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Por Sérgio Rodas
Dantas foi afastado do cargo no último dia 11, por governador de Alagoas no dia 11 deste mês
decisão da ministra do Superior Tribunal de
Justiça Laurita Vaz, posteriormente confirmada pela Corte Especial. A decisão gerou
críticas ao STJ, tanto por alegada incompetência da corte para analisar o caso quanto por
interferir na eleição alagoana. Dantas, que é apoiado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) e pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), disputa a reeleição no segundo
turno contra Rodrigo Cunha (União Brasil), candidato do presidente da Câmara dos
Deputados, Arthur Lira (PP-AL), aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em sua decisão, Gilmar Mendes argumentou que uma interpretação do dispositivo à luz da
Constituição Federal de 1988 também proíbe a decretação de medidas cautelares
alternativas à prisão durante as eleições. Afinal, o artigo visa a proteger o processo
eleitoral, cuja violação atingiria o próprio regime democrático vigente, segundo o ministro.
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25/10/2022 14:23 ConJur - Gilmar e Barroso ordenam que Paulo Dantas retorne ao governo de AL
Ele destacou que o artigo 236 do Código Eleitoral foi elaborado em 1965, mas desde a
Constituição de 1988 foram criadas diversas outras medidas cautelares restritivas da
liberdade. Assim, disse o magistrado, quando o código entrou em vigor, não poderia
englobar tais determinações, uma vez que elas nem existiam.
"Nesses casos, a imposição de tão grave medida cautelar no período de 15 dias antes da
realização das eleições tem o potencial de impactar ou desequilibrar de forma injustificada
a livre manifestação das urnas, o que não deve ser admitido à luz dos princípios e
parâmetros acima descritos de neutralidade, livre concorrência e paridade de armas
eleitorais."
Dessa maneira, o ministro concedeu cautelar para revogar o afastamento de Paulo Dantas
do governo de Alagoas e estabelecer que a imunidade eleitoral prevista no parágrafo 1º do
artigo 236 do Código Eleitoral compreende a proibição da adoção de medidas cautelares
contra candidato a cargo do Executivo desde os 15 dias que antecedem o primeiro turno até
as 48 horas seguintes ao término de eventual segundo turno. Tal imunidade eleitoral
também se aplica aos demais postulantes a cargos eleitorais majoritários.
Competência duvidosa
Já Luís Roberto Barroso suspendeu as medidas cautelares impostas a Paulo Dantas por
considerar que há dúvida razoável sobre a competência para o afastamento pelo STJ,
responsável por analisar casos sobre governadores, uma vez que as acusações se referem ao
período em que o emedebista era deputado estadual — portanto, com foro especial no
Tribunal de Justiça de Alagoas.
parlamentar deve ser processado pela primeira instância da Justiça, como qualquer cidadão.
Com o fim do mandato, também acaba o foro privilegiado.
"A suposição de que tal contato representaria tentativa do governador de interferir nas
investigações não foi corroborada por qualquer indício para além da relação hierárquica
entre o delegado e o governador. Por essa lógica, qualquer ilícito praticado por servidor do
Poder Executivo poderia ser automaticamente atribuído ao chefe desse poder. A grave
inferência da prática de interferência em investigação criminal — que poderia configurar o
delito de obstrução de Justiça — não pode ser presumida", argumentou Barroso.
Além disso, o ministro lembrou que o afastamento de Dantas do governo se deu entre o
primeiro e o segundo turno das eleições e sem contraditório.
"A decisão é muito importante porque corrige uma situação de injustiça e de interferência
indevida no processo eleitoral do estado de Alagoas por autoridade incompetente", afirmou
o advogado Cristiano Zanin Martins, que representou Dantas nas ações de relatoria de
Barroso.
Histórico do caso
A decisão foi referendada pela Corte Especial do STJ. Por entender que não cabe suspensão
de liminar para particular em matéria penal, uma vez que isso criaria diferenciação
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25/10/2022 14:23 ConJur - Gilmar e Barroso ordenam que Paulo Dantas retorne ao governo de AL
ADPF 1.017
Reclamação 56.518
HC 221.528
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