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Ciência & Arte - Filosofia da Arte

Carlos João Correia, Universidade de Lisboa


Emoção Estética

“Bell usa «emoção estética» como um termo técnico: para ele


não significa apenas qualquer emoção que possamos [sentir]. A
emoção estética é própria da nossa apreciação da arte, e nos
raros casos em que é despertada por objectos naturais isto é de
certo modo derivado do seu significado primário. A beleza que
reconhecemos e sentimos quando olhamos para as asas de uma
borboleta ou para uma flor não é, para Bell, do mesmo tipo que a
forma significante de uma pintura. A combinação de linhas e
cores produzidas pelas mãos humanas pode despertar a emoção
estética, uma emoção que no seu auge pode ser extática (...). As
emoções que a beleza natural desperta são de tipo diferente.”

Warburton 2007:25; 2003: 12


“Isto explica, creio eu, a contradição aparente entre dois usos da palavra belo,
um para aquilo que tem encanto sensual e outro para a aprovação estética de
obras da arte imaginativa, em que os objectos que nos são apresentados são,
muitas vezes, de uma fealdade extrema. A beleza no primeiro sentido
corresponde às obras de arte em que apenas o aspecto perceptivo é
exercitado; a beleza no segundo sentido torna-se, por assim dizer,
sobre-sensual e está ligada a uma avaliação da adequação e da intensidade
das emoções despertadas. Quando estas emoções são despertadas de modo
a satisfazer completamente as necessidades da vida imaginativa, nós
aprovamos e deleitamo-nos com as sensações através das quais fruímos essa
experiência intensificada, e isto porque elas possuem ordem e variedade
intencional em relação a essas emoções.”

Roger Fry. “An Essay in Aesthetics” [1909]. Vision and Design. London et al.: OUP. 1981 [1920], 22; “Um Ensaio
de Estética”. Arte em Teoria. Uma Antologia de Estética. Ed. Vítor Moura. Braga: Húmus. 2009, 69.
Quentin Matsys. The Ugly Duchess (c. 1513)
John
Tenniel
john tenniel
Pinturas negras/Quinta del Sordo

goya. saturno devorando a un hijo. c1819


goya. “viejo y vieja tomando sopa”. c1819
goya. perro semihundido. c1819
“A arte bela mostra a sua preeminência precisamente no facto que ela
descreve belamente as coisas que na natureza seriam feias ou
desaprazíveis. As fúrias, doenças, devastações da guerra, etc.,
enquanto coisas danosas podem ser descritas muito belamente, até
mesmo ser representadas em pinturas; somente uma espécie de feiura
não pode ser representada de acordo com a natureza sem deitar por
terra todo o comprazimento estético, por conseguinte a beleza da arte:
a saber, a fealdade que desperta *asco*. Pois, porque nesta sensação
peculiar, que assenta na mera imaginação, o objecto é representado
como se ele se impusesse ao gozo, ao qual contudo resistimos com
violência e, assim, a representação artística do objecto não se
distingue mais, na nossa sensação, da natureza deste próprio
objecto”.»
Kant. Crítica da Faculdade do Juízo. 48 Trad.António Marques/Valério Rohden. Lisboa: Imprensa Nacional.
Apocalypse Now (1979)
Sebastião Salgado
Sebastião Salgado
Gunther von Hagens
plastinação
Estética e Juízo de Gosto

“Na verdade, o facto dos sistemas de estética estarem a associados a


gostos pessoais, seria, no entanto, apressado, afirmar que que nenhuma
teoria estética tem validade. Se embora A, B, C, D sejam obras que
suscitam em mim emoção estética, enquanto A, D, E, F são obras que
suscitam em si essa emoção, pode bem ser que x seja a única qualidade
assumida por ambos como sendo comum a todas as obras desta lista.
Podemos concordar sobre estética, mas no entanto, discordar na
identificação das obras de arte”
Clive Bell. Art. London: Chatto & Windus. 1914 (19492), 10.
Tr. Rita Canas Mendes. Lisboa: Texto & Grafia. 2009, 24.
“Consideremos, por exemplo, amarelo. Podemos tentar defini-lo
descrevendo o seu equivalente físico, enunciando o tipo de
vibrações luminosas que devem estimular o olho normal para que
este se aperceba da cor. Mas bastará um momento de reflexão
para nos convencermos de que essas vibrações não são o que
entendemos por amarelo.” (Principia Ethica 10)

G.E.Moore

O intuicionismo de Moore
e Bell

Qualia: “Termo filosófico que define as qualidades subjectivas das experiências


mentais conscientes. Por exemplo, a vermelhidão do vermelho, ou o doloroso da dor.
Os qualia simbolizam o hiato explicativo que existe entre as qualidades subjectivas
da nossa percepção e o sistema físico a que chamamos cérebro. As propriedades
das experiências sensoriais são, por definição, epistemologicamente não-
cognoscíveis na ausência da sua própria experiência directa. Como resultado, são
também incomunicáveis.” Wikipedia
Kandinsky Munique-Schabing com a Igreja de
1866-1940 Santa Úrsula. 68,8x49cm. 1908.
München. Die städtische Galerie
im Lenbachhaus
Kandinsky Improvisação 28 (segunda versão) 1912. 111,4x162,1 cm. New York. Guggenheim
Mondrian. “A Árvore Cinzenta”. 1911. Gemeentemuseum. Haia
“Composição
com um
grande plano
vermelho,
amarelo,
preto, cinzento
e azul”. 1921.
59x5x59,5 cm.
Gemeente
museum. Haia
Mondrian
Broadway Boogie-
Woogie. 1943.
1,27x1,27m.
New York.
MoMA
Mondrian
Nº61 (Rust and
Blue)
292,74x233,68
Mark Rothko cm.1953. MOCA.
Los Angeles
Portrait Relief PR3 (Portrait of Claude
ikb Yves Klein Pascal). 176x94x6/125x52x22cm
Jackson Pollock. Mural. 1943.
University of Iowa. 2.5m x 5.79m
Qual o denominador mínimo
comum a estas duas obras?

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