas
tentativas de suicídio.
Súmula Psicopatológica:
1. Aparência = bem cuidado;
2. Atitude = desconfiado, a princípio pouco colaborativo, gradualmente mais
aberto e com bom contato interpessoal;
3. Consciência = vígil, consciente;
4. Atenção = normotenaz e normovigil;
5. Orientação = preservada e orientada no tempo e espaço;
6. Memória = boa evocação da memória e sem déficits;
7. Fala = volume: baixo, velocidade: preservada;
8. Pensamento = inicialmente, aparentou tentativa de dissimulação do
conteúdo, mas logo revelou pensamento permeado por delírios de cunho
místico-religioso, sem consciência de morbidade. Apresenta percepção e
intuição delirantes;
9. Sensopercepção = não exterioriza alterações;
10. Discurso = fluente e elaborado;
11. Humor = eutímico;
12. Afeto = modulado adequadamente;
13. Psicomotricidade = discreta lentificação psicomotora.
14. Inteligência = preservada;
15. Pragmatismo = hipopragmático;
16. Prospecção = consciente e exequível;
17. Consciência da Morbidade = sem consciência da morbidade;

Diagnóstico provável: ​Esquizofrenia de início na infância.

Objetivos
A proposta apresentada neste trabalho pretende contribuir para o
conhecimento dos leitores acerca das psicoses funcionais de início na infância e
adolescência, chamando a atenção para o fato de que geralmente pacientes com
esses quadros clínicos não melhoram com o passar do tempo, e além disso, existe
caráter evolutivo dos sintomas até a idade adulta.
Sendo assim, muitos evoluem para a esquizofrenia, condição multifatorial,
severa e crônica, que requer geralmente necessidade de tratamento e
acompanhamento multiprofissional. Para tanto, apresentamos o relato de um caso
de esquizofrenia na infância em atendimento no Hospital Adolfo Bezerra de
Menezes (HABM), localizado na cidade de São José do Rio Preto.

Justificativa
A esquizofrenia com início na infância costuma ser um quadro grave e de
mau prognóstico, porém, com o diagnóstico estabelecido de forma precoce e com
tratamento multiprofissional adequado, consegue-se alcançar melhores resultados
no curso da doença.
Métodos
Apresentar o relato de um caso de esquizofrenia na infância em atendimento
no Hospital Adolfo Bezerra de Menezes (HABM). As informações contidas neste
relato foram obtidas por meio de entrevista clínica, revisão de prontuário, registros
fotográficos dos métodos diagnósticos aos quais o paciente foi submetido e revisão
de literatura atual.

Resultados e discussão
Paciente permaneceu internado por 1 mês no referido hospital para retorno
de seu tratamento psiquiátrico com uso de Risperidona. Ele permaneceu 15 dias
internado, com acompanhamento regular e de forma multiprofissional. Com cerca de
1 semana do uso contínuo da sua medicação, já houve melhora importante do
quadro psicótico. No decorrer da internação, houve acréscimo de um ISRS (Inibidor
Seletivo da Recaptação de Serotonina) com melhora da ansiedade. Paciente
recebeu alta após completa estabilidade de seu quadro, não apresentando
alucinações auditivas, irritabilidade e agressividade. Foi contra-referenciado ao
CAPS (Centro de Apoio Psicossocial) para seguimento terapêutico e
acompanhamento multiprofissional.
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