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refácio
No trabalho realizado com crianças e suas famílias surgem muitos desafios.
Duando aspiramos a maximizar o potencial educativo da família e dos professores
com os quais convivem as crianças vulneráveis a diferentes riscos ou as crianças
consideradas especiais, uma questão instigante está na seleção e no emprego de
instrumentos que atendam a múltiplas finalidades. Necessitamos de ferramentas
que permitam, ao mesmo tempo, realizar a avaliação contínua do repertório das cri-
anças, orientar os pais ou familiares para oferecerem uma estimulação compatível
com as necessidades da sua criança e capacitar o profissional que executará a ava-
liação das crianças e a orientação dos pais. Temos encontrado respostas bem suce-
didas ao desafio que enfrentamos ao empregarmos a operacionalização do Inven-
tário Portage apresentada por Lúcia Cavalcanti de Albuquerque Williams e por Ana
Lúcia Rossito Aiello.
Às qualidades de permitir a avaliação sistemática das crianças, de servir de
guia no planejamento e execução de atividades e de instrumento de capacitação de
pais e profissionais, somam-se algumas outras relacionadas aos pressupostos ado-
tados na elaboração do Inventário Portage, parte do Sistema Portage.
Nas atividades propostas para as crianças que apresentam desenvolvimento
peculiar, muitos de nós observa que cada criança parece crescer à sua própria ma-
neira: são diferentes no domínio que têm sobre o mundo que as cerca e no ritmo em
que ganham diversos níveis de autonomia. Uma análise cuidadosa nos indica, entre-
tanto, que a despeito das diferenças observadas no desenvolvimento das crianças há
"The fami/y and its socioculturaJ and economic context
circunstâncias comuns a todas elas, a começar do fato de que crescem e se desen-
is the crucible in which forces for good and iII are transformed volvem na convivência com outras pessoas, principalmente com a família e os pro-
fessores. Um outro aspecto relevante é o fato do desenvolvimento de todas elas
into developmental patterns for high risk and handicapped
acontecer globalmente, por mais que se fale sobre áreas a serem estimuladas. Final-
children in lhe first years of fife. The evidence from a whole mente, mas não menos importante, está o peso que é dado ao sucesso de cada cri-
ança nas habilidades que tem e nas que adquire, pois esse sucesso é o elemento cha-
generation of research demonstrates that the quality of
ve das decisões, o ponto de partida para o planejamento e realização do trabalho.
parents' behavior as caregivers and as teachers makes a A consistência e a coerência entre o que pensamos sobre o desenvolvimento
. das crianças e a estimulação pretendida requerem a apreensão do que cada crian-
difference in the development of infanfs and young chi/dren."
ça faz; em que circunstância o faz e quais as condições necessárias para otimizar a
apresentação ou a aquisição de uma determinada habilidade. A operacionalização
do Inventário Portage acrescentou ao conhecido Sistema Portage a qualidade de re-
a coerência entre os pressupostos Que a orientaram e as ações concretas da- e põe à disposição lodo o suporte adaptado ou elaborado pelas autoras à pes-
queles Que procedem à aplicação do inventário, tanto ao colher as informações so- quisa e para o treino domiciliar e o treino dos professores.
bre a criança como ao propor a análise do conjunto de informações para o planeja- Gostaria, de público, de fazer um comentário da minha experiência pessoal e
mento do trabalho. de apresentar o meu agradecimento às autoras pela contribuição que, sem saber,
Aqueles que empregam o Inventário Portage encontram, na operacionalização elas têm dado às atividades realizadas em creches. No trabalho cotidiano com as
ora apresentada, os indicadores objetivos a respeito do desempenho esperado da crianças de risco e com os adultos que as rodeiam recorro, com freqüência, ao texto
criança em um determinado período do desenvolvimento e podem pautar suas que todos têm a oportunidade de consultar com esta publicação. Nele encontro res-
ações pela descrição cuidadosa das condições que devem ser oferecidas à criança, postas para as mais diferentes situações e dele derivo questões que só um traba-
pelo observador, para que ela realize alguma atividade, incluindo-se nesta descri-
lho completo, como este, pode suscitar.
ção os critérios de sucesso do desempenho da criança. Dispondo das informações
objetivas sobre o que observar e em quais condições, contamos com a possibilida-
de de uniformizar os procedimentos de coleta de informações sobre o desempenho Maria Slella C. de Alcântara Gil
da criança quanto à linguagem, cognição, socialização, habilidades motoras e auto' Universidade Federal de São Carlos
cuidados. Dispomos, ainda, da vantagem de obter informações organizadas em pro-
tocolos que facilitam a análise do desenvolvimento da criança.
A proposta de análise das informações descrita na operacionalização fornece,
assim, indicações detalhadas para o planejamento das atividades e o acompanha-
mento dos progressos da criança em cada uma das áreas e a apreensão do desen-
volvimento global. A realização de análises e de sínteses do desempenho observa-
do são igualmente possíveis, em qualquer momento da estimulação realizada, dada
a possibilidade de transformar os resultados em uma reta de regressão que propor'
ciona a visualização do desenvolvimento integral da criança.
Ao relatarem a pesquisa sobre o Sistema Portage, seus objetivos, procedimen-
tos e resultados, as autoras abriram um rico espectro de possibilidades para os pro-
fissionais e estudantes. Situaram a operacionalização do Inventário Portage no con-
texto original de elaboração e emprego do Sistema Portage, corrigindo distorções na
compreensão do objetivo e função do Inventário e infórmando sobre a literatura re-
levante para aqueles que desejarem se aprofundar no conhecimento do Sistema. Ofe-
receram a descrição Objetiva e clara dos procedimentos que geraram a operaciona-
lização e, ao fazê-lo, simultaneamente apresentaram um modelo para o treinamento
de pais e de professores; submetem, assim, o trabalho ao questionamento da comu-
nidade especializada, favorecendo com isso o surgimento de novas investigações.
Otrabalho realizado por Lúcia e Ana oferece instrumentos para a intervenção
com famílias de crianças especiais e de risco, aperfeiçoados por minuciosa investi-
gação sobre os resultados do seu emprego; apresenta um modelo de intervenção
com famílias nos seus domicílios; torna acessível um modelo de investigação na
Reconhecimento .
y;O;JumarlO
,
PARTE I 1
Muitas pessoas nos ajudaram a tornar possível este livro, e gostaríamos de 1. oque é o Guia Portage de Educação Pré-Escolar e por que operacionalizá-lo 2
agradecê-Ias: à Dr a Maria Amélia Matos, pela dedicação com que orientou o traba- A) Procedimento de treino domiciliar 2
lho de tese da primeira autora e por todas as ocasiões em que nos ensinou aspec- B) Planejamento curricular 4
tos do complexo repertório envolvido no pesquisar; ao Dr. Sidney Bijou, cuja postu- C) Programa Portage de avaliação e treinamento de pais 8
ra defendendo o papel dos pais na prevenção de atraso no desenvolvimento infan- . D) Por que operacionalizá-lo? 13
til inspirou este trabalho e pela gentileza em ceder às autoras material não publi- .2. Por que resolvemos publicar a Operacionalização do Inventário Portage 14
cado; à equipe do Projeto Portage e, em particular, ao Sr. George Jensien, pela pres-
teza em tornar acessível a literatura sobre o projeto; à Dr a Margarida Windholz, pe- PARTE 11 19
las sugestões relativas à operacionalização do Inventário Portage e, principalmen- 1.Sobre a relevância do envolvimento da família nos programas
te, pelo seu modelo de atuação em Educação Especial; à Guido Gonçalves Cavalcanti de intervenção precoce 20
de Albuquerque, pai da primeira autora, pela valiosa ajuda com a análise dos dados 4.Pesquisa sobre o Sistema Portage no Brasil 25
(foi dele a idéia de calcular a reta de regressão), e por ter sido um pai capaz de pro- A) Objetivos do estudo 25
piciar tantas habilidades úteis ao pesquisar; à Dr a Maria Stella Coutinho de Alcân- . . : B) Participantes 26
tara Gil, por compartilhar suas dúvidas e sugestões ao utilizar o Inventário Portage C) Procedimento 29
Operacionalizado, transformando-as em comentários oportunos durante o preparo a) Treino das Professoras 29
deste livro; ao Programa de Pós-Graduação em Educação Especial da Universidade 1) Treinamento inicial 32
Federal de São Carlos e a todos os alunos desta Universidade que atuaram no Pro- 2) Supervisão 34
jeto "Famílias" e no Projeto "Treinamento Domiciliar de Familiares de Indivíduos Es- b) Supervisão da Programação de Treinos das Professoras 36
peciais"; à Ariane Agnes Corradi, Lisandréa Rodrigues Menegasso, Maria Camila Ma- c) Supervisão do desempenho das professoras ao realizarem treino domiciliar 40
sel/i e Paulo Gilberto Bertoni, alunos do Curso de Graduação em Psicologia da D) Delineamento Experimental 40
UFSCar, pela gentileza em nos ceder o caso ilustrativo de Tiago; a Antonio de Pádua a) Treino das Mediadoras 42
Blanco e Sueli Provinciali Vali, pela disposição em digitar n05SO trabalho; a todas as b) Delineamento experimental: comportamento das crianças 50
pessoas que utilizaram o Inventário Portage Operacionalizado e nos encorajaram a 1) Linha-de-base Múltipla entre Grupos de Sujeitos 50
esta publicação e, finalmente, 2) Procedimento de Múltiplas Sondagens 52
c) Duração e término do estudo 54
E) Instrumentos de Medida 54
a) Desempenho da criança 54
às pessoas centrais de nossos estudos:
pais e crianças com quem trabalhamos! 1) Desempenho quadrimestral do Inventário Operacionalizado
do Guia Portage de Educação Pré-Escolar 54
2) Desempenho semanal em relação a comportamentos prescritos
para treino 56
3) Desempenho quadrimestral em testes normativos 56
b) Desempenho da mediadora 58
1) Desempenho da mediadora no Inventário Comportamental de Pais 58 d) Duração das sessões de observação 144
2) Registro diário do desempenho da criança 58 e) Como organizar previamente uma sessão 144
3) Entrevista com a mediadora 60 f) Procedimento de observação propriamente dito 145
c) Desempenho da professora 60 C) Registro 145
1) Desempenho semanal quanto a elaboração de instruções para D) Informações finais 154
a mediadora 60 E) fidedignidade das observações 154
2) Observação do desempenho da professora ao realizar treinos domiciliares 62 7. Operacionalização da área de Estimulação Infantil do Inventário Portage 158
• Observação da utilização da seqüência de passos do 8. Operacionalização da área de Socialização do Inventário Portage 167
procedimento de treino domiciliar 62 9. Operacionalização da área de Cognição do Inventário Portage 184
• Observação do desempenho da professora ao dar instruções orais 66 1O.0peracionalização da área de Linguagem do Inventário Portage 206
3) Entrevista com as professoras 68 11.0peracionalização da área de Autocuidados do Inventário Portage 225
F) Resultados e discussão 68 12.0peracionalização da área de Desenvolvimento Motor do Inventário Portage 243
a) Benefícios do Projeto para as Crianças 68 13.1dentificação de categorias e classes de respostas contidas no Inventário Portage 261
1) Comportamentos ensinados às crianças 68 • A) Estimulação Infantil 261
2) Aceleração do desenvolvimento das crianças 90 B) Socialização 262
3) Desempenho das crianças em testes normativos 90 C) Cognição 263
b) Benefícios do Projeto para os Familiares 94 D) linguagem 264
1) Comportamentos ensinados às mediadoras 94 E) Autocuidados 265
2) Desempenho das mediadoras enquanto observadoras 98 iF) Desenvolvimento Motor 266
. 3) Opinião das mediadoras sobre o projeto 102
4) Participação dos pais no Projeto e Evasão 106 "ARTE IV
269
c) Benefícios do Projeto para as Professoras 110 iilMstudo de caso utilizando o Inventário Portage OperaCionalizado 270
1) Programação das instruções escritas . 110 t;I1.S.Aceleração do desenvolvimento de crianças: utilizando a reta de regressão 275
2) Desempenho da Professora ao dar instruções orais 112 :;i;\UComo interpretar dados utilizando a reta de regressão 285
3) Apresentação da seqüência de passos do procedimento de finais 287
treino domiciliar 120 Bibliografia consultada para Operacionalização do Inventário Portage 291
4) Opinião das professoras sobre o projeto 124 Referências Bibliográficas 293
G) Algumas Considerações 126
5. Alertas para o uso adequado do Inventário Portage 133
Ao iniciar o programa, o professor faz uma avaliação do repertório da criança com Pai trabalha com
base no "Inventário Portage", aser descrito mais adiante. Em seguida, tem início o pro- Procedimento a criança durante
de treino a semana
cedimento de treino domiciliar semanal, que é composto pelos seguintes passos: domiciliar e registra
a) o professor seleciona, juntamente com os pais, comportamentos a serem
ensinados à criança, com base no mesmo inventário: Inicialmente, prescrevem-se
um a dois objetivos curriculares por semana, sendo que a meta final consiste em se
treinar semanalmente de três a quatro objetivos (Shearer e Shearer, 1972).
b) o professor programa atividades para o treino de tais comportamentos, dei- Oprocedimento de treino domiciliar utilizado pelo Portage foi elaborado com
xando instruções escritas de como ensinar e registrar. Ao planejar tais atividades, no que Lindsley (196B) denominou de "ensino com precisão". Através de tal
o professor tenta utilizar materiais disponíveis no próprio ambiente natural da cri- !!:;'Ludo, lindsley ensinou pais a alterarem o comportamento de seus filhos, pres-
ança, podendo também ensinar a família a confeccionar ou adaptar em casa um de- :fevendo cerca de três objetivos comporta mentais por semana. A escolha do com-
terminado material. Eventualmente, entretanto, o professor poderá levar à casa da !'Ortamento a ser ensinado era feita de forma que a criança obtivesse sucesso
família um objeto específico para o treino, se assim for conveniente. transcorrida uma semana de treinamento. Antes de se prescreverem os objetivos,
Em seguida, o professor: realizada uma linha-de-base dos comportamentos.
I
Os pais ficavam responsáveis pelo treino propriamente dito, reforçando com- no desenvolvimento dos 580 itens do Inventário Portage foram: a Escala de
portamentos desejáveis e reduzindo ou extinguindo os indesejáveis. Após a sema- Social de 0011 (Dali, 1948), Tarefas de Desenvolvimento de Havighurst
na, era registrada a pós-linha-de-base, sendo então avaliado o sucesso ou não do Ivighu rst, 1953) e a Escala de Desenvolvimento de Gesell (Gesell e Amatruda, 1941).
treinamento. ',Em 1974, após dois anos da edição experimental do Guia Portage, os autores
Além do método de "ensino com precisão", identificam-se, no procedimento fizeram uma "sondagem", levantando informações com cerca de 500 indivíduos que
de treino domiciliar do Portage, os seguintes componentes: instruções orais e escri- ói'utilizavam e constatou-se que:
tas, discussão, uso de modelo por parte do professor, "feedback'" à atuação do pai '1} cerca de 60 por cento dos usuários utilizavam o Guia Portage para planejar
e uso da técnica de registro pelo mesmo. atividades em salas-de-aula;
2) o Guia portage era utilizado com crianças que apresentavam diversos tipos
8) Planejamento Curricular problemas, sendo que o local de treino de tais crianças era diversificado (lar, es-
instituição);
As decisões sobre o que ensinar às crianças e como proceder para tal são feitas com 3) o guia era utilizado tanto por profissionais quanto por para profissionais: psicó-
base no "Guia Portage de Educação Pré-Escolar" (Bluma et aI., 1976), composto por: professores, médicos, enfermeiros, auxiliares de professores, atendentes e pais.
a) um inventário' comporta mental ("Portage Checklist") que lista 580 compor- Muitos desses usuários encaminharam sugestões de como aperfeiçoar o guia
tamentos distribuídos em cinco áreas (desenvolvimento motor, cognição, lingua- dessas sugestões, surgiu em 1976 sua edição revisada.
gem, socialização e autocuidados) por faixa etária de zero a seis anos e uma sexta sua forma final, o Guia Portage apresenta as seguintes áreas de desenvol-
área - estimulação infantil - específica para bebês;
b) um conjunto de cartões ou fichário contendo sugestões de como treinar ca- "i"·i'., Estimulação infantil· específica para bebês de zero a quatro meses ou para
da um dos itens do inventário, e com tal nível de funcionamento. As demais áreas são específicas para cri-
c) um manual contendo instruções de como utilizar tanto o inventário quanto de zero a seis anos de idade:
os cartões com itens curriculares, bem como demais informações sobre o treina- •Socialização • habilidades relevantes na interação com as pessoas;
mento a ser desenvolvido. • Linguagem· comportamento verbal expressivo;
Ao desenvolver tal guia, a equipe do Projeto Portage preocupou-se em elabo- • Autocuidados - independência para o alimentar-se, vestir-se, banhar-se etc.;
rar um programa que: • Cognição· linguagem receptiva e o estabelecimento de relações de seme-
1. enfatizasse o ensino de habilidades em crianças, desde o nascimento até os e diferenças e,
seis anos, com base em seu desenvolvimento; ; Desenvolvimento Motor· movimentos coordenados por pequenos e grandes
2. abrangesse as múltiplas áreas de desenvolvimento (socialização, lingua- los (Bluma et ai., 1978).
gem, cognição etc.); Os autores do Guia Portage fazem uma observação importante em seu manual:
3. proporcionasse um método de treinamento e um sistema de registro para tal; para o fato de que, ao ser elaborado, embora o guia tenha se apoiado em
4. oferecesse sugestões para o ensino de novas habilidades; e normais de desenvolvimento, é provável que nenhuma criança "normal" si-
5. pudesse ser utilizado por diversas pessoas interessadas, tanto profiSSionais exatidão a seqüência proposta.
quanto não profissionais (Bluma, Shearer, Frohman e Hilliard, 1978). Segundo Bluma et aI. (1978), determinadas crianças poderão omitir alguns
OGuia Portage foi desenvolvido nos três anos iniciais do projeto, sendo em 1972 apresentar outros fora da seqüência ou, ainda, requerer objetivos inter mediá-
editada sua edição experimental. Segundo 8ijou (1977), os principais instrumentos uti- adicionais a fim de aprender um item específico do inventário. Neste sentido,
'Durante o texto quando as autoras se referirem ao termo "Inventário Portage" o leitor deverá lembrar que se ao usuário do guia alterar sua seqüência e seus objetivos para atender às ne-
trata desta lista de 580 comportamentos. !SSidades específicas de cada criança.
Uma segunda observação interessante, contida no manual, diz respeito às cin- rnntém de três a seis sugestões de atividades que poderiam servir de base pa-
co áreas de desenvolvimento do Guia Portage (estimulação infantil não é propria- de cada criança (Jensien, 1981). As atividades são descritas de modo não
mente considerada como sendo uma sexta área já que é composta por itens das res- . de acordo com o repertório de um leigo. Além de exemplos de atividades que
tantes). Os autores chamam atenção ao fato de tais áreas não serem isoladas, ha- poderia desenvolver, o fichário também contém sugestões do material que
vendo uma sobreposição entre elas, uma vez que o processo de desenvolvimento é .. ' ser utilizado para tais atividades, bem como sugestões de como deverá o
cumulativo. Nesse sentido, os autores propõem um trabalho curricular global, proceder para treiná-Ias (uso de modelo, ajuda física, como dar instruções e
abrangendo todas as áreas. Oque os autores poderiam ter acrescentado, a favor I apresentar conseqüências adequadas ao comportamento). Algumas fichas con-
deste aspecto "global" do desenvolvimento, é que a divisão de áreas é muito pos- sugestões de encadeamento, havendo exemplos de atividades que poderiam
sivelmente arbitrária, ou seja, o fato de existir uma área de linguagem, outra de so- objetivos intermediários, com base em uma análise de tarefas. (Isto ocor-
cialização, cognição etc. é, possivelmente, muito mais um recurso para facilitar o freqüência nas áreas de autocuidados e desenvolvimento motor).
trabalho prático do que uma postura teórica sobre desenvolvimento infantil. Dentro . função do fichário do Guia Portage é, segundo os autores, muito mais um
desse raciocínio, foi talvez por conveniência que os autores incluíram linguagem re- 'inpolim" para ajuda no desenvolvimento de idéias de treino do que uma propos-
ceptiva sob o rótulo de cognição, muito mais do que por uma posição teórica que procedimentos detalhados. Quanto a isso, Jensien (1981) tem o cuidado de avi-
levaria à exclusão de tais habilidades da área de linguagem. que o Guia Portage não pretende ser um "livro de receitas", mas sim um
Segundo Bluma et aI. (1978). o Inventário Portage serve apenas como método de apoio ao professor, para ajudá-lo de forma organizada a descobrir: o que
de avaliação não padronizado e informal, devendo ser usado em combinação a esca- já aprendeu, apresentar alternativas do que ensinar a seguir e sugerir ma-
las de desenvolvimento padronizadas. Édevido a essa ausência de "padronização" diferentes de se ensinarem as habilidades escolhidas.
que a equipe do sistema Portage propõe a utilização do Perfil de Desenvolvimento manual de treinamento do Guia Porlage de Educação Pré-Escolar, além de
do Alpern 8011 para avaliação inicial da criança. Mais do que a ausência de padroni- o inventário e o fichário, possui informações adicionais de como utilizá-los
zação, essa é possivelmente a maior deficiência do Inventário Portage tal como pro- treino. 81uma et aI. (1978) chamam atenção ao fato de que os itens do in-
posto: não existem definições precisas de cada um dos itens, não havendo, conse- não estão redigidos sob a forma de Objetivos comportamentais completos.
qüentemente, critérios objetivos para uma avaliação sistemática. Cabe ressaltar Identificam o comportamento a ser observado, mas não especificam as condi-
que essa crítica se aplica não só ao Inventário Portage, mas praticamente a todos 'Vi! critérios empregados para se considerar uma resposta correta. Caberia ao
os inventários comporta mentais disponíveis. Esta é a razão principal de termos ela- ao estabelecer os objetivos para o treino, propor condições e critérios
borado a presente operacionaJização: para que o Inventário Portage Operacionali- no repertório de cada criança, alterando-os à medida que essa evolui. Sen-
zado (ver capítulo Operacionalização do Inventário Portage para mais detalhes) um objetivo comportamental completo precisaria especificar, no entender
possa ser usado doravante como um instrumento de avaliação sistemática. quem, fará o quê, sob que circunstâncias, e com que grau de êxito. Os
A título de exemplo, tomemos o item nO 1de linguagem: "Repete sons emiti- dão exemplos de objetivos comportamentais bem e mal formulados e suge-
dos por outras pessoas". Oavaliador não possui informações suficientes sobre: que I seguinte critério para o professor: cem por cento de acerto para respostas
resposta considerar aceitável por "repetir sons", qual o número de vezes que tais I.êínicas e noventa por cento de acerto para respostas motoras das crianças.
sons deverão ser repetidos, ou ainda, que condições oferecer à criança para que es- informações contidas no manual referem-se a exemplos de como reali-
ta "repita sons". Como decorrência, o avaliador poderá atribuir resultados diferen- de tarefas, ilustração de tipo de ajuda para aumentar as respostas corre-
tes para cada avaliação com a mesma criança, dependendo de interpretações dife- física, verbal e visual); explicações de técnicas específicas de procedimen-
rentes. Com a operacionalização o avaliador poderá aumentar a fidedignidade das '" treino (esvanecimento, modelagem, encadeamento e reforçamento); informa-
suas avaliações. sobre pré-requisitos para o treino (atenção, imitação e ausência de comporta-
Cada uma das quinhentas e oitenta fichas do Guia Portage de Educação Pré-Es- inadequados) e informações sobre como corrigir a criança quando esta errar.
C) Programa Portage de Avaliação e Treinamento de Pais conseqüentes do treino - como reforçar respostas corretas, como corrigir
.Apostas erradas e como favorecer a generalização de respostas;
As decisões sobre o que ensinar aos pais são feitas com base no Programa Por- :Lh '4) relacionamento com a criança - uso eficaz de reforçamento e punição ao in-
tage de Pais ("Portage Parent Program", Boyd et aI., 1977) composto pelo: com a criança, tanto em situações de treino como em situações rotineiras; e
a) Inventário Comportamental de Pais; e por planejamento do treino - como elaborar objetivos comportamentais, reali-
b) um manual para o professor contendo sugestões de como utilizar o inventário, e .'ranálise de tarefas, planejar e registrar.
c) um livro de leituras para os pais (Boyd e Bluma, 1977). OManual do Professor ("Portage Parent Program: Instructor's Manual") defen-
Oobjetivo do Programa Portage de Pais é, segundo Boyd (1979), tornar cada utilidade do inventário no sentido de:
pai ou familiar tão funcionalmente independente do professor quanto for possível, a) avaliar o repertório d.e entrada dos pais no programa;
ensinando-o a planejar e realizar de modo eficaz o treino de seu filho, bem como li- . b) base para colocação de objetivos realistas; e
dar com os diversos comportamentos da criança no dia a dia. forma de se avaliar se as estratégias usadas na intervenção são ou não ade-
Portanto, se apenas utilizando o Guia Portage de Educação Pré-Escolar, o pro- . na medida em que se pode acompanhar o progresso dos pais.
fessor atribui ao pai a tarefa de mediador do treino dos filhos (no sentido proposto grande falha do Inventário de Pais, assim como no Inventário da Criança
por Tharp e Wetzel, 1969), dentro da perspectiva do Programa Portage de Pais, o pai Checklist é que não existe uma operacionalização dos comportamen-
U
)
deixa de ser um mediador para adquirir a auto-suficiência do treino de seu filho. observados e instalados. As próprias informações de como observar e
Trata-se, portanto, de um programa individualizado de intervenção direta a ser rea- o comportamento dos pais são vagas, não havendo um procedimento deta-
lizado no ambiente natural, para esvanecer a presença do professor, atribuindo ao como fazê-lo.
pai responsabilidades cada vez maiores no treino do filho. autores sugerem que, durante as primeiras visitas à família, os professores
Os autores comentam, entretanto, que talvez nem todos os pais possam se coletar uma linha de base dos comportamentos dos pais, através de obser-
adequar ao Programa Portage de Pais, mas não entram em detalhes sobre critérios informais. Em relação às atividades de treino, o professor deve solicitar que
ou repertórios que fariam com que um determinado pai estivesse apto a deixar ou r"nsine algo à criança (fornecendo-lhes materiais apropriados) e, em seguida,
não de ser mediador. Os autores afirmam, ainda, que o Guia Portage .de Educação . o desempenho dos pais em termos percentuais. Os próprios autores reco-
Pré-Escolar pode ou não ser utilizado concomitantemente ao Programa de Pais. Su- no final da década de 70 que o programa estava em fase "experimental"
gerem, entretanto, aos pais que sejam novos ao Sistema Portage, primeiro se fami- sentido, não havia dados sobre quaiS seriam as porcentagens ideais de
liarizarem com o Guia Portage e o procedimento de treino domiciliar, para então rfan,ia para os diferentes comportamentos. Os autores sugerem, ainda, que se
prosseguirem com o Programa de Pais. simultaneamente o comportamento da criança e do pai, como por exemplo:
Talvez por ter sido criado após o guia em 1977, o Programa Portage de Pais, não a freqüência de respostas corretas da criança, simultaneamente à fre-
é um componente formal do sistema. do pai reforçar respostas corretas.
OInventário Comportamental de Pais foi elaborado apartir de uma análise das con- para os casos em que os pais se sintam apreensivos pelo fato de
tingências de reforçamento na interação dos pais com a criança. Oinventário é compos- í[comportamento estar sendo observado, Boyd, Stauber e Bluma (1977) colocam
to por oitenta e dois itens que parecem ser relevantes para o ensino de crianças. op.stratégia fazer com que o próprio pai registre o comportamento do profes-
Os cinco aspectos distintos do Inventário de Pais constituem em sua totalida- lidar com a criança.
de uma contribuição significativa à área de treinamento de pais: procedimento de ensino, quando o alvo do treino é o pai, segundo o manual,
1) comportamentos antecedentes ao treino - como obter a atenção da criança, semelhante ao procedimento de treino quando o alvo é a criança. Envol-
como dar instruções, como dar modelo etc.; nnrbnfn a identificação de objetivos comporta mentais para o pai. Tais objeti-
2) material - seleção e apresentação de recursos para o treino; ser de comum acordo com o pai, ou seja, este deve participar do proces-
so de escolha de objetivos. Estabelecido o objetivo, o professor deverá dar instru-
Oprojeto Portage nitidamente atinge tais requisitos".
ções, dar modelo, fazer o pai exercitar o comportamento em questão, registrar o
ainda:
comportamento e dar "feedback". Oque o manual não fornece é uma descrição de- vários modelos de programas de treinamento de pais. Alguns são muito
talhada de como seria a visita domiciliar quando o Programa de Pais estiver em an- estruturados e ineficazes... O modelo mais promissor consiste em alguma
damento. Ou seja, o professor deverá adotar como alvo de treino em primeiro lugar
Igªptação do sistema Portage, programa de ensino planejado para ser um substitu-
o pai, a criança, ou ambos concomitantemente?
pré-escola especiaL." (Bijou, 1977).
Levando-se em conta que o procedimento de treino domiciliar é complexo, en-
Efinalmente, no Simpósio Internacional sobre Treinamento de Pessoal para atuar
volvendo vários passos, o professor corre o risco de se perder, se não houver uma
WIII LlC".'.""" Mentais, realizado em Tóquio, Japão, em 1980, Bijou disse o seguinte:
previsão de tudo o que deva ser feito e qual a melhor seqüência para fazê-lo. ,';i}Jj "; .. Oual a abordagem mais promissora para pais de crianças excepcionais? Não
Além do procedimento de treino, o manual do professor contém ainda uma lmendamos nenhum dos manuais atuais de treinamento de pais ou mesmo os
análise de como esse deve encaminhar perguntas aos pais de forma a favorecer res- de treinamento com recursos áudio-visuais. Recomendamos, entretanto, um
postas apropriadas, bem como ilustração de estratégias para favorecer a manuten- de treinamento de pais que objetiva levá-los a realizar treinos individuais,
ção e generalização de habilidades treinadas. este que se mostrou eficaz no sentido de ajudar um grande número de
Olivro de leitura dos pais ("portage Parent program: Parent's Readings", Boyd
deficientes e suas famnias: é conhecido por Projeto Portage" (Bijou, 1980).
e Bluma, 1977) tem como função informar o pai acerca dos procedimentos e princí- outras razões, fora as apontadas por Bijou, seriam responsáveis pelo su-
pios envolvidos no sistema Portage, além de ser uma estratégia para gerar discus- pela grande aceitabilidade do sistema Portage?
sões relevantes no processo de treinamento de pais. Em primeiro lugar, trata-se de um agrupamento de variáveis que se encon-
Segundo Boyd (1979), o nível de dificuldade de leitura do manual de pais é para divulgação, isto é, já existem disponíveis livros, manuais de treina-
equivalente à 7a a ga séries do colegial norte-americano ("High School"), de acor- inventários e guias curriculares para o professor, pai ou criança. Osistema
do com o sistema de avaliação de dificuldades de leitura proposto por Fry (1968). lnsiderado por Baker (1976) o mais antigo e mais bem sistematizado programa
Omanual de pais contém um glossário dos principais termos técnicos emprega-
';, domiciliares para pais de crianças com problemas no desenvolvimento,
dos e vinte diferentes capítulos envolvendo temas que vão desde a explicação do sis-
Tjossem (1978) também partilha opinião semelhante. Além disso, os con-
tema de ensino do Portage, até procedimentos e princípios da análise do comporta-
. do Inventário Portage, tanto relativos a treino de pais quanto ao de crian-
mento envolvidos no treino a crianças (reforçamento, modelagem etc.). Aleitura con-
onstituem as melhores opções disponíveis na literatura em termos de ampli-
tém ilustrações do tipo "estória em quadrinhos" (BiI Keane, "The family Circus") que,
classes-de-respostas envolvidas.
além de facilitar a visualização dos aspectos mencionados, acrescentam um toque de
sistema de treino permite a individualização podendo atender às neces-
humor e leveza ao texto, o que possivelmente é um aspecto motivacional importante. impostas por cada caso. Omaior exemplo disto consiste no fato de o siste-
Os autores do livro enfatizam que ele não deve ser lido por conta própria, e ter obtido sucesso tanto com famílias britânicas de classe média, como
sim que sua leitura deva ser sempre acompanhada por discussões com o professor.
rammas de zona rural de Wisconsin, populações indígenas peruanas etc.
Um dos fatores Que auxiliou na grande divulgação do sistema Portage consis- I Trata-se de um sistema razoavelmente econômico, tanto por ser desenvolvi-
te no fato de o professor Sidney Bijou ser um grande defensor do mesmo. Por exem- quanto porque, ao invés de utilizar uma equipe grande e altamente especia-
plo, em um congresso sobre prevenção de deficiência mental, realizado em Madi- planejado de forma a utilizar os recursos disponíveis da comunidade. Cada
son, Wisconsin, em 1978, Bijou fez a seguinte afirmação: do projeto trabalha em média com 15 famílias (Shearer e Shearer, 1974) e,
"Um programa de pais, preventivo, precisaria estabelecer objetivos específi- sendo, cada criança custa ao projeto 622 dólares por ano (Shearer e Shearer,
cos em termos observáveis, usar procedimentos explícitos para atingir os objetivos' comparação, outros programas de educação especial que não trabalham no
paralelamente à utilização de sistema de registro, um plano explícito de modifica- natural da criança gastam por ano 2600 dólares por aluno (Hoyt, 1976).
4) Ofato de o programa ser desenvolvido no ambiente natural de cada crian-
que operacionalizá-lo?
ça, além das vantagens econômicas traz vantagens adicionais, como por exemplo:
a) não há necessidade de a família transportar-se a um determinado local de
nresente trabalho é um esforço em operacionalizar cada um dos itens do In-
atendimento, minimizando o custo para a família e, principalmente, minimizando o Portage, propondo'lhes definições, critérios, especificação das condições
problema de faltas, razoavelmente freqüente no trabalho com pais; vãliação e descrição do material a ser utilizado. Acreditamos que tal operacio-
b) possibilidade de acesso constante e direto a comportamentos tal como ocor- possa ser útil a projetos de intervenção e pesquisa que queiram empre-
rem naturalmente. Isto favorece a individualização e uma maior adequação da pro- Portage como um instrumento de avaliação sistemática. A neces-
gramação curricular, podendo-se respeitar mais os valores culturais de cada família; de tal operacionalizaçãosurgiu de nossa experiência trabalhando no Projeto
. c) a manutenção dos comportamentos aprendidos é, possivelmente, facilitada,
não havendo o problema de transferência da escola ou clínica para o lar;
'Tás, projeto desenvolvido pela primeira autora junto ao Programa de Pós-Gra-
""'iciem Educação Especial da Universidade Federal de São Carlos que esteve em
d) é provável que haja maior oportunidade de generalização, como por exem-
•.• de 1979 a 1984. Os alunos da pós'graduação tinham oportunidades de fa-
plo pelo fato de outros membros da família (irmãos etc.) participarem do treino.
Jervenções com famílias de crianças de Oa 6 anos com atrasos de desenvol-
s) Utilização de um modelo dinâmico de atendimento ou modelo triádico
ensinando'as a trabalhar com seus filhos utilizando o Projeto Portage, de
(Tharp e Wetzel, 1969): "O resultado da interação triádica entre o pai. a criança e o acelerar o desenvolvimento da criança. Em tal projeto, optamos por utilizar
professor consiste no fato de todos aprenderem uns com os outros. Aaprendizagem Inventário Portage como roteiro para observação comportamental da cri-
ocorre constantemente, em todas as combinações da tríade e em todas as direções. forma a obtermos medidas globais de seu desempenho, em sua entrada e
Não se trata, com certeza, da simples transmissão unidirecional de conhecimentos
programa.
e habilidades do professor para o aluno. Todos nós somos aprendizes" (Boyd, Stau- o de proceder nos pareceu vantajoso e preferível à utilização de ins-
ber e Bluma, 1977). adicionais de avaliação (isto é, testes de inteligência), que já foram
6) Finalmente, o sistema é planejado de forma a garantir sua manutenção após
fstivamente criticados pela literatura'.
seu término. Oprojeto tem por objetivo inicial fazer do familiar um mediador,através nossa experiência com o Inventário Portage no Projeto Famílias, notamos
de uma tática de visitas semanais do professor. Alcançado isso, o sistema pretende â'fidedignidade das observações era prejUdicada pela ausência de definições
capacitar o pai a ser independente do professor, tornando as visitas do último cada de o quê e como observar, e foi assim que surgiu a necessidade da presen-
vez menos freqüentes. Neste sentido, trata-se de um sistema que não subestima o pai,
Após sua utilização no projeto, notamos que os índices de
o que não deixa de ser raro dentre os projetos de treinamento de pais existentes. jçorclância entre observadores permaneciam sempre na faixa de 90 a 1000/0. No
Concluindo, trata-se de um sistema de treinamento de pais complexo, cuja viabi- insistimos em lembrar que este trabalho, bem como o inventário original
lidade já foi evidenciada por replicações em inúmeros lcicais e países diferentes. Além (inglês/espanhol, permanece sendo apenas um roteiro de observação, útil no es-
disso, o Inventário Portage constitui um instrumento útil para nortear as prioridades de (elecimento de prioridades de treino de crianças com problemas de desenvolvi-
treino à crianças com atrasos de desenvolvimento. Tal como proposto por seus auto- Isto não faz com que tal instrumento se transforme em uma escala de de-
res, constitui um método de avaliação bastante informal, no qual a maior parte das lvolvimento ou em um instrumento de triagem ou diagnóstico de problemas (tal
informações sobre as habilidades da criança são fornecidas por meio de relatos dos um "screening test"), pois projetos de pesquisa específicos nesta direção
pais. Nesse sentido, a equipe do Projeto Portage utiliza-se de outros instrumentos pa- o Inventário Portage precisariam ser desenvolvidos.
dronizados (testes de inteligência, escalas de desenvolvimento) para avaliar o progres'
so das crianças que participam do seu programa. Ele não pretende ser uma escala de
desenvolvimento, na medida em que não possui a padronização necessária para tal, ," exemplo: Pessoti. R.C. (1981). Uma avaliação critica de avaliações psicológicas do deficiente mental:
'foposições de um roteiro de avaliação de habilidades de autocuidados a partir de critérios de execução.
nem pretende atribuir um coeficiente que resuma o desenvolvimento da criança. li""to"," de Mestrado não publicada. Universidade federal de São Carlos. São Carlos. São Paulo. Brasil.
2. Por que resolvemos em deficiência mental da Universidade Estadual de londrina, no perío-
a 1997 (Almeida e Marquezine, 1997), foi possível localizar pelo menos
publicar a Operacionalização càestudos que utilizaram o Inventário Portage.
do Inventário Portage ,,",Os exemplos acima indicam que esta operacionalízação é de grande aplicabili-
e que a sua utilização permite avaliar mudanças significativas no desenvolvi-
"ito de crianças com necessidades educativas especiais em situações tão dife-
Diversos motivos nos levaram a publicar este trabalho realizado na década de quanto a clínica, a creche, a sala de aula e a casa da criança. Cabe ressaltar
oitenta. Otrabalho foi parte da tese de doutorado da primeira autora, não tendo '" a despeito de todos os trabalhos citados acima mencionarem o Portage (ou
sido publicado anteriormente pois esta ausentou-se do país por mais de uma déca- i,iaPortage, Sistema Portage, Programa Portage, Inventário Portage, Guia Portage
da. Durante estes anos constatamos entretanto que, apesar de o material não ter Pré-Escolar), eles, de fato, se referem ao uso desta operacionalização.
sido publicado, muitos profissionais com diferentes formações (fisioterapeutas, psi- portanto, que a publicação da operacionalização do Inventário
cólogos, professores de educação especial, terapeutas ocupacionais, entre outros) destacando aspectos importantes a serem preservados, possibilitaria uma
utilizam-no em diferentes situações de ensino. talvez ainda mais abrangente e inovadora do que as já existentes.
Temos conhecimento de que este material tem sido utilizado para: segunda razão para a publicação desta operacionalização está na aparen-
1. monitorar as aquisições de desempenhos de crianças em classe especial dEi de materiais desta natureza (inventários comportamentais) ou pelo menos
estimulação precoce de APAEs (por exemplo: Mendes, 1997); limitada divulgação, desvalorizando seu potencial e impossibilitando muitas
2. estimular bebês instilucionalizados com atraso no desenvolvimento (Almei- que profissionais e pais tenham acesso a uma ferramenta poderosa para ava-
da, Gil, Siebert e Piccinato, 199B); e educar indivíduos em áreas tão diversas como auto-ajuda, linguagem,
3. formar alunos de graduação em Psicologia, favorecendo a criação de mate- ª6l1idades acadêmicas, sociais e de vida diária. Em relação a este inventário, sua
rial instrucional para orientar a interação de pais e berçaristas com bebê institucio- permitiria a pais e não profissionais da área terem uma listagem de di-
nalizado (Piccinato, Siebert, Gil e Almeida, 1997); áreas do desenvolvimento de uma criança.
4. compor um conjunto de recursos pedagógicos a serem utilizados nas discipli- inventários comportamentais e, especialmente, o Inventário Portage, pos-
nas de Psicologia do Desenvolvimento oferecidas a cursos de graduação da UFSCar _, ___ vantagens:
(Almeida, Gil, Piccinato e Siebert, 1997); , são relativamente fáceis de serem aplicados;
5. formar alunos de graduação em Psicologia quando orientam pais a realiza- permitem avaliar os desempenhos do educando e, com base nos resultados
rem ensino domiciliar de indivíduos com necessidades educativas especiais (Aiello, avaliação, facilitam a programação de atividades de ensino individualizado;
1996-1997; Kinouch, Martins e Aiello, 1997; Enumo, 1996; Enumo, Santiago e Medei- 3. fornecem uma visão global do desenvolvimento da criança, o que vem a ser
ros, 1999), e ainda, "'tanto a familiares quanto ao profissional da área de educação especial e,
6. treinar mães de crianças com síndrome de Down em situação de clínica 4. talvez, a vantagem a ser mais destacada, é que tais inventários, por não se-
(Rossit, 1997) ou treinar mães de bebês de alto risco, em situação domiciliar, após , de uso restrito aos profissionais, podem capacitar os pais a terem uma função
alta hospitalar (Braz, 1999). importância na aceleração do desenvolvimento de seus filhos, sejam eles
, Um curso específico sobre esta operacionalização foi ministrado no primeiro com necessidades educativas especiais ou crianças normais. Pais de indi-
congresso das APAEs do Estado de São Paulo, por solicitação da direção da APAE de com necessidades especiais, cientes do conteúdo de um inventário compor-
Batatais, onde se observou que várias das APAEs utilizam-no como forma de avali- amental, podem deixar de assumir um papel passivo em relação ao programa de in-
ar e treinar mães e/ou crianças com diferentes deficiências (Aiello, 1997). Além dis- tervenção de seu filho, passando a ser um membro da equipe de profissionais que
so, em uma publicação contendo os resumos da produção científica do curso de es- sobre o futuro da criança, opinando sobre habilidades mais adequadas para
'treino e avaliando os efeitos de uma intervenção. Pais de crianças normais também e King, 1992) compararam serviços utilizando o sistema Portage na ín-
se beneficiar de inventários comportamentais seja para monitorar etapas de paquistão, Jamaica e Grã-Bretanha. Finalmente, Cameron (1997), analisando os
desenvolvimento dos filhos ou para identificar outras atividades, adequadas à ida- Üliados de duas décadas de uso do sistema Portage na Grã-Bretanha, apresenta
de, a fim de estimular todo o potencial de seu filho. sugestões para futuros projetos de pesquisa: questões sobre controle
Pareceu-nos, também, Que publicar esta operacionalização permitiria futuras a dimensão multicultural do Portage, colaboração entre diversas
avaliações sobre os comportamentos, materiais e procedimentos instrucionais en-
lenClas, necessidade de treinamento profissional e a influência política relaciona-
volvidos, ou comparações com outros instrumentos (demonstrando sua eficácia e
suas limitações) ou, ainda, sua aplicabilidade a casos severos de excepcionalidade. ' 'ce' afamília.
C,;" Analisando-se o conjunto de estudos recentes na área de intervenção precoce
Ou seja, poderia ser um gerador de pesquisa. do Norte, observamos que houve uma mudança de paradigma na manei-
Surpreendeu-nos o fato de que na literatura norte-americana sobre Interven- atuar na área. Se antes a ênfase se dava na deficiência da criança ou na ace-
ção Precoce, ainda hoje existam citações sobre o uso, a utilidade e abrangência do de seu desenvolvimento, atualmente a ênfase do trabalho parece ser no
Sistema Portage, sistema esse desenvolvido na década de 70. OPortage é utilizado da família com a criança (ver capítulo "Sobre a relevância do envol-
em diferentes continentes com as mais diversas populações. Assim, o Projeto Por- da família nos programas de intervenção precoce"). Pareceu-nos que publi-
tage é citado como um dentre três programas que contribuíram para desenvolver,
trabalho seria uma maneira de alertar o leitor para esta mudança de para-
implementar, avaliar e replicar modelos de intervenção precoce para crianças com oPortage pode ser uma estratégia para colocar o profissional na casa da ta-
deficiências (Fewell, 1995). A mesma autora menciona o Portage como sendo um desta forma, torná-lo consciente de suas inúmeras necessidades. Uma aná-
exemplo de programa curricular que combina modelo apoiado em teorias do desen- "tuidadosa destas necessidades poderá levar o profissional a oferecer condições
volvimento combinado a técnicas da análise do comportamento aplicado. Johnson ;;C',nrimnror o relacionamento da família com a criança.
e Beauchamp (19B7) ao realizarem um levantamento de 105 programas pré-escola-
res para crianças com deficiências em 34 estados americanos, com o objetivo de
descobrir os instrumentos usados para se desenvolverem currículos e estratégias
de Intervenção Precoce, apontam o Guia Portage de Educação Pré-Escolar entre os
instrumentos mais utilizados. Muth e Jones (1995) usam-no ao descrever e avaliar
os serviços de intervenção precoce no Alaska. Bryant e Maxwell (1997), ao analisa-
rem estudos de intervenção precoce para crianças economicamente carentes nos
anos 90, citam o trabalho de Oakland e Ghazaleh (l?96) realizado no Estreito de
Gaza. Estes últimos autores demonstraram que crianças (em alto risco para atrasos
de desenvolvimento por viverem em ambientes economicamente desfavoráveis e
politicamente instáveis) de famílias treinadas via projeto Portage apresentaram
desempenhos mais elevados em avaliações formais de desenvolvimento do que
crianças do grupo controle.
O'Toole (1988) demonstrou que o desempenho no pré e pós-teste do Inventário
Portage de 53 crianças deficientes em fase pré-escolar, habitantes da zona rural da
Guiana, melhorou como resultado de um programa de intervenção; além disso notou
mudanças significativas das atitudes dos pais para com as crianças, com a comuni-
dade e para consigo mesmo. Outros pesquisadores (sturmey, Thorburn, Brown,
3. Sobre a relevância do dentes. Éa família que é responsável pela solução de problemas diários que
. . durante as várias etapas do desenvolvimento de seus filhos"(p. 171). Por
envolvimento da família nos as famílias podem aprender a tornarem"se confiantes e competentes para
programas de intervenção precoce decisões e aperfeiçoarem suas habilidades em obter apoios formais e in-
junto a indivíduos, grupos ou instituições, melhorando, conseqüentemente,
de vida.
Nos últimos anos temos observado, na literatura estrangeira sobre interven- . "Finalmente, surgiu um novo modelo de relacionamento pai-profissional que
ção, uma ênfase cada vez maior em relação à importância do envolvimento da famí- numa verdadeira parceria com ambas as partes trabalhando para satisfa-
lia. Para citar alguns exemplos: necessidades das famílias e crianças"(p. 177).
1. o volume 62, número 3, de dezembro/janeiro de 1996 da revista Exceptional 'Notou-se a evolução de uma nova visão do envolvimento da família, uma visão
Children é todo voltado para as famílias de crianças e adolescentes com necessida- ir1fatiza o papel da família em determinar prioridades para seus filhos e em de-
des educativas especiais e, serviços devem ser oferecidos e como devem ser oferecidos. Atualmente
2. Guralnick (1997) editou um livro que, além de ressaltar a importância da in- serviços em que os pais apenas assistam o terapeuta a trabalhar com seus
tervenção precoce, coloca o envolvimento da família como sendo fundamental neste o que é pior, e infelizmente o mais freqüente na realidade brasileira, pais
processo. Atualmente os profissionais estão enfatizando que a intervenção precoce esperando nas ante"salas de clínicas, desconhecendo o que é feito com
deve ser, antes de mais nada, centrada na família com o objetivo de apoiá-Ia, tornan- na sala de atendimento. Nesta nova visão, a família muda de posição: de
do-a independente para desenvolver sua própria rede de apoio, que deve ser basea- efviência a profissionais para um papel decisivo na tomada de decisões, pas-
da não só em termos de recursos comunitários, como também pelo auxílio da parte a assumir maior participação no planejamento do atendimento oferecido a
de parentes e amigos. Vários termos têm sido usados para descrever este movimen-
to de apoio familiar: "parent empowerment", "family-focused intervention" e literatura atualmente dá ênfase a uma concepção eco-sislêmica da família
"family-centered care" (Bailey, Buysse, Edmondson e Smith, 1992). Na ausência de 1974; Bronfenbrenner, 1979 e 1986; Garbarino, 1998; Turnbull e Turnbull,
termos equivalentes em português, profissionais têm traduzido tais expressões res- Nesta abordagem, a família é encarada como um ambiente "menor" dentro
pectivamente por "empoderamento" e "intervenção centrada na família". "maior". Analisam-se os múltiplos papéis que a famma desempenha dentro
Para Guralnick (1991), a área de intervenção precoce vem redefinindo o papel da sistemas que formam a ecologia da família mais ampla e como estes sis-
família em relação ao desenvolvimento de seus filhos com deficiência. Tal processo lS podem melhor servir às próprias famílias. A abordagem centrada na família
de mudança tem sido caracterizado ao longo de três dimensões inter-relacionadas: havendo paralelamente um conjunto de princípios que ajudam a desen"
1. "Atualmente acredita-se que a intervenção precoce seja mais eficaz se for políticas e programas para tal (Pell e Cohen, 1995).
dirigida principalmente para fortalecer o relacionamento natural entre pai-criança Enquanto a literatura norte americana é farta em pesquisas envolvendo pro-
ao invés de encorajar os pais a assumirem papéiS educacionais ou terapêuticos - pa- de intervenção centrados na família, o mesmo não ocorre no Brasil. As pes-
péis esses que freqüentemente requerem atividades didáticas similares às utiliza- existentes, poucas em número envolvendo pais e, na maioria, relacionadas a
das por profissionais"(p. 177). Menciona o trabalho de Affleck, McGrade, McOueeney sertações e teses não publicadas, em geral limitam a participação dos pais em
e Allen (1982) para defender sua afirmação, mas o leitor pode se reportar também informações ou levantar suas expectativas e opiniões sobre assuntos espe"
aos trabalhos de Turnbull e Turnbull (1990) e Allen e Hudd (1987). ,."'7--' caracterizando-se como estudos de levantamento ou mapeamento e, pou-
2. Esta abordagem que prioriza o relacionamento pai-criança contrastando vezes, de produção de conhecimento novo na área de intervenção. Raramente
com a abordagem tradicional que enfatizava a deficiência da criança "tende a foro. é visto como um parceiro atuando nas tomadas de decisão e engajado na reso"
talecer e apoiar as famílias propriamente ditas, tornando"as mais e in- de problemas da área e, poucas vezes, outros membros da família, como os
irmãos por exemplo. são ouvidos ou incluídos no estudo. da cidadania consciente. despertando os alunos e seus familiares
Há uma ausência de projetos dessa natureza como se pode verificar. por exem- de marginalidade em que se encontram e o abismo que os separam
plo. no levantamento realizado por Amaral (1993) em que a autora faz uma análise . (p. 106).
bibliográfica de dissertações e teses defendidas no Instituto de Psicologia da USP . Política Nacional de Educação Especial (Brasil. 1994) registram-se conquis"
de 1969 a 1992. Neste levantamento de 106 dissertações ou teses. observou que 19 t"i!Í1portantes nestas duas últimas décadas na área de Educação Especial no Bra-
delas (aproximadamente 18%) envolviam direta ou indiretamente a família e apenas NIl entanto, apesar disso, destacam"se ainda diversas dificuldades, algumas de-
três (2.83%) eram estudos sobre intervenção com as famílias. incluindo a tese da . da sociedade brasileira e outras específicas da educação de porta-
primeira autora. necessidades especiaiS. Entre estas dificuldades está a "carência de pro"
. Omote (1996) analisou 25 dissertações e teses visando sistematizar os conhe- adequados para a orientação da família do alunado atendido na educação
cimentos sobre a família do deficiente. Seu relato mostra que a deficiência mental (p.32).
tem sido a condição mais estudada. "Na grande maioria dos estudos (22). uma única política Nacional de Educação Especial também aponta. entre seus cinqüen-
deficiência foi estudada. sugerindo aparentemente que. para os autores dessas in- específicos. dois diretamente relacionados à família. São eles:
vestigações. cada deficiência constitui uma condição específica que determina mo- ,,"vnlver as famílias e a comunidade no processo de desenvolvimento da per-
dos próprios de funcionamento familiar. Os sentimentos e reações em geral de fami-
do educando, e
liares. principalmente de mães. foram os aspectos mais estudados. Apessoa entre- 'implantar e implementar orientações a pais e irmãos de alunos de educação
vistada quase sempre foi a mãe. mesmo quando eram obtidas informações acerca
dos sentimentos e reações de pais. Somente em duas dissertações os pais foram !C:Oeve-se destacar, no entanto. que os objetivos específicos propostos pela Polí-
entrevistados" (p. 517). .mca)na sua maioria, são gerais e parecem ser objetivos centrados no sujeito (ou mais
A posição de que a família é muito pouco considerada como uma parceira nos lecificamente. no problema ou problemas do sujeito), pouco vendo a famOia como
programas brasileiros de educação especial também é apontada por outros pesqui- de apoio mais próximo das necessidades da criança com deficiência e,
sadores. Glat (1996) afirma que "Em nosso país. existe. é certo. um número razoá- sentido. menosprezando aparentemente o papel da família no que se refere a
vel de pesquisas e trabalhos sobre famílias de deficientes. porém. a maioria deles implementar, avaliar e lutar politicamente pelos direitos de seus filhos.
se concentra na analise das falas das mães.... nos efeitos da comunicação do diag- Omote (1994) "as abordagens centradas na pessoa deficiente ignoram o
nóstico ...; ou em análise de problemáticas. expectativas e distúrbios familiares ..... político do problema das deficiências e podem obscurecer ou camuflar
(p. 111). Mais adiante a autora conclui que "a família. quando não ignorada. é consi- de possíveis problemas no interior de um grupo ou organização (equipes pro-
derada parte da clientela. e vista também sob a luz da patologia" (p. 112). , famílias, escolas, instituições especializadas etc.), invertendo até areia-
Não chega a ser surpreendente o contraste entre a abundância de programas causa e efeito. na medida em que localizam no indivíduo a deficiência e. mui-
de intervenção precoce na literatura estrangeira que tem como alvo central o envol- . ____ , também, a sua causa" (p. 67).
vimento da família e a escassez de tais programas na literatura brasileira. Ela está Ainda no sentido de alertar o leitor sobre as lacunas de pesquisas existentes
possivelmente associada à carência de recursos. à pobreza de nossa população. à de treinamento de pais de crianças com necessidades especiais. devemos
falta de visão dos dirigentes educacionais e à marginalização do indivíduo que pas- para o número restrito de estudos com ênfase na prevenção de deficiên-
sa a ser incapaz de exercer seu papel de cidadania. A universidade brasileira não na falta de estudos que tornem os pais parceiros na luta por seus direitos, por
deixa de ter sua parcela de culpa na medida em que tende a enfatizar um conheci- ;Q:rganizações políticas e por uma política municipal de atendimento de necessida-
mento bastante desligado das necessidades sociais do país e. quando produz tal co- kZ.-- educacionais; na falta de estudos que envolvam a participação e o atendimen"
nhecimento. não se preocupa em divulgá'lo com a abrangência necessária. Como das necessidades dos pais (o homem, e não apenas a mãe), irmãos e parentes
afirma Paula (1996). "a educação especial deve cumprir o seu papel de preparar "Próximos bem como a conscientização e participação da comunidade.
Cabe destacar ainda que, segundo o relato de muitos pais, o que caracteriza a
busca de serviços para o atendimento das necessidades de seu filho deficiente, no uisa sobre o
Brasil, é a peregrinação por diversos serviços, na maioria das vezes, desestrutura- ,
dos, insuficientes (em tipo e número) e disponíveis apenas em grandes cidades. Ro .. ". . Portage no Brasil
sa (1998), ao analisar os relatos dos pais de indivíduos portadores de autismo, con-
firma esta longa e difícil peregrinação dos pais por serviços e diagnósticos. Dito de
outra forma, os serviços quando existem são escassos, desarticulados e fragmen- '\ primeira autora avaliou o Sistema Portage em sua tese de doutorado (WiI-
tados e pouco incorporam os resultados das pesquisas. Tais fatos também apontam 1983), sendo que a segunda autora atuou como assistente de pesquisa duran-
para a necessidade de pesquisas que integrem o conhecimento produzido no aten- . ;'ôIferentes etapas do projeto.
dimento às famílias.
Oprojeto do Sistema Portage, exemplificado no presente manual, foi proposto Objetivos do estudo
dentro de uma visão de intervenção precoce que focaliza a intervenção no repertó-
rio comportamental ainda não adquirido pela criança, com o objetivo de fortalecer Drincipal objetivo do projeto de pesquisa foi o de demonstrar que pais ou fa-
as etapas de desenvolvimento, via treino do mediador. Foi um dos trabalhos pionei- de baixo-poder aquisitivo eram capazes de ensinar seus filhos de forma a
ros tanto em relação à defesa da importância do envolvimento dos pais no treino ou acelerar o seu desenvolvimento. Para tanto era preciso demonstrar
quanto em colocar o profissional dentro da casa da criança. Do nosso ponto de vis- ganhOS nos repertórios das crianças deveriam ser superioreno progresso
ta, o Sistema Portage não só é compatível com uma visão sistêmica ou ecológica da íílturalmente ocorreria apenas com a passagem do tempo. A precariedade de
família, como pode ser um facilitador para que tal visão se concretize. Pareceu-nos ' existentes no Brasil nas áreas de educação e saúde na época, o número
que sua pUblicação e utilização, mais do que uma volta ao passado, possibilitaria de pré-eSCOlas e a carência de atendimento especial para crianças porta-
uma forma de entrada na família para futuras intervenções, inclusive as centradas deficiências justificavam o objetivo do estudo. Associada à carência de
na família. Otrabalho com famílias é fundamental como medida de redução do es- espeCializado à criança deficiente em fase pré-escolar, existia tam-
tresse associado à constatação da excepcionalidade da criança. Warfield (1995) su- ausência de projetos de pesquisa que analisassem o envolvimento da fa-
gere que a redução do referido estresse está associada a três aspectos: primeiro se desenvolvimento de seu filho com necessidades especiais. Até então, não
a família contar com a prestação de serviços domiciliares, segundo se a família só artigo publicado no Brasil que relatasse esforços sistemáticos de ensi-
encontrar apoio em serviços de grupo e, por último, a idade em que a criança de forma a prevenir atraso no desenvolvimento do filho.
entrar em um programa de intervenção, isto é, quanto mais cedo melhor. " , segundo objetivo consistiu em contribuir para uma avaliação do Sistema Por-
'tentando eliminar algumas falhas metodológicas que haviam caracterizado, até
; a pesquisa envolvendo tal sistema. Os projetos de pesquisa com o Portage
por: a) descrições vagas dos professores, pais ou crianças do estudo,
de preocupação com a fidedignidade das observações, c) ausência de se-
("follow-up") adequados como medida de manutenção e generalização das
ilidades instaladas, d) ausência de descrições detalhadas sobre o procedimento de
utilizado com os professores e, ainda, e) ausência de variáveis dependentes sig-
ficativas que possibilitassem observações adequadas, bem como ausência de obten-
de medidas múltiplas do desempenho da tríade professor-pai-criança. (Em Willi-
1983, há um capítulo com uma revisão crítica detalhada do Sistema Portage).
Finalmente, um terceiro objetivo do projeto de pesquisa consistia em fazer
análise de algumas habilidades envolvidas no treino do professor apto a traba-
lhar com os pais_ de que membro da família seria o mediador foi tomada pela própria
uma visita domiciliar na qual foram dadas instruções gerais sobre o cará-
B) Participantes do projeto e obtido o consentimento para participar do mesmo.
Tabela 1a seguir descreve as principais características dos mediadores do
Para a condução do projeto de pesquisa, além da segunda autora que atuava além de resumir alguns dos dados das crianças.
como assistente, três estudantes da graduação foram contratadas' para atuarem
como professoras. A escolha de professoras foi feita com base no interesse em par- t Características das famílias participantes do projeto
ticipar de um projeto de pesquisa remunerado envolvendo 12 horas de trabalho se-
manais. Cada professora ficaria encarregada de dar orientação a duas famílias; no Idade Diagnóstico ' Relação Idad, Escolaridade Profissão Profissão I REnda I Renda
(mÊ!.) coma do
entanto, após as três semanas iniciais de treino com as famílias, uma das professo- criança cõníuç
ras desistiu de participar do projeto, tendo em vista um novo emprego melhor re- 16 !. Primário Oona Pedreiro I 1,5 0,8
complelo de casa
munerado. Sendo assim, a professora A incumbiu-se das famílias I, 2 e 6 e a profes-
sora B, das famílias 3, 4 e 5. A professora A tinha 25 anos e cursava o terceiro ano 53 I te.!. apresentando
distúrbios
A'/Ó 55 Nenhuma Dana
de casa
I(aposentado)
Motorista I 6.1 0,8
de Terapia Ocupacional. A professora B, com 24 anos, cursava o terceiro ano de Pe- comporlamentais
dagogia. Nenhuma das professoras tinha experiência prévia em educação especial. 18 I E.C.I. .
Mã, 31 Primlrio Dona I Molorista 1.1 0,4
incomplel. decôsa
Em relação às famílias, uma das preocupações centrais do estudo consistiu em
trabalhar com famílias de baixo poder aquisitivo pois, dadas as características e ne- 51 I [C.lA apr""laodo Primário Dona Motorista 1,7 0,4
distúrbios incomplela de casa
cessidades da realidade brasileira, parecia insuficiente demonstrar que pais com ramportamentaís
um alto nível instrucional conseguiam aprender de forma sistemática a ser profes- 39 P.CJf.P. h,miplegia Mãe 43 Nenhuma Dona E1etrecista 4,0 1,0
direita de casa
sores do filho. Sendo assim, foram selecionadas seis famílias dentre uma lista de
45 Surdez hilatefllJ Mãe 12 Primério Dona Instrutor 2,3 DA
nomes encaminhados ao "Projeto famílias", com base nos seguintes critérios: 1) ter
uma criança com cinco anos incompletos, 2) apresentar renda familiar inferior a cin-
completo de casa
H.!.: ti1celalopalia Crônica !nlanlil- f.; EIIII!p;;a' P.(: ParaliSia
de tênis -
rp: Fdlillll1d •
--
Sal.na l1tllimD
co salários mínimos e pelo menos um dos membros da família deveria exercer tra-
balho assalariado, e 3) nunca ter participado de um projeto de pais ou de qualquer
outro projeto de pesquisa com tal objetivo. Das oito inicialmente seleciona- kJUua5 as mediadoras eram do sexo feminino e mães das crianças, a não ser no
das e entrevistadas, duas não puderam participar do projeto, pois, em um dos casos, i da mediadora 2 que era a avó da criança, pois a mãe trabalhava como operá-
a criança iria começar a receber atendimento de um outro projeto e, em outro caso, ..... uma indústria durante o período diurno. Aidade das mediadoras variou de 26
a família iria mudar de cidade durante a intervenção. e o grau de instrução variou entre nenhuma escolaridade e primário com-
Os mediadores' do programa (pessoa da família responsável pelo treino) foram " . Todas as mediadoras eram donas-de-casa de baixo poder aquisitivo. Convém
selecionados com base no número de horas disponíveis para trabalhar com a crian- que a família 2 cuja renda familiar excedeu a cinco salários mínimos, con-
por apresentar vários membros, teve uma renda per capita de 0,8 salários,
'A fAPESP e o CNPq possibilitaram ajuda financeira para custear parte dos gastos do projeto iÍlfigurando-se como sendo de baixo poder aquisitivo.
(processos n081/1012/0 e ,,040.0213/81).
'O termo mediador será usado doravante para referir-se ao familiar responsável pelo treino, embora seja um Das seis crianças que participaram do estudo, quatro eram do sexo masculino
termo relativo, pois. para os autores as pessoas responsáveis pelo treino dos pais (professores) seriam seus do feminino. A idade das crianças ao iniciarem o projeto variou de 16 a 54
mediadores. No entanto, a terminologia proposta por Tilarp e Wetzel (1969), será aqui empregada para evitar
confusões entre o professor e o familiar. Odiagnóstico das crianças foi fornecido por um neuropediatra que foi soli-
pelo projeto a examinar as crianças das famílias selecionadas. Embora duran-
... .
,' -
te a seleção das famnias tenha se procurado dar preferência a crianças com atraso
não recebia atendimento específico no início do projeto, sendo encami-
global no desenvolvimento ou com um diagnóstico de múltiplos problemas, isso nem
. fonoaudiologia no decorrer do mesmo, passando a freqüentar tal serviço
sempre foi possível de se concretizar. Sendo assim, a criança 6 (C6) foi a única a
apresentar uma etiologia específica, sendo portadora de deficiência auditiva. Oua-
tro crianças apresentavam diagnóstico de encefalopatia crônica infantil (Cl, C2, C3
Procedimento
e C4) e C5 apresentava diagnóstico de paralisia cerebral, sendo também portadora
de fissura no palato.
TREINO DAS PROFESSORAS
Por solicitação do projeto, algumas das crianças foram encaminhadas a especi-
alistas. A saber, C2 foi encaminhada a um oftalmologista que constatou boa acuidade
das professoras foi planejado de forma a levá-Ias a atingir os seguin-
visual, a uma testagem audiométrica cujos resultados se mostraram infrutíferos e a
uma eletrococleografia que constatou audição normal. C3 foi encaminhada para um
Avaliar o repertório da criança, com base no Guia Portage de Educação Pré-
exame oftalmológico que indicou estrabismo no olho esquerdo. C4 também participou
(Bluma ·et aI., 1976); versão traduzida internamente do inglês e/ou espanhol,
de um exame oftalmológico que constatou diminuição da acuidade visual. Finalmente,
ligeiras modificações). Para isso cada professora recebeu um manual contendo
C6 teve duas testagens audiométricas que confirmaram perda auditiva severa bilate-
do inventário com as definições operacionais para todos os
ral. Em seguida, ela foi encaminhada a um otorrinolaringologista que prescreveu pró-
inrtamentos a serem observados, descrevendo o procedimento de coleta e re-
tese para amplificação sonora. A criança começou autilizar a prótese somente no últi-
dados e descrevendo como tratar tais dados, semelhante ao que será
mo mês do estudo, em decorrência do intervalo de tempo envolvido nas idas a São
. no capítulo "Operacionalização do Inventário Portage" a seguir.
Paulo para testagem audiométrica, exame médico e compra do aparelho. Cabe desta-
Avaliar o repertório da mediadora, com base no Inventário Comportamental
car que as tentativas de ter um diagnóstico médico da criança e encaminhá-Ia a dife-
(Boyd et aI., 1977; versão traduzida internamente do inglês).
rentes especialistas conforme suas necessidades faziam parte de uma estratégia para
Analisar os dados coletados de forma a propor prioridades para o treino. A
dar amplo apoio à família, atendendo suas necessidades. Ainda dentro desta perspec-
de dados era feita com base tanto nos dados coletados pela professora
tiva de oferecer apoio à família, elas foram acompanhadas em todas as visitas aos es-
nas expectativas da mediadora bem como possíveis sugestões de outros
pecialistas pela assistente do projeto como forma de garantir entendimento das expli-
sionais que tivessem contato com a criança. Para levantar as expectativas da
cações dadas pelos médicos e posteriores tratamentos.
a professora realizou uma entrevista em que foram levantadas priorida-
Ouanto aos atendimentos fornecidos por outros profissionais da área, Cl rece-
treino sob a ótica da família. Ver na página 31 um exemplar do questionário
bia tratamento ambulatorial de fisioterapia (duas vezes por semana) e de terapia
í!!lhante ao questionário usado pela professora para coletar tais dados.
ocupacional (uma vez por semana) em uma clínica vinc'ulada à Universidade Federal
disso, a professora recebeu a orientação de realizar entrevistas com to-
de São Carlos. C2 não recebia outro atendimento, sendo que após cinco meses de
profissionais que lidavam com a criança. Tais entrevistas não tinham um ro-
participação no projeto a criança foi encaminhada à APAE, onde passou a freqüen-
pré-fixado, mas constituíam basicamente em perguntar ao profissional qual o
tar a pré-escola durante o período da manhã. C3 tampouco recebia outros atendi-
r8tamento que estava sendo dado à criança, pedindo dados sobre seu desempenho.
mentos e no decorrer do estudo foi encaminhada à fisioterapia (entretanto, a famí-
a professora descrevia o trabalho a ser realizado com a família pedin-
lia interrompeu o tratamento alegando motivos diversos: distância, problemas de
1';sugestões de comportamentos que deveriam ser trabalhados na criança. Tendo
transportes e insatisfação com atendimento recebido). C4 recebia atendimento de
as entrevistas necessárias, a professora recebia um roteiro a ser preen-
terapia ocupacional (três vezes por semana) e foi encaminhada à APAE após cinco
de forma a sistematizar todos os dados coletados, estabelecendo as priorida-
meses do estudo; tal como C2. C5 recebia atendimento de fisioterapia e terapia ocu-
de treino. Na página 45, encontra-se um exemplar de tal questionário.
pacional (duas vezes por semana) e de fonoaudiologia (uma vez por semana). Final-
Além de levar em conta os dados selecionados, a análise para o estabeleci-
mento de prioridades apoiava-se tanto na probabilidade de que um dado comporta- QUESTIONÁRIO PRELIMINAR
mento apresentasse mudanças rápidas, quanto na medida em que o referido com-
portamento (ou a classe de respostas a que pertencia) favorecia o aparecimento de _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Sexo:
outras habilidades mais complexas. Cor: ----
_ _ _ _ _ Natural de: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
D) Fazer um plano de intervenção com base na análise realizada, estabelecen- _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ fone: _ _ _ _ _ __
do metas para serem atingidas a longo, médio e curto prazo, tanto para o compor- ,__.,..--_ _ _ _ _ Cidade: Estado:
tamento da mediadora quanto para o da criança.
E) Elaborar instruções escritas a serem dadas semanalmente à mediadora. Pa-
ra tanto a professora poderia obter sugestões de procedimento no Guia Portage de e: Cor: _ _ _ _ __
I,de nascimento: -1-1_'_ Natural de: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
Educação Pré-Escolar. (Essas instruções serão detalhadas mais adiante), Veja na
instrução: Profissão: _ _ _ _ _ _ _ _ __
página 49 um exemplo de folha de instruções utilizada para treino da criança, sendo
que ela é semelhante à folha sugerida pelo sistema Portage_ _ _ _ _ _ Estado civil: Religião: _______
Há um exemplo de fOlha-de-registro a ser preenchida pelo mediador na página
51. A estratégia de ter a assinatura da professora e mediadora na parte inferior da
folha foi incorporada como uma tentativa de formalização (semelhante a um "con- "".. Cor: _______
trato comportamental") para evitar ocorrências de extravios de folhas de instrução. !l,âtlé,nascimento: -1-1_ Natural de: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
de instrução: Profissão: __________
F) Coletar semanalmente dados de linha-de-base comportamentos a se-
rem ensinados. "', Estado civil: Religião: _______
G) Demonstrar à mediadora como ensinar os comportamentos selecionados
para treino.
Tal demonstração incluía: " Cor: _ _ _ _ __
1) Explicação oral das instruções previamente elaboradas; dfnascimento:-1--.1._ Natural de: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
instrução: _ _-,-_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
2) Fornecimento de modelo à mediadora; em que a professora demonstrava o
parentesco com a criança: ____________________
procedimento a ser utilizado com a criança;
3) Supervisão do treino executado pela mediadora, dando "feedback" para as
correções e incorporações do procedimento adotado.
H) Coletar dados de pós Iinha-de-base, transcorrida uma semana de treino. "U,.'_"_'_ Nome: Idade:
i) Sistematizar os dados coleta dos em gráficos ou tabelas (veja na página 57 Nome: Idade:
um exemplar de tabela utilizada pela professora para sistematizar os dados coleta- Nome: Idade: _ __
que vivem na mesma casa: __--'-_____________
dos, acompanhando sistematicamente os progressos da criança). que trabalham: _ _ _ _-,.._ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _'--_
J) Analisar, semanalmente, os dados coletados de forma a:
que estudam: Escola Pública (
1) Prescrever novos treinos, quando fossem atingidos objetivos conforme cri- Particular (
térios previamente especificados.
2) Reformular procedimentos em caso do não atingi menta do objetivo após
uma semana de treino.
contribui para a renda familiar: __________________
3) Interromper o treino após duas semanas consecutivas sem melhora de de-
sempenho, tendo já sido feitas as mudanças de procedimento necessárias e consul.
ta à coordenação do projeto. ) alugada ) cedida
K) Avaliar os resultados globais do programa tendo em vista: ) alugado ) cedido
1) Seu próprio desempenho enquanto professora. ) alugado ) cedido
2) Desempenho da mediadora.
( ) madeira ( ) chão batido ) piso revestido
3) Desempenho da criança.
L) Planejar maneiras de garantir a manutenção, ao longo do tempo, das mu· ) concreto ) zinco ) tábua
danças apresentadas, após o término do programa. de dependências:
Otreinamento dado às professoras de forma a que atingissem os objetivos aci' ( ) sala ) cozinha ) banheiro
ma foi dividido em duas partes: treinamento inicial (caracterizado pelo início da atua· lencanada ( ) poço
'llulTlinação: ( ) elétrica ( ) outro: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
ção da professora no projeto, até que estivesse apta a iniciar visitas domiciliares de
i';;'holrn' ( ) patente ( ) outro: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
treino à mediadora) e treinamento durante o desenrolar do projeto, ou supervisão.
( ) dentro ( ) fora da casa
de conservação da casa:
1) Treinamento inicial ( ) boa ) regular )péssima
Otreinamento inicial teve aproximadamente um mês e meio de duração e en· IllIIzação do quintal:
volveu atividades teóricas e práticas. As atividades de tal treino foram desenvolvi' ( ) jardim ( ) lixo
das pela segunda autora (na época pós-graduanda do Programa de Pós-Graduação üi!Uidades domésticas:
( ) geladeira ( ) televisão ) vídeo
em Educação Especial da Universidade Federal de São Carlos, com um ano de expe' ) rádio
( ) liqüidificador ( ) chuveiro
riência de trabalho no "Projeto Famílias"), por meio de encontros de cerca de três de som () enceradeira ( ) automóvel ) freezer
horas de duração, três vezes por semana. de costura ( )forno de microondas ) microcomputador
As atividades teóricas foram realizadas em uma das salas da UFSCar e envol'
veram as seguintes atividades:
a) Três aulas expositivas sobre o Sistema Portage, tendo cada uma cerca de na. mensal gasta com alimentação: _________________
mais consumido:-,...____________________
duas horas de duração, ministradas pela assistente do projeto.
b) Leitura e discussão de textos sobre os seguintes tópicos: aplicações da Aná-
lise do Comportamento à educação de crianças excepcionais (Bijou, 19B6; Bijou, foi planejada? Houve acompanhamento pré-natal? ______
1975), informações sobre o Sistema Portage, problemas associados ao uso de inven' descrição do parto: (local, complicações, nasceu de termo, peso, amamentou) _ _ __
tários comportamenlais (May e Schortinghuis, 1980), manuais de instrução (Bluma
et ai., 1978; Boyd e Bluma, 1977; Boyd et aI., 1977), manual de higiene e nutrição (Ri'
famma faz quando a criança fica doente: ______________
boty, 1979), elaboração de objetivos com porta mentais precisos (Weber e Frohman,
1975); informações sobre a criança paralítica cerebral (Finnie, 1980) e deficiente au- membros na famnia portadores de deficiência? _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
ditiva (Lowe, 1982; Costa e Freire, 1981). qualotlpo? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
c) Palestras realizadas por profissionais especialistas sobre temas sugeridos ença persiste aonde leva:
pelas prOfessoras (distúrbios da linguagem, deficiência auditiva, condicionamento médico particular ( ) convênio. Dual?: _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
clássico e operante), com cerca de duas horas de duração cada. posto de saúde ( ) farmácia () outros: _ _ _ _ _ _ __
médicos leva: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
As atividades práticas envolveram:
a) Observação e análise dos dados de pelo menos duas crianças "normais" em a criança recebe atualmente:
seu ambiente natural, com base no Inventário Portage Operacionalizado. Aassisten- .JC-;."--'----------- Dosagem: horário: ____
te do projeto atuava como co-observadora, de forma a poder avaliar os índices de Dosagem: horário: _ _ __
:.: Dosagem: horário: ____
fidedignidade das professoras. Além disso, foram providenciadas para a professora
. Dosagem: horário: ____
B algumas sessões de observação de crianças especiais, em uma creche, por solici-
tação da própria professora, já que ela nunca havia entrado em contato com crian-
ças especiais.
b) Observação de pelo menos uma sessão de treino domiciliar, conduzida por trabalham fora do lar: pai: mãe: filhos: ____
uma. professora experiente do "Projeto Famílias", sendo tal professora aluna do costuma fazer em dias de folga: _______________
,
Programa de Pós-Graduação em Educação Especial. Nessa ocasião, a professora ob-
da famma estão presentes? _______________
servava todo o procedimento de treino, registrava dúvidas e, posteriormente, as es-
clarecia com a assistente do projeto.
em relação a descanso, diversão, tempo para você ou tempo para você
juntos? ______________________
2) Supervisão
Tão logo a professora iniciou o treino com as respectivas famílias passou are· rttinidades de ir a festas, reuniões, passeios ou de estar com amigos? ______
ceber orientação da coordenação do projeto' do seguinte modo:
Reuniões semanais com assistente: essas reuniões tinham três horas de dura-
pertencem a criança e famma (ex.: Associação de Bairro, Movimento Negro, etc.):
ção, sendo cada hora dedicada às seguintes atividades: a) esclarecimento de dúvi·
das sobre planejamento de futuros treinos; b) organização e sistematização de da'
dos coleta dos; c) aprofundamento de temas em que as professoras estivessem
apresentando dificuldades, por meio de leituras de textos, discussões e exercícios ''':.. ., ...... da criança
escritos. Os exercícios da página 59 e seguintes são exemplos de exercícios seme' treinamento:
Ihantes aos que foram usados. da criança: ____________________
Reuniões semanais com toda a equipe: essas reuniões duravam cerca de duas pontos forles da criança: ________-,...________
horas e delas participavam as professoras e a coordenação do projeto. Além disso,
uma fonoaudióloga (aluna do Programa de Pós-Graduação em Educação Especial,
com experiência prévia de treinamento de pais no "Projeto Famílias") era ocasio'
nalmente convidada a participar dessa reunião, para esclarecimentos específicos às percebeu que a criança tinha problemas: ____________
professoras. Oobjetivo da reunião geral era duplo: 1) as professoras relatavam as
tinha a criança: ___"-_________________
experiências de treino da semana e o grupo discutia os prOblemas enfrentados, pro-
foram feitas ao se identificar o problema: _____________
pondo soluções; 2) a coordenação dava "feedback" sobre a atuação das professo'
ras tanto em termos de sua elaboração de instruções à família de forma adequada, famfiia responde aos outros (vizinhos, etc.) a respeito do problema da criança:
quanto em termos de atuação das mesmas durante treinos domiciliares.
,- '......." encara oprOblema da crlança: _____"-_________
'A coordenação do projeto era composta tanto pela assistente quanlo pela autora domesmo. sendo que
doravante a primeira aulora será referida pela coordenadora. tem ajudado a famma a enfrentar estas dificuldades (técnicas de enfrentamento):
b) SUPERVISÃO DA PROGRAMAÇÃO DE TREINOS DAS PROFESSORAS a famOia pode contar como apoio emocional quando as coisas não vão bem:
." •• _de de
Figura 1. Fluxograma descrevendo o procedimento do treino domiciliar
Instruções (P)
, sponibilidade de tempo do 'mediador em relação à criança: __________
(PI (PM) (PM)
o treino
2 semanas
atividades Que o mediador desenvolve com a criança:
lÍoressão sobre modo do mediador cuidar da criança em termos de higiene e aspecto físico:
tprnentários sobre o ambiente físico da famnia. (Casa arejada ou não, espaçosa, iluminação
local de recreação, condições Ideais de treino etc.):
dente para cada passo do treinamento. De acordo com Horner e Baer (1978), a téc- 01./ ", ó/
nica de sondagens intermitentes é uma alternativa a medidas contínuas de linha- ti veze.s cothSlIc.esso 2 3 4 5 6 7
dias da semana
de-base quando tais medidas se mostrarem reativas, não se mostrarem práticas ou,
Infantil nO: . . :;:13__
ainda, quando existir um forte pressuposto" a prior!" de estabilidade. No caso do
presente estudo, optou-se por tal delineamento, uma vez que, dado o grande núme- I..sentar Pa"Unho no beb/!,conforto na sala.
ro de comportamentos treinados por criança, não seria prática a obtenção de medi-
das contínuas de linha-de-base. Além disso, os dados relativos à literatura do de-
senvolvimento de crianças excepcionais e as características das crianças-sujeito do
estudo permitiram o estabelecimento do pressuposto" aprior!" de que a maioria de
tais comportamentos não seria alterada com a simples passagem do tempo.
Sendo assim, foram realizadas cinco sondagens ou avaliações diferentes para
os comportamentos treinados em cada criança ao longo do estudo, em intervalos
de cerca de quatro meses cada uma. Tais sondagens serão detalhadas mais adiante
na descrição dos instrumentos de medida utilizados para avaliar o desempenho da
criança. Além das sondagens, a professora realizava observações de linha-de-base, do professor: Assinatura da famma:
imediatamente antes da introdução de cada treino para todos os comportamentos. JClcintCl
Na semana subseqüente ao treino, a professora realizava observações de pós-linha-
de-base para os comportamentos treinados e fazia observações de linha-de-base
para os novos comportamentos. Supõe-se que, se o procedimento utilizado fosse
eficaz, apenas os comportamentos selecionados para treino sofreriam mudanças.
Não houve um delineamento experimental específico para os comportamentos
das mediadoras. Inicialmente, havia sido planejado um delineamento de linha-de-.
base múltipla entre comportamentos em que cada comportamento selecionado pa-
E) Instrumentos de medida
a) DESEMPENHO DA CRIANÇA
foi observado pela professora, em três diferentes momentos do estudo: início, reforçadores tomestfveis e utilizá·los para trabalhar com a criança.
meio e fim.' respostas do mediador que dão "dicas" no sentido de que ele não está entendendo o pro-
A ausência de operacionalização introduziu grande variabilidade nos dados, de apenas materiais de treino "artificiais", ou seja, trazidos de fora.
modo que não foram realizadas observações independentes para se avaliar a fide· Prossl1guír trabalhando com a criança até que esta se torne muito cansada.
dignidade das observações. Desse modo, o Inventário de Pais foi útil apenas como Prescrever objetivos muito fáceis à criança.
ponto-de-partida para seleção de comportamentos da mediadora que deveriam ser discutir os assuntos com os mediadores em profundidade, subestimando-os.
instalados ou aperfeiçoados. 2: Táticas de Manutenção e Generalização das Habilidades Treinadas'
No decorrer do treino, o desempenho da mediadora foi observado como segue. táticas abaixo: Oque você entende por elas? Ouais você já empregou ou poderia empre-
Com base em uma análise prévia, a professora selecionava (muitas vezes com ajuda futuro?
da própria mediadora) comportamentos da mediadora para treino. Tais comporta· exemplos.
o local e as circunstâncias do treino.
mentos eram subseqüentemente definidos, sendo-lhes atribuído um critério final de mediador a ensinar outras pessoas (marido, parentes elc.), invertendo o papel de media-
desempenho. A professora observava a ocorrência ou não de tais comportamentos .. o de professor.
em cada tentativa, registrando o desempenho da mediadora. Em algumas ocasiões, outros membros da famnia como mediadores.
o comportamento da criança era simultaneamente registrado; por exemplo, com- Reforcar respostas de generalização e manutenção.
criar uma comunidade de reforçadores naturais.
portamento da mediadora: "elogiar a criança a cada tentativa de treino", e compor-
o mediador a dar "dicas" para seu próprio comportamento.
tamento da criança: "emitir respostas corretas a cada tentativa de treino". Ftnsmar a auto-observação.
gradualmente o grau de estruturação do treino para o mediador: mudar seu papel de pro-
2) Registro diário do desempenho da criança !Msor.para o de assessor.
gradualmente visitas.
Odesempenho da mediadora, como observadora, também podia ser avaliado,
as próximas visitas de assessoria contingentes à: I) descrição do problema em termos
fazendo-se uma análise do registro executado nas sessões diárias de treino da me- §nlpOrtamentais; 2) registrar dados de linha-de· base; 3) ter alguma noção de eventos anteceden-
diadora com a criança. Assim, esses registros foram posteriormente comparados
com os dados coletados semanalmente pela professora, para ver se apresentavam
3: Perguntas face ao fracasso de um treino"
a mesma tendência.
Tais atividades de registro variaram de acordo com a habilidade a ser treina- e responda a questão abaixo:
dados mostrarem que a criança está progredindo, você sorri e continua com o treino: se
da, número de tentativas previstas para treino, critérios e definições de respostas
'Embora tenha sido lraduzido para o português, este Inventário não foi operacionalizado tal como o da criança, R.D., Stauber. K.A. e Bruma, S. (19n) portaMiílrent lnstruc!or's Manual. Porlage. Wisconsin: Cooperative
ainda Que se reconheça Que esta teria sido urna medida útil. Servi" Agency 12. Ip_ 27-29).
(J9n) Pradical implications of an interadional model of chiJd development. 1971, 44. 6-14,
1) Desempenho semanal quanto à elaboração de instruções para a mediadora acordo com o raciocínio de Bijou, procure levantar o maior número possível de questões
A professora redigia uma folha-de-instruções para cada comportamento a ser Irem/eitas ante o fracasso de uma determinada programação. Lembre-se de que a sua situação
ensinado pela mediadora, contendo explicações o que e como ensinar. Foi ela- é muito mais complexa, poiS você não trabalha diretamente com a criança, mas sim com
borado um instrumento para avaliar tais instruções, contendo 25 itens para exami-
nar como eram seus objetivos, procedimentos e aspectos gerais.
Em relação ao objetivo contido em cada instrução, procurava-se avaliar se sua
escolha era relevante, se era adequado ao repertório da criança e se sua redação
estava adequada. Quanto ao último item, tentava-se verificar se a redação do obje-
tivo identificava adequadamente o sujeito da ação, se especificava um comporta-
mento observável. se identificava as condições e o critério de desempenho e, final-
mente, se evitava apresentar palavras desnecessárias.
Quanto à descrição do procedimento de instrução, procurava-se avaliar se ha-
viam sido identificados tanto o local do treino quanto o material a ser utilizado e a
.I
6Q Inventário Portage Operacionalizado
Portage Operacionalizado 61
INSTRUÇÕES PAIU DOMICILIARES'
contingências, tanto para os acertos da criança (selecionando reforçadores apropri-
ados e variados) quanto para os erros (tendo que para isso verificar se haviam sido instruções" (modelo de folha de instrução em anexo)
selecionados técnica de ensino apropriada, grau de ajuda física bem como proposta
de evanecimento adequados). Finalmente, quanto ao registro, verificava-se se havia do treino: descreve o desempenho que se está ensinando ao aluno. Deve estar descrito
de comportamento observável, expressar a resposta de quem aprende, as condições ole-
sido proposta uma forma adequada e simples e se os dados coletados, tanto pela pro-
critério de aprendizagem. Uma forma de escrever objetivos é: QUEM? FARÁ OQUE? EM
fessora quanto pela mediadora, haviam sido sistematizados em gráficos. (Esses dois PCONDlÇÕES? COM QUE GRAU DE ACERTO?
últimos itens só poderiam ser observados após a visita domiciliar).
Com relação aos aspectos gerais da instrução, era observado se: apresentava ÊM:'nome da criança que realizará a atividade.
informações suficientes e coerentes para o treino, evitava informações desneces- assinala a resposta oli o desempenho que se espera que a criança faça. Tais respostas
sariamente longas, apresentava vocabulário adequado ao nível instrucional da me- são ações, como por exemplo: correr, saltar, dizer, mostrar, nomear, recortar etc.
o uso de termos imprecisos e vagos, por exemplo, aprender, saber, cooperar e outros.
diadora, apresentava linguagem informal e não "fria" ou distante e se sua apresen-
á enfiar uma conta em um cordão ...
tação geral era adequada e completa. A partir da página 95 encontra-se um exem- "ôlJE'CONDIÇÕES: indica o tipo e a quantidade de ajuda ou as circunstâncias sob as quais a crian-
plar do roteiro de avaliação das instruções, definições operacionais de cada um dos a resposta. Trata-se de instruções ou ajuda que o adulto dará à criança para que esta rea-
itens contidos no instrumento bem como modelo fictício de instrução "bem elabo- "âatividade. Exemplos de condições para se realizar uma tarefa pode ser: imitando o adulto, sem
rada" fornecido às professoras. com ajuda f(sica parcial etc. Aqui devem se especificar as condições nas quais
A cada item do instrumento, poderiam ser atribuídoS,três valores: zero (para realizará o desempenho ao final do períOdO de ensino. Estas condições não devem ser con-
a ajuda dada durante o treino, ou seja, com o procedimento de correção.
quando determinado item se encontrava ausente), 1,0 (quando se encontrava pre-
enfiar uma conta em um cordão sem ajuda ...
sente mas de forma inadequada) e 2,0 (para itens adequadOS presentes). Ouando, . .. GRAU DE ACERTO: descreve o número de vezes que a criança deve realizar o desempenho
por qualquer razão, um determinado item não dizia respeito a uma dada instrução, 'étamente ou o tempo que deve permanecer na tarefa. Dito de outra forma, trata-se de assegu-
era assinalada a categoria N.A. (não se aplica). Portanto, o máximo de pontos que com que a criança deve realizar a tarefa para alcançar o critério. Ao estabelecer o crité-
a professora poderia obter neste instrumento era igual a 50. Avaliações das instru- ".é.lmportante usar de bom senso. Por exemplo, critério para aprendizagem de atravessar a rua é
ções escritas da professora foram feitas no decorrer de todo o estudo, pela assis- do critério de contar itens. Deve-se assegurar, via critério, que o aluno aprendeu o desem-
um critério de 50% de acerto em uma atividade pode não garantir aprendizagem. Há uma
tente do projeto (segunda autora). Uma amostra das instruções elaboradas (uma
o entre o estabelecimento de condições e de critérios: é melhor colocar maior ajuda nas con-
para cada mediadora por fase de estudo) foi reavaliada pela coordenadora do estu- .. ter critérios mais rígidos.
do para fins de análise de concordância inter-observadores, sendo o índice médio deverá enfiar uma conta em um cordão sem ajUda acertando 3 de 4 tentativas.
igual a 94,6% (variando de 89,7% a 100%). '
DE OBJETIVOS CLARAMENTE DEFINIDOS:
Z) Observação do desempenho da professora ao realizar treinos domiciliares deverá apontar o objeto vermelho ou o azul, quando lhe for solicitado, acertando 5 de 5 ten-
- Observação da utilização da seqüência de passos do procedimento de trei- para cada cor,
deverá beber de uma xícara sem engasgar ou projetar a língua, /O vezes em 10 tentativas,
no domiciliar
um adulto estiver segurando a xfcara.
Ouando a professora começou a apresentar um desempenho estável quanto à
elaboração de instruções, a coordenação do projeto passou a realizar observações
ol.hn'ado por Ana Lúcia Rossito Aiello para uso interno da disciplina: 'Treinamento domiciliar de familiares
de seu desempenho durante as visitas domiciliares a cada família (isto ocorreu por especiais" do curso de graduação em Psicologia da UFSCar. junho de 1996.
volta do quarto mês de trabalho). Cada observação durava cerca de uma hora, ou elaboradas tendo como base o texto "Como planear las metas dei programa de .studios" de Bluma,
seja, a duração de uma visita de treino. As famílias foram avisadas que o observa- "",>"earer, M.S.; Frohman. A.H, & Hilliard. J.M. (1976) Guia Portaoe de Educación Preescolar: manual. V/iscosin:
opera tive Educational Service Agency 12, p. 31·50.
, 64
. Inventário Portage Operacionalizado Portage Operacionalizado 65
-Observação do desempenho descrição
Durante as sessões de observação nas casas das fammas, notou-se que as pro- !serárealizado o desempenho,'oÍl1aiériill aser utilizado, a posição emque a criança esta"
fessoras ocasionalmente davam instruções orais às mediadoras, sendo que certos ,rucões que a mãe dará e o que ela (mãe) deverá fazer se a criança realizar o desempenho
aspectos importantes da programação estavam sendo omitidos_ Em função disso, positivo) e o que ela deverá fazer se a criança errar ou se recusar a fazer o desem-
procedimento de correção normalmente envolvendo níveis de ajuda). Neste tópico deverá es-
procurou-se estabelecer um sistema de observação do desempenho da professora
a. forma de registro das respostas corretas e incorretas.
ao transmitir instruções orais às mediadoras. Elaborou-se, para tal fim, uma folha- re.propor instruções simples que sejam lembretes de como agir.
de-registro (ver página 117), na qual a assistente ou a coordenadora do projeto ano- .. devem refletir um ensino positivo e, portanto, evitar o uso de "não" e procedimentos
tava à medida em que a professora dava instruções orais, se um determinado item
da programação havia ou não sido verbalizado pela professora (por exemplo, se a i'ôdirllmento de correção para a resposta errada deve-se ajudar a criança a encontrar a respos-
professora fez ou não referência a qual seria o critério de aprendizagem envolvido). fornecê-Ia de imediato após o erro.
Afolha de registro em questão envolvia 14 diferentes itens relativos à apresen- recomendações: deve-se reforçar ou corrigir logo após a emissão da resposta da crian-
dar tempo suficiente para que a criança responda (um procedimento para isto
tação das instruções envolvendo: a) se a professora se utilizou ou não da instrução . . voz baixa até o número de segundos desejados. Por exemplo, se o tempo de espera pela
escrita ao dar instruções orais; b) se ao descrever o objetivo do treino a professo- ·'rde 10 segundos pode-se contar 1000. 2000, 3000, 4000... 10000. Esta contagem se
ra fazia menção ao comportamento com respectivas condições e critérios de de- de 10 segundos).
sempenho, bem como se relacionava o desempenho da criança em linha-de-base
com o critério final esperado; c) se ao descrever o procedimento identificava local,
material, freqüência de sessões, contingências para acertos e erros e forma de re-
criticou intervenções comportamentais com famílias de crianças com deficiências,
gistro; e d) quanto a aspectos gerais, se o vocabulário apresentado era adequado à
"'.'. "WW tais métodos podem ser insensíveis à quantidade de estresse colocado na famOia ou
mediadora, se foram apresentadas informações suficientes para o treino e, final- .. Em outras palavras, pode-se estar impondo mais tarefas a pais já sobrecarregados com os
mente, se a professora havia se certificado de que a mediadora entendera as ins- do dia a dia, quando se solicita a eles que realizem treinos de habilidades com seus filhos
truções. Tais itens não precisaram ser operacionalizados, uma vez que eram bastan- Entretanto, o terapeuta deve ter bom senso sobre as eXigências que faz junto aos pais,
te semelhantes aos apresentados no instrumento relativo à elaboração de instru- de estresse este ou aquele tipo de envolvimento dos pais acarretará a eles e per-
ções escritas. Como nos instrumentos anteriormente usados com as professoras, "I"'
.4"" escolham o Quanto e de que forma desejam participar da intervenção. Convém lem-
eram atribuídos a tais itens zero, 1.0 ou 2.0 pontos, referentes respectivamente ao que, independente da severidade da deficiência, esta será para toda a vida da criança
pais sejam capazes de produzir formas adequadas de manejo, nenhuma intervenção
fato de a professora não ter feito menção ao item, tê-lo feito de modo inadequado
ou adequado. Sendo assim, o total máximo de pontos que a professora poderia ob- (1987)' realizaram um estudo com pais de crianças com deficiências para avaliar
ter, caso todos os itens fossem mencionados adequadamente, era igual a 28 pontos. pércepções sobre o treinamento domiciliar. Muitos pais apresentaram opiniões favoráveis ao
Um episódio de observação era constituído por aquela etapa do treino domici- de treino domiciliar, mas apontaram que apenas o treino não era suficiente; o treino de-
liar, em que a professora relatava oralmente à mediadora que comportamento seria de ajudas práticas efetivas no sentidode avaliar os problemas. Os pais rela-
instalado na criança e por meio de qual procedimento, sendo que cada episódio de as visitas dos psicólogos eram bem vindas e não as sentiram como invasivas. Os resul-
muitos pais podem avaliar os programas de intervenção domiciliar como intrusivos e
observação era equivalente a uma instrução escrita para um determinado compor-
termos de tarefas parece estar relacionado com alguns cuidados Que se deve consi-
tamento, tendo sido tal instrução previamente elaborada pela professora. emoreoar estes tipos de treinamento. Para estes pais o treino domiciliar foi menos intru-
Com base neste procedimento, foram observados 28 episódios de instruções
orais da Professora A (PA), sendo 12 episódios para M2 (também em três semanas
diferentes) e cinco episódios para M6 (em duas sessões distintas). Em relação à Pro· (1979) Pallerns of parlnership belween parenls and professionals. Teaching and-.Im[!lÍ[!Q. 17, 111-116.
fessora B (PB), foram observados oito episódios, sendo três a M3 (em apenas uma &Rutter, M. (1987). Parenls' view on lhe Irealmenl programme, Em Trealmenl of autistic cj1i1dren. Capo
.. Toronlo: Jofln Wiley &Sons.
F) Resultados e Discussão
ia aliança inicial com a famma. Freqüentemente a informaçãoobtida na famma difere qualitativa-
da informação obtida na escola ou na c/fnica. Por exemplo, a famma rela/a problemas mais
e mais conflitos do 'que o observador pode de fato avaliar. Por outro lado, freqüentemen-
a) BENEFíCIOS DO PROJETO PARA AS CRIANÇAS desenvolve alguns métodos eficazes de trabalho com a criança que podem ser aprendi-
observadores. A visita domiciliar também é um momento para se determinar que proble-
1) Comportamentos ensinados às crianças :particulares a famma apresenta e que não estão relacionados aos cuidados da criança. {impor-
comparações entre comportamentos da criança em casa e na escola. Parece ser mais
Ilustraremos os dados do treino com as crianças na Tabela 2, na página 72.
a ajuda dos familiares nos programas da criança e demonstrar gradualmente quan-
Para dinamizar a leitura, mostraremos apenas os dados de uma criança como exem- irnnfrole eles possuem sobre os comportamentos da criança. Ouando for possível discutir dife-
plo. Informações completas e detalhadas sobre o desempenho de todas as crianças entre o comportamento da criança em casa e na escola, é útil focalizar nas habilidades ób·
podem ser encontradas em Williams (1983). Lê-se a Tabela 2 da seguinte maneira: da criança para discriminar as contingências que ocorrem em cada ambiente e a flexibilidade
o código existente na coluna referente a comportamentos diz respeito à identifica- repertório comportamental.
ção destes pelo Inventário Portage Operacionalizado. Sendo assim, como pOde ser observar interações da criança com os pais e os irmãos na casa, é útil colocar alguma es/ru-
visto na Tabela 2, EI-20 significa o 20 0 comportamento listado em estimulação in- os familiares. A estrutura ambiental será útil em reduzir interferência de eventos incom-
tais como TV, telefone, refeições, visitas e assegurar que se obtenha uma amostra confiá-
fantil, e2, o segundo comportamento da área de cognição, DM1, o primeiro compor-
da interação. {muito comum a {amma representar ou apresentar os melhores comportamentos
tamento de desenvolvimento motor, e assim por diante. Quando um determinado _. demonstrar os processos t(picos de interação. A estrutura mais freqüente é limitar a famí-
comportamento não for seguido por um código numerado, significa que não foi reti- dois cômodos, restringir interferências de eventos competitivos, manter a criança sob super-
rado do Inventário Portage Operacionalizado. Nesses casos, procurou-se identificar (e não no seu quarto) e ter questões especfficas à mão para que a famfiia responda individual-
'74
Inventário Portage
Portage Operacionalizado 75
belecido de uma semana, já que as curvas caminharam paralelamente e muito pró-
ximas. Em contrapartida, C3 e C4 tiveram um desempenho bastante irregular (em
algumas semanas mais acelerado, em outras menos), mas no total, abaixo de 100% Que se dá a uma enfermidade, mais freqüente em crianças e caracterizando'se por
e líquidas com maior freqüência que o normal.
de comportamentos adquiridos entre os prescritos. Nota-se que a Professora Ateve
causadores: geralmente tem duas causas:
uma certa dificuldade em prescrever treinos viáveis de aquisição em uma semana, de higiene, alimentos estragados e mal preparados e água contaminada.
haja vista o desempenho de el e ez em termos de objetivos prescritos que foram itinicróbios, parasitas intestinais e vírus.
aprendidos em uma semana (curva pontilhada). Nota-se, em relação a el, que a A criança tem uma perda de suas atividades normais, perda de apetite, olheira, perda
Professora A, nas primeiras semanas do programa, quase não conseguiu ensinar a com rapidez, a respiração e batidas do coração são mais rápidas, urina com menos freqüên'
mediadora a obter sucesso dentro do prazo de uma semana; contudo, a partir da o faz é em pouca quantidade, podendo apresentar febre e vômito.
zoa semana, este prazo começou a ser atingido. A dificuldade enfrentada pela pro- Fonte. de infecção: falta de higiene no preparo de alimentos, lixos amontoados, pois o seu acú'
moscas, ratos, fezes que são eliminadas ao ar livre atraem as moscas que se encarregam
fessora, muito possivelmente, dizia respeito a problemas intrínsecos ao repertório
distribuir os micróbios por onde passam (alimentos, vasilhas e roupas).
de uma criança com atraso motor profundo (tal como el), uma vez que, com C6, a mamadeiras, tomar cuidado no seu preparo, pois elas devem ser bem lavadas e fervidas;
professora apresentou facilidade em prescrever treinos na medida cerla. \.ichupetas devem ser lavadas antes de dar para a criança;
as mãos antes de preparar os alimentos;
a água.
,Complicações que afetam a criança:
<rri.nca perde água e sais minerais.
de peso brusco.
'. Ressecamento da pele e da boca.
sendo tratada, a diarréia pode levar a uma desidratação e conseqüentemente até à morte.
Riboly, S.R. (1979) Manual de Alimentación . nutrición e higiene para el proyeclo "Validación dei Modelo
';""'.". Cooperative Educational Service Agency 12, Portage, Wisconsin.
ML (1980) Infecdosas. ApostHa para ocurso de Auxliar de Enfermagem! Santa Casa, São Carlos.
:76 Inventário Portage {mvéntáfio Portage Operacionalizado 7'r
--'. .
0--------0 comportamentos prescritos aprendidos em uma semana
as moscas em sua casa.
Professora A Professora B acumulem lixo em casa.
13001 Cl criar animais domésticos em sua casa.
IC2 água antes de tomá'la e guarde-a em local com tampa.
1100 durma com seus filhos e não permita que estejam em sua cama.
900 i
700 -1
• -- .o-O
,O
,a
,o
,o
tomem água diretamente com as mãos, usem xícaras ou copos limpos.
['prôteja os alimentos das moscas.
'r[avem com sabão seus utensílios.de cozinha e guarde-os em locais fechados.
500 -1 .- ,aO
D
,0
íJ
D
,a suas mãos com água e sabão antes de tomar e de preparar seus alimentos e de seus filhos.
seu bebê estiver com diarréia persistente, dê soro caseiro e leve ao Posto de Saúde para
:g 300 !;o_ u!édico o examine.
::= d O·á
'O
<=
-OD ,o-O'
100
1300 C3 C4 YAtoqueluche ou tosse comprida é uma enfermidade aguda, contagiosa e epidêmica que ataca a
o
e os brônquios e se caracteriza por uma tosse especial.
1100
E '2'Agentes causadores:
15"'
Co
900 .... Ocontágio é geralmente direto e se faz especialmente por meio de partículas da secreção que
E ';JÍrojetam com a tosse. Às vezes pode ser por modo indireto por meio de roupas, brinquedos e
B 700 infectados.
'"
'O
enfermidade é muito contagiosa no período catarral do infcio (1 ou 2 semanas). quando fal'
.g: 500
"'
:;
- O os acessos característicos da tosse e permitem o diagnóstico clínico. Nas semanas seguin-
0.0-
§ 300 IS·(3 •• 4 a e 5a). o contágio segue de forma decrescente e deixa de ser perigoso na 6a semana.
u .0-00-0.0-
0. 0
!li"' 100 O Começa com um resfriádo, com ligeiro mal estar, febre moderada que pode não se apresentar.
'" 1300 C5 I C6 Coriza (nariz escorrendo).
'"
u
1100
bronquite.
'.Nas primeiras duas semanas é caracterizada por tosse irritante, tornando'se mais freqüente e
900 . noite.
.3 asemana aparece uma tosse especial, ou seja. que se caracteriza por uma série de breves
700 no infcio espaçada e depois sucessiva.
500 A criança procura apoio, seu rosto se congestiona, a língua se projeta entre as arcadas dentá-
as veias do pescoço se tornam salientes.
300 Logo sobrevém outra série de tosses e, depois de 4 a 6 séries semelhantes, se produz uma ins'
estridente, profunda, sibilante.
100 - Depois esse quadro volta a se repetir.
'-.-,
8 16 - No final do acesso, expulsam-se mucosas espessas.
24 32 40 48 56 8 16 24 32 40 48 56
Semanas do Programa - Oataque pode provocar vômitos.
- A criança escarra o que é característico.
Figura 2. Porcentagem acumulada de comportamentos prescritos para treino que foram aprendidos no
total e que foram aprendidos em apenas uma semana para as crianças I. 2 e 6 (Professora A) e 3. 4 e 5
Complicações:
(Professora 8) - Devido à tosse, pode aparecer hérnia, principalmente a umbelical.
• Hemorragias pelo nariz.
'tà Inventário Portage Operacion<ilizado. íiíiriUrin Portage Operacionalizado 79
_ _ ___ , (por-
centagem acumulada de objetivos prescritos aprendidos em uniasemana) é inicial-
mente superior à curva sólida (objetivos prescritos aprendidos). Isto significa que, - ao médico.
no início de sua participação no programa, C4 não estava aprendendo todos os com- 'Repóuso durante o per[odo febril.
portamentos prescritos. Entretanto, os comportamentos que estavam sendo apren- as famOias que entraram em contato com a criança enferma.
didos ocorriam todos em prazo de uma semana. Por exemplo, nas quatro primeiras a criança das outras crianças da casa.
a criança da escola e de lugares públicos.
semanas C4 aprendeu apenas 50,0% dos comportamentos prescritos; porém 100%
a casa bem arejada.
dos comportamentos aprendidos ocorreram dentro de uma semana. Na recuperação da criança, levá-Ia para tomar ar puro.
O desempenho de C4, que de início se mostrava constante, apresentou uma J,,"" sair com a criança em dias instáveis.
queda após a 36 asemana, quando a mediadora interrompeu temporariamente a rea. roupa adequada, sem excesso de agasalho.
lização dos treinos na 40 a semana, que voltaram a ocorrer na 56 a semana. A pouca acessos de tosse, colocar a mão à frente e a outra no abdômen, de tal maneira que a cabe-
disposição de M4 para realizar os treinos a partir da 36 a semana do estudo e a que' inclinada para frente e para baixo.
da subseqüente no desempenho da criança coincidem com o fato de M4 ter consta- "Alimentação deve ser fácil de digerir, evitando alimentos secos e ásperos que podem provocar tosse.
YCómidas em pequenas quantidades e várias vezes ao dia.
tado que estava grávida, sendo a gravidez indesejada. A partir de então, a não ocor-
Se vomitar, alimentar a criança novamente.
rência de treinos tornou-se freqüente, embora a mediadora admitisse que tais trei- :f'Medidas com as pessoas não afetadas:
nos eram importantes e verbalizasse querer continuar a participar do projeto. .. os não doentes, para evitar o contágiO e aplicar vacina de imediato.
A curva de aquisição de C3 sempre foi, desde o início, mais lenta do que a das ser aplicada 3 meses depois da enfermidade.
demais crianças. Por volta da 16ae zoa semanas, houve uma aceleração em seu de-
sempenho; mas, na Z4 a semana, a família interrompeu a participação no projeto
uma moléstia infecciosa, altamente contagiosa, caracterizada por manifestações catarrais,
pois mudou-se para uma outra cidade. Por volta da 2S a semana, tendo regressado
5, aparecendo erupção na pele e mucosas, que termina descamando.
a São Carlos, a família demonstrou desejo de continuar os treinos com C3. Nas se- ntes- causadores.
manas subseqüentes, o desempenho de C3 começou a melhorar. No entanto, na 36 a Jcausado por vírus. Tem um período de incubação que varia de 8 a 13 dias. Pode ocorrer seu con-
semana M3 interrompeu os trabalhos, o que ocorreu novamente na 44 a semana. por via direta (contato direto com pessoas infectadas ou pelo ar, graças às gotículas oriundas
Após a 4S a semana, a família decidiu interromper os treinos definitivamente. As in- i.,nirros e tosses) ou por via indireta (o contato indireto é menos freqüente, pois o v[rus é rapi-
terrupções de M3 no trabalho coIl1 a criança após a 36 a semana coincidem, tal co' destruído quando fora do organismo humano).
mo no caso de M4, com o fato de M3 ter ficado grávida, passando a apresentar quei-
xas freqüentes em relação a seu estado de saúde. '
A Tabela 3 pretende resumir os resultados discutidos até agora. Em primeiro
lugar, pode-se concluir que todas as crianças aprenderam a maioria dos comporta-
mentos prescritos. Esta aprendizagem apresentou índices acima de 90% para todas
as crianças (C5 96,6%; C2 96,5%; Cl 94,5%; C6 93,7% e C4 91,3%), a não ser para
C3, cujo percentual de comportamentos aprendidos foi igual a 70,7%. ___ de garganta.
Dor de cabeça.
- Aceleração do pulso.
Complicações:
- Podem aparecer conjuntivites, dor de ouvido.
Também complicações respiratórias como: laringite, bronquite, bronco-pneumonia.
- No aparelho digestivo pode surgir gastrite.
:SO Inventário Portage
Portage Operacionalizado 81
crianças I comportamentos semanas Edndicado pelo médico.
aprendidos ilprefldidos em I dI! treino
para treino uma sellland deve ficar em quarto arejâdo, livre de correntes de ar.
banho duas vezes ao dia, com água quente e sabão neutro.
(I.)
higiene da boca. para evitar mau hálito e herpes labial.
criança deve receber líquidos em abundância (chás, sucos, água).
com dieta líquida ou pastosa, por ser de fácil digestão.
'Prevenção: Avacinação deve iniciar a partir dos noves meses de idade.
FEBRE TIFÓIDE
aguda, caracterizada por febre prolongada, aumento do tamanho do baço.
abdominal. Apresenta-se durante todo o ano, mas principalmente no verão e outono.
causador:
por um bacilo que se encontra na corrente sangüínea durante a primeira semana da
Uma segunda conclusão possível refere-se ao fato de que a maioria da apren- 'ermidade e logo nas fezes, que é a principal fonte de contágiO.
dizagem se deu de modo rápidO ocorrendo no prazo de uma semana para todas as !sêticontágio pode ser direto ou indireto.
crianças, a não ser para Cl cujo percentual de comportamentos aprendidos em uma é muito raro e ocorre nas pessoas Que cuidam do enfermo e não tomam as precauções devidas.
semana foi menor do que as demais crianças (54,5%)_ ,indireto: a água contaminada é a principal fonte de contágio; alimentos regados com água suja,
As Crianças 3 e 4 tiveram um desempenho inferior às demais crianças, o que frutas e verduras contaminadas.
fica patente nas respectivas curvas de aquisição da Figura 2 e, principalmente, co-
de apetite.
mo mostra a Tabela 3, por apresentarem uma taxa de comportamentos aprendidos de cabeça e em outras partes do corpo.
por semana inferior às crianças restantes. Enquanto Cl, C2, C5 e C6 aprenderam por
volta de dois comportamentos por semana, C4 aprendeu 1,7 comportamentos por de sono.
semana e C3 apenas 1.2. Coincidentemente, essas duas crianças foram as que tiver- de sangue pelo nariz.
am o treino mais afetado por interrupções das mediadoras que apresentaram uma abdominal e gases intestinais.
.;Aumento da temperatura.
série de dificuldades pessoais após terem engravidado.
Finalmente, é importante ressaltar que, conforme a Tabela 3, a porcentagem "Hemorragia intestinal.
de comportamentos previamente selecionados que não precisaram de treino foi mí- ',Perfura cão intestinal:
nima. Trata-se daqueles comportamentos que, durant'e a Iinha-de-base, a professo-
ra constatou que a criança já os emitia, e isto só ocorreu em 5,8% dos casos para
C6; 4,4% para C2; 4,3% para Cl; 3,2% para C5; 0,2% para C3; nunca ocorreu para
C4. Este dado apresenta força à afirmação de que o sistema de treino utilizado (e
ser tratada por um médico e o paciente deve cumprir suas indicações.
não outras variáveis) foi responsável pelas mudanças comportamentais sistemáti-
repouso.
cas apresentadas, o que foi replicado para todas as seis crianças pelo delineamento o colchão com plástico para não ser contaminado.
de múltiplas sondagens. higiene da boca e dos dentes pelo menos duas vezes ao dia.
Oprocedimento utilizado no presente estudo permitiu a obtenção de resulta- <'Manter a pele limpa, fazendo fricções constantes com álcool e talco.
dos superiores aos da replicação do Sistema Portage no País de Gales, por Revill e em lugar ventilado. sem corrente de ar.
Blunden (1979). Neste estudo as crianças aprenderam em média 92,3% dos compor- ,-Alimentação deve ser branda, com intervalos de duas a três horas. devendo tomar leite, comer
cozidos, frutas, pão tostado e líquidos.
82. Inventário Portage Operacionillizado Portage Operacionalizado 83
observamos que 72,4% dos comportamentos aprendidos em média o foram num
prazo de uma semana. O resultado obtido por Revill e Blunden foi igual a 67,3%.
Finalmente, a média de comportamentos prescritos para treino por semana, neste
trabalho, foi igual a 2,10, enquanto que para aqueles autores a média semanal foi é uma enfermidade infecciosa de caráter agudo. Caracteriza-se por irritação do sistema
igual a 1,08 comportamentos.
Analisando-se a porcentagem de comportamentos treinados nas crianças per-
Ê'causada por um vírus. Seu contágio ocorre por meio de animais raivosos que, ao morder outros
tencentes ou não ao Inventário Portage bem como as áreas do inventário mais fáceis << <e sereshumanos, transmitem a enfermidade. Esse vírus tem afinidade com os tecidos nervosos.
de serem ensinadas, notou-se que a maioria dos comportamentos treinados em to- ómas:
das as crianças foi retirada do Inventário Portage. Comparando as crianças entre si, um período de incubação de dez dias; se o enfermo tiver sido mordido na cabeça, o perío-
verificou-se que C4 e Cl tiveram uma porcentagem mais elevada de comportamentos é mais curto, e a infecção, mais grave.
treinados que não eram do Portage (39,0% e 23,0%, respectivamente). Isto se deve i.Depressão mental.
l\;;'1nquietude que vai aumentando, para transformar-se em excitação e espasmos, contraindo os
ao fato de C1 e C4 serem as crianças que apresentavam um maior atraso no desen-
< < laringe e faringe, ocasionando dor e dificuldade para respirar e engolir.
volvimento e, portanto, precisaram de treino em habilidades anteriores às propostas 'CCI'mplicações:
pelo Inventário Portage Operacionalizado. No caso de C4, foi preciso enfatizar um <cuu., ••", o paciente à morte no prazo de três a cinco dias, por asfixia e paralisia geral.
treino pré-verbal (voltado para atenção e imitação motora), antes de se dedicar a
treinos envolvendo habilidades verbais propriamente ditas. Ouanto à Cl, dada a limpeza com água e sabão no local da mordida.
gravidade de seu comprometimento motor, foram necessárias tarefas no sentido de vez declarados os sintomas, não existe tratamento específiCO para a cura. O paciente é
em sedação constante.
desenvolver habilidades motoras específicas ao quadro de uma criança tetraplégica,
com espasticidade severa, sendo tais tarefas sugeridas pelo fisioterapeuta. vacinação anual de cães e gatos.
Em certas áreas do Inventário Portage Operacionalizado, os comportamentos fo- "Avisar centro assistencial do ocorrido.
ram geralmente aprendidos com maior facilidade do que em outras. Aporcentagem de o animal estiver com suspeita de raiva, deve-se fazer aplicação de vacina imediatamente.
comportamentos aprendidos foi maior na área de desenvolvimento motor seguida por vacina anti-rábica é aplicada com prescrição médica nas pessoas mordidas por animais raivosos.
cognição, socialização eautocuidados. Aárea que apresentou maiores dificuldades de
RCULOSE PULMONAR
aprendizagem foi a de linguagem que, coincidentemente, era a área cujos repertórios
comporta mentais se encontravam mais defasados. Talvez seja oportuno especular
,l aforma de tuberculose mais freqüente no homem, podendo invadir o parênquima pulmonar, os
e a pleura.
sobre possíveis razões para as dificuldades enfrentadas pelas crianças na área de lin- causador:
guagem. Assim como as demais áreas do Inventário, a área de linguagem foi elabora- Écausada pelo Bacilo de Koch.
da baseando-se em estudos sobre o desenvolvimento da linguagem em crianças nor- Pode ser por contágio direto ou indireto.
mais, apoiando-se, portanto, nas contribuições disponíveis da área de psicolingüísti- • - Obacilo pode entrar no organismo por inalação e por ingestão de leite e alimentos.
Sintomas:
ca. No entanto, talvez estes comportamentos não sejam suficientes para instalar
comportamentos de linguagem expressiva em crianças com repertório verbal muito
defasado e que não tenham tido um desenvolvimento "típico".
Talvez o programa de linguagem derivado do Portage não tenha a sistematici-
dade necessária ou mesmo os pré-requisitos para instalar fala em crianças com
atraso muito acentuado (tais como os programas de Guess, Sailor e Baer, 1974 e de
Tabela 4, Manutenção dos comportamentos aprendidos do Inventário Portage Operacionalizado toda a família.
durante as diversas sondagens. banho com água e sabão, friccionando a pele para destruir o ácaro.
roupa limpa para dormir e, pela manhã, vestir a criança com outra roupa.
Crianças Porcentagem de comportamentos aprendidos que se mantiveram após treino
S2 S3 54 S5 todo dia a roupa de cama, toalhas e esponjas que foram utilizadas no banho.
:(LlmpeZa do quarto, cama e colchão.
Cl 100.0 955 95.6 42.6 ?'Manter a higiene do ambiente e das roupas do enfermo.
C2 47.0 • 91.6 91.0 " 87.0, " prevenir a enfermidade:
C3 40.0 40.0 78.5 - usar roupas de outras pessoas nem toalhas.
C4 - ,
62.5 " 66.6 33.3 dormir na mesma cama da pessoa com sarna.
C5 - 285 95.2 71.4 diário em toda a famnia.
C6 - 88.0 91.0 93.0 - acariciar animais enfermos.
a roupa pessoal e a de cama do enfermo.
13a. Decidir sobre Que comportamentos prescrever para daí a duas semanas: o professor apre-
ao mediador uma lista de comportamentos da criança e ambos decidem quais seriam relevan-
para serem ensinados. Oprofessor analisa, com o mediador, o porquê de certos treinos serem
instruções dadas por PB a M4, uma vez que, nos dias em que o observador esteve