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A – Rotina Diária
Era já noite. As sombras do inverno tinham descido sobre a cidade. A luz das lâmpadas iluminava
com dificuldade a escuridão das ruas estreitas. Passava das 7 horas da tarde e já estávamos a meio do
mês de novembro. O vento frio e cortante anunciava a proximidade do mês do Natal.
Ia a entrar para o carro quando se aproximou alguém, vindo do fundo de uma rua estreita. Tinha o
5 passo firme, um pouco apressado. A poucos metros, vi que era um jovem já na idade adulta. Apesar
da escuridão, reparei que o seu aspeto revelava algum cansaço.
Passou por mim, mas, dois passos à frente, recuou. Levantou o braço, apontou com o dedo indicador
e perguntou:
— Pode dizer-me as horas, por favor?
10 Respondi-lhe:
— São 7 horas e 15 minutos.
Agradeceu. Ia continuar a andar, hesitou, e voltou-se de novo na minha direção, perguntando:
— Mas, 7 da manhã ou da tarde?
— Da tarde, com certeza, disse-lhe eu.
15 Perante a perplexidade na minha resposta, tentou explicar-se:
— Sabe, eu trabalho por turnos, às vezes à noite, outras de dia, e muitas vezes nem me deito. Ao fim
de algumas semanas fico com os sentidos baralhados e perco-me nas horas.
Riu-se da situação, acenou com a mão uma “boa noite” convencional e seguiu, pisando a calçada, em
direção ao centro da cidade.
Alfredo Santos (História devida 5.4.2009) http://ahistoriadevida.blogs.sapo.pt/ (Texto adaptado)
Vocabulário:
recuou – recuar: andar para trás
perplexidade: surpresa
turnos: trabalho com vários horários, por exemplo, das 8h às 16h, das 16h às 24h e das 24h às 8h (profissões
como médico, enfermeiro, polícia, bombeiro)
baralhados: confusos.
1. As seguintes informações estão no texto, por outras palavras. Copie do texto as palavras que
correspondem às expressões abaixo apresentadas.
a. A temperatura fazia sentir que dezembro estava a chegar.
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Curso Anual de Língua e Cultura Portuguesas para Estrangeiros Comunicação Escrita B1_A
Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra 2023/2024
Esta história aconteceu num dia frio do mês de novembro. No final do dia, quando o autor
____________________ (ir) para o carro, ____________________ (surgir) um jovem. Este jovem
caminhava de forma apressada e ____________________ (parecer) estar cansado. Depois de passar
pelo autor do texto, ele ____________________ (parar), ____________________ (voltar) para trás e
____________________ (perguntar) as horas. ____________________ (ser) 7 horas e 15 minutos.
Assim que ele ____________________ (agradecer) a informação, ____________________
(continuar) em frente, mas logo a seguir____________________ (parar). Voltou-se para
____________________ (perguntar) se ____________________ (ser) 7 horas da manhã ou da noite.
Como o seu horário de trabalho não ____________________ (ser) sempre igual, às vezes,
____________________ (ficar) confuso. Apesar de se sentir perdido no tempo porque
____________________ (trabalhar) durante muitas horas, sorriu e ____________________ (despedir-
se) com o desejo de uma “boa noite”.
3. Transforme cada par de frases numa única frase, utilizando a palavra ou a expressão de ligação
de ideias entre parênteses.
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b. (por isso) Não era possível ver bem a pessoa que se aproximava. Havia escuridão.
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c. (como) O jovem estava cansado e confuso. Ele tinha um horário de trabalho irregular.
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d. (mas) O jovem estava um pouco baralhado com as horas. O jovem mantinha o bom humor.
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Curso Anual de Língua e Cultura Portuguesas para Estrangeiros Comunicação Escrita B1_A
Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra 2023/2024
B – Tempos Livres
"Figuera dé Fóss!", exclamou Roy, quando eu lhe disse que era português. "Do you know Figuera dé Fóss?",
perguntou-me. Tinha um brilhozinho nos olhos. Era das recordações. Sorri com um ar superior: "Eu sou da
Figueira da Foz", respondi-lhe. Também eu tinha um brilhozinho nos olhos. Era das saudades.
5 Roy olhou-me espantado: “Que coincidência!”, disse-me. Continuámos a conversa. Roy foi contando a sua
história. O lugar de que ele tinha gostado mais da sua viagem pela Europa era a Figueira, onde tinha ficado
dois meses. Olhei bem para ele, tentando recordar as suas feições. Era quase impossível que não o tivesse
conhecido. "Há quanto tempo foi isso, Roy?", perguntei, já meio desconfiado. Ele ficou algum tempo a
concentrar-se nos anos, nas datas: "Acho que foi em 74 ou 75." Pois claro que eu não me lembrava dele. Nessa
10 altura, eu ainda nem sabia andar de bicicleta. E, de facto, a Figueira era uma cidade de casinhas ordenadas à
volta da baía. A especulação imobiliária começou no início da década de 80, alguns anos depois de Roy ter
passado os seus dois meses na “nice little” Figueira.
Roy convidou-me para tomar café em sua casa e apontou para um sítio indeterminado na fila de vivendas que
se estendia pela colina. Aceitei.
15 “Vives aqui?”, perguntei. Não era uma casa. Era um velho barracão. Roy contou-me a sua história enquanto
bebíamos o café.
Durante anos, Roy teve uma vida confortável, era "um homem do marketing", sempre atarefado entre reuniões
e projetos e orçamentos e almoços de negócios. Depois, começou a ver alguns dos seus amigos a morrer de
enfarte, outros a ficarem velhos antes do tempo, ele mesmo via os anos a passarem sem sentido nem alegria.
20 Os filhos já estavam crescidos, para quê continuar a correr sobre o vazio, a fugir para a frente? Roy fez contas à
vida. Com o que tinha poupado ao longo dos anos, podia receber uma reforma humilde, mas digna. Deixou o
emprego, deixou a casa de Auckland com a mulher e comprou um pedaço de terra em Raglan. E um barracão.
E voltou a surfar todos os dias.
[Texto adaptado] Gonçalo Cadilhe, No princípio estava ao mar, pp. 200-203.
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Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra 2018/2019
3. Escolha uma das opções para completar cada afirmação. Assinale com X a sua escolha e indique o(s) número(s) da(s)
linha(s) do texto onde se encontra a informação.
3.1. A coincidência entre Roy e Gonçalo era que
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