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TEORIA DA

CONTABILIDADE

Aline Alves
Balanço patrimonial
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Explicar o que é balanço patrimonial.


„ Elaborar um balanço patrimonial.
„ Analisar a estrutura de um balanço patrimonial.

Introdução
Você sabe o que é o balanço patrimonial? O balanço patrimonial corres-
ponde a uma demonstração contábil que tem por função evidenciar de
forma qualitativa e quantitativa a situação financeira e patrimonial de uma
organização de acordo com um período específico. Neste texto, você
vai estudar o significado do balanço patrimonial, as etapas necessárias
para a sua elaboração e como deve ser a sua estrutura.

Balanço patrimonial
O balanço patrimonial se refere ao saldo acumulado em um período específico
das movimentações econômicas e financeiras ocorridas em uma organização,
desde a sua origem. Ele corresponde a uma demonstração contábil que busca
apresentar, em uma data definida, de forma qualitativa e quantitativa, a situação
momentânea da organização do seu patrimônio.

O balanço patrimonial representa a ligação entre os ativos, os passivos e o patrimônio


líquido da organização de acordo com um período. Ele busca apresentar os lançamentos
de todos os registros contábeis da empresa, que estão demonstrados também no
seu livro diário.
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A apresentação do balanço patrimonial torna possível algumas análises e


compreensões, como:

„ conhecimento sobre a posição patrimonial da organização e dos bens,


direitos e obrigações, sempre observando o período;
„ informação sobre as fontes de recursos para o investimento da entidade;
„ desenvolvimento histórico, com o intuito de planejar ações futuras da
empresa;
„ planejamento tributário da organização;
„ informações de grande utilidade para as partes interessadas
(stakeholders).

Stakeholder corresponde a uma pessoa ou um grupo que valida as atitudes ou tran-


sações de uma empresa e que tem função direta ou indireta na administração e
resultados dessa organização.

O balanço patrimonial é composto por alguns elementos, identificados por


recursos disponíveis ou recursos fornecidos, como, por exemplo:

„ dinheiro em caixa ou em bancos;


„ aplicações financeiras;
„ estoque;
„ duplicatas a receber (oriundas de venda a crédito);
„ contas a receber (adiantamento a colaboradores ou empréstimos cedidos
a coligada ou controlada;
„ máquinas e equipamentos;
„ móveis e instalações;
„ investimentos em outras organizações, como, por exemplo, participação
em coligadas e controladas.

O balanço patrimonial é formatado em duas colunas, nas quais são apre-


sentadas todas as contas que indicam a movimentação da empresa em um
período, conforme segue:
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Ativo — que contempla os bens e direitos que representam as aplicações de


recursos realizadas e monitoradas pela organização, com o intuito de produzir
vantagens econômicas futuras, decorrentes de situações ocorridas. No ativo
estão registrados os ativos circulantes, que correspondem às disponibilidades,
contas a receber, tributos a recuperar, instrumentos financeiros de curto prazo,
estoques, entre outros. O ativo também contempla as contas que compõem o
ativo não circulante, nas quais estão os realizáveis a longo prazo (como valores
a receber, crédito junto a sócios, entre outros), porém, recebíveis com prazos
superiores a 12 meses. Ainda no ativo não circulante estão os investimentos
que são registrados por meio de contas, como participação em coligadas,
em controladas e outros, o imobilizado, ou seja, os móveis e imóveis que
abrangem terrenos, prédios, equipamentos e outros, e os intangíveis, como
marcas, pesquisas, etc.

Passivo — referente às origens de recursos, que são representadas por meio


das obrigações da empresa com terceiros, decorrentes de situações que ne-
cessitam de ativos para a liquidação. O passivo está dividido nos subgrupos
circulante e não circulante. O passivo circulante contempla contas a pagar,
fornecedores a pagar, tributos a pagar, entre outros, que representa a dívida
de curto prazo. No passivo não circulante estão as dívidas de menor exigibi-
lidade, ou seja, que têm prazos de vencimentos superiores a 12 meses, dentre
elas financiamentos a pagar.

Patrimônio líquido — nele estão contidos os recursos próprios da organização,


como, por exemplo, os recursos aplicados pelos proprietários ou acionistas, e
nele as reservas são evidenciadas em reservas de capital e reservas de lucros.
Para identificar seu valor, é preciso utilizar a fórmula “ativo menos o passivo”,
ou seja, bens somados aos direitos menos as obrigações que a empresa possui.
Os recursos apresentados estão disponíveis para a organização mediante
duas formas: capital de terceiros e capital próprio. O capital de terceiros é
decorrente de credores, e o capital próprio, oriundo dos proprietários. Analise,
a seguir, as fontes de recursos para as organizações.
Capital de terceiros:

„ fornecedores, quando são fornecidas mercadorias para pagamento a


prazo;
„ credores diversos, decorrentes de despesas com aluguéis, viagens,
entre outros;
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„ governo, na medida em que oferecem prazos para pagamento de im-


postos e tributos e encargos trabalhistas;
„ instituições financeiras, por intermédio de empréstimos bancários e
arrendamento mercantil;
„ debenturistas, a partir do instante em que cedem dinheiro para a orga-
nização adquirindo suas debêntures, que representam títulos de dívida.

Capital próprio: representado pelos recursos à disposição da empresa, que


tem como origem o proprietário, o acionista ou o sócio — acionistas, quando
adquirem ações da entidade mediante bolsa de valores, e no momento da
abertura do capital, quando então os recursos financeiros vão para as empresas;
proprietários, assim que inserem capital para iniciar o negócio.

Elaborando o balanço patrimonial


A sua elaboração ocorre no término do exercício social. Porém, os saldos
são monitorados mensalmente por meio do balancete de verificação, com o
a fim de obter conhecimento dos saldos das contas da razão e, dessa forma,
verificar sua exatidão.
Para que seja feita a elaboração do balanço patrimonial, é preciso que
todos os atos e fatos patrimoniais ocorridos tenham sido registrados dentro
do exercício social e que as despesas, perdas, receitas e ganhos também te-
nham sido apropriados em conformidade com o regime de competência. No
balancete, é possível verificar todas as contas que a empresa possui e suas
respectivas movimentações, contas essas que podem ser patrimoniais ou de
resultado; serão apresentados os débitos, créditos e saldos das contas contábeis.
As contas apresentadas no balancete ao final do exercício social, patrimoniais
ou de resultado, não correspondem, necessariamente, aos valores reais do
patrimônio de acordo com aquele período específico, pois podem representar
saldos anteriores de contas.
É fundamental, e corresponde a uma das etapas que antecedem a elaboração
do balanço patrimonial, executar a conciliação do saldo de todas as contas, tanto
ativas quanto passivas. Se for preciso, devem ser realizados os ajustes, como
de eventuais equívocos que possam ter ocorrido na escrituração envolvendo
datas de lançamentos, valores, lançamento em contas erradas, entre outros.
O processo de conciliação das contas corresponde a toda a verificação
do fluxo das contas, quando deve ser analisada a autenticidade do saldo das
contas mediante o comparativo dos lançamentos contábeis de débito e crédito,
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visando avaliar a validade do saldo. A conciliação tem por função confrontar


as informações dos relatórios contábeis com a documentação física — por
exemplo, extratos bancários com os lançamentos escriturados na contabilidade
e duplicatas a receber junto com a afirmativa da informação externa de clientes.
A conciliação das contas contábeis transmite credibilidade e segurança das
informações constantes nos relatórios contábeis, o que é fundamental.
Acompanhe a seguir outras etapas importantes na elaboração do balanço
patrimonial.

„ Realizar testes de recuperabilidade de elementos constantes no ativo


não circulante. Efetuar os registros e, se houver, ajustes. São aplicáveis
apenas para sociedades anônimas e as de grande porte.
„ Realizar ajuste de valor presente relativo às dívidas e aos direitos, se
existirem. Também devem ser observados para sociedades anônimas
e para as de grande porte.
„ Aplicar cálculos de equivalência patrimonial, no caso de se referir à
sociedade coligada, controlada ou de participação relevante. Deve ser
observado em sociedades anônimas ou de grande porte.
„ Emitir balancete para análise, para nova averiguação, antecedendo o
encerramento das contas de resultado, como receitas, despesas, custos
e deduções de receitas.
„ Depois disso, as contas de resultado devem ser encerradas.
„ Imprimir balancete de verificação, a fim de efetuar uma nova verificação
posterior ao encerramento das contas de resultado.

Após essas etapas, outras também são importantes, como apurar os encar-
gos e as participações. Devemos realizar o cálculo da provisão para Imposto
de Renda e a contribuição social com base no lucro líquido. O pré-balanço
de verificação vem a seguir e deve ser emitido e verificado, para então ser
enviado para aprovação da diretoria da empresa e da auditoria.
No caso de sociedades anônimas e de grande porte, devem ser elaboradas
as demonstrações financeiras e as notas explicativas, observando a Lei nº.
6.404, de 15 de dezembro de 1976, arts. 183 e 184 (BRASIL, 1976). Para as
demais organizações, deve ser observada a Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro
de 2002, que orienta:

Art. 1.020. Os administradores são obrigados a prestar aos sócios contas


justificadas de sua administração e apresentar-lhes o inventário anualmente,
bem como o balanço patrimonial e o de resultado econômico (BRASIL, 2002).
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As regras para o balanço patrimonial devem ser analisadas de acordo com


cada empresa, sendo que as sociedades anônimas elaboram conforme previsto
na Lei nº. 6.404/1976, art. 178 a 194. As outras entidades devem seguir as regras
definidas na Lei nº. 10.406/2002, art. 1.187 e 1.188 (BRASIL, 1976; 2002).

Estrutura do balanço patrimonial


O balanço patrimonial é elaborado em duas colunas, uma do lado esquerdo,
na qual se informa o ativo da empresa, e a outra do lado direito, informando
o passivo e o patrimônio líquido.
O ativo contempla todos os bens e direitos da organização, que são
avaliados em moeda corrente. Os bens correspondem aos estoques, dinheiro
em espécie, imóveis, entre outros. Os direitos que a entidade possui se
referem às duplicatas que a empresa tem a receber, como, por exemplo,
ações e títulos.
O ativo conta com subgrupos denominados de ativo circulante e não cir-
culante. O processo de transformação em dinheiro no ativo circulante ocorre
em curto prazo, ou seja, período de no máximo 12 meses, contemplando as
contas de estoques, contas a receber e investimentos temporários. No ativo
não circulante estão dispostas as contas realizáveis a longo prazo; são ativos
que têm menor liquidez, ou seja, que transformam dinheiro em um período
superior a 12 meses. Os ativos devem ser avaliados de forma monetária e
corresponder a vantagens no período atual ou no futuro.
No grupo passivo são encontradas as obrigações, ou seja, as dívidas da
organização com terceiros, como fornecedores, impostos a pagar, contas a
pagar, entre outros. As obrigações do passivo são exigíveis — no instante
em que as dívidas estiverem vencendo, devem ser cobradas para que, dessa
forma, ocorra a sua liquidação. As obrigações são exigíveis com terceiros
e, por esse motivo, são chamadas de capitais de terceiros.
Da mesma forma que o ativo, o passivo possui subgrupos, sendo dividido
em passivo circulante e não circulante. O passivo circulante apresenta as
dívidas que precisam ser quitadas observando o prazo máximo de 12 meses,
como impostos a recolher, fornecedores a pagar, entre outros. No passivo
não circulante, exigível a longo prazo, são alocadas as dívidas que têm
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prazo de pagamento maior que 12 meses, como financiamentos e títulos a


pagar, por exemplo.
O patrimônio líquido está disposto no lado direito da coluna, no lado
do passivo, mas não se pode afirmar que ele pertença ao passivo. No patri-
mônio líquido estão todos os investimentos efetuados pelos proprietários da
organização, como o investimento inicial, que é qualificado como capital.
Na ocasião de os sócios ou acionistas efetuarem outros investimentos, ocorre
modificação, ocasionando aumento do capital.
No patrimônio líquido estão dispostos os rendimentos decorrentes do
capital investido, que representam o lucro empresarial, e as reservas, que
representam a destinação de parte deste lucro. Também são apresentados os
eventuais prejuízos.
É importante considerar que, para elaborar o balanço patrimonial, é preciso
que o resultado do exercício tenha sido apurado. É necessário, para tanto, que
todas as operações da entidade tenham sido registradas nos livros Diário e
Razão. Também é preciso destacar que a estrutura do balanço patrimonial,
quando este surgiu, era apresentada em conformidade com a Lei nº. 6.404/1976
e, posteriormente, a estrutura sofreu uma alteração conforme as Leis nº. 11.638,
de 28 de dezembro de 2007, e nº. 11.941, de 28 de maio de 2009 (BRASIL,
2007; 2009):

Quadro 1. Estrutura do balanço patrimonial.

Ativo Passivo

Ativo circulante Passivo circulante


Ativo não circulante Passivo não circulante
Realizável a longo prazo. Exigível a longo prazo.
Investimentos. Patrimônio líquido
Intangível. Capital social.
Reservas de capital.
Ajustes de avaliação patrimonial.
Reserva de lucros.
Ações em tesouraria.
Prejuízos acumulados.
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BRASIL. Lei nº. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por
Ações. Brasília, DF, 1976. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
L6404compilada.htm>. Acesso em: 21 nov. 2017.
BRASIL. Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, DF, 2002.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso
em: 21 nov. 2017.
BRASIL. Lei nº. 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei
no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976,
e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divul-
gação de demonstrações financeiras. Brasília, DF, 2007. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm>. Acesso em: 12 dez. 2017.
BRASIL. Lei nº. 11.941, de 27 de maio de 2009. Brasília, DF, 2009. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11941.htm>. Acesso em: 12
dez. 2017.

Leituras recomendadas
LUNKES, R. J. Contabilidade gerencial: um enfoque na tomada de decisão. Florianópolis:
VisualBooks, 2007.
LUZ, É. E. Teoria da contabilidade. Curitiba: Intersaberes, 2015.
MARQUES, J. A. V. C; CARNEIRO JÚNIOR, J. B. A. C; KÜHL, C. A. Análise financeira das
empresas. 2. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2015.
SANTOS, A. S. Contabilidade. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.

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