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Vera Rosa
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O presidente da Câmara tem dito que a proposta produzida para restringir decisões
individuais de ministros do Supremo não é prioridade e terá um rito de tramitação
normal. Na prática, porém, seus aliados admitem que dificilmente Lira entrará em
confronto com o Supremo.
Em setembro, o ministro Gilmar Mendes, decano do STF, anulou provas obtidas pela
Polícia Federal referentes a compras de kits de robótica com dinheiro público, em
Alagoas.
De acordo com as investigações da PF, que duraram oito meses, as compras envolviam
empresários ligados a Lira, um assessor próximo, operadores e "laranjas". Antes, em
julho, Gilmar já havia descartado todas as acusações que atingiam o presidente da
Câmara nesse caso.
A aprovação da PEC foi vista pelo Supremo como uma "afronta", além de uma
retaliação do bolsonarismo. Ministros da Corte, como o próprio Gilmar, temem que o
sinal dado pelo Senado abra brecha para um retrocesso democrático, que contemplaria
propostas como o impeachment de magistrados e até mesmo a derrubada de decisões do
tribunal.
Gilmar disse que o STF não aceitará "intimidações" de quem quer que seja. "Esta Casa
não é composta por covardes", afirmou o ministro. "Esta Corte não haverá de se
submeter ao tacão autoritário, venha de onde vier, ainda que escamoteado pela pseudo-
representação de maiorias eventuais."
O Estadão apurou que, apesar de ganhar tempo, Lira será pressionado pela Frente
Parlamentar da Agropecuária (FPA) e também pela bancada da bala a levar ao plenário
a PEC que limita poderes do Supremo. A FPA reúne 303 deputados e 50 senadores e há
tempos está em rota de colisão com o Supremo, como ficou evidente na votação do
marco temporal das terras indígenas.
Embora não possa ser reeleito para o comando da Câmara, em 2025, Lira quer emplacar
um sucessor e precisa do apoio de seus pares. A eleição que escolherá a nova cúpula do
Congresso está longe, mas a campanha já começou.