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Aula: 11

Temática: As palavras e seus níveis

Inicio a aula As palavras e suas famílias, afirmando que


nós pensamos com palavras. Procuro deixar claro que é por
meio delas que organizamos nossos pensamentos, que nos
expressamos. Por isso, seria muito bom se lembrássemos as várias cir-
cunstâncias em que as utilizamos.

Imagino que, agora, você esteja em algum lugar tranqüilo, lendo, estu-
dando, discutindo algum conteúdo de seu curso: por exemplo, o do nosso
livro-texto. Mas, antes (ou depois) dessa atividade, você passou (ou pas-
sará) por outras situações em que utilizou (ou utilizará) as palavras com
outras finalidades e, provavelmente, de modos totalmente diferentes: o
recado preso na geladeira para o seu filho, a conversa no portão ou no ele-
vador com o vizinho, as palavras trocadas com o passageiro ao seu lado no
ônibus, o bate-papo com os colegas de serviço, as informações passadas
ao seu chefe, os conselhos amigáveis para sua amiga que brigou com o
namorado, a conversa sobre futebol ou sobre o último capítulo da novela,
as impressões trocadas com seus familiares sobre os acontecimentos do
dia, as combinações com seus pais ou filhos para o dia seguinte.

Talvez você não tenha prestado muita atenção, mas em cada


uma dessas situações predominou um nível de linguagem.
Sem muitos problemas ou angústias, conseguimos adequar
tanto nosso comportamento quanto nossa linguagem às diferentes cir-
cunstâncias que vivenciamos ao longo de um dia.

Com um pouco mais de rigor, no momento da escrita, não podemos es-


quecer que existem vários níveis de linguagem e, portanto, de vocabulário.
Dentre esses níveis, destacarei três: o coloquial, o culto e o técnico.

O vocabulário de nível coloquial é aquele que utilizamos no


dia-a-dia, com nossos familiares e amigos, em conversas,
bilhetes, e mesmo em cartas pessoais, isto é, em situações
que não exigem formalidade. Portanto, descuidamos, por exemplo, da pro-
núncia de certas palavras (como num em vez de não, tá no lugar de está),
das concordâncias verbais e nominais (as casa por as casas), da unifor-
midade das pessoas gramaticais (Você quer que eu te ligue?), das flexões
verbais (Se ele trazer em lugar de Se ele trouxer) – e usamos gírias de
montão!
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O vocabulário de nível culto é o “oficial”, prescrito pela Nomenclatura Gra-
matical Brasileira, que utilizamos em situações mais formais, em textos
acadêmicos, oficiais, profissionais. Nesse nível, tomamos cuidado com a
pronúncia correta das palavras, com as concordâncias verbais e nominais,
com a uniformidade das pessoas gramaticais, com as flexões verbais – e
evitamos as gírias.

Já o vocabulário técnico agrupa os termos específicos de uma área do


conhecimento, como a Medicina, a Lingüística, o Direito, a Pedagogia, e
está, em geral, intimamente integrado ao de nível culto. Esses termos es-
pecíficos compõem subgrupos dentro do léxico da língua – são os campos
lexicais.

Quando você trabalha, por exemplo, com o livro-texto de


“Comunicação, Educação e Tecnologias”, da professora
Cláudia Coelho Hardagh, defronta-se com palavras e expres-
sões como “mídias”, “sociedade da informação”, “inclusão digital”, “cibe-
respaço” – e eu só as selecionei do índice desse material! Essas e muitas
outras palavras e expressões foram criadas e incorporadas à língua a partir
de exigências que as transformações sociais, culturais, tecnológicas nos
impõem. Com isso, elas passaram a ter sentido e função para nós.

Neste momento, você pode estar se perguntando por que


insisto em chamar sua atenção para os aspectos acima tra-
tados. A resposta é: além da necessidade de ampliação do
vocabulário, todos nós precisamos saber adequá-lo às diferentes situações
tanto de fala como de escrita. Assim, o conhecimento e o uso dos diferen-
tes níveis atestam nossa competência como usuários de uma língua.

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