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PROVA FINAL DE PORTUGUÊS

Prova Escrita de Português – Proposta de correção

12.O Ano de Escolaridade

Prova 639 / 2.a Fase – 2020

GRUPO I

PARTE A

1. No primeiro excerto verifica-se o papel subalterno de Lídia na relação que estabelece


com o hóspede Ricardo Reis, o doutor, assumindo a sua situação de criada, revelando
ter consciência da inferioridade do seu estatuto social relativamente ao poeta,
dispondo-se a servi-lo e a ser-lhe subserviente. Na passagem transcrita de Memorial
do convento é a personagem feminina quem exerce o poder e quem põe e dispõe
sobre Baltasar que, sem força para partir, se predispõe a satisfazer a vontade de
Blimunda.

2. Em O ano da morte de Ricardo Reis, a personagem masculina sorri ao perceber a ironia


de ter uma criada de hotel com o nome de Lídia, concentrando-se nesse nome e
repetindo-o, porque a Lídia idealizada das suas odes contrastava com aquela mulher
autêntica, que acabara de conhecer. Já Baltasar, em Memorial do convento sente o
fascínio que Blimunda exerce sobre ele através do poder do seu olhar e da forma
como o olha, seduzindo-o, impedindo-o de reagir, enfeitiçando-o com o esse olhar
penetrante.

3. a) – 1; b) – 2; c) – 2.

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Testes e Exames 12 / Proposta de correção do Exame Nacional 2. Fase − 2020 1
PARTE B

4. O desejo de ir a Vigo, expresso pelo sujeito da enunciação, é motivado pela saudade


provocada pela ausência do amigo que partiu (“o meu amigo”) ou pela paixão ou amor
que sente pelo amado (“o meu amado”) e que denota a esperança de aí o poder ver
(“e verra i, mia madre, o meu amado”).

5. O mar, nomeadamente o mar de Vigo, é responsável pela partida do amigo, mas


também pela sua chegada. Além disso, a agitação do mar simboliza o tumulto interior
da donzela, a sua paixão e a dor provocada pela partida do amado, mas também a
esperança no seu regresso. Assim, este é o espaço natural onde se poderá dar o
reencontro do par amoroso.

6.
a) – 3; b) – 2; c) – 1.

PARTE C

7.
(Introdução)
Luís de Camões, na sua poesia lírica (redondilhas e sonetos), apresenta-nos uma visão
idealizada da amada e do amor, associados à figura feminina.

(Desenvolvimento)
A mulher surge, muitas vezes, como um ser que se revela superior à natureza e que, à
maneira petrarquista, é dona de uma beleza tal que consegue transformar tudo em
seu redor. Por exemplo, a verdura dos campos deve-se aos olhos de Helena e o tom da
pele de Barbora faz a neve querer mudar de cor. Por isso, a mulher surge
frequentemente retratada como loira, de olhos azuis e luminosos, com uma pele
branca e jeito angelical, que remete para um ser divino, daí que psicologicamente seja
dotada de todas as virtudes. Contudo, o poeta não deixou de cantar também outros
tipos de beleza, como a que se encontra em “Aquela cativa que me tem cativo”.

(Conclusão)
Conclui-se, assim, que Camões, na sua lírica, canta vários tipos de beleza, através da
descrição de diferentes tipos de mulheres, ainda a petrarquista sobressaia em muitos
dos seus textos poéticos.

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GRUPO II

Item Versão 1 Versão 2


1. (C) (B)
2. (C) (D)
3. (B) (D)
4. (D) (B)
5. (B) (C)

6. a) Modificador do nome apositivo / Modificador apositivo do nome;


b) Complemento direto.

7. (Oração) subordinada substantiva completiva.

GRUPO III

É frequente encontrarem-se imagens de animais a assumirem comportamentos ou a


manifestarem sentimentos que os humanos são incapazes de ter ou de manifestar, e o cartoon
de Predrag Srbljanin exemplifica bem a indiferença do ser humano e a convivialidade ou a
amizade dos dois cães.
Na imagem, um homem e uma mulher estão de costas voltadas, ambos atentos ao
telemóvel, mas alheados um do outro, enquanto os cães que levam pela trela a passear
aproveitam para comunicar um com o outro.
O autor do cartoon pretende certamente exemplificar (e criticar) uma situação muito
frequente e comum nos dias de hoje, em que o telemóvel se tornou num objeto tão
indispensável como uma peça de roupa que tenhamos de vestir num dia de muito frio. A
utilização do telemóvel transformou-se numa prioridade e o seu uso está a interferir nas
relações humanas. Por isso, é frequente irmos a um restaurante para um almoço familiar e, a
dado momento, percebemos que não convivemos uns com os outros, mas com os telemóveis.
As crianças também são entretidas com dispositivos tecnológicos para não aborrecer os seus
progenitores; os mais jovens usam-no para evitarem o diálogo, seja ele agradável ou
desagradável. Por isso, é mais fácil assistirmos ao convívio entre animais do que entre pessoas,
e daí que o cartoonista tenha escolhido os dois cães.
Neste texto icónico há ainda um outro aspeto a registar: a mulher e o homem
representados têm idades muito diferentes – ela é jovem e ele é idoso –, o que pode sugerir
que a falta de comunicação se deve à diferença de idades. Porém, também os cães parecem
ser de raças diferentes, e isso não os impede de interagirem, o que pode querer dizer que,
para o autor do cartoon, a diferença de gerações não deverá constituir-se como uma barreira
às interações.

Sendo assim, diremos que este cartoon funciona como um alerta, mostrando a
importância da comunicação e a necessidade de afetos, independentemente da diferença de
idades ou de opiniões, uma vez que todos temos algo para ensinar e muito para aprender.
342 palavras

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