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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE CORROSÃO

CORROSÃO
VOLUME ÚNICO

BEV

CFS

IMPRESSO NA GRÁFICA DA EEAR


CÓDIGO: 06.04
01/11/18
MINISTÉRIO DA DEFESA
COMANDO DA AERONÁUTICA
ESCOLA DE ESPECIALISTAS DE AERONÁUTICA

CORROSÃO

VOLUME ÚNICO

Apostila da disciplina Princípios Básicos de Corrosão,


da especialidade BEV, do curso de Formação de
Sargentos.

Elaborador(es):
Ricardo Azevedo dos Santos – SO BEV(2011)
Dalton Diógenes Rodrigues – 1S BEV
Revisor(es) Técnico(s):
Prof Flávia C.Z.Ferreira - 2016
Revisor(es) Pedagógico(s):

Revisor(es) de Diagramação:
1S BFT DINIZ – 2016
S2 SNE BARROS - 2018
Revisor(es) Ortográfico(s):
PROF. EDWALDS - 2018

GUARATINGUETÁ - SP
2019
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..............................................................................................................................1
1 CORROSÃO.............................................................................................................................3
1.1 Definição.................................................................................................................................3
1.2 Corrosão química...................................................................................................................4
1.3 Corrosão Eletroquímica........................................................................................................4
1.4 Formação da pilha de corrosão - Mecanismo......................................................................7
1.4.1 Corrosão galvânica.............................................................................................................7
2 TIPOS E FORMAS DE CORROSÃO....................................................................................8
2.1 Tipos de corrosão...................................................................................................................8
2.1.1 Corrosão microbiológica....................................................................................................8
2.1.2 Corrosão galvânica.............................................................................................................9
2.2 Formas de corrosão..............................................................................................................15
2.2.1 Corrosão uniforme ou generalizada................................................................................15
2.2.2 Corrosão localizada..........................................................................................................15
2.2.2.1 Corrosão em placas........................................................................................................16
2.2.2.2 Corrosão por pite (pitting).............................................................................................16
2.2.2.5 Corrosão transgranular (intragranular).....................................................................18
2.3 Fatores que provocam aceleração ou desaceleração da corrosão....................................19
2.4 Ambientes corrosivos...........................................................................................................21
2.5 - Principais ocorrências de corrosão nas instalações e em equipamentos.......................23
3 MEDIDAS DE COMBATE....................................................................................................24
3.1 Revestimentos metálicos......................................................................................................25
3.2 Revestimentos não metálicos inorgânicos..........................................................................25
3.3 Revestimentos não metálicos orgânicos.............................................................................26
3.4 Inibidores de corrosão.........................................................................................................26
3.5 Galvanização........................................................................................................................26
3.6 Proteção eletrolítica ou proteção catódica por corrente impressa..................................27
3.6.1 Principais meios de proteção contra a corrosão.............................................................27
CONCLUSÃO..............................................................................................................................29
REFERÊNCIAS...........................................................................................................................31
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INTRODUÇÃO

Estamos iniciando um estudo que certamente irá trazer-lhe informações importantes para
sua carreira profissional.

O objetivo deste módulo é proporcionar conhecimentos básicos e informações


específicas sobre o inimigo número um da aviação: “a corrosão”. As informações contidas nesta
apostila devem ser usadas apenas como orientação básica de aprendizado, tendo caráter
exclusivamente didático, levando em conta a utilização e operação. Sempre que necessário,
consulte as ordens técnicas.

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1 CORROSÃO
Os problemas de corrosão são frequentes e ocorrem nas mais variadas atividades, como,
por exemplo, nas indústrias químicas, petroquímicas, naval, aeronáutica, de construção civil,
automobilísticas, nos meios de transporte, na medicina, na odontologia, nos meios de
comunicação, etc.

As perdas econômicas decorrentes de substituição de peças, incluindo mão de obra e


energia, assim como os custos da manutenção dos processos de proteção contra a corrosão são
altíssimos.

Além disso, deve-se levar em consideração o que a corrosão pode apresentar em termos
de segurança.

A corrosão localizada muitas vezes resulta em fraturas repentinas nas partes críticas de
aviões e equipamentos, causando desastres que podem envolver perdas de vidas humanas.

1.1 Definição
A corrosão consiste na deterioração dos materiais pela ação química ou eletroquímica do
meio, podendo estar ou não associada a esforços mecânicos.

Ao se considerar o emprego de materiais na construção de equipamentos ou instalações, é


necessário que estes resistam à ação do meio corrosivo, além de apresentar propriedades
mecânicas suficientes e características de fabricação adequadas.

A corrosão pode incidir sobre diversos tipos de materiais, sejam metálicos, como os aços
ou as ligas de cobre, por exemplo, ou não metálicos, como plásticos, cerâmicas ou concreto. A
ênfase aqui descrita será sobre a corrosão dos materiais metálicos. Essa corrosão é denominada
corrosão metálica.

Dependendo do tipo de ação do meio corrosivo sobre o material, os processos corrosivos


podem ser classificados em dois grandes grupos, abrangendo todos os casos de deterioração por
corrosão: Corrosão Química e Corrosão Eletroquímica.

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1.2 Corrosão química


Os processos de corrosão química são, por vezes, denominados corrosão ou oxidação em
altas temperaturas. Esses processos são menos frequentes na natureza, envolvendo operações
onde as temperaturas são elevadas.

Como na corrosão química não se necessita de água líquida, ela também é denominada
em meio não aquoso ou corrosão seca.

Tais processos corrosivos se caracterizam basicamente por:

➢ Ausência da água líquida;

➢ Temperaturas, em geral, elevadas, sempre acima do ponto de orvalho da água;

➢ Interação direta entre o metal e o meio corrosivo.

São exemplos: Ação de álcalis sobre o alumínio e suas ligas e ácido sulfúrico sobre o
ferro e suas ligas.

1.3 Corrosão Eletroquímica


Os processos de corrosão eletroquímica são mais frequentes na natureza e se caracterizam
basicamente por:

➢ Necessariamente na presença de água no estado líquido;

➢ Temperaturas abaixo do ponto de orvalho da água, sendo a grande maioria na temperatura


ambiente;

➢ Formação de uma pilha ou célula de corrosão, com a circulação de elétrons na superfície


metálica.

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FIGURA 1

Em face da necessidade do eletrólito conter água líquida, a corrosão eletroquímica é


também denominada corrosão em meio aquoso. Nos processos de corrosão, os metais reagem
com os elementos não metálicos presentes no meio, O2, S, H2S, CO2 entre outros, produzindo
compostos semelhantes aos encontrados na natureza, dos quais foram extraídos. Conclui-se,
portanto, que nestes casos a corrosão corresponde ao inverso dos processos metalúrgicos, vide
figura.

A corrosão de um determinado metal é sempre função do meio.

Pela figura a seguir podemos observar que para obtenção de um metal, temos que
fornecer energia ao minério. Dessa forma, o metal apresenta um conteúdo energético superior ao
minério que lhe deu origem.

FIGURA 2

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Como na natureza as espécies químicas tendem a liberar energia para adquirir maior
estabilidade, podemos concluir que o processo de corrosão do metal é espontâneo, pois há
liberação de energia.

Os elétrons são liberados num local (anodo), conduzidos através de um condutor e


incorporados em outro local (catodo), devido à diferença de potencial entre os dois locais.

Quanto mais distanciado estiver um metal do outro na série galvânica (Tab.) maior será a
intensidade da corrosão, se ambos foram colocados na presença de um eletrólito comum. O
metal de maior potencial de oxidação (anodo) será corroído.

SÉRIE GALVÂNICA DAS LIGAS E METAIS


EXTREMIDADE ANÓDICA
(MAIOR SUSCEPTIBILIDADE DE CORROSÃO)
FERRO E AÇO
MAGNÉSIO
GRUPO 1 GRUPO 7 FERRO FUNDIDO
LIGAS DE MAGNÉSIO
CROMO
ZINCO
GRUPO 2 CLAD 7075 GRUPO 8 AÇO INOX 18-8
CLAD 6061
CHUMBO
5052
GRUPO 3 GRUPO 9 ESTANHO
CLAD 2024
NÍQUEL
LATÃO
6061 – T6 COBRE
GRUPO 4 7075 – T6 GRUPO 10 BRONZE
7178 TITÂNIO
MONEL
GRUPO 5 CÁDMIO

2071 – T4 PRATA
GRUPO 11
2024 – T3 OURO
GRUPO 6
2024 – T4 PLATINA
2014 - T6

EXTREMIDADE CATÓDICA
(MENOR SUSCEPTIBILIDADE DE CORROSÃO)
Tabela 01

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1.4 Formação da pilha de corrosão - Mecanismo

1.4.1 Corrosão galvânica

FIGURA 3 - CORROSÃO GALVÂNICA

No anodo, onde ocorre a corrosão, átomos do metal perdem um ou mais elétrons


(oxidação) e entram na solução sob a forma de cátions. As cargas negativas correspondentes, os
elétrons, caminham do anodo, através do condutor metálico, para o catodo (metal protegido). À
medida que os elétrons passam de um metal para o outro, um dos metais tende à corrosão. Daí
poderemos concluir que, para a formação de uma pilha de corrosão ou galvânica são apenas
necessários os seguintes elementos: Anodo, catodo, condutor metálico e eletrólito. O eletrólito é
uma solução condutora de eletricidade que se forma facilmente na superfície metálica quando há
condensação, contato com ar marítimo, chuva ou água acumulada.

Através de experiências com diversas soluções (meios) existentes, elaboram-se as


chamadas escalas de nobreza, com os quais se pode saber se um metal é um eletrodo anódico ou
catódico, num determinado meio. Assim, para a água do mar tem-se a "Tabela 2”. Por essa tabela
pode-se compreender porque os navios utilizam peças de zinco para proteger seus cascos
(proteção catódica por anodo de sacrifício que são de ferro e porque algumas ligas de alumínio
recebem o Alcla (camada de alumínio).

MAGNÉSIO E SUAS LIGAS CARÁTER


ZINCO ANÓDICO
ALUMÍNIO COMERCIALMENTE PURO (1100)
CÁDMIO
DURALUMÍNIO 2024
AÇO OU FERRO
FERRO FUNDIDO
AÇO INOXIDÁVEL A 13% CR – ATIVO -
NI – RESIST. (FERRO FUNDIDO AO NÍQUEL)

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AÇO INOXIDÁVEL 18.8 - ATIVO-


AÇO INOXIDÁVEL 18.8.3 -ATIVO-
SOLDA CHUMBO-ESTANHO
CHUMBO
ESTANHO
NÍQUEL -ATIVO-
INCONEL (80 NI – 13 CR – 7 FE)
HASTELLOY B (60 NI – 30 MO – 6 FE – 1 MN)
CHLORIMET 2 (66 NI – 32 MO – 1 FE)
LATÕES (CU-ZN)
COBRE
BRONZE (CU-SN)
CUPRONÍQUEL (60-90 CU; 40-10 NI)
MONEL (70 NI – 30 NI)
SOLDA DE PRATA
NÍQUEL -PASSIVO-
INCONEL -PASSIVO-
AÇO INOX 11-30% CR -PASSIVO-
AÇO INOX 18.9 -PASSIVO-
HASTELLOY C (62 NI – 17 CR – 15 MO)
CLORIMET 3 (62 NI – 18 CR – 18 MO)
PRATA
TITÂNIO
CARÁTER
GRAFITE
CATÓDICO
OURO
PLATINA
TABELA 02 – ESCALA PRÁTICA DE NOBREZA – METAIS E LIGAS COMERCIAIS EM ÁGUA DO MAR

2 TIPOS E FORMAS DE CORROSÃO


O tipo e a forma de uma corrosão fornecem, geralmente, a causa que lhe deu origem. Em
equipamentos aeronáuticos em geral, não se verifica apenas a ocorrência de um único tipo ou
forma, o que torna mais difícil a tomada de medidas corretivas.

2.1 Tipos de corrosão

2.1.1 Corrosão microbiológica


Para que este tipo de corrosão ocorra, faz-se necessária a presença dos seguintes
elementos no tanque de combustível de aeronaves:

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➢ Esporos ou microrganismos;

➢ Combustível; e

➢ Água.

É causada pela atividade metabólica de vários microrganismos (fungos e bactérias) que


vivem na interface água-combustível, alimentando-se de hidrocarbonetos, sulfatos, ferro,
manganês, selantes dos tanques e outras impurezas. Um exemplo de organismo biológico é o
lodo.

A água é o elemento mais fácil de ser eliminado para prevenção do crescimento


microbiológico, através de drenagens diárias antes de iniciar o primeiro voo do dia ou em
aeronaves que permaneçam no solo por mais de quatro horas. Faça a drenagem até que a
amostra do tanque esteja isenta de água. Existem Kit's para a detecção de água assim como
detecção de microrganismos (Boron Test Kit).

2.1.2 Corrosão galvânica


É aquela em que a corrosão é provocada com a participação de uma corrente elétrica
gerada internamente pela formação de uma pilha com os próprios constituintes do sistema.

Dos tipos de pilhas que podem provocar a corrosão galvânica, citaremos as mais
importantes, a seguir.

2.1.2.1 Pilhas de eletrodos diferentes (Metais dissimilares)


A experiência mostra que, quando colocamos dois metais diferentes em um líquido
condutor de eletricidade e estabelecemos um íntimo contato entre os dois, formamos uma pilha
cuja diferença de potencial e intensidade de corrente dependerá da natureza dos metais, do
líquido, da ligação entre eles e das condições de temperatura e pressão do conjunto.

Em nossos equipamentos são comuns e inevitáveis as ocorrências de tais junções


metálicas, as quais são impostas por fatores diversos, tais como preço, peso, resistência
estrutural, etc.

Na construção de um avião, a prevenção contra a corrosão, embora seja levada em


consideração, não constitui a parte mais importante do projeto. Seria impossível, impraticável e
antieconômico, construir um avião de um único material, visando, unicamente, evitar os
problemas de corrosão por metais dissimilares. Então diante dessa impossibilidade compete a

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nós responsáveis pela manutenção e conservação das inevitáveis junções de materiais


dissimilares, e em caso de início de corrosão, estabelecermos o exato processo corretivo, que
poderá consistir de uma simples remoção e tratamento ou de substituição da(s) parte(s)
afetada(s).

Nos casos de substituição das partes atacadas, ou em caso de reparo delas, é solicitada a
intervenção de um delineador cujo trabalho, além das consultas as TO’ s ou OT’s, consiste
também na avaliação do grau de proteção contra a corrosão das partes que ficarão em contato e
em presença de um determinado meio corrosivo. As tabelas, como a contida na Tabela da série
galvânica das ligas e metais, fornecem ao delineador informações valiosas para a escolha dos
materiais comumente usados nos trabalhos de fabricação de peças, substituições e reparos
estruturais.

As tabelas permitem uma avaliação do que pode ocorrer, em termos de corrosão, quando
por um motivo de força maior, somos forçados a lançar mão de junções dos referidos materiais
dissimilares.

Quanto mais distantes estiverem os dois materiais na série galvânica, maior a


susceptibilidade de ataque corrosivo.

O exposto acima, confirma que, ao escolhermos um material para fazer um reparo, de


modo que não se possa evitar a dissimilação, devemos orientar a nossa seleção de modo que os
metais que estarão em contato estejam bem próximos na tabela, isto é, o nº 1 com o nº 2, o nº 20
com o nº 21 e assim por diante.

Na prática, nem sempre isso é possível, então lançamos mão de determinados artifícios
para atenuar a ação da pilha formada quando somos obrigados a usar, por exemplo, ligas de
magnésio em contato com alumínio 2024-T4. Um outro exemplo típico é o contato inevitável do
parafuso de aço com a chapa de alumínio da maioria das fixações.

Não podemos substituir a chapa de alumínio por aço e nem o parafuso de aço por
alumínio. Se verificarmos na primeira tabela ou na série galvânica das ligas e metais, nestas
condições, se nenhuma prevenção for utilizada, teremos, fatalmente, um sério problema de
corrosão com ataque severo ao alumínio, embora possa parecer que o aço esteja sendo atacado
preferencialmente.

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No caso do parafuso de aço usado como fixação de uma chapa de alumínio, recomenda-
se um banho de cádmio no parafuso, para com isso, diminuirmos a distância entre os materiais
na tabela de nobreza, diminuindo consequentemente o potencial da pilha formada. É evidente
que o cádmio, embora lentamente, será atacado. Porém é muito mais fácil dar um novo banho de
cádmio no parafuso durante uma revisão do que trocar uma chapa inutilizada pela corrosão. O
banho de cádmio, além de diminuir a distância entre os dois materiais na tabela, ainda promove
uma proteção catódica à cabeça do parafuso exposta ao meio ambiente. Se o delineador desejar
mais proteção para o caso em questão, poderá recomendar a pintura da chapa, após a fixação,
para evitar o contato do eletrólito com os metais dissimilares. Um exemplo típico desse tipo de
corrosão, é o que ocorre frequentemente no compartimento de carga do C-130 na pilha de
corrosão formada pela argola de amarração (aço inoxidável) e o piso (liga de alumínio 7178),
tendo como eletrólito os respingos líquidos do mictório, resto de alimentos e umidade. Um outro
exemplo é o contato frequente entre a liga de alumínio e o titânio. Essa pilha é muito comum em
áreas de escapamento pelo fato de ser o titânio um metal de ponto de fusão bastante elevado e
densidade relativamente baixa. Porém, a diferença de potencial da pilha formada entre as ligas de
titânio e as de alumínio, é o suficiente para permitir a passagem de corrente com deslocamento
de elétrons do alumínio para o titânio.

2.1.2.2 Pilha ativa-passiva


Alguns metais e ligas tendem a tornar-se passivos devido à formação de uma película fina
e aderente de óxido ou outro composto insolúvel nas suas superfícies. Entre esses metais e ligas
tem-se: alumínio, aço inoxidável, cromo e chumbo. A passivação faz com que esses materiais
funcionem como áreas catódicas. Entretanto, o íon cloreto e, em menor escala, o brometo e o
iodeto destroem essa passivação ou impedem sua formação. Os íons cloretos penetram através de
poros ou falhas, na rede cristalina da película passivadora, aumentando sua permeabilidade. Daí
os ataques por meios corrosivos contendo cloretos a aços inoxidáveis e ligas de alumínio. A
destruição da passividade peio íon cloreto não ocorre sobre toda a extensão da película, e sim em
pontos, talvez determinados por pequenas variações na estrutura e na espessura da película.
Formam-se, então, pequenos pontos na espessura de metal ativo (anodos) circundados por
grandes áreas de metal passivado (catodos), dando lugar a uma diferença de potencial entre essas
áreas da ordem de 0,5 volt. A pilha resultante é que se costuma chamar de pilha ativa-passiva. A
destruição da passividade também pode ocorrer por meio de riscos na camada de óxido, assim
como depósitos de materiais sobre superfície passivada, tornando a região anódica.

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2.1.2.3 Pilha de Ação Local


Observa-se experimentalmente que o zinco de alta pureza resiste mais à ação do ácido
sulfúrico ou clorídrico diluído que o zinco comercial. Aparentemente, o ataque é feito
uniformemente sobre toda superfície do zinco comercial, mas se observado sob um microscópio
verifica-se que o desprendimento do hidrogênio gasoso ocorre somente em determinados pontos
da superfície do zinco. As impurezas (ferro, carbono e cobre) normalmente presentes no zinco,
funcionam como microcatodos, funcionando o zinco como o anodo. Isso pode ocorrer em ligas
metálicas, por mais homogênea que possam parecer, apresentam na realidade, irregularidades
que não são percebidas a olho nu. Uma pequena falha na estrutura cristalina da liga, interna ou
externamente, pode provocar o aparecimento de uma área anódica, que em contato com o
eletrólito pode provocar uma severa corrosão localizada. O eletrólito a que nos referimos pode
ser o ar contaminado com os mais variados tipos de impurezas, pode ser também água de chuva,
material de limpeza, solução de bateria, resíduo de removedores, etc. Quaisquer desses materiais,
em contato com a chapa metálica, poderão provocar corrosão nas áreas anódicas da chapa, ou
promover o aparecimento de áreas anódicas pelo ataque seletivo do revestimento protetor.

FIGURA 4

2.1.2.4 Pilha de Concentração


Existem casos em que se têm materiais metálicos da mesma natureza, mas que podem
originar uma diferença de potencial, ocasionando processo de corrosão. Isso ocorre quando se
tem um mesmo material metálico em contato com diferentes concentrações de um mesmo
eletrólito ou em contato com um mesmo eletrólito, porém em locais em que os teores de gases
dissolvidos são diferentes. Tem-se no primeiro caso a pilha de concentração iônica e no segundo
caso a pilha de aeração diferencial. No primeiro, basta que o eletrólito contenha íons do metal
usado e que haja uma variação de concentração desse íon em determinados pontos.

➢ Anodo: aquele que estiver imerso na solução mais diluída.

➢ Catodo: aquele que estiver imerso na solução mais concentrada.

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O tipo mais importante de célula de concentração é a aeração diferencial, que ocorre


quando uma parte do metal é exposta a diferentes concentrações de ar ou é imersa em regiões do
eletrólito diferentemente aerados (ou com outros gases dissolvidos); isso provoca uma diferença
de potencial entre as partes diferentemente aeradas. É um fato experimental que áreas de uma
superfície metálica onde a concentração de oxigênio é alta são catódicas. Esse tipo de corrosão é
o que ocorre na “linha d’água” das partes metálicas parcialmente imersa em uma solução. Ao se
mergulhar uma peça de metal, zinco, por exemplo, em uma solução diluída de um eletrólito
qualquer e a solução não é agitada, as partes acima e adjacentes à linha d’água são mais
fortemente aeradas devido à facilidade de acesso do oxigênio a essas áreas, que portanto, tornar-
se-ão catódicas. Na parte imersa à maior profundidade, a concentração de oxigênio é menor,
sendo esta, por conseguinte, anódica.

FIGURA 4

Na figura 5, temos uma ilustração de um caso típico de concentração iônica. Os íons do


metal se concentram mais junto aos rebites do que nas bordas da chapa, devido ao arraste desses
íons pelo eletrólito dando origem ao aparecimento de uma área anódica nas bordas da junta
rebitada.

FIGURA 5– PILHA DE CONCENTRAÇÃO IÔNICA

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No segundo caso, a pilha é constituída de materiais metálicos de mesma natureza, em


contato com um mesmo eletrólito de concentração uniforme, mas apresentando regiões com
diferentes teores de gases dissolvidos.

Como ocorre com mais frequência em regiões diferentemente aeradas, é conhecido com o
nome de pilha de aeração diferencial ou de oxigenação diferencial. A diferença de concentração
do oxigênio, presente no ar origina uma diferença de potencial, funcionando o eletrodo mais
aerado como catodo e o menos aerado como anodo.

FIGURA 6– PILHA DE AERAÇÃO DIFERENCIAL

Na figura 6, observamos o ataque mais acentuado próximo ao rebite, onde a concentração


de oxigênio é menor devido à difícil aeração. Onde houver diminuição de oxigênio, haverá
pontos anódicos. Essa diminuição pode ser causada pela presença de água ou detritos sobre a
superfície do metal.

2.1.2.5 Pilha de Temperaturas Diferentes


São pilhas constituídas de um mesmo material metálico, ou outro condutor, imersos em
eletrólitos da mesma composição inicial. Essas pilhas são chamadas termo galvânicas e são
responsáveis pela corrosão termo galvânica. Esse tipo costuma ocorrer quando se tem o material
metálico imerso em eletrólito que apresenta áreas diferentemente aquecidas. Já que elevação da
temperatura aumenta a velocidade das reações eletroquímicas bem como a velocidade de
difusão, pode-se então admitir que a elevação de temperatura torna mais rápido o processo
corrosivo.

2.1.3 Corrosão eletrolítica


É um tipo de corrosão, em que a corrente elétrica envolvida no processo é fornecida por
uma fonte externa de corrente contínua. Esse tipo de corrosão ocorre frequentemente em
estruturas que funcionam nas extremidades de vias férreas ou qualquer outra instalação de
corrente contínua.

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Em nossos equipamentos, tal tipo de corrosão nunca foi reportado, porém não podemos
atestar essa impossibilidade tendo em vista a existência, em nossos equipamentos, de fonte de
corrente contínua e é bem possível que alguns casos de corrosão tenham sido originados por fuga
de corrente.

2.2 Formas de corrosão


A corrosão pode se apresentar sob as mais variadas formas, das quais destacamos as que
se seguem.

2.2.1 Corrosão uniforme ou generalizada


É uma corrosão na qual não há ataque preferencial. A superfície é atacada em toda sua
extensão apresentando características que variam com natureza do material e do tipo de
contaminante. No alumínio, por exemplo, primeira manifestação dessa forma de corrosão é
evidenciada pelo aparecimento de uma descoloração da chapa. Após algum tempo, essa
superfície passará a apresentar minúsculas rugosidades perceptíveis ao tato com o destaque de
um pó branco que é o produto da corrosão. Essa forma de corrosão é frequentemente provocada
pelo ataque direto por ácidos álcalis, material de limpeza não especificado, atmosfera industrial
marinha, gases de escapamento, óleo lubrificante, lama, etc.

FIGURA 7

2.2.2 Corrosão localizada


A corrosão é dita localizada quando ela se processa em partes preferenciais de uma chapa
ou estrutura metálica, podendo se apresentar sob as seguintes formas:

➢ Corrosão em placas;

➢ Corrosão por pites;

➢ Corrosão alveolar;

➢ Corrosão intergranular;

➢ Corrosão transgranular;

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➢ Corrosão por desfolhamento.

2.2.2.1 Corrosão em placas

FIGURA 8 - CORROSÃO EM PLACAS

A corrosão se localiza em regiões da superfície metálica e não em toda sua extensão,


formando placas com escavações.

2.2.2.2 Corrosão por pite (pitting)


É uma forma de corrosão muito frequente em quase todas as ligas e especialmente em
ligas de alumínio e magnésio. A presença dessa forma de corrosão é evidenciada pelo
aparecimento de um pó branco ou cinza na superfície do alumínio ao removermos esse pó,
notamos pequenas cavidades na superfície do material metálico.

A essas cavidades, damos o nome de pitting.

A corrosão por pitting é, portanto, caracterizada por cavidades que têm profundidade
maior que o diâmetro da base.

Pelo fato de ser localizada, essa forma de corrosão é extremamente prejudicial.

Verificamos também a presença de pites em ligas de aço inoxidável, sendo os principais


responsáveis, os íons cloretos, brometos e iodetos presentes nos diversos meios corrosivos.

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FIGURA 9 - CORROSÃO PUNTIFORME (PITE)

2.2.2.3 Corrosão alveolar


Essa forma de corrosão é semelhante à anterior, diferindo apenas nas dimensões e formas
das cavidades. O Pitting tem a forma aproximadamente cônica, enquanto que o alvéolo é menos
profundo e mais arredondado. Podemos notar que o diâmetro da cavidade é maior que
profundidade.

FIGURA 10 - CORROSÃO ALVEOLAR

2.2.2.4 Corrosão intergranular


É uma forma de corrosão que só é detectada no início do seu processamento por
intermédio de raio x ou teste ultrassônico, pois se processa entre os grãos da estrutura cristalina
do material, sendo somente percebida por inspeção visual após um determinado estágio de seu
desenvolvimento. É uma forma extremamente prejudicial porque diminui consideravelmente a
resistência do material, por provocar tensões na estrutura.

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FIGURA 11- CORROSÃO INTERGRANULAR

2.2.2.5 Corrosão transgranular (intragranular)


É uma forma de corrosão muito semelhante a anterior. Porém, o ataque se processa nos
próprios grãos da estrutura cristalina.

FIGURA 12 - CORROSÃO TRANSGRANULAR

2.2.2.6 Corrosão por desfolhamento (esfoliação)


É uma decorrência dos dois casos anteriores. O produto da corrosão intergranular e
transgranular, por necessitar de espaço para o seu desenvolvimento e expansão, exerce pressões
sobre as camadas granulares mais externas provocando o deslocamento dessas camadas, razão
pela qual, notamos um empolamento na superfície e posteriormente um desfolhamento.
Uma das principais causas da ocorrência das três últimas formas de corrosão é o
tratamento térmico indevido. Um tratamento térmico correto do material é um fator vital no
estabelecimento de uma resistência à corrosão.

FIGURA 13 – CORROSÃO POR ESFOLIAÇÃO

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2.2.2.7 Filiforme
A corrosão se processa sob a forma de finos filamentos, mas não profundos, que se
propagam em diferentes direções e que não se ultrapassam, pois admite-se que o produto de
corrosão, em estado coloidal, apresenta carga positiva, daí a repulsão. Ocorre geralmente em
superfícies metálicas revestidas com tintas ou em metais, ocasionando o deslocamento do
revestimento. É observada mais frequentemente quando a umidade relativa do ar é maior que
85% e em revestimentos mais permeáveis à penetração de oxigênio e água ou apresentando
falhas (como riscos), ou em região de arestas.

FIGURA 7

2.3 Fatores que provocam aceleração ou desaceleração da corrosão

2.3.1 Causadores de desaceleração da corrosão

2.3.2 Polarização
Quando há esse fenômeno, ocorrem taxas de corrosão substancialmente inferiores àquelas
que ocorreriam caso as pilhas de corrosão funcionassem ativamente. Dois elementos polarizantes
por natureza são:

➢ Oxigênio: a baixa disponibilidade de oxigênio aumenta a velocidade de corrosão porque,


assim, o eletrodo se torna anódico em relação a outras superfícies metálicas da mesma
parte exposta ao ar, onde a concentração de oxigênio é maior.

➢ Hidrogênio: assim como o oxigênio, ele também forma uma “camada” que protege o
metal que seria corroído.

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2.3.2.1 Passivação
É uma proteção que ocorre nos metais em meios específicos, devido à formação de uma
película de produto de corrosão chamada película passivadora. Alguns exemplos de metais que
se passivam são:

➢ Cromo, Níquel, titânio, aço inoxidável que se passivam na maioria dos meios corrosivos,
especialmente na atmosfera, e o titânio na água salgada.

➢ Chumbo, que se passiva na presença de ácido sulfúrico.

➢ O ferro, que se passiva na presença de ácido nítrico concentrado, mas não se passiva na
presença de ácido nítrico diluído.

A maioria dos metais e ligas passivam-se na presença de meios básicos, com exceção dos
chamados metais anfóteros, que são Alumínio, Zinco, Chumbo, Estanho e Antimônio.

2.3.2.2 Causadores de aceleração da corrosão

2.3.2.3 Metais dissimilares


Quando dois metais dissimilares fazem contato elétrico na presença de um eletrólito, a
taxa em que a corrosão ocorre depende de suas atividades, isto é, segundo a sua presença na
escala de nobreza de metais. Quanto maior a diferença, maior a ocorrência da corrosão.

2.3.2.4 Temperatura
Ambientes com temperaturas altas tendem a produzir corrosão mais rapidamente devido à
aceleração das reações químicas. Além disso, quedas bruscas de temperatura durante a noite
podem causar maiores quantidades de condensação, levando a um ritmo de corrosão crescente.

2.3.2.5 Catodo com área muito maior que o anodo


Um exemplo é a corrosão por pite, veja o tópico “Cloretos sobre aços inoxidáveis”
abaixo.

2.3.2.6 Cloretos sobre aços inoxidáveis


Como verificou-se anteriormente, nos aços inoxidáveis, forma-se uma película
passivadora que os protege, entretanto os íons cloreto destroem essa camada em alguns pontos,
dessa forma existe uma grande área protegida (área catódica) e uma pequena área não protegida

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(área anódica), originando-se assim a corrosão bastante acentuada, chamada corrosão por pite.
Um exemplo curioso encontra-se a seguir.

➢ Painéis automotivos fabricados nos EUA e exportados para o Japão apresentavam de


maneira esporádica, corrosão severa nos flanges de aço-carbono de suas superfícies.
Constatou-se elevada concentração de cloreto, bem acima da encontrada normalmente em
água ou em contaminação com água salina durante transporte marítimo. Finalmente
conseguiu detectar a causa dessa concentração elevada de cloreto: grande quantidade de
gatos que viviam na área de estocagem dos painéis, tendo alimentos fornecidos pelos
próprios operários. A urina eliminada pelos gatos escorria pelos painéis e era recolhida
nos flanges. Com a evaporação da urina aumentava a concentração de cloreto e
consequentemente condições para corrosão do aço.

2.3.2.7 Concentração de íons (geralmente sais ou cátions do metal) dissolvidos


Quanto mais diluído for o eletrólito, maior a taxa de corrosão. Um exemplo é a pilha de
concentração iônica diferencial que ocorre em frestas.

➢ O interior da fresta recebe pouca movimentação de eletrólito, tendendo a ficar mais


concentrado em íons de metal (área catódica), com consequente corrosão das bordas das
frestas (área anódica).

2.3.2.8 Presença de organismos biológicos


Lodos, bolores, fungos e outros organismos vivos podem causar ou aumentar taxa de
corrosão.

2.4 Ambientes corrosivos


Quais são as características atmosféricas do local em que você reside? Certamente, elas
influenciam no desenvolvimento da corrosão que você enfrenta no seu dia a dia. Para análise do
processo corrosivo, consideremos 5 tipos de atmosferas.

➢ Atmosfera rural. Isenta de poluição, dessa forma, menos agressiva às estruturas


metálicas. Exemplo: Campo Grande –MS.

➢ Atmosfera urbana. Poluição proveniente da queima de combustíveis de automotores


(monóxido de carbono, dióxido de carbono e chumbo). Exemplo: Brasília – DF

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➢ Atmosfera marítima. Apresenta grande concentração de sais corrosivos (cloretos,


brometos e iodetos). Exemplo: São Pedro da Aldeia –RJ.

➢ Atmosfera industrial. Apresenta alto índice de poluição proveniente de processos


industriais (dióxido de enxofre, trióxido de enxofre, monóxido de nitrogênio, dióxido de
nitrogênio, monóxido de carbono, dióxido de carbono, metais pesados etc.).

➢ Atmosfera marítima – industrial. Apresenta o somatório dos dois tipos de atmosferas,


tornando-se altamente corrosiva às estruturas metálicas. Exemplo: Rio de Janeiro
(Capital) e Santos –SP.

Dada a importância dos ambientes naturais e das situações criadas pelo homem para o
processo de corrosão, vamos analisar como elas influenciam no processo de corrosão.

➢ Umidade. Está presente no ar sob a forma de vapor d’água ou como pequenas gotas,
neblina ou nevoeiro e, frequentemente, contém contaminantes como fluoretos, sulfatos e
nitratos que aumentam seus efeitos corrosivos. Está presente em todas as áreas da
aeronave em que o ar puder entrar.

➢ Umidade condensada. Deixa seus contaminantes (resíduos) inclusive sais. Pode reter
sujeiras nas fendas das aeronaves. Resulta na formação de eletrólitos.

➢ Atmosfera salina. Fornece grande quantidade de partículas que formam fortes eletrólitos.
Acarretam em ambientes altamente corrosivos.

➢ Ozônio. É uma forma particularmente ativa de oxigênio que se forma naturalmente


durante as tempestades com descargas elétricas e por reações fotoquímicas.

➢ Temperatura. Geralmente a corrosão e outros processos prejudiciais aumentam à medida


que a temperatura se eleva, mas poderão ser evitados se o seu aumento for moderado,
pois evita a condensação.

➢ Areia, poeira e cinza vulcânica. Estão presentes em várias áreas especialmente nas
industriais, onde, frequentemente, há produtos de alcatrão, cinzas e poeira. Pequenas
quantidades de areia ou poeira podem ser suficientes para promover a corrosão na
presença de umidade.

➢ Radiação solar. Na radiação solar, os dois tipos de comprimento de onda que mais
provocam prejuízos aos materiais são o ultravioleta, que causa queimaduras solares, e o

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infravermelho, a faixa que faz a luz do sol parecer quente. A borracha sintética e a
borracha natural se deterioram sob a luz solar. Depois de prolongada exposição, os
plásticos escurecem, as pinturas perdem suas características de proteção e polímeros
sofrem notável decréscimo em sua força e flexibilidade.

➢ Clima. Calor e ar úmido, normalmente encontrado em climas tropicais, tendem a acelerar


a corrosão, enquanto ar frio e seco normalmente encontrado em climas árticos, tendem a
reduzi-la.

➢ Degradação de não metais. Materiais não metálicos (plásticos, pinturas e adesivos)


também sofrem consequências de meios corrosivos. Porém, eles não estão sujeitos à
corrosão eletroquímica, pois a condutividade elétrica destes materiais é baixa.

➢ Poluentes industriais. Sua combinação contribui para deterioração de materiais não


metálicos e para a severa corrosão de metais. Os nitratos, o carbono, o dióxido de enxofre
e os sulfatos representam uma amostra dessa combinação ambiental.

2.5 - Principais ocorrências de corrosão nas instalações e em equipamentos


Diversos tipos de equipamento de voo são confeccionados de metais ou ligas metálicas,
vamos apresentar por meio da tabela abaixo as principais ocorrências de corrosão nesses metais.
Porém, antes, vamos apresentar algumas definições importantes:

➢ Aço carbono: São ligas ferro-carbono com teor de carbono inferior a 2% e alguns
elementos residuais em teores muito reduzidos como silício, fósforo, enxofre, dentre
outros. Possui baixa resistência a corrosões, excetuando-se: em meios básicos, em meios
neutros ou desaerados, em meios secos, com baixa umidade ou ausência de água líquida;

➢ Aço Inoxidável: São ligas ferrosas, com teor de carbono inferior a 2% e teores de cromo
de 12 a 26%, podendo ter níquel até 22% e eventualmente molibdênio;

➢ Ferro fundido: São ligas ferro-carbono, com teor de carbono acima de 2% até 3,5%. São
sujeitos à corrosão grafítica que é apresentada na figura a seguir:

Materiais metálicos Resistência à corrosões LIMITAÇÕES

Aço carbono Em meios básicos Necessita da utilização de meios


adicionais de proteção
revestimentos, proteção
Em meios neutros desaerados catódica, inibidores de corrosão,

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Em meios secos, com baixa umidade ou ausência


de água líquida
etç) devido à fraca resistência à
corrosão nos meios usualmente
Dependente da composição da liga: Características mecânicas e
soldabilidade

Aço liga Aços patináveis: resistentes à corrosão atmosférica


Aços patináveis não devem ser
usados em meios cloretados, em
imersão e em regiões onde haja
Aços cromo-molibdênio: resistentes à corrosão variação de nível.
química
MATERIAIS FERROSOS

Resistente à corrosão em vasta gama de meios, a


depender da composição Meios que quebrem a
Aço inoxidável passividade do aço inoxidável
As ligas mais resistentes são as de alto Cr, alto Ni e
com Mo

Em meios muito agressivos pode


Resistentes à corrosão pelo solo e pela água doce
Ferro fundido ocorrer a corrosão grafítica

Meios contendo amônia e


Boa na maioria dos meios atmosferas contendo gás
Cobre e ligas de cobre
sulfídrico
MATERIAIS NÃO FERROSOS

Boa resistência à corrosão atmosférica, em Meios que quebrem a


atmosferas não-cloretadas passividade do alumínio
Alumínio e ligas de alumínio
As ligas para anodos não devem passivar Meios básicos

Boa resistência à corrosão atmosférica, em Atmosferas agressivas


atmosferas não-cloretadas
Zinco e ligas de zinco
As ligas para anodos não devem passivar Meios básicos

Níquel e ligas de níquel Muito boa na maioria dos meios Atmosferas e meios sulfurosos

Atualmente tem-se utilizado


Muito boa na maioria dos meios muito pouco o chumbo por ser
Chumbo e ligas de chumbo
um metal pesado e prejudicial à
saúde

Excelente resistência à corrosão em água salgada Meio desaerado


Titânio

Tabela 03

3 MEDIDAS DE COMBATE
Sob o ponto de vista econômico, existe a necessidade de que os materiais ferrosos e não
ferrosos possuam resistência contra corrosão. Algumas ligas metálicas, por sua natureza,
possuem essa resistência, mas a maioria dos aços deve receber proteção contra corrosão.

As formas básicas de se fornecer proteção contra a corrosão são ilustradas a seguir.

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3.1 Revestimentos metálicos


As finalidades dos revestimentos metálicos podem ser:

➢ Decorativa: Ouro, Prata, Níquel e Cromo;

➢ Resistência ao atrito: Índio;

➢ Resistência à oxidação em contatos elétricos: Estanho, Ouro e Prata;

➢ Endurecimento superficial: Cromo;

➢ Resistência à corrosão: Cromo, Níquel, Alumínio, Zinco, Cádmio e Estanho.

Os revestimentos metálicos para a resistência à corrosão podem ser classificados segundo


a nobreza do metal, a saber:

➢ Revestimentos nobres: um exemplo é níquel sobre ferro ou aço. Nesse caso, se ocorrer
uma falha no revestimento, o revestimento se comportará como catodo e o substrato
como o ânodo e este consequentemente sofrerá corrosão;

➢ Revestimentos de sacrifício: um exemplo é zinco sobre ferro ou aço. Nesse caso, se


ocorrer uma falha no revestimento, o revestimento se comportará como anodo e então
sofrerá corrosão e o substrato como catodo, sendo assim protegido apesar da falha.

3.2 Revestimentos não metálicos inorgânicos


Consiste na interposição de uma película não metálica inorgânica entre o meio corrosivo
e o metal que se quer proteger. Os mecanismos de proteção são essencialmente, por barreira e
por inibidores anódicos.

➢ Anodização – também conhecido como proteção anódica, é utilizado apenas em metais


que sofrem passivação. Na anodização, a peça de alumínio a ser protegida é transformada
no ânodo de uma cuba eletrolítica. Assim:

O metal é então oxidado, formando uma camada que pode ter milésimos de milímetro de
espessura. O óxido de alumínio formado por anodização é poroso e pode ser tingido para fins
decorativos. A anodização é também um bom processo para preparar a superfície do alumínio
para pintura. A camada de óxido, formada após um tratamento de imersão em água quente,
apresenta boa resistência ao desgaste mecânico.

➢ Cromatização.

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➢ Fosfatização.

➢ Revestimento com argamassa de cimento.

➢ Revestimento com vidro.

➢ Revestimento com esmalte vítreo.

➢ Revestimento com material cerâmico.

3.3 Revestimentos não metálicos orgânicos


Consiste na interposição de uma camada orgânica entre a superfície metálica e o meio
corrosivo. Os revestimentos citados a seguir são os principais desta categoria.

Outro tipo de revestimento orgânico são os vernizes, que possuem todos os componentes
das tintas menos o pigmento. Existem, ainda, os esmaltes que são tintas de secagem muito rápida
e formam revestimentos muito duros. Existem, também, as lacas, que são tintas ou vernizes cujo
veículo é formado apenas por resinas.

➢ Pintura industrial ou revestimentos: com borracha, com plásticos, com esmalte, com
asfaltos com fitas plásticas, com espuma rígida de poliuretana, por tinta à base de epóxi
betuminoso, com poliuretano extrudado, com polipropileno extrudado, tinta epóxi em pó,
com esmalte de poliuretano.

3.4 Inibidores de corrosão


É uma substância ou mistura que, quando presente no meio em concentrações adequadas,
reduz ou elimina a corrosão.

Ex: Fluido sintético para uso em sistemas de arrefecimento de veículos automotivos.

3.5 Galvanização
Recobrimento com um metal mais eletropositivo (menos resistente à corrosão), também
chamada de proteção catódica por metal de sacrifício. Por exemplo: recobrimento do aço com
zinco nesse processo o metal “de sacrifício” isola o meio corrosivo do metal protegido e,
enquanto houver zinco, o aço estará protegido.

➢ Verifica-se a proteção catódica galvânica no conjunto casco-hélice do navio, quando o


casco, sendo de aço, era corroído por causa da hélice, de bronze. Nesse caso, ocorreu
proteção catódica, pois a hélice foi protegida pelo aço, que é menos nobre. Mas, é claro, a

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ninguém interessa proteger a hélice propulsora com o casco do navio e provocar seu
afundamento. Na verdade, é necessário proteger o casco do navio e, para isso, colocam-se
placas de zinco no casco. O zinco é menos nobre que o aço e que o bronze e protege
catodicamente a ambos.

O zinco, no exemplo, constitui-se no ânodo de sacrifício. Toda a corrosão se concentra no


zinco, que se consome e deve ser, periodicamente substituído.

3.6 Proteção eletrolítica ou proteção catódica por corrente impressa


Os sistemas de proteção catódica por corrente impressa são aplicados apenas na
prevenção da corrosão de instalações metálicas enterradas ou submersas, utilizando uma fonte
externa de força eletromotriz com corrente contínua.

Portanto, esse tipo de proteção não está ligado diretamente à especialidade de


Equipamento de Voo até o presente momento.

3.6.1 Principais meios de proteção contra a corrosão


A tabela relaciona os meios de proteção contra os tipos de corrosão estudados
anteriormente:

TIPOS DE CORROSÃO MEIOS DE PROTEÇÃO


materiais resistentes à corrosão
revestimentos
CORROSÃO UNIFORME proteção catódica
inibidores de corrosão
modificação de meios corrosivos

utilização de materiais mais homogêneos (para o caso de


corrosão alveolar)

utilização de materiais cujas películas passivantes sejam


imunes à quebra de passivação nos meios considerados
CORROSÃO ALVEOLAR E POR PITES

uso de revestimentos específicos para materiais passiváveis

uso de inibidores de corrosão


uso de proteção anódica
CORROSÃO POR CORROSÃO POR as pilhas de concentração iônica diferencial e as de aeração
CONCENTRAÇÃO CONCENTRAÇÃO IÔNICA podem ser eliminadas por vários métodos como:
DIFERENCIAL revestimentos, proteção catódica e inibidores de corrosão.

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CORROSÃO POR
AERAÇÃO DIFERENCIAL

as frestas podem ser evitadas por meio de vedação através


de emassamento ou passe de solda antes da pintura ou
CORROSÃO POR FRESTAS revestimentos.

na corrosão filiforme, as pilhas podem ser eliminadas pela


impermeabilização do revestimento. a quebra de continuidade
CORROSÃO FILIFORME do filete pode ser obtida pela interrupção do revestimento.

interpor um material de isolamento elétrico entre o material


elétrico, entre o material anódico e o catódico

selecionar materiais próximos na tabela de potenciais


eletroquímicos ou de nobreza próxima em um determinado
meio.

CORROSÃO GALVÂNICA
estabelecer uma relação entre as áreas catódicas e anódicas
a menor possível.

aplicar inibidores

aplicar revestimento na área catódica e anódica

aplicar proteção catódica

tratamento térmico: consiste no aquecimento do aço


inoxidável sensitetizado a uma temperatura entre 1050 a
1100º c durante um tempo suficiente para a completa
solubilização do cromo, seguindo-se a um resfriamento
rápido.

CORROSÃO
CORROSÃO
INTERGRANULAR DOS
INTERGRANULAR uso de aços inoxidáveis com baixo teor de carbono: os aços
AÇOS INOXIDÁVEIS
de baixo carbono são menos sensíveis à corrosão
intergranular.

uso de ligas estabilizadas: são ligas contendo titânio ou


nióbio. tendo estes elementos maior afinidade pelo carbono
que o cromo.

Tabela 04

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CONCLUSÃO

Caro aluno, objetivo maior desse módulo que abordou o tema Princípios Básico de
Corrosão foi proporcionar a você uma visão abrangente, prática desse assunto tão importante
para nossa especialidade.
Se você realizou atentamente a leitura, com certeza absorveu bem a matéria.
Nunca se esqueça de que nenhuma apostila substitui uma Ordem Técnica.

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REFERÊNCIAS

Livros:
Arias-Paz, M. Manual de automóviles. Madrid: CIE inversiones editoriales dossat-2000,
2004;
Carreteiro, R. P. Lubrificantes e lubrificação industrial. Rio de Janeiro: Interciêcia: IBP,
2006;
Gentil, V. Corrosão. 5 ed. Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora,
2007;
Nunes, L. P. Fundamentos de resistência à corrosão. Rio de Janeiro: Interciência: IBP:
ABRACO, 2007;
O livro do automóvel. Lisboa: Seleções do Reader’s Digest, 1976;
POUBAIX, M. Atlas of Eletrochimical Equilibria in Aqueous Solutions. Bruxelas:
CEBELCOR, 1966;
Rosenkranz L. J. Manual do Automóvel. Califórnia: National Scools, 1960;
SHEREIR, LL. Vol I – Corrosion of Metals and Alloys; Vol II – Corrosion Control.
Wyley-Interscience, New York, 1978.
Apostilas e manuais:
BRASIL. CORROSÃO E TRATAMENTO SUPERFICIAIS DOS METAIS. Apostilas do
Curso da Associação Brasileira de Metais;
BRASIL. Apostila de CORROSÃO do Parque de Material Aeronáutico do Galeão;
EUA. Corrosion Control and Treatment for Aerospace Equipament (T.O. 1-1-2);
BRASIL. Programa de Combate de Corrosão. T.O. FAB 00-25-Sema l, 21 Jan 72;
BRASIL. CORROSÃO. R.Elkind BRASIL;
PROTEÇÃO CONTRA CORROSÃO. Pró f. Marco A.G. Cecchini - ITA - CTA.
Sites consultados:
ABRACO – Associação brasileira de corrosão – www.abraco.org.br
How stuff works – http://www.howstuffworks.com

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