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ESCOLA SECUNDÁRIA DA SOALPO

TRABALHO DE INVESTIGAÇÃO DE FILOSOFIA

12ºCLASSE

CCS-2

I-GRUPO

Tema: As categorias do ser: substância e acidente;

- Potência e acto;

-A Essência e a Existência

Chimoio, Setembro de 2023


ESCOLA SECUNDÁRIA DA SOALPO

TRABALHO DE INVESTIGAÇÃO DE FILOSOFIA

12ºCLASSE

CCS-2

I-GRUPO

Discente:
Trabalho de carácter
1. Brenda Semo avaliativo a ser
2. Catarina Johane apresentado na
3. Celina Castigo disciplina de Filosofia
4. Gime Esteverio pelo Docente:
5. Kelvin Graciano Hermenegilda da Sara
6. Laura Marcelino José
7. Luísa João
8. Lúcia Faz Bem
9. Luísa Alberto
10. Muanacha Mustagy
11. Modesto Isaquiel
12. Otília Samuel
13. Paulino Jone
14. Palmira Luís
15. Rosa Joaquim
16. Rachid Armando Jó
17. Rosa José
18. Torres Inácio
19. Zita Chico

Chimoio, Setembro de 2023


Índice
CAPITULO I............................................................................................................... 4

1. Introdução ............................................................................................................... 4

1.2. Objectivos Gerais ................................................................................................. 4

1.3. Objectivos Específicos .......................................................................................... 4

CAPITULO II ............................................................................................................. 5

2. As categorias do ser: substância e acidente ............................................................ 5

2.1. Substância e Acidente: Uma Análise Profunda ................................................... 7

2.2. Potência e acto………………………………………..............................................8

2.3. Potência e Ato: Uma Análise Filosófica ............................................................... 9

2.4. A Essência e a Existência ................................................................................... 11

2.5. Essência e Existência: Uma Análise Filosófica .................................................. 12

2.6. A Profundidade da Relação Entre Essência e Existência ................................. 13

CAPITULO III.......................................................................................................... 14

3. Conclusão .............................................................................................................. 14

4. Referências Bibliográficas .................................................................................... 15


CAPITULO I

1. Introdução

A filosofia sempre se dedicou à busca pelo entendimento profundo da realidade e da


existência. Nesse contexto, as categorias do ser desempenham um papel fundamental,
pois representam as diferentes maneiras pelas quais podemos compreender e analisar a
existência e o que a constitui. Este trabalho tem como objectivo explorar as categorias
do ser, especificamente substância e acidente, potência e ato, essência e existência,
buscando compreender suas interacções e implicações no contexto da filosofia. Ao
mergulhar nesses conceitos, esperamos obter uma compreensão mais profunda da
natureza da realidade e da existência.

1.2. Objectivos Gerais

 Analisar as categorias do ser, incluindo substância e acidente, potência e ato,


essência e existência, em detalhes.

 Explorar como essas categorias podem ser aplicadas a diferentes áreas da


filosofia, como metafísica, epistemologia e ética.

1.3. Objectivos Específicos

 Analisar as definições e características da categoria do ser "substância" e sua


relação com a categoria "acidente".

 Explorar o conceito de "potência" e como ele se relaciona com a categoria "ato"


no contexto da filosofia aristotélica e tomista.

 Examinar as implicações das categorias do ser na compreensão da identidade


pessoal e da moralidade.

 Comparar as interpretações das categorias do ser em diferentes tradições


filosóficas, como o pensamento oriental e ocidental.

Ao cumprir esses objectivos gerais e específicos, este trabalho busca lançar luz sobre as
categorias do ser e sua importância na filosofia, fornecendo uma base sólida para a
reflexão e o debate filosófico contínuo sobre a natureza da existência.

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CAPITULO II

2. As categorias do ser: substância e acidente

Quando falamos das categorias do ser, referimo-nos grandes divisões que o mesmo
comporta. De acordo com Aristóteles, o grande metafísico, existem dez categorias do
ser, sendo que a primeira é a sustância e as restantes nove são acidentes.

A substância, ou modo de ser substancial, pode ser entendida como «aquilo que é em si
e por si e não em outra coisa»; é o substrato a partir do qual encontramos as qualidades
ou os acidentes. E o que permanece como algo subsistente, que tem um ser próprio e
que, por isso, não pode ser afirmado a propósito de um sujeito nem se encontra nele.
São todas as coisas concretas e individuais: o homem, o cão, o lápis, o caderno, o Pão.

 Aristóteles distingue dois tipos de substâncias: A primeira e a segunda.


Entende-se por substância primeira as coisas individualizadas, ou seja, os
indivíduos na sua singularidade (este caderno, o João, o meu professor, a casa
onde moro, a escola onde estudo, etc.) e a substância segunda, tudo quanto
existe como pensamento (casa, escola, professor, caderno, homem, etc.). São
conceitos que se traduzem em definições, ou seja, são as espécies e os géneros
que nos permitem atribuir certas qualidades as coisas individualizadas, isto é, as
substâncias primeiras (O João é um homem, aquela é a casa onde moro, etc.).

Assim, conclui-se que a substância primeira se refere a indivíduos singulares e


concretos e a substância segunda diz respeito às espécies e géneros singulares e
abstractos.

Pelo contrário, acidente é tudo aquilo que ocorre ou acontece, aquilo que para ser
necessita de se apoiar numa substância e, por isso, pode afirmar-se de um sujeito, ser
substanciado, uma vez que constitui a sua característica.

 O acidente só existe na substância; é o predicado da substância, quer dizer,


não existe em si e por si. A sua existência está dependente de um outro ser no
qual se pode consubstanciar o seu ser.

Se a substância é o que permanece no individuo, mesmo depois de este sofrer algumas


vicissitudes e intempéries, o acidente é o que está sujeito a mudanças no individuo, é
«aquilo que sucede ou acontece» no individuo na sua categoria de substância. É o que se

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diz da substância primeira, ou seja, do individuo na sua singularidade. Em suma, o
acidente é o predicado de uma determinada substância, e não o contrário. Por isso,
posso dizer que «a minha escola é linda», «Mataka é inteligente» e «o meu automóvel é
veloz», e não o contrário.

Assim, distinguem-se dez categorias de ser, sendo que a primeira é a substância; as


restantes nove constituem a classe dos acidentes. Quais são esses acidentes?

1. Qualidade – a forma ou determinação da substância (por exemplo, professor,


inteligente, simpático, etc.)

2. Quantidade – a determinação da substância que permite atribui-la a partes


distintas das outras (por exemplo, grande, pequeno, 1,64 m de altura, 12 g, etc.).

3. Relação – a ligação ou referência que a substância, ou até o acidente, estabelece


com outra substância ou acidente (por exemplo, pai, filho, primo, chefe, mestre,
etc.).

4. Tempo – momento, ou ocasião, apropriado ou disponível para que uma coisa se


realize, ou seja, curso de eventos extrínsecos que dura um determinado período
(por exemplo, «Moçambique tornou-se independente no dia 25 de Junho de
1975», de manhã, ao meio-dia, tarde, etc.).

5. Lugar – espaço que um corpo substanciado ocupa em relação a outros corpos


(por exemplo, na escola, no mercado, no cinema, próximo da padaria, em casa,
na sala, etc.).

6. Acção – o que a substância faz usando as suas faculdades ou poderes causando


efeito em si mesma ou noutros corpos circundados por uma substância (por
exemplo, dialogar, conduzir um automóvel, bater em alguém, etc.).

7. Estado – luxo, pompa, fausto, ostentação, magnificência, ou seja, conjunto de


bens ou instrumentos que, por sua habilidade, complementam a natureza da
substância, permitindo a preservação e conservação da mesma ou de outras
substâncias corpóreas.

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8. Posição – lugar ou postura relativa ocupada pela substância ou parte dela face a
outras (por exemplo, sentado ler um romance, de pé a apreciar a paisagem,
deitado a ouvir música, etc.).

9. Paixão – sentimento, ou emoção, desencadeado por um agente que, ao


sobrepor-se lucidez e razão, provoca sofrimento numa determinada substância
(por exempla, a perda de um ente querido, a condenação de Sócrates, a
crucificação de Cristo, o ferimento, etc.).

2.1. Substância e Acidente: Uma Análise Profunda

Na filosofia, as categorias do ser desempenham um papel central na tentativa de


compreender a natureza da realidade. Duas das categorias mais fundamentais e
interligadas são "substância" e "acidente". Para explorar esses conceitos de maneira
mais profunda, é essencial entender como eles se relacionam e como influenciam nossa
visão do mundo.

 Substância: A Base da Existência

A substância é geralmente considerada a base ou o suporte de tudo o que existe. É o que


está por trás das aparências e das mudanças. Em termos simples, podemos pensar na
substância como a "essência" de algo, aquilo que faz com que algo seja o que é. Por
exemplo, na filosofia aristotélica, a substância de um objecto é o que lhe confere sua
identidade duradoura, enquanto os acidentes são as características que podem mudar
sem alterar a substância.

 Acidente: As Características Superficiais

Os acidentes são as características ou propriedades que um objecto pode ter, mas que
não são essenciais para a sua existência. Isso inclui aspectos como cor, tamanho, forma,
localização e assim por diante. Os acidentes podem mudar sem que a substância do
objecto seja alterada. Por exemplo, um carro pode mudar de cor, mas ainda é o mesmo
carro (a mesma substância) por baixo da mudança de cor.

 Relação entre Substância e Acidente

A relação entre substância e acidente é crucial para a compreensão da mudança e da


identidade. Quando os acidentes de um objecto mudam, dizemos que ocorreu uma
mudança acidental, mas a substância permanece a mesma. Por outro lado, se a
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substância de um objecto muda, isso geralmente implica uma mudança fundamental na
identidade desse objecto.

 Exemplo: Uma Maçã

Para ilustrar essa relação, consideremos uma maçã. A substância da maçã é o que a faz
ser uma maçã, com todas as características essenciais de uma maçã. Os acidentes da
maçã incluem sua cor, seu sabor, seu tamanho e assim por diante. Se você pinta a maçã
de vermelho, a cor (um acidente) mudou, mas a substância da maçã permanece a
mesma. No entanto, se a maçã apodrece e se deteriora, isso implica uma mudança na
substância da maçã, levando à sua transformação em algo diferente, como composto
orgânico em decomposição.

 Relevância Contemporânea

Embora essas categorias tenham raízes profundas na filosofia antiga, elas ainda são
relevantes hoje. Elas fornecem um quadro conceitual para entender a natureza da
mudança e da identidade, o que é essencial em muitos campos, desde a filosofia da
mente até a física moderna.

2.2. Potência e acto

Aristóteles recorre a duas noções fundamentais para explicar o dinamismo do


ser: potência e acto.

Entende-se por potência a possibilidade que uma matéria tem de vir a ser algo em acto;
é o carácter dinâmico da matéria que lhe permite possuir um determinado modo de ser e
que lhe confere a capacidade do devir. E assim que, por exempla, a farinha de trigo é,
em potência, um pão ou um bolo, ou seja, possui a capacidade de vir a ser algo que
antes não era. Da mesma forma, o algodão que o camponês produz ainda não é um
tecido, contudo possui em si a potência, isto é, a possibilidade de vir a ser um tecido,
uns calções, umas calças, ou outra coisa. Se estou sentado a escrever, posso levantar-me
e esticar os braços. Se sou aprendiz de filosofia, posso ou não vir a ser um filósofo.

Se a potência é a capacidade que permite ao ser mudar de actualidade, ou seja, o


carácter dinâmico do ser, o acto é «o que faz ser aquilo que é», é o ser real, é o que o
determina. Por isso, dizer que uma coisa está em acto é o mesmo que dizer que tal coisa
tem actualidade ou existência, ou seja, que passou da potência de ser algo ao acto de ser,

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Por exemplo, a camisa do teu uniforme está em acto, isto é, existe actualmente, já não é
aquele simples tecido que era antes de ser costurada pelo alfaiate.

Potência e acto são dois conceitos correlativos, pois, enquanto a potência explica a
multiplicidade e a mudança, o acto explica a unidade do ser; enquanto a potência
explica aquilo que a matéria ainda não é, mas pode vir a ser, o acto explica a sua real
existência, o que a matéria já é efectivamente.

2.3. Potência e Ato: Uma Análise Filosófica

Na filosofia, o conceito de potência e ato desempenha um papel fundamental na


compreensão da dinâmica da realidade e do processo de mudança. Estas duas categorias
são frequentemente usadas para descrever como as coisas evoluem, se transformam e
alcançam seu pleno potencial. Vamos explorar esses conceitos em profundidade.

 Potência: O Estado de Possibilidade

A potência refere-se ao estado de possibilidade ou capacidade intrínseca de um objecto


ou entidade. É a capacidade de se tornar algo mais, de realizar um potencial latente. Em
termos simples, a potência é a condição subjacente que permite a mudança e o
desenvolvimento. Pode ser considerada como a semente de algo que está para vir.

 Ato: A Actualização do Potencial

O ato é o estado de realização ou actualização da potência. Quando algo passa do estado


de potência para o estado de ato, significa que seu potencial foi efectivamente realizado.
Em outras palavras, é quando a capacidade latente se manifesta e se torna uma parte
concreta da realidade

 A Inter-relação Entre Potência e Ato

A interacção entre potência e ato é essencial para compreender a dinâmica da mudança


e do desenvolvimento. Na filosofia aristotélica, por exemplo, a potência e o ato são
usados para explicar como as coisas se transformam. Um exemplo clássico é o
crescimento de uma planta. A semente (potência) contém o potencial para se tornar uma
planta completa (ato), e esse processo de transformação é a actualização desse potencial.

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 Relevância Filosófica e Científica

O conceito de potência e ato não é apenas uma abstracção filosófica, mas também tem
implicações na ciência moderna. Por exemplo, na física, a energia potencial é a
capacidade de um objecto para realizar trabalho, enquanto a energia cinética é a energia
em acção, o equivalente ao ato. Esses conceitos têm aplicações em campos tão diversos
como a biologia, a psicologia e a filosofia da mente, onde são usados para entender o
desenvolvimento e a evolução.

 Aplicação Ética e Moral

Além disso, o conceito de potência e ato também pode ser aplicado em contextos éticos
e morais. Quando se trata de escolhas e acções humanas, a potência representa as
possibilidades e capacidades individuais, enquanto o ato se refere às acções efectivas
tomadas. Compreender essa distinção pode ajudar na análise de decisões éticas e no
julgamento das consequências das acções.

 Desenvolvimento Individual e Social

O conceito de potência e ato também pode ser aplicado ao desenvolvimento individual e


social. Ao considerar o potencial de um indivíduo, podemos reflectir sobre como
maximizar o desenvolvimento pessoal, educacional e profissional. Em um nível mais
amplo, em uma sociedade, o reconhecimento e a promoção do potencial de seus
membros são essenciais para o progresso colectivo. Compreender a relação entre
potência e ato pode ser fundamental para melhorar as oportunidades e condições de vida
das pessoas.

 Potência e Ato na Arte e Criatividade

Essas categorias também têm relevância na compreensão da criatividade e da expressão


artística. Um artista, por exemplo, pode ter a potência de criar obras de arte
impressionantes, mas a transformação dessa potência em obras de arte reais (ato) é o
resultado de um processo criativo. A arte frequentemente envolve a realização do
potencial criativo em formas tangíveis, proporcionando uma maneira única de explorar
a relação entre potência e ato.

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2.4. A Essência e a Existência

Entende-se por essência o conjunto das propriedades pelas quais um ser se define, ou
seja, aquilo que faz com que uma coisa seja o que é.

Exemplo: o Homem define-se como um ser racional. Esta qualidade é essencial e


constitui a essência do homem. Entende-se por existência a realidade e a actualidade da
essência.

Foi Platão quem realizou a distinção entre essência e existência ao criar a “Mundo das
Ideias”. Existem dois mundos distintos: o mundo sensível (terreno), imperfeito e
aparente, cujo aprende-se através dos sentidos e o mundo inteligível (das Ideias),
perfeito e verdadeiro, ao qual aprende-se através da razão. A distinção feita entre
o mundo sensível e o mundo das ideias corresponde a distinção radical entre o mundo
terreno (das existências) e o mundo das ideias (mundo das essências). Assim, podemos
considerar dois aspectos na doutrina platónica: a distinção entre essência e existência.
Primado da essência sobre a existência.

Desta forma, os objectos do mundo sensível são cópias ou imitações das ideias (do
mundo inteligível) que constituem modelos, arquétipos ou essências anteriores às suas
imitações terrenas. Daí que o mundo sensível pode ser considerado o mundo das
existências, enquanto o mundo inteligível é o mundo das essências.

Aristóteles modifica a teoria do seu mestre (Platão) da essência e da existência através


da doutrina da matéria e forma, cuja dominou toda História do pensamento filosófico
até nossos dias. De acordo com Aristóteles aquilo que é universal e essencial já não se
situa num mundo superior, afastado do mundo sensível. Contudo, só existem coisas
individuais e concretas, que são as substâncias, as quais realizam cada uma sua maneira,
um universal ou modo geral de ser. Este universal corresponde a essência. Em “A
Metafísica VII”, Aristóteles escreve: “a essência é aquilo que uma coisa é e que ela
partilha com os restantes indivíduos da sua espécie”.

Exemplo: Júlio, Ana são indivíduos concretos que têm em comum o facto de serem
seres humanos. Possuem em comum a essência humana que é universal. A essência é
característica fundamental da existência.

S. Tomás de Aquino mantém com Platão, a distinção entre essência e existência,


negando que a essência possa ser vista como algo do real, mas sim, a essência é pura
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possibilidade que, na existência torna-se actualidade, isto é, a essência é apenas
um meio de tornar a existência inteligível. De acordo com S. Tomás de Aquino
a existência não é senão a actualidade da essência, não poderia supor uma essência
anterior à existência.

As doutrinas existencialistas ou filosofias da existência, cujo representante foi Soren


Kierkegaard defenderam a primazia da existência sobre a essência. No entender de
Kierkegaard, a “essência é o reino do necessário, mas o modo de ser do indivíduo é a
existência” (REALE & ANTISERI, 2005: 224). A existência diz Kierkegaard
corresponde à realidade singular, ao individuo: “um homem singular não tem
certamente uma existência conceitual”. De um modo geral, os filósofos existencialistas
pensam o indivíduo como uma realidade irredutível, original e única. Valorizam a
individualidade em detrimento da essência abstracta.

Igualmente, Jean Paul Sartre no seu livro O Existencialismo é um Humanismo (1962)


defende que, nos ser humano, a existência precede a essência. O Homem começa
por existir, é um projecto de si próprio, faz-se a si mesmo e aquilo que ele chega a ser é
resultado da sua liberdade. Outrossim, Heidegger, por sua vez, negando as ideias de
Sartre, defende que a essência do homem reside na sua existência (entendida como
abertura do homem ao mundo e ao ser, como criação e superação de si próprio).

2.5. Essência e Existência: Uma Análise Filosófica

Na filosofia, as categorias de essência e existência são essenciais para a compreensão da


natureza de um ser ou objecto. Elas têm sido objecto de reflexão profunda em diversas
correntes filosóficas ao longo da história e desempenham um papel fundamental na
busca pelo entendimento da existência e da identidade.

 Essência: O Que Algo É

A essência refere-se à natureza intrínseca de um ser ou objecto, o conjunto de


características que o definem e o tornam o que ele é. É a resposta à pergunta "o que é
isso?". A essência é atemporal e independente da existência concreta do objecto. Ela
representa a ideia pura e abstracta daquilo que algo é, suas características essenciais que
o distinguem de qualquer outra coisa.

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 Existência: O Fato de Ser

A existência, por outro lado, refere-se ao fato de um ser ou objecto realmente existir no
mundo. Ela lida com a pergunta "este objecto ou ser existe?" e está relacionada à
manifestação concreta e temporal daquilo que é definido pela essência. A existência é a
realização da essência em um dado momento no tempo e espaço.

 Relação Entre Essência e Existência

A relação entre essência e existência tem sido um tema de debate filosófico ao longo da
história. Alguns filósofos, como São Tomás de Aquino, argumentam que a essência e a
existência são distintas, mas interdependentes. A essência fornece a definição do que
algo é, enquanto a existência determina se algo realmente é. Outros, como Jean-Paul
Sartre, argumentam que a existência precede a essência, defendendo que somos seres
existenciais que definem nossa própria essência por meio de nossas escolhas e acções.

 Relevância na Filosofia da Existência

O debate sobre essência e existência desempenhou um papel central na filosofia da


existência, especialmente no existencialismo. Filósofos como Søren Kierkegaard e Jean-
Paul Sartre enfatizaram a importância da existência individual e da liberdade de escolha
na formação da própria essência. Eles argumentaram que a existência precede a
essência, defendendo uma visão existencialista da existência humana.

 Implicações Éticas e Metafísicas

As categorias de essência e existência também têm implicações éticas e metafísicas


significativas. Elas afectam a maneira como entendemos a identidade pessoal, a
liberdade, a responsabilidade e o propósito da vida. A questão de como a essência e a
existência estão relacionadas influencia nossa visão sobre o significado da vida e nossas
escolhas morais.

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CAPITULO III

3. Conclusão

Ao explorarmos as categorias do ser - substância e acidente, potência e ato, essência e


existência - mergulhamos em um profundo reino da filosofia que tem ocupado as
mentes de pensadores ao longo dos séculos. Cada uma dessas categorias oferece uma
lente única através da qual podemos examinar a natureza da realidade, da mudança e da
existência humana.

Substância e acidente nos lembram que tudo o que existe tem uma essência subjacente
que lhe confere identidade, enquanto as características externas podem variar. Potência
e ato nos convidam a reflectir sobre o potencial inerente que todos os seres e objectos
carregam, e como esse potencial se manifesta na acção. Essência e existência lançam
luz sobre a complexa interacção entre a natureza intrínseca das coisas e sua existência
concreta no mundo.

Essas categorias não são apenas abstracções filosóficas, mas têm implicações profundas
em nosso entendimento da ética, da metafísica, da criatividade e da existência humana.
Elas permeiam a filosofia clássica e contemporânea, influenciando teorias e
pensamentos em uma variedade de campos.

Em nossa busca por compreender as categorias do ser, somos desafiados a explorar


questões fundamentais sobre a identidade pessoal, a liberdade de escolha, a moralidade
e o significado da vida. Essa exploração contínua nos leva a um entendimento mais
profundo da natureza do ser e da complexidade intrínseca de nossa existência.

Portanto, ao considerar substância e acidente, potência e ato, essência e existência,


somos convidados a reflectir sobre o âmago da realidade e da condição humana, uma
busca que continua a inspirar e desafiar os pensadores ao redor do mundo.

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4. Referências Bibliográficas

GEQUE, Eduardo; BIRIATE, Manuel. Filosofia 12ª Classe – Pré-universitário. 1ª


Edição. Longman Moçambique, Maputo, 2010

Jean-Paul Sartre. "O Ser e a Nada". Editora Nova Fronteira, 2018.

Mortimer J. Adler. "Teoria da Substância e Teoria do Ato". Editora É Realizações,


2010.

Simone de Beauvoir. "A Ética da Ambiguidade". Editora Nova Fronteira, 2014.

bKarl Marx. "O Capital: Crítica da Economia Política". Editora Boitempo, 2013.

Friedrich Nietzsche. "Assim Falou Zaratustra". Editora Companhia das Letras, 2011.

Jean-Jacques Rousseau. "Do Contrato Social". Editora Martin Claret, 2017.

Hannah Arendt. "A Condição Humana". Editora Forense Universitária, 1993.

Michel Foucault. "As Palavras e as Coisas: Uma Arqueologia das Ciências Humanas".
Editora Martins Fontes, 2007.

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