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Uma ação de Live Marketing pode estimular a venda sem aquele apelo
tradicional de convencer o consumidor de que o produto tem uma relação custo-
benefício melhor do que a dos concorrentes. Ou seja, busca fugir da lógica
transacional que estrutura a decisão de compra.
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Por exemplo, na edição de 2013 do Rock in Rio, o Itaú, patrocinador do
evento, instalou duas atrações carregando sua marca: um elevador panorâmico e
uma roda gigante (Rizo; Abreu, 2019). Ambas as atrações proporcionavam vistas
que estimulariam os consumidores a registrar imagens em suas redes sociais, de
modo que a ação da marca passou a ser divulgada espontaneamente.
Quando definimos o Live Marketing como ações que acontecem fora dos
canais de mídia, é importante pontuar que isso não significa que essa categoria
acontece apenas no universo físico. Ao vivo, nesse caso, não significa presencial,
mas sim algo que acontece em tempo real.
Assim, é perfeitamente possível desenhar ações de Live Marketing que
tenham como palco o universo online, como as redes sociais, por exemplo. O
importante é que a ação gere ampla possibilidade de interação e que a marca
protagonize essa experiência.
Na edição de 2016 do programa The Voice Brasil, a marca Oral-B
protagonizou uma ação de Live Marketing online desenvolvida pela agência
Publicis. A marca contratou uma ex-participante para interagir por meio do Twitter
durante a exibição do programa (Abreu, 2018).
A presença da subcelebridade para interagir gerou um engajamento com o
público que desperta uma resposta afetiva nos consumidores, pois não se trata
de uma mera promoção da marca, mas sim da marca viabilizando a experiência
desejada.
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sejam realmente relevantes para o consumidor e que o convençam de que pode
encontrar na loja o que procura.
No entanto, essa analogia permite ampliar um pouco mais o conceito de
vitrine virtual, devido às características da internet. Se no comércio físico a loja
tem apenas uma vitrine fixada em um ponto geoespacial, uma loja online pode
afixar várias vitrines em diferentes pontos da internet, por meio de banners e
outras atividades promocionais em sites, blogs e redes sociais.
Apesar de essas ações não serem exatamente vitrines, mas sim
publicidade, sua função é ambivalente, pois, além de informar o consumidor sobre
a oferta, permitem que o tráfego seja direcionado diretamente para a loja online,
já que o consumidor pode acessar a loja clicando diretamente no banner.
A vitrine aberta é aquela que não apresenta nenhuma barreira entre o fundo
da vitrine e o interior da loja. Ou seja, esse formato permite que o consumidor veja
os produtos promovidos na vitrine, mas também pode ter uma ideia de como é a
atmosfera interna da loja. Isso pode ajudar a reforçar o desejo de entrar para
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conhecer melhor as demais ofertas. Eventualmente, pode até mesmo ver no
interior da loja algum produto ou categoria que lhe desperte mais interesse do que
aqueles na vitrine.
Apesar de ser um formato relativamente simples, criar composições
realmente harmoniosas pode ser um grande desafio. Quando optamos por uma
vitrine aberta, isso significa que o interior da loja é praticamente parte da vitrine,
pois compõe também os estímulos apresentados. Assim, é preciso que a vitrine
seja pensada de modo que transmita uma mensagem conjuntamente com o
interior da loja, bem como este precisa ser pensado tendo-se em mente que é um
importante elemento de atração.
A vitrine aberta garante também uma maior facilidade de acesso por parte
do cliente, já que, ao entrar na loja, pode se aproximar dos produtos expostos e
até mesmo tocá-los, o que não é possível no formato de vitrine fechada. Imagine
uma situação em que um consumidor se interesse por um produto exposto na
vitrine, mas não encontre esse produto no interior da loja. Nesse caso, ao pedir
auxílio de um atendente, fica muito mais fácil apontar na vitrine qual produto
procura, sem nem mesmo precisar sair da loja.
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3.2 Vitrine semiaberta
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Para esclarecer o que queremos dizer, imagine as duas situações a seguir
referentes à vitrine de uma loja de roupas. Uma vitrine sem uma mensagem
articulada é aquela em que os manequins simplesmente figuram lado a lado com
itens que a gerência da loja acredita serem de maior giro. Nesse caso, uma vitrine
fechada teria pouco a agregar.
Por outro lado, é possível criar cenários em que esses manequins interajam
entre si, por exemplo, um manequim tamanho adulto em um cenário com um
manequim infantil posicionado em um cenário de praia.
Esse formato pode ser usado também para composições mais conceituais,
muito comuns em lojas de marcas de luxo. Nesse caso, o objetivo da vitrine, mais
do que expor este ou aquele produto, é construir e reforçar o imaginário do
consumidor em torno da marca. O uso de uma vitrine fechada para esses casos
implica um cenário hermeticamente isolado, de modo que a vitrine atua quase que
como um mobiliário de publicidade.
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3.4 Entrada recuada
A vitrine interna não exerce exatamente o mesmo papel que a externa. Uma
das implicações óbvias é que ela não tem a função de atrair o cliente para o interior
da loja, afinal ele já está navegando pela loja.
Esse recurso pretende, portanto, promover determinados produtos ou
setores da loja, e normalmente são muito mais integradas com o próprio layout da
loja.
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Por exemplo, uma loja de departamentos pode organizar as roupas
masculinas em um determinado setor e, para garantir que o consumidor perceba
a transição entre as roupas casuais para roupas sociais, estabelece uma vitrine
na introdução da área onde estão as roupas sociais. Assim, a função é atrair o
consumidor para conhecer essa nova área e também promover alguns produtos
dessa seção.
Não necessariamente os elementos estarão organizados por trás de uma
fachada de vidro, como é comum nas vitrines externas. A vitrine interna
normalmente posiciona os elementos no próprio ambiente de compras.
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4.1 Personalidade da marca
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não exerce. Isso é possível porque o consumidor cria associações cognitivas
sobre o que seria um consumidor típico daquela marca.
Assim, a vitrine cenográfica retoma os significados associados a essas
identidades que são criados em torno da marca, e desperta no consumidor o
desejo de se aproximar da marca para vivenciá-las.
Podemos concluir disso que, apesar de ser uma criação artística, a vitrine
cenográfica precisa estar bem embasada, para que possa ser uma ferramenta
efetiva, portanto não goza da liberdade artística que se espera de uma obra de
arte.
É preciso saber que sentimentos se deseja evocar no consumidor que a vê,
ter clareza quanto ao perfil que se deseja projetar na mente do consumidor, o
estilo de vida que se deseja associar e as sensações que a marca pode
proporcionar.
A vitrine cenográfica captura a atenção, mas, acima de tudo, transporta o
consumidor ao universo simbólico da marca, tentando se conectar com os
símbolos caros e desejados pelo consumidor. Ela vende mais do que a
funcionalidade do produto; vende a transformação do indivíduo por meio da
autoassociação à marca, que representa uma rede de símbolo que o consumidor
deseja reivindicar para si.
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cenário importa, pois você irá dedicar toda a sua atenção ao ator ou atriz em foco
e no que está dizendo, fazendo ou na emoção que expressa. Esse efeito se utiliza
do princípio de que, se um objeto está mais iluminado em um ambiente, esse
objeto está em evidência e, portanto, recebe nossa atenção.
Esse mesmo princípio se aplica à elaboração de uma vitrine cenográfica.
Uma iluminação direcionada convida o consumidor a explorar o cenário da
maneira que foi planejado pelo profissional. Esse direcionamento fica mais difícil
de ser trabalhado em uma vitrine tradicional, pois nela são expostos mais produtos
e, por isso, a iluminação tende a ser mais homogênea. A vitrine cenográfica é
trabalhada com menos elementos, de modo que se torna possível escolher os
elementos que devem receber destaque de acordo com a mensagem que se
deseja projetar na mente do consumidor.
No entanto, a iluminação direta não é a única forma de colocar o produto
em evidência. Por se tratar de uma ferramenta mais conceitual, a vitrine
cenográfica permite que se utilize um jogo de luz e sombra para isso. Por exemplo,
podemos dar destaque ao produto por meio de sua silhueta, o que ajuda a criar
uma aura de mistério na narrativa direcionada a esse produto.
5.2 Emoções
A iluminação pode ser usada para despertar emoções que desejamos que
o consumidor associe à marca. Por exemplo, uma estética neon pode despertar a
excitação associada à vida noturna nos grandes centros urbanos. Portanto, seria
uma iluminação efetiva para promover um produto associado a esse estilo de vida.
Uma iluminação mais indireta, com tons avermelhados, pode ajudar a
despertar a noção de sensualidade, presente na narrativa de muitas marcas de
moda, por exemplo. Um efeito de luz negra pode ser usado para criar uma
percepção mais distante de um realismo concreto, como se a marca operasse em
um mundo imaginário.
Em resumo, o profissional precisa investigar que efeitos luminosos estão
mais associados, na mente do consumidor, às emoções que deseja eliciar e,
assim, manipular esses elementos de acordo com os objetivos da vitrine que está
sendo criada.
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5.3 Dinamicidade
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REFERÊNCIAS
RIZO, B. S. C.; ABREU, T. M. B. DE. Uma análise das ações de live marketing
promovidas pelo Banco Itaú no Rock in Rio. In: CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA
COMUNICAÇÃO NA REGIÃO SUDESTE, Vitória: Intercom, 2019,
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