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Bernardo Laranjeira

Cristina Costa
Paulo Miranda
Vitor Ruíz
O Discurso do Modo de Ser Professor

O Movimento associativo:
O movimento associativo dos professores prende-se com a criação da
profissão. O objetiva destas associações seria assim a gestão da própria
profissão, que tem de ser feita pelos próprios professores, bem como a
resolução de problemas comuns. Contudo, verifica-se que os professores
integram o movimento mais geral, de todas as disciplinas, mas também os
movimentos particulares de cada uma.
Efetivamente, o primeiro indicador de movimento associativo surgiu em
1813, ainda durante a monarquia. Este primeiro movimento, sugere que houve
uma consciencialização da necessidade de resolver os problemas da docência,
a par de uma responsabilidade de participação,que levou à criação das
associações.
De facto, a participação assume-se como um fator fundamental do
movimento associativo, dado que sem esta, não teriam surgido as associações.
Desta forma, coloca-se a questão de quais os fatores que levam os professores
a participarem, a aderirem a estes movimentos. Neste sentido, são apontadas
5 razões:
 A condição de possibilidade – isto é, a participação na mudança da
profissão, contribuindo com novas ideias e possibilidades de exercer a
mesma. Sugere assim, que os professores não se encontravam
acomodados e procuravam assumir um papel no aperfeiçoamento e
desenvolvimento da sua profissão.
 A relação de poder – ou seja, mostrar que a classe dos professores é
uma classe que não se encontra desmobilizada, morta, pelo contrário
que tem poder. A demonstração desse poder ocorria através da adesão
aos movimentos, que refletia uma classe unida, bem como através da
afirmação de pontos de vista, que transmitia a capacidade de expressar
a própria vontade e portanto, que não estão apenas à mercê das
decisões do governo.
 A pedagogia da profissionalidade – a profissionalidade assume-se como
objeto e preocupação de todos, pelo que não podem haver professores
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a atuar de uma forma e outros de outra. Traduzia-se assim, em
características, marcas e referências próprias da classe profissional dos
professores, através das quais se pretendia alcançar a volorização da
profissção.
 A expressão de desenvolvimento moral e profissional – prende-se com o
pensamento da profissão de forma coletiva e não individual, procurando
relações de cooperação, tendo em vista o desenvolvimento da mesma.
Ou seja, reaciona-se com o dever e o direito de todos contribuirem para
o desenvolvimento da profissão e a sua predisposição para colaborar e
contribuir para esse fim.
 A comunidade imaginada – tem que ver com a projeção para o futuro,
isto é, a profissão foi construída do que foi herdado, mas também do que
foi idealizado, imaginado e projetado para o futuro. Além disso, mostra
preocupação para com a comunidade, dado que se idealiza e projeta a
mesma no futuro, o que a leva a atribuir mais valor à profissão.
Para concluir, o movimento associativo constituiu assim, uma verdadeira
pedagogia social, cuja finalidade era a afirmação da profissionalidade,a par
com o reconhecimento e atribuição de valor à profissão, pela comunidade.
Desta forma, deixamos uma última questão sobre este tema: Face à atual
desvalorização da profissão e variedade de sindicatos e associações, será que
a criação de uma ordem profissional contribuiria para a afirmação, união e
valorização da profissão, bem como para a resolução dos problemas
docentes?

Ser professor é ser o quê concretamente?


O tema é discutido ao longo de 30 revistas a partir do livro traduzido do
francês, “Direção Moral dos Professores” sendo premiado pela academia
francês e autorizado pelo Conselho de Instrução Pública em Portugal, ou seja é
um livro de referência para todos os docentes, era a bíblia. A característica
base e principal que um professor deve ter é a vocação, o amor à profissão, ou
será que basta ter conhecimento científico? Segundo Zehm e Kottler (1993), os
professores que se comprometem apaixonadamente são aqueles que amam
de forma absoluta o que fazem, procurando formas mais eficazes de
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comunicarem com as crianças, de dominar o conteúdo e os métodos da sua
profissão.
A motivação e o entusiasmo são fatores que são desencadeados pela
vocação, mas é necessário que sejam evitadas más escolhas ou
arrependimentos através da reflexão sobre a profissão, tal como, averiguar as
dificuldades e as obrigações que estão inerentes. E que sacrifícios são
impostos? Agora com perfeita consciência depois de analisar todas as
implicações, decido se realmente é isto que me move, será este o meu
propósito de vida, o ser professor? Sinto como se fosse um chamado, para
ajudar crianças e jovens a se desenvolverem fisicamente, tornando-os
fisicamente ativos e futuros cidadãos com estilos de vida saudáveis? A vocação
não deve ser confundida com um simples desejo, pois se o professor faz uma
má escolha irá prejudicar os seus alunos, porque não será um professor
realizado, não terá entusiasmo e não irá transmitir naturalmente a felicidade em
exercer a profissão.
Ser professor é uma profissão diferenciadora e especifica, ao nível da lei
e da opinião pública são exigentes para com o professor, mas se for
naturalmente realizada com aptidão e competência poderá se dizer que é um
indicador de vocação. Um professor que não tenha amor à profissão e que se
sinta cansado e aborrecido está condenado ao fracasso e terá como
consequência um mau desempenho. A formação prepara os professores para o
exercício da sua atividade profissional, embora a formação deva ser contínua
para que o professor esteja sempre em constante aprendizagem e
desenvolvimento para que os alunos possam usufruir da sua transmissão de
conhecimentos. A vocação sendo seletiva pode ser comparada ao desporto
que também é seletivo pois se uma criança não corresponder a critérios de
competências não é selecionada para competir deixando de ser inclusivo.
Assim a profissão de professor, não é uma profissão que possa ser exercida
por todos, são exigidas competências especificas e a competência base é a
vocação. O professor deve manter uma relação de seriedade com alunos e
encarregados de educação, sem receber presentes, de forma a ser imparcial
na avaliação e no processo de ensino e aprendizagem. Deve ser um exemplo a
seguir, um modelo, uma referência para todos à sua volta, pois o professor
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também tem uma hierarquia na escola ao qual deve ser obediente. O professor
tem os seus valores e virtudes e que desejam melhorar, sendo um propósito
moral. Um dos deveres para com o público é não falar mal das crianças, ser
assíduo e pontual de forma que a comunidade educativa o respeitem e o
estimem.

A profissão nos diferentes ciclos políticos:

Numa primeira altura da monarquia podemos observar o professor


apenas como um funcionário que se limita a seguir as ordens que lhe eram
dadas. Com uma base e deveres religiosos para com os alunos, os professores
tinham de passar alguns hábitos das igreja para além das matérias a lecionar
como o caso da prosa e da poesia. Os mesmos eram citadores do que lhes
tinha sido passado e os alunos como de se robôs se tratassem repetiam as
lições sem ter pensamento próprio. Em termos de condições, as mesma seriam
horripilantes e sem qualquer tipo de condições pedagógicas e de higiene, as
aulas aconteciam em celeiros antigos e cheios de buracos, mais perto da
própria queda e ruína do que uma edifício escolar. O rendimento de um
professor também era muito baixo, o que levava a que muitos homem que
querem uma carreira com mais remuneração não ingressem nesta profissão, já
pelo lado das mulheres que não se importavam tanto com o vencimento,
ficava-lhes bem exercer a profissão, levando a uma afeminamento da mesma.
Na I República, o professor devia ser adepto do regime, defender e
vincular os valores republicanos, assim como transmitir e educar sobre esses
mesmos valores aos seus alunos.
No Estado Novo, os professores não tinham liberdade para pensar,
assim como referido acima com a pausa do movimento associativo, o professor
limita-se apenas a seguir ordens e a não se consciencializar sobre a profissão.
Mais uma vez também vemos como função dos professores o de defender a
ordem política e social estabelecida na constituição pelo regime em mãos. A
profissão é mal remunerada e os lugares são ocupados por pessoas sem
formação.
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Nesse sentido, tendo em conta as tendências históricas apresentadas
afinal de que serve o professor? E com que motivações devem ser formados os
professores? Qual a motivação para os jovens em ingressar nesta profissão?
Observa-se que em qualquer dos regimes apresentados o professor não
teve consciencialização própria, como primeiras funções tinha de passar as
visões que os políticos ou monarcas queriam incutir nas próximas gerações de
forma a manipular o pensamento dos jovens a seu favor ou em favor da igreja,
mas não é o papel do professor educar, transmitir informações e permitir aos
alunos desenvolver pensamento critico para uma participação emancipada em
sociedade? Nos tempos que correm isso pode ter melhorado, mas com o
passado podemos sempre observar a tendência de manipulação. No entanto,
estas tendências de várias décadas são difíceis de mudar pois com tantos anos
onde os professores não podiam refletir sobre a profissão, faz com que agora
que existe liberdade para tal e é muito importante que tal aconteça para a
sobrevivência da profissão, grande parte dos professores não faz essa
reflecção e também não é formado para tal pelas instituições.
Em relação à motivação um problema apresentado e que ainda hoje
existe é nas condições apresentadas aos professores, onde nos tempos que
correm observamos manifestações para a melhoria das mesmas, nesse
sentido como é que se podem motivar os jovens a ingressar na profissão?
Sendo este um problema grave que é a falta de professores atualmente, onde
o governo começa a recorrer a pessoas não formadas para ocupar os cargos
(licenciados em EF já podem dar aulas). Nesse sentido, mesmo que um jovem
tenha a vocação necessária para ser professor, não chega, pois como ser
humano, ninguém sobrevive apenas a ser professor, tendo em conta a forma
como a sociedade funciona, são necessárias condições e rendimento para
viver ou até mesmo sobreviver.
Conseguimos ver então que a profissão é muito importante
especialmente para a formação das próximas gerações e é necessárias para
podermos progredir como sociedade no futuro, no entanto é uma profissão que
no ramo politico não lhe é dada o devido respeito e condições para que tal
aconteça. Para isso necessitamos “arrumar a nossa casa”, primeiramente em
estarmos unidos e a remar para o mesmo lado e não termos varias
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associações distintas e cada uma a trabalhar por si, devemos ter um
movimento único e unido de forma a mais facilmente conseguirmos mudar as
condições de exercer e a melhorar as perspetivas da profissão e da sua
sobrevivência.

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