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ERGONOMIA
A palavra Ergonomia deriva do grego Ergon [trabalho] e nomos [normas, regras, e
leis].
“Conceitua-se a ergonomia como instrumento de aplicação de princípios
científicos em tecnologia projetual das comunicações entre homens e máquinas,
trabalho e ambiente”.

• Trata-se de uma disciplina orientada para uma abordagem


sistêmica de todos os aspectos da atividade humana. Para darem conta da
amplitude dessa dimensão e poderem intervir nas atividades do trabalho é preciso
que os ergonomistas tenham uma abordagem holística de todo o campo de ação
da disciplina, tanto em seus aspectos físicos e cognitivos, como sociais,
organizacionais, ambientais, etc. Freqüentemente esses profissionais intervêm em
setores particulares da economia ou em domínios de aplicação específicos. Esses
últimos caracterizam-se por sua constante mutação, com a criação de novos
domínios de aplicação ou do aperfeiçoamento de outros mais antigos.

• Ergonomia é o termo designativo da aplicação


multidisciplinar de conhecimentos que trata de uma série de cuidados que
envolvem o homem e as particularidades inerentes a cada tarefa que realiza
na condição de trabalho observadas as características e limitações
individuais. Para tanto, este trabalho deve ser entendido em sua forma mais
ampla, não apenas relacionado ao esforço físico, mas em todas as
dimensões. Só assim serão plenamente atingidos os objetivos de
potencializar o resultado deste trabalho e minimizar os esforços, o desgaste
e os possíveis danos à integridade da saúde humana.
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• Definição

• A Ergonomia (ou o estudo dos fatores humanos) é a disciplina


científica relacionada com a compreensão das interações entre os seres humanos
e os outros elementos de um sistema, e a profissão que aplica os princípios
teóricos, dados e métodos pertinentes para conceber com vista a otimizar o bem-
estar humano e o desempenho global do sistema.

 Ergonomia Física –

Diz respeito às características humanas anatômicas,


antropométricas, fisiológicas e biomecânicas que se relacionam com a atividade
física. Os tópicos relativos incluem posturas de trabalho, manipulação de
materiais, movimentos repetitivos, lesões músculos-esqueléticos relacionadas com
o trabalho, leiaute do posto de trabalho, segurança e saúde.

 Ergonomia Cognitiva –

 diz respeito aos processos mentais, como a percepção,


memória, raciocínio, e resposta motora, que afetam as interações entre humanos
e outros elementos de um sistema.
Os tópicos relevantes incluem a carga de trabalho mental, tomada de decisão,
desempenho especializado, interação homem-computador, confiabilidade
humana, stress do trabalho, e formação relacionadas com a concepção homem-
sistema.
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 Ergonomia Organizacional –
 diz respeito à otimização de sistemas sócio-técnicos,
incluindo as suas estruturas organizacionais, políticas e processos.
Os tópicos relevantes incluem comunicação, gestão de recursos de equipas,
concepção do trabalho, organização do tempo de trabalho, trabalho em equipa,
concepção participativa, “community ergonomics”, trabalho cooperativo, novos
paradigmas do trabalho, cultura organizacional, organizações virtuais, tele-
trabalho, e gestão da qualidade.

Como teoria tecnológica substantiva, a ergonomia busca,


através de pesquisas descritivas e experimentais, sobre limiares, limites e
capacidades humanas (a partir de dados da fisiologia, da neurofisiologia, da
psicofisiologia, da psicologia, da psicopatologia, da pedagogia, da
biomecânica - principalmente aplicadas ao trabalho, bem como da anatomia
e da antropometria), fornecer bases racionais e empíricas para adaptar ao
homem bens de consumo e de capital, meios e métodos de trabalho,
planejamento, programação e controle e processos de produção, sistemas
de informação.

• Como teoria tecnológica operativa, a ergonomia objetiva,


através da ação, resolver os problemas da relação entre homem, máquina,
equipamentos, ferramentas, programação do trabalho, instruções e
informações, solucionando os conflitos entre o humano e o tecnológico,
entre a inteligência natural e a inteligência artificial nos sistemas homens-
máquinas.

Interfaciais: configuração, morfologia, arranjo físico, dimensões, alcances de


máquinas, equipamentos, consoles, bancadas, painéis e mobiliários;
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Instrumentais: configuração, conformação, arranjo físico; priorização, ordenação,


padronização, compatibilização e consistência, localização de painéis de
supervisão (sinópticos, mostradores) e/ou comandos;

Informacionais: visibilidade, legibilidade, compreensão e quantidade de


informação, priorização e ordenação, padronização, compatibilização e
consistência, arranjo físico, topologia e localização de componentes sígnicos -
caracteres alfas-numéricos e símbolos iconográficos de sistemas de sinalização
de segurança ou desorientação, de painéis sinópticos, telas de monitores de vídeo
e mostradores, de manuais operacionais e apoios instrucionais;

Acionais: priorização e ordenação, padronização, compatibilização e


consistência, arranjo físico, topologia e localização, configuração, conformação,
apreensibilidade, dimensões, movimentação e resistência de comandos manuais e
pediosos;

Comunicacionais: articulação e padronização de mensagens verbais por alto-


falantes, microfones e telefonia; priorização e ordenação, arranjo físico,
localização, configuração, conformação e dimensões de equipamentos de
comunicação oral;

Cognitivos: compreensibilidade, consistência da lógica de codificação e


representação, compatibilização de repertórios, significação das mensagens;
processamento de informações, coerência dos estímulos, das instruções e das
ações e decisões envolvidas na tarefa, compatibilidade entre a quantidade de
informações, complexidade e/ou riscos envolvidos na tarefa; navegação de acordo
com as estratégias do usuário de resolução de problemas; qualificação,
competência e proficiência do operador;
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Movimentacionais: limites de peso para levantamento e transporte manual de


cargas, segundo a distância horizontal da carga em relação à região lombar da
coluna vertebral, o curso vertical do levantamento ou abaixamento da carga, a
origem e o destino da carga, conformação da carga, a freqüência de manipulação
da carga.

Espaciais/arquiteturais: aeração, insolação e iluminação do ambiente;


isolamento acústico e térmico; áreas de circulação e layout de instalação das
estações de trabalho; ambiência gráfica, cores do ambiente e dos elementos
arquiteturais;

Físico-ambientais: iluminação, ruído, temperatura, vibração, radiação, pressão,


dentro dos limites da higiene e segurança do trabalho, e considerando as
especificidades da tarefa;

Químico-ambientais: toxicidade, vapores e aerodispersóides; agentes biológicos


(microorganismos: bactérias, fungos e vírus), que respeitem padrões de assepsia,
higiene e saúde;

Securitários: controle de riscos e acidentes através de atividades


prevencionistas, pela manutenção de máquinas e equipamentos, pela utilização
de dispositivos de proteção coletiva e, em último caso, pelo uso de equipamentos
de proteção individual adequados, pela supervisão constante da instalação dos
dutos, alarmes e da planta industrial em geral;

Operacionais: programação da tarefa, interações formais e informais, ritmo,


repetitividade, autonomia, pausas, supervisão, precisão e tolerância das atividades
da tarefa, controles de qualidade;
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Organizacionais: parcelamento, isolamento, participação, gestão, avaliação,


jornada, horário, turnos e escalas de trabalho, seleção e treinamento para o
trabalho;

Instrucionais: programas de treinamento, procedimentos de execução da tarefa;


reciclagens e avaliações;

Urbanos: planejamento e projeto do espaço da cidade, sinalização urbana e de


transporte, terminais rodoviários, ferroviários e metroviários, áreas de circulação e
integração, áreas de repouso e de lazer, sistemas públicos de informação.

• O objeto da ergonomia

• Seja qual for a sua linha de atuação, ou as estratégias e os


métodos que utiliza, é o homem no seu trabalho, realizando a sua tarefa cotidiana,
executando as suas atividades do dia-a-dia. Esse trabalho real e concreto
compreende o trabalhador, operador ou usuário no seu local de trabalho,
enquanto executa sua tarefa, com suas máquinas, ferramentas, equipamentos e
meios de trabalho, num determinado ambiente físico e arquitetural, com seus
chefes e supervisores, colegas de trabalho e companheiros de equipe, interações
e comunicações formais e informais, num determinado quadro econômico-social,
ideológico e político. Ainda, como objeto extensivo da ergonomia, também passou
ser preocupante as relações do homem com o ambiente e o mundo dos objetos do
seu cotidiano, sempre buscando a segurança e conforto, seja no seu lazer, em
casa, ou noutro lugar, com maior aproveitamento possível.

• Objetivos da Ergonomia:

• Melhorar as condições específicas do trabalho humano - com


a higiene e a segurança do trabalho.
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• Determinar procedimentos mais racionais e formas mais


produtivas de efetuar a tarefa. Variam as ênfases, as estratégias, alguns métodos
e técnicas.

• Maximizar o conforto e a segurança no uso de produtos.

• Minimizar os custos humanos.

Abordagem Ergonômica de Sistemas

• Sistema – é conjunto de elementos que se interagem entre si, com um objetivo


comum e evoluem com o tempo.
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• Fronteiras – são limites do sistema que pode ter tanto uma existência física ou
imaginaria.

• Subsistema – são elementos que compõem um sistema

• Entradas – representam os insumos ou variáveis independentes do sistema.

• Saídas – representam os produtos ou variáveis dependentes do sistema.

• Processamento – são atividades desenvolvidas pelos subsistemas que


interagem entre si para converter as entradas em saídas.
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Otimização – em linguagem matemática, uma solução ótima de um problema é


aquela que maximiza ou minimiza a função objetivo dentro das restrições impostas
a esse problema.

- Otimização e subotimização – projeto de um sistema que é divido em partes,


cada um sob responsabilidade de uma equipe, não significando que os atinja
um resultado de eficiência.

- Confiabilidade do sistema – probabilidade de um desempenho ser bem


sucedido.

- Confiabilidade humana – probabilidade de desempenho bem sucedido de


uma tarefa realizada pelo homem.

DESENVOLVIMENTO DOS SISTEMAS

• DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS-critérios

• SUBSISTEMA HUMANO-SUBSISTEMA TÉCNICO

• COLETA DE INFORMAÇÕES

• FORMULAÇÃO DAS ALTERNATIVAS

• SELEÇÃO DAS ALTERNATIVAS

• AVALIAÇÕES E TESTES

• CONFIGURAÇÃO FINAL
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ESCOLHA DAS VARIÁVEIS

Variáveis independentes – são variáveis objetivas, cujas medições


poderão ser efetuadas através de instrumentos e seus resultados são efetivos.

Variáveis dependentes – são variáveis subjetivas, cujas medições


não poderão ser efetuadas através de instrumentos e sim por intermédio de
questionários e seus resultados são relativos, pois dependem da forma como são
elaborados, da avaliação, da formulação pelos interlocutores, das amostras a que
estão sendo submetidos, e outros..

Experimentos em Campo e Laboratório

Controles das Variáveis


- Diferenças individuais
- Atitudes e expectativas
- Instruções
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- Motivação
- Fatores sociais

Caracterização dos sujeitos

Características psicossociais
Inteligência geral
Habilidades: numéricas, espacial, verbal, mecânica.
Personalidade: liderança, motivação, cooperação.

Experiência
Nível de instrução: primária, secundária, superior.
Conhecimentos específicos: mecânica, eletricidade, pilotagem,
treinamentos específicos.
Experiências especiais: operações com máquinas, turnos, combate,
etc

AMOSTRAGEM

AMOSTRAGEM CASUAL
AMOSTRAGEM ALEATÓRIA
AMOSTRAGEM ESTRATIFICADA
AMOSTRAGEM ESTRATIFICADA PROPORCIONAL

Elaboração de questionários
1- excelente
2- confortável - perfeitamente
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3- confortável - quase sempre


4- confortável - razoavelmente
5- aceitável – poucos inconvenientes
6- aceitável – alguns inconvenientes
7- desconfortável – algumas dores
8- desconfortável – dores regulares
9- desconfortável – dores agudas
10- péssimo – dores insuportáveis

( Solicitação do trabalho e exercícios para nota do primeiro bimestre, onde far-se-ão a


elaboração de uma receita que contenha milho em grão e trazer o produto obtido em sala,
na próxima aula. Em seguida, deverá fazer uma análise contrapondo-se à teoria formadora
do repertório para análise passiva de qualquer tipo de produto e ainda diagnosticar os
problemas das relações entre o produto e o homem. Entender aqui que por produto entende-
se de qualquer natureza ou classe.)

Organismo Humano

• Função Neuromuscular
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• Sistema Nervoso –
• é constituído de célula nervosa ou neurônios, que são caracterizados:
• - Irritabilidade
• - condutibilidade

• Sistema Nervoso Central – é equipado para receber, interpretar, e processar


as informações recebidas, transformando em movimentos de músculos.

• Estrutura da Célula Nervosa – são formados por três partes:

• Sinapse – funciona como “válvula” de ligação entre os neurônios e tem as


seguintes propriedades básicas:

- Sentido único
- Fadiga
- Efeito residual
- Desenvolvimento
- Acidez

Músculos – são órgãos constituídos principalmente por tecido muscular,


especializado em contrair e realizar movimentos. Responsáveis pelos
movimentos do corpo, os músculos transformam energia química em
movimentos. É através dos músculos estriados que o organismo realiza
trabalhos externos. Neste exemplo, nota-se a contração dos músculos,
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enquanto o indivíduo ergue seu corpo através dos braços, enquanto há


relaxamento dos outros músculos pares.

• Músculo Estriado Esquelético - formados por fibras longas cilíndricas que por
sua vez é segmentado em miofibrilas chamadas de sarcômeros que tem sua
estrutura composta por filamentos de actina e miosina.
• Músculo Liso – São os músculos encontrados em diversos órgãos internos
(tubo digestivo, bexiga, útero etc.) e também na parede dos vasos sanguíneos.
• Músculo estriado do cardíaco - está presente no coração. Ao microscópio,
apresenta estriação transversal Suas células são uni nucleadas e têm
contrações involuntárias.
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Corpo como um sistema de alavancas


• O músculo só tem dois estados possíveis: desenvolver tensão dentro de si
mesmo ou relaxar-se:

• Alavanca interfixa - o apoio situa-se entre a força e resistência.

• Alavanca interpotente – a força aplicada entre o ponto de apoio e a


resistência.

• Alavanca inter-resistente – a resistência situa-se entre o ponto de apoio e a


força.
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Coluna Vertebral – constituída de 33 vértebras, que se classificam em cinco


grupos.
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Fonte: NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana.


2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.

• A coluna vertebral tem ainda a função de proteger a medula espinhal.


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• Nutrição da coluna – os discos não possuem vasos sanguíneos, assim


dependem de um processo de difusão dos tecidos vizinhos para se nutrir.

• Deformação da coluna
• um dos pontos mais fracos do organismo.
• Principais anormalidades da coluna:

• Metabolismo – estuda os aspectos energéticos do corpo humano.

• Metabolismo basal – os órgãos internos do organismo estão em constante


funcionamento e consomem energia, mesmo com o corpo completamente em
repouso.
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• Alimentação - composta de principalmente de proteínas, carboidratos e


gorduras.

• Capacidade muscular - um músculo pode realizar exercícios pesados e


prolongados depende diretamente da quantidade de glicogênio armazenado.

NATUREZA DA ERGONOMIA

 CORREÇÃO

 CONCEPÇÃO

 CONSCIENTIZAÇÃO

 PARTICIPAÇÃO

REQUISITOS DE PROJETO

1- TAREFA

• Conjunto de ações humanas que levam o sistema atingir seu


objetivo.

Análise da tarefa: detalhar o que o produto deve fazer para torná-


lo eficiente.
 Quais são as ações que serão empregadas na interface do produto e o
homem?
 Como fazer funcionar o produto para que ele atinja seu objetivo?
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 Quais situações devem ser previstas?


 Em que condições físicas (espacial e temporal) estão envolvidas o usuário
e o objeto?
 Quais as relações psicossociais haverá nesta interface, (forma, cor e
textura)?

Observação: a análise deverá ser no início do projeto para


não se tornar oneroso depois em correções.

• Descrição da tarefa:

OBJETIVOS QUE O PRODUTO DEVE ATINGIR


X
OBJETIVOS DO PROJETO

Para que serve o produto? Quantidades e qualidades.

OPERADOR/USUÁRIO

Características antropométricas, sociais, culturais e étnicas,


biotipo, origem, repertório e experiência, habilidades especiais e etc.

CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS

materiais, máquinas e ferramentas


X
processos de fabricação
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CARACTERÍSTICAS DE USOS
Uso individual, coletivo, tempo de uso, vitalidade, ambiente físico e
organizacional.

• DESCRIÇÃO DAS AÇÕES

• Informações

Canais sensoriais envolvidos (auditivo, tátil, visual e cinestésico);


tipos de sinais; características dos sinais (intensidade, forma, freqüência,
duração); tipos e características dos dispositivos de informação (luzes, som,
displays visuais, mostradores digitais e/ou analógicos)

Controles

Tipos de movimentos corporais exigidos nas ações de usos;


membros envolvidos nos movimentos; características dos movimentos
(velocidade, força, precisão, duração) tipos e características dos instrumentos
de controles (botões, alavancas, volantes, pedais).

2- SEGURANÇA

Condição de seguro, de confiabilidade, do não possível acidente em condições


de uso ou de manutenção.

Segurança física

Atributos das características materiais na composição do produto.

Atributos técnicos do objeto.

Segurança psicológica
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Características pessoais do usuário.

Repertório básico do público alvo.

Assistência técnica de manutenção e serviços de atendimento ao consumidor no


pós venda.

Observação: Relações jurídicas advindas na utilização do produto ou na simples


interface com o objeto, cuja correspondência implica em erro, ou perigo e ou
acidentes.

3 - CONFORTO
Condições de bem estar no uso do produto em busca da maior satisfação
do usuário.
 Condições objetivas e subjetivas.
 Ambientação (ambiente mediato e ambiente geral)
 O fator conforto está atrelado ao fator segurança e suas
condições inerentes que a eles se relacionam.
 Parâmetros antropométricos.

Variáveis que influenciam no conforto térmico


• Natureza ambiental:

• Temperatura do ar

• Temperatura radiante média

• Velocidade relativa do ar

• Umidade relativa do ar
Trocas de calor entre o corpo e ambiente
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 É o excedente de energia produzida pelo metabolismo


transformado em calor é imediatamente liberado para o meio.
 Convecção – ocorre quando o ar apresenta temperatura
inferior à do corpo e o corpo transfere calor pelo contato com o ar frio
circundante.
 Radiação – a energia é transmitida da superfície quente para
fria por meio de ondas eletromagnéticas.
 Evaporação – quando as condições ambientais fazem com
que as perdas de calor do corpo humano por convecção e ou radiação não
sejam suficientes para regular a sua temperatura interna.

• Natureza pessoal

• Tipo de vestimenta

• Tipo de atividade física

• Características corpóreas

ANTROPOMETRIA

 “O corpo humano é de tal forma projetado pela natureza que o rosto,


do queixo até o topo da testa e a mais baixa raiz dos cabelos, é a
décima parte de toda sua altura; a mesma medida tem a mão aberta
do pulso até a ponta do dedo médio; a ponta do queixo à coroa da
cabeça equivale a um oitavo de sua altura; e incluindo o pescoço e
ombro, do topo do peito até a mais baixa raiz do cabelo é um sexto; do
meio do peito ao topo da coroa é um quarto. Se tomarmos a altura da
face, a distância da parte inferior do queixo até a parte inferior das
narinas é um terço dela; o nariz, a partir da parte inferior das narinas,
até uma linha entre as sobrancelhas é igual; daí até a mais baixa raiz
dos cabelos é também um terço, compreendendo a testa. O
comprimento do pé é um sexto da altura do corpo; o do antebraço, um
quarto. Os outros membros também têm suas próprias proporções
simétricas e foi com o uso dessas proporções que os famosos pintores
e escultores da antiguidade atingiram renome mundial.
 ...Uma vez mais, o ponto central no corpo humano é naturalmente o
umbigo. Se o homem for colocado deitado de costas, com as mãos e
pé estendidos e um compasso for centrado em seu umbigo, os dedos
das mãos e dos pés irão tocar a circunferência descrita a partir daquele
ponto. E da mesma forma que o corpo humano permite um traçado
circular, uma figura quadrada também pode surgir dele. “Pois se
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medirmos a distância das solas dos pés até o topo da cabeça, então
aplicarmos a medida aos braços estendidos e abertos, a amplitude
encontrada será a mesma que altura, como no caso de superfícies
planas que são perfeitamente quadradas”.
Vitrúvio

ANTROPOMETRIA
Estudo das medidas do corpo humano, suas aplicações, modos de
realização, condições e instrumentais empregados.

Diferenças individuais

 Endomorfo – são tipos de formas arredondadas, macias, grandes depósitos de


gorduras.

 Ectomorfo –
Corpo e membros longos e finos, com o mínimo de gorduras e músculos.

 Mesomorfo – tipo músculo, formas angulosas, cabeça cúbica, maciça, ombro e


peitos largos e abdômen pequeno.
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 Influência do sexo
 Homens e mulheres apresentam diferenças antropométricas significativas, não
apenas em dimensões absolutas, mas também nas proporções dos diversos
segmentos corporais.

 Influência da idade
 Durante as diversas fases da vida, o corpo das pessoas sofre mudanças e
proporções.

 Variações extremas
 Dentro da mesma população de adultos, as diferenças de estaturas entre os
homens mais altos (97,5 % da população)
e as mulheres mais baixas (2,5 % da população).
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Etnias e Evolução

Influência a etnia nas proporções corporais

Influência da época
As medidas antropométricas de um povo podem modificar-se
com a época, devido as alterações nos hábitos alimentares, de saúde e as
práticas de esportes podem fazer as pessoas crescerem.

Influência do clima nas proporções


- povos que habitam regiões de clima quente têm os corpos mais
delgados, membros superiores e inferiores relativamente mais longos.
- aqueles de clima frio têm o corpo mais cheio. São mais
volumosos e arredondados.

Existem três formas de antropometria que são estática, dinâmica e


funcional.
A primeira se vale da realização de medidas do corpo humano
parado, para constituição de tabelas, cujas aplicações são em postos de trabalho
de pouca movimentação, ou na formulação de produtos onde a relação com o
usuário não seja requisito fundamental para seu projeto.
A antropometria dinâmica é a tomada de medidas do corpo
humano considerando os movimentos executados pelos usuários através de
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registros de movimentos, as posturas adotadas e os alcances do produto, ou no


sistema, portanto,.trata da realização de tabelas com medidas do corpo humano
em movimento, e, a funcional é similar a realização da antropometria dinâmica,
porém considera-se o fim último da necessidade de aplicação das medidas de
acordo com a função que se desempenhará, seja do espaço ou do objeto, e que
com se relaciona.

• Realização das medidas Antropométricas

Metodologia -
• Definição dos objetivos

• Definição das medidas

• Escolha dos métodos de medida

• Seleção da amostra

• Medições

• Análises estatísticas

Aplicação -

• 1º Princípio: Projetos para o tipo médio

• 2º Princípio: Projetos para indivíduos extremos

• 3º Princípio: Projetos para faixas da população

• 4º Princípio: Projeto para o indivíduo

Alguns parâmetros e suas funções:

 Estatura – serve para estabelecer alturas mínimas.

 Altura dos olhos – serve estabelecer linhas de visualização em teatros,


auditórios, salas de reuniões, placas de comunicação visual.
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 Altura do cotovelo – serve para fixação alturas de bancadas, qualquer


superfície de trabalho em pé.

 Alcance frontal do braço – para que o usuário possa alcançar ou agarrar um


objeto.

 Profundidade corporal – para obtenção de dados sobre espaço livre


necessário em locais apertados.

 Largura corporal – planejamento de larguras entre fileiras de cadeira em


auditórios, larguras de corredores, etc.

 Altura - sentado - ereto – é útil para fixação da altura permitida de elementos


obstrua a visão a partir da cadeira.

 Altura dos olhos - sentado – para determinar as linhas de óticas de visão,


onde visibilidade é essencial no projeto.

 Altura do quadril – determinam as dimensões internas da largura de cadeiras


para bancos, bares, etc.

 Altura de descanso do cotovelo – determina alturas de apoios para braços.

 Altura poplítea – para estabelecer a altura de cadeiras.

 Altura do joelho – estabelecer distância do piso até o lado interno inferior de


móvel.
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Exemplo de aplicação de antropometria em loja.


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Exemplo para se conseguir os percentis que devemos usar em um


projeto:

Análises estatísticas

 Percentis ( em % )
 10 e 90
 05 e 95
 2,5 e 97,5
 1 e 99
 0,5 e 99,5

 Coeficientes
 1,282
 1,645
 1,960
 2,326
 2,576

 Exemplo
 Estatura média = 169,7cm
 Desvio padrão = 7,5cm
 Percentis entre 5% e 95% - coeficiente = 1,645
 Para 5%: 169,7 - 7,5 x 1,645 = 157,4cm
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 Para 95%: 169,7 + 7,5 x 1,645 = 182,0cm


 Portanto,
 5% da população estarão abaixo de 157,4cm,
 5% da população estarão acima de 182,0cm e
 90% da população estarão entre 157,4 e 182cm

Curva de Gauss

• Estatura média = 169,7cm

• Exemplo

• Desvio padrão = 7,5cm


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• Percentis entre 5% e 95% - coeficiente = 1,645

• Para 5%: 169,7 - 7,5 x 1,645 = 157,4cm

• Para 95%: 169,7 + 7,5 x 1,645 = 182,0cm

• Portanto,

• 5% da população estarão abaixo de 157,4cm,

• 5% da população estarão acima de 182,0cm e

• 90% da população estarão entre 157,4 e 182cm

Obs.: Caso haja impossibilidade de realização recorrer às tabelas


existentes.

Cuidados no uso de dados antropométricos


Uso de tabelas
 a- O país onde foram tomadas as medidas
 b- Tipo de atividade exercida pelas pessoas que foram medidas
 c- Faixa etária
 d- Época
 e- Condições especiais e outros fatores que podem resultar em problemas
projetuais.

O espaço de trabalho
 Postura
 Tipo de atividade manual
 Vestuário

Superfícies horizontais
 Altura da mesa para trabalho sentado
 Altura da bancada para trabalho em pé

O problema do assento

Princípios gerais sobre os assentos:


 1- existe um assento mais adequado para cada tipo de função
 2- as dimensões do assento devem ser adequadas às dimensões
antropométrica do usuário
 3- O assento deve permitir as variações de postura
 4- O encosto deve ajudar no relaxamento
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 5- O assento e a mesa formam um conjunto integrado

Antropometria dinâmica e funcional

Terminologia sobre mobilidade articular

• Flexão - inclinação ou diminuição do ângulo entre as partes do corpo.


• Extensão – retificação ou aumento do ângulo entre partes do corpo.

 Abdução – movimento de um segmento do corpo para fora da linha média do


corpo.
 Adução – movimento de um segmento corporal ou combinação de segmentos,
em direção a linha media do corpo.
 Pronação – rotação do antebraço de modo que a palma da mão fique virada
para baixo.
 Supinação - rotação do antebraço de modo que a palma da mão fique vira para
cima.
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 Rotação média – giro em direção à linha média do corpo.


 Rotação lateral – giro a partir da linha média do corpo para fora.
 Eversão – rotação do pé que ergue sua borda lateral, virando sola ou superfície
plantar para fora.
 Inversão – elevação da extremidade média do pé, virando a sola ou superfície
plantar para dentro.

4 – ESTEREÓTIPO POPULAR

São práticas consagradas pelo uso popular.

• Crianças até cinco anos já tem 70% destas práticas.

• Até aos dezoito anos chegamos aos 90%.


Obs.: o não atendimento às estas práticas deverá ser previsto
treinamento para o uso, ou o produto poderá ser recusado pelo público alvo.

5 – POSTURA

É a tomada de decisão de se manter o corpo numa posição


desejada. Está relacionada com as questões de biomecânica.
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Biomecânica Ocupacional
 Estuda as interações entre o trabalho e o homem sob o ponto
de vista dos movimentos músculos esqueletais.

 Trabalhos estáticos e dinâmicos

 Estáticos – é aquele que exige contração continua de alguns


músculos, para manter uma determinada posição.

 Dinâmicos – é aquele que permite contrações e relaxamento


alternados dos músculos.

• Posturas do corpo
O corpo humano adota três posições básicas, que são em pé,
sentado ou deitado, para suas atividades, sendo que há outras posições
intermediárias em que se levam em consideração as partes do corpo em
separado, adotadas para execuções de determinadas tarefas.

• Posição deitada – não concentração de tensão em nenhuma


parte do corpo, isto porque o sangue flui livremente pelo corpo.
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• Posição sentada – exige a atividade muscular do dorso e do


ventre para manter esta posição. A pele que cobre o osso ísquio suporta todo
peso do corpo.

• Posição de pé – parada, em pé é altamente fatigante porque


exige muito trabalho estático da musculatura envolvida para manter essa
posição. O coração encontra maiores resistências de bombear sangue para as
extremidades do corpo.

• Inclinação da cabeça para frente – muitas vezes é


necessário inclinar a cabeça para frente para ter uma melhor visão. Altamente
fatigante para os músculos do pescoço por causa do peso da cabeça (4 a 5 kg).
Inclinação preferencial é de 20º da vertical do corpo.

Análise da Postura

• Registro da postura

• Registro por fotografia ou filmagem

• Sistema OWAS (Owako Working Posture Analysing System)

• Classe 1 – dispensa cuidados

• Classe 2 – verificar na próxima rotina

• Classe 3 – atenção em curto prazo

• Classe 4 – atenção imediata


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Registro da postura: Durante um exercício, uma pessoa pode executar várias


posturas diferentes. Para se obter informações suficientes para uma análise e
correção de más posturas, foram desenvolvidos o Sistema OWAS(a partir de 72
posturas típicas) e o registro eletromiográfico (registros eletrônicos da atividade
muscular).

6 – FORÇA APLICADA

• Demanda e suprimento da irrigação sangüínea no músculo


quando requisitado para o exercício de uma tarefa. A força aplicada pode ocorrer
de diversas formas, tais como a de empurrar, puxar, apertar, comprimir e outras.
Dependerá do trabalho que se está exercendo.
Trabalhos estáticos e dinâmicos
40

Estáticos – é aquele que exige contração continua de alguns músculos, para


manter uma determinada posição. Nesta imagem a modelo permanece por um
determinado tempo sentado para que possam desenhá-la, esta posição exige
uma contração contínua de alguns músculos.
Dinâmicos – é aquele que permite contrações e relaxamento alternados dos
músculos.
Características dos movimentos requisitados para execuções de tarefas:

Precisão Movimentos realizados com as pontas dos dedos. Neste caso, a mulher
passa o produto nos lábios sem a necessidade do movimento do punho, cotovelo
e ombro.

Ritmo: Movimentos suaves, curvos e rítmicos. Como os movimentos


desta bailarina, suas contrações musculares são menores do que se houvessem
mudanças bruscas de aceleração ou desaceleração.

Força para empurrar e puxar:


De maneira geral, as forças dos homens para puxar e empurrar
oscila entre 200 e 300N, porém se for usado o peso do corpo e a força dos
ombros para empurra (como mostra a imagem), esse valor chega a 500N.
Alcance vertical:
41

Nesta posição há uma fadiga nos músculos dos ombros e


bíceps, dores também podem ocorrer, e aumentam conforme o tempo que se
exigir do exercício.
Alcance horizontal:
Por causa da distância entre o peso e os ombros, há uma
solicitação maior dos músculos do ombro. Nesta posição, assim como na
vertical, o braço encontra resistências, aparecendo então fadigas e dores
quando permanecidos por muito tempo.
Levantamento de carga:
Para tal ação, são necessários cuidados, principalmente com a
coluna, que costuma sofrer lesões por falta destes. Por exemplo, a carga sobre
a coluna vertebral deve ser feita no sentido vertical, evitando curvar as costas e
manter a carga mais próximo possível do corpo, ainda usar cargas simétricas,
usar meios auxiliares.
Considerações importantes:
• Capacidade da carga máxima
• Mulheres metade da capacidade que o homem levanta.
Velhos e crianças não devem fazer esforços além daquilo que lhe é possível,
isto é, dependerão da idade, sexo, compleição corpórea e etc.

• Recomendações
• Manter a coluna reta usando a musculatura das pernas
• Manter a carga mais próxima possível do corpo
• Procure manter as cargas simétricas
• Use as duas mãos
• A carga deve estar a 40 cm acima do piso
• Antes de levantar o peso remova os obstáculos ao redor
• Usar meios auxiliares
42

7- ENVOLTÓRIOS DE ALCANCES FÍSICOS

Espaço onde estão colocados os dispositivos de manejos e controles existentes


no produto, tais como chaves, alavancas, botões, pedais, cordões, fios e outros.

• Alcance vertical Alcance horizontal


43

Os envoltórios de Alcances Físicos estão associados às condições


de:
Redução das exigências biomecânicas
Boas posturas
Alcances aos objetos de trabalho
Facilitação das percepções de informações
Vestir o trabalhador (envolver).
Como um sistema complexo, será eficiente quando todos os
subsistemas se harmonizarem entre si onde podemos fazer as seguintes
observações:
Dimensionamentos recomendados
Movimentos corporais necessários
Alcances dos movimentos

Dimensionamentos das máquinas


Dimensionamentos dos equipamentos
Interação com os outros postos de trabalhos
Dimensionamentos das folgas.
Por analogia “in bonan parten”, o mesmo se aplica ao projeto de
qualquer tipo ou classe de produto.
44

8 - MATERIAIS

• Composição química – toxidade, porosidade X


permeabilidade, fragilidade e outros.

• Constituição física – forma geométrica e estabilidade do


produto.

• Durabilidade X Fadiga

Ações de Manejos

• Tipos de manejos:

• Fino: uso das pontas dos dedos.

• Médio: dedos e mãos.

• Grosso: dedos/ mãos/braços e pés.

• Características dos movimentos

• Precisão

• Ritmo

• Movimentos retos

• Terminações

CONTROLES
45

• Desenho dos manejos – geométrico e antropomorfo.

• 1 - Operacionalidade

• Características do usuário: características antropométricas,


sociais, culturais e étnicas, biotipo, origem, repertório e experiência, habilidades
especiais e etc.
• Tipos de movimentos corporais exigidos nas ações de usos;
membros envolvidos nos movimentos; características dos movimentos
(velocidade, força, precisão, duração) tipos e características dos instrumentos de
controles (botões, alavancas, volantes, pedais).

• 2 - Limpeza –
Processamento:
• Acessibilidade X Alcances

• Mecânica por instrumentos

• Manual

• Produtos específicos: líquidos, pós, gases e/ou outros.


Aspectos Formais do objeto no momento projetual
Formas, texturas, cortes, fissuras, reentrâncias, roscas internas e
externas, quinas, estreitos, canais, rachaduras e outras formas que ou
ressaltam, ou rebaixam, ou se sobrepõem, ou se encaixam, ou se justapõem e
etc.

• 3 - Manutenção

• Usuário ou técnicos
46

CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS
materiais, máquinas e ferramentas
X
processos de fabricação

CARACTERÍSTICAS DE USOS
• Uso individual, coletivo, tempo de uso, vitalidade, ambiente
físico e organizacional.

4 - Arranjo Físico
• DIMENSIONAMENTOS x FOLGAS
• IMPORTÂNCIA – arranjos dos elementos em destaque de
acordo com o manejo operacional e as funções do produto.
• FREQÜÊNCIA DE USO – dispor os elementos de uso de
maior freqüência em melhor alcance, facilitando o manuseio.
• AGRUPAMENTO FUNCIONAL – agrupar e manter próximos
os elementos que tenham funções semelhantes entre si e/ou em blocos.
• SEQÜÊNCIA DE USO – disponibilizar os elementos em
ordenamento de operações mantendo a seqüência de uso. O que deve ser
acionado inicialmente está em primeira posição.
• INTENSIDADE DE FLUXO – os elementos, entre os quais
ocorre maior fluxo devem ser colocados próximos entre si.
• LIGAÇÕES PREFERENCIAIS - os elementos, entre os quais
ocorrem tipos de ligações devem ser colocados próximos entre si de acordo
com as diferenças qualitativas no fluxo.
• USOS DE CRITÉRIOS – a possibilidade de uso dos critérios
acima referida de forma individual ou conjugada, dependendo de caso
especificamente.
47

AÇÕES DE PERCEPÇÃO

• Informações – canais sensoriais envolvidos: auditivos, táteis,


visuais, do paladar, olfativo e ou cinestésico;

• Tipos de sinais; características dos sinais - intensidade,


forma, freqüência, duração;

• Tipos e características dos dispositivos de informação: luzes,


som, displays visuais, mostradores digitais e/ou analógicos.
48

A VISÃO HUMANA

• ... Ora, não percebeis que com os


olhos alcançais toda a beleza do
mundo? O olho é o senhor da
astronomia e o autor da
cosmografia; ele desvenda e
corrige toda a arte da humanidade;
conduzem os homens as partes
mais distantes do mundo; é o
príncipe da matemática, e as
ciências que o tem por fundamento
são perfeitamente corretas.
• O olho mede a distância e o
tamanho das estrelas; encontra os
elementos e suas localizações; ele
deu origem a arquitetura, a
perspectiva, e a divina arte da
pintura.
• ...Que povos, que línguas poderão
descrever completamente sua
função! O olho é a janela do corpo
humano pela qual ele abre os
caminhos e se deleita com a
beleza do mundo. LEONARDO DA
VINCI 1452-1519

• Cones – só funcionam com maior nível de iluminação e são


responsáveis pela percepção de espaço e de acuidade visual.
49

• Bastonetes – já são sensíveis a baixos níveis de iluminação e


não distinguem cores, mas apenas os tons cinza, do branco ao preto.

• Acuidade visual – é a capacidade visual para discriminar


pequenos detalhes.
• Acomodação e convergência – é a capacidade visual de cada
olho focalizar objetos a várias distâncias.
• Percepção de cores – o olho humano é sensível a radiações
eletromagnéticas na faixa de 400 a 750 nanômetros.

• Movimentos sacádicos – são movimentos rápidos dos olhos,


aos pulos, em direção à nova posição.
50

• Movimentos de perseguição – movimentos lentos dos olhos


acompanhando o movimento de um objeto móvel.
• Focalização – movimentos opostos entre os dois olhos para
focalizá-los sobre o mesmo objeto.
• Movimentos compensatórios – movimentos dos olhos no
sentido oposto aos movimentos da cabeça.

• CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DAS CORES

• AZUL - abaixo de 480nm

• VERDE - 480 a 560nm

• AMARELO - 560 a 590nm

• LARANJA - 590 a 630nm

• VERMELHO - acima de 630nm

Características fisiológicas das cores

• Contraste simultâneo – as cores apresentam sensações de modificação de


claridade e de saturação, na presença de outras cores.

• Contraste sucessivo – é devido à memória visual que se mantém por alguns


segundos.
51

• Visibilidade das cores – a cor atrai a atenção e prende a vista de acordo com
o grau de visibilidade e contraste e da preza da cor.

• Legibilidade de cores – depende do contraste e tende aumentar com a adição


de preto.

DECOMPOSIÇÃO DA LUZ BRANCA

COR DA LUZ E DO OBJETO


52

A CLASSIFICAÇÃO DAS CORES

Cor luz primária

Cores pigmento opacas primárias e suas respectivas complementares


53

Cores pigmento transparentes primárias e suas respectivas complementares

Cores secundárias

Cores terciárias
54

Cores complementares
55

Disco de Newton

Árvore de Munsell
56

Gama ou matiz

Valor ou luminosidade
57

Esquema de saturação e dessaturação.

O uso das cores na indústria.

BRANCO
Assinala localização de coletores de resíduos, bebedouros, áreas em torno de
equipamentos de emergência.
AMARELO
"Cuidado!". Usado em corrimão, parapeitos, diferenças de nível, faixas de
circulação, equipamentos de transporte e movimentação de materiais
(empilhadeiras, pontes rolantes, tratores, guindastes etc.), cavaletes, partes
salientes, avisos e letreiros.
LARANJA
Indica "Perigo". Identifica partes móveis e perigosas de máquinas e
equipamentos.
PRETO
Identifica coletores de resíduos.
VERMELHO
Distingue e indica locais, equipamentos e aparelhos de proteção para combate
a incêndio. Portas e saídas de emergência.
VERDE NILO
"Segurança". Identifica porta de atendimento de urgência, caixas de primeiros
socorros, faixas de delimitação de áreas de vivência de fumantes, de descanso
etc.
AZUL FRANÇA
Indica ação obrigatória como, por exemplo, determinar o uso de EPI
58

(equipamento de proteção individual), ou impedir a movimentação ou


energização de equipamentos ("não acione").
Cores para canalização
As cores para canalização são definidas pela NBR6493, de outubro de 1994 e são
as seguintes:
VERMELHO
Água e substâncias para combate a incêndio.
AZUL FRANÇA
Ar comprimido.
VERDE COLONIAL
Água, exceto destinada a combater incêndio.

PRETO
Inflamável e combustíveis de alta viscosidade (óleo combustível, óleo
lubrificante, asfalto, alcatrão, pixe etc.).
AMARELO
Gases não liquefeitos.
LARANJA
Produtos químicos não gasosos.
MARROM
Materiais fragmentados (minérios).
ALUMÍNIO
Gases liquefeitos, inflamáveis e combustíveis de baixa viscosidade (gasolina,
querosene, solventes etc.).
PLATINA
Vácuo.
CINZA MÉDIO
Eletro dutos.
BRANCO
Vapor.

O ambiente e a iluminação

• Iluminação natural
• Janelas verticais
• Distância não superior ao dobro da altura da janela
59

• Redução de ofuscamento
• Luz adicional
• Cores claras nas paredes, tetos e outras superfícies.
• Luz de lâmpadas fluorescentes

• Cálculo para iluminação de ambientes


• Características gerais do ambiente:
• Pé direito = 2,80m
• Paredes de cores claras
• Teto de cor branca
• Piso razoavelmente claro

• Área X lux desejado : 0.4 : lumens = lâmpadas


60

Audição

Anatomia do ouvido

• Ouvido externo – é constituído do pavilhão auditivo (orelha) e do conduto


auditivo externo que termina na membrana do tímpano.

• Ouvido médio – o som transmite através de três ossículos chamados martelo,


bigorna e estribo.
61

• Ouvido interno – onde se situam os receptores vestibulares, que são


responsáveis pela percepção da posição e aceleração.

Percepção do Som

• Freqüência – é o numero de flutuações ou vibrações por segundo e é expressa


em hertz (Hz).

• Intensidade – depende da energia das oscilações e é definida em termos de


potência de unidade de área

• Duração – é um som medido em segundos.

• Surdez provocada pelo ruído

• Surdez de condução – resultante da incapacidade do ouvido externo


transmitir as vibrações para o ouvido interno.
• Surdez de condução – redução da sensibilidade das células nervosas no
ouvido interno.
• Surdez temporária ou permanente
• Tempo de exposição

• INFLUÊNCIA DO RUÍDO NO DESEMPENHO

• Ruídos de curta duração – diminui o rendimento durante o período de


exposição.
• Ruídos de longa duração – entre 70 e 90 dB o rendimento cai e aumenta a
quantidade de erros.
• Música ambiental – quebra a monotonia, reduz a fadiga, reduz o índice de
acidentes, absenteísmo e proporciona bem estar. Segundo alguns defensores,
melhora a vigilância, atenção, melhorando o rendimento e podendo mascarar
ruídos indesejáveis.

Senso cinestésico

• Fornece informações sobre os movimentos das partes do corpo, sem exigir um


acompanhamento visual.

• é muito importante no trabalho, pois muitos movimentos como pés e mãos


devem ser feitos sem acompanhamento visual enquanto a visão concentra em
outras tarefas realizadas simultaneamente.
62

• Funciona como realimentador de informações para cérebro e podendo avaliar


se um movimento muscular foi realizado de acordo com o seu comando.

VIBRATÓRIA
Bibliografia
• IIDA, Itiro. Ergonomia, projeto e produção. São Paulo: Ed.
Edgar Blucher Ltda., 2007.
• FILHO, João Gomes. Ergonomia do Objeto, São Paulo,:Ed.
Escrituras, 2005.
• FILHO, João Gomes. Gestalt, São Paulo,:Ed. Escrituras, 2000.
• PANERO, Julius. Ergonomia para projetistas de interiores, Rio
de Janeiro: Ed. Tecnoprint AS, 1983.
• WISNER, Alain.Por Dentro do Trabalho: Ergonomia: Métodos
e Técnicas.Editora FTD S.A São Paulo1976
• Pesquisa Antropométrica e Biomecânica dos Operários lo Vol -
Medidas para Postos do Trabalho. INT- Instituto Nacional de Tecnologia do Rio de
Janeiro.1988 128 p
• Pesquisa Antropométrica e Biomecânica dos Operários 2o Vol
- Medidas para Vestuário INT - Instituto Nacional de Tecnologia Rio de
Janeiro198886 p
• Ferreira, Francisco de Paula. Padrões de Tamanho do
Vestuário, ABNT 1996.
• Serrano, Ricardo da Costa. Novo Equipamento de Medições
Antropométricas. FUNDACENTRO, 1987.
• Duarte e Saggese, Sonia e Sylvia. Modelagem Industrial
Brasileira. NCI/CEM/SENAC, 2002.
63

DESIGN
Texto de Stephan Adolfo Fey - UNIVALI

A ergonomia aliada ao Design como ferramenta integrante de todo


o processo de concepção de produtos.
The ergonomics allied aw Design asked tool integrating of all the process
of conception of product.

Palavras-Chave: Design, Ergonomia, Ferramenta Integrante.


Resumo: O presente artigo tem por objetivo salientar a importância da
ergonomia como uma ferramenta integrante e ativa de todo o processo de
design de um produto, esclarecendo a sua verdadeira relação entre o bem
estar do usuário com os bens de consumo, buscando resgatar a
verdadeira conceituação do que é design, qual é o objetivo da ergonomia,
quando começou a relação do design com a ergonomia e a importância
da relação entre a ergonomia e o design para o futuro do desenvolvimento
da profissão.

Key-words: Design, Ergonomics, Integral Tool.


Sumary: The present article has for objective to point out the importance of
the ergonomics as na integral tool and active of whole the process of
64

design of a product, ho showing its true connection between the comfort of


the users with the consumer goods, searching to get back the true
conceituation of what design is, which is the objective of ergonomics,
when the design connection beguns and the importance of connection
between ergonomics and design to the profession development.

A saúde e os bens de consumo.


A forma mais abrangente de apresentar o conceito de Saúde é utilizando
a definição da Organização Mundial de Saúde (OMS), que a expressa
como o estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não
apenas a ausência de enfermidade. É evidente o caráter subjetivo dessa
definição, pois é difícil quantificar o bem-estar, entretanto, isso favorece a
compreensão de que é necessário atuar sobre todos os fatores que
venham a interferir nesse estado. No ambiente de trabalho, no lazer, ou
no próprio lar, esses fatores são chamados de riscos ocupacionais.

As doenças ocupacionais são aquelas decorrentes da exposição do


ser humano aos riscos ambientais, ergonômicos ou de acidentes. Elas se
caracterizam quando se estabelece o nexo causal entre os danos
observados na saúde e a exposição a determinados riscos. Dessa forma,
se o risco está presente, uma conseqüência é a atuação sobre o
organismo humano que a ele está exposto, alterando sua qualidade de
vida. Essa alteração pode ocorrer de diversas formas, dependendo dos
agentes atuantes, do tempo de exposição, das condições inerentes a
cada indivíduo e de fatores do meio em que se vive. Consciente dos
riscos o designer como agente criador deve prever não só a
funcionalidade e a estética, mas os aspectos que poderão por em risco a
integridade física (saúde) não só do consumidor final, mas todos aqueles
que irão manusear o produto, desde a sua produção até a sua
65

manutenção quando este estiver em uso.

Na etapa de antecipação dos riscos é fundamental para a atuação


do Designer a aplicação da ergonomia e suas diversas ferramentas. Essa
etapa envolve a análise de projetos de novos sistemas funcionais,
métodos ou processos de usabilidade e manuseio, identificar os riscos
potenciais e introduzir medidas de proteção para sua redução ou
eliminação. A atuação eficaz do Designer, nessa etapa, irá garantir
projetos que eliminem alguns riscos antecipados e neutralizem aqueles
inerentes à atividade ou ao manuseio do produto.

Outra etapa do processo de prevenção é a de reconhecimento dos


riscos. Nesse caso, o risco já está presente e será preciso intervir na
estrutura do projeto. Reconhecer os riscos é uma tarefa que exige
observação cuidadosa das condições funcionais, caracterização das
atividades com o produto, entrevistas e pesquisas junto ao usuário.
Infelizmente, há ocasiões em que os riscos são identificados após o
comprometimento da saúde do usuário. Nesses casos, caberá ao
designer em conjunto com a empresa intervir com rapidez, para impedir
que outros consumidores sejam expostos ao risco.

A adoção das medidas de controle, que representam uma outra


etapa da prevenção, será antecedida pela etapa de avaliação dos riscos,
quando eles serão quantificados para subsidiar seu controle. A requerida
intervenção se fará, na maioria das vezes, nas fontes geradoras dos
riscos, nas possíveis trajetórias e nos meios de propagação dos agentes.
Sendo assim, o Designer deverá especificar e propor alterações no
arranjo físico, corrigindo adequadamente, todos os problemas pertinentes
ao projeto.

Em todas essas etapas, a ergonomia esta contribuindo com a


prevenção das doenças e acidentes, pois os agentes causadores estarão
66

sendo o objeto principal de sua atuação. Assim, não apenas se


caracteriza um papel preventivo, mas também se observa que o Designer
atua como agente preventivo visando preservar e melhorar a qualidade de
vida do ser humano, condição que estreita a relação entre o design de
produto e a ergonomia.

O que é Design
Atualmente houve a popularização da palavra design. Quase tudo e todos
utilizam essa palavra, seja para vender, para qualificar ou para designar
algo, mas a maioria não sabe o que esta palavra, o que este "termo"
significa.

Segundo o dicionário, design significa: 1. Concepção de um projeto


ou modelo; planejamento. 2. O produto desse planejamento. 3. Restr.
Desenho industrial. 4. Restr. Desenho-de-produto. 5. Restr. Programação
visual. Pois bem, explicando de outra maneira, design é todo um processo
de idéias, de planejamento, de construção e de finalização, em que o
produto final desse processo tem todas as qualificações necessárias para
se manter e ter boa aceitação no mercado.

Outra coisa que se ouve e vê por aí são fachadas dizendo:


"Produto tal..., mais qualidade e design", "Produto qual..., requinte e
design", o que na verdade são informações excessivas, pois se o produto
tem design, automaticamente terá requinte, qualidade, beleza, o que for,
pois isso faz parte do processo de design.

O design é um processo pelo qual a maioria dos produtos hoje em


dia comercializados, seja ele visual ou de consumo, é ou deveria ser
submetido para ter o máximo de aceitação no mercado.
Alguns autores identificam a origem do Design com a primeira tentativa do
homem para fabricar sua primeira ferramenta. Pode-se dizer, entretanto,
que esta identificação não é mais do que uma imagem poética e uma
67

evocação histórica.

O Design é uma atividade profissional relativamente nova, apesar


de ser a produção de objetos utilitários tão antigos como a própria
humanidade. O verdadeiro interesse pelo projeto de utensílios e de
maquinarias começou a manifestar-se no início da Revolução Industrial.

Henry Dreyfuss, um dos pioneiros na profissão, diz que o designer


começou por eliminar o excesso de decoração, mas que o seu verdadeiro
trabalho teve início quando ele se empenhou em dissecar o objeto, em
conhecer aquilo que fazia com que funcionasse e idealizar modos para
que operasse melhor. Só depois é que se preocupou em dar-lhe um
melhor aspecto externo (Dreyfuss in Papanek (1977)).

Em 1963, Maldonado propôs uma nova interpretação do conceito


de Design que foi adotada pelo ICSID e ainda é aceita por este organismo
até os dias atuais.

Em sua formulação, Maldonado conceitua o Design como uma


atividade de projeto que consiste em determinar as propriedades formais
dos objetos a serem produzidos industrialmente. Por propriedades formais
entende-se não só as características exteriores, mas, sobretudo, as
relações estruturais e funcionais do objeto.

Na colocação de Maldonado, o produto é entendido como o


resultado de um processo integrado de projeto e a atuação do designer
como uma atividade antropológica. Isto o leva a considerar aspectos
funcionais, econômicos, sociais e tecnológicos, ao projetar objetos.

Esta formulação contrapõe-se à visão dos adeptos de uma variante


do Design, o styling, segundo a qual o designer é entendido como um
mero criador de formas, um especialista que cuida tão somente da
68

realidade externa do objeto.

A partir da colocação de Maldonado, Soloviev, designer de um país


socialista, elaborou uma outra conceituação que dá ênfase à função social
do Design. Segundo este autor, o Design é uma atividade criadora voltada
à construção de um ambiente material coerente, para atender de maneira
ótima as necessidades materiais e espirituais do homem. Esta finalidade
deve ser cumprida por meio da determinação das propriedades formais do
objeto, que não incluem exclusivamente os caracteres exteriores, mas
também as relações estruturais que lhe conferem uma coerência funcional
e ao mesmo tempo contribuem para o aumento da produtividade.

Para Soloviev, projetar não é criar indiferentemente objetos


quaisquer, mas criar objetos com um sentimento antropológico, na medida
em que eles farão parte do ambiente e deverão subordinar-se a um
critério de valor para o usuário.

O que é ergonomia?
Segundo COUTO (1995), "Ergonomia é um conjunto de ciências e
tecnologias que procura a adaptação confortável e produtiva entre o ser
humano e seu trabalho, basicamente procurando adaptar condições de
trabalho às características do ser humano.”.

A ergonomia constitui-se em uma técnica recente, apesar de


começar a ser pensada no início do século passado. O termo "Ergonomia
Aplicada ao Trabalho", iniciou-se a partir dos anos 50, com o advento da
viagem do homem à lua, e a construção da nave espacial norte-
americana.

A ergonomia, como técnica de prevenção de males ao ser humano,


deveria ser usada no dia a dia, em nossas casas, escritório, no carro que
dirigimos, a fim de se evitar futuros problemas de saúde, muitas vezes
69

ignoradas as suas causas. Enfim, em cada tarefa que exija dispêndio de


energia do ser humano, deveria ser visto com outros olhos, pensado uma
forma mais confortável de realizá-lo.

Conforme COUTO (1995:15), "Onde houver gente, ali deveria


haver uma base sólida de ergonomia, a fim de que a interação do ser
humano com os objetos e ambientes caso fosse a mais confortável e
adequada possível".

Definições para a Ergonomia.


Montmollin, M. - A Ergonomia é a tecnologia das comunicações homem-
máquina (1971).

Grandjean, E. - A Ergonomia é uma ciência interdisciplinar. Ela


compreende a fisiologia e a psicologia do trabalho, bem como a
antropometria é a sociedade no trabalho. O objetivo prático da Ergonomia
é a adaptação do posto de trabalho, dos instrumentos, das máquinas, dos
horários, do meio ambiente às exigências do homem. A realização de tais
objetivos, ao nível industrial, propicia uma facilidade do trabalho e um
rendimento do esforço humano (1968).

Leplat, J - A Ergonomia é uma tecnologia e não uma ciência, cujo


objeto é a organização dos sistemas homens-máquina (1972).

Murrel, K.F. - A Ergonomia pode ser definida como o estudo


científico das relações entre o homem e o seu ambiente de trabalho
(1965).

Self - A Ergonomia reúne os conhecimentos da fisiologia e


psicologia, e das ciências vizinhas aplicadas ao trabalho humano, na
perspectiva de uma melhor adaptação ao homem dos métodos, meios e
ambientes de trabalho.
Wisner - A Ergonomia é o conjunto de conhecimentos científicos relativos
70

ao homem e necessários à concepção de instrumentos, máquinas e


dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto e
eficácia (1972).

A Ergonomia é considerada por alguns autores como ciência,


enquanto geradora de conhecimentos. Outros autores a enquadram como
tecnologia, por seu caráter aplicativo, de transformação. Apesar das
divergências conceituais, alguns aspectos são comuns às várias
definições existentes:
A aplicação dos estudos ergonômicos;
A natureza multidisciplinar, o uso de conhecimentos de várias disciplinas;
O fundamento nas ciências;
O objeto: a concepção do trabalho.

Qual o objetivo da ergonomia?


Se para certo número de disciplinas, o trabalho é o campo de aplicação
ou uma extensão do objeto próprio da disciplina, para a ergonomia o
trabalho é o único possível de intervenção.

A ergonomia tem como objetivo produzir conhecimentos


específicos sobre a atividade do trabalho humano.

O objetivo desejado no processo de produção de conhecimentos é


o de informar sobre a carga do trabalhador, sendo a atividade do trabalho
específica a cada trabalhador.

O procedimento ergonômico é orientado pela perspectiva de


transformação da realidade, cujos resultados obtidos irão depender em
grande parte da necessidade da mudança. Mesmo que o objetivo possa
ser diferente de acordo com a especialização de cada pesquisador, o
objeto do estudo não pode ser definido a priori, pois sua construção
71

depende do objetivo da transformação.

Em ergonomia o objeto sobre o qual se pretende produzir


conhecimentos, deve ser construído por um processo de decomposição/
recomposição da atividade complexa do trabalho, que é analisada e que
deve ser transformada.

O objetivo é ocultar o mínimo possível à complexidade do trabalho


real. Quanto mais ergonomia aprofunda o seu questionamento sobre a
realidade, mais ela é interpelada por ela mesma.

A história da Ergonomia e quando ela passou a ser incorporada


pelo Design no Brasil.
Em 1857 Jastrezebowisky publicou um artigo intitulado "ensaios de
ergonomia ou ciência do trabalho". O tema é retomado quase cem anos
depois, quando em 1949 um grupo de cientistas e pesquisadores se
reúnem, interessado em formalizar a existência desse novo ramo de
aplicação interdisciplinar da ciência.

Em 1950, durante a segunda reunião deste grupo, foi proposto o


neologismo "ERGONOMIA", formado pelos termos gregos ergon
(trabalho) e nomos (regras). Funda-se assim no início da década de '50,
na Inglaterra, a Ergonomics Research Society.

Em 1955, é publicada a obra "Análise do Trabalho" de Obredane &


Faverge, que se torna decisiva para a evolução da metodologia
ergonômica. Nesta publicação é apresentada de forma clara a importância
da observação das situações reais de trabalho para a melhoria dos meios,
métodos e ambiente do trabalho.

Em referência as publicações científicas que marcaram o início da


produção dos conhecimentos em ergonomia, podemos citar:
1949 Chapanis com a aplicação da Psicologia Experimental
72

1953 Lehmann, G.A. Prática da Fisiologia do Trabalho


1953 Floyd & Welford Fadiga e Fatores Humanos no Desenho de
Equipamentos.

A ergonomia no Brasil começou a ser evocada na USP, nos anos


60 pelo Prof. Sergio Penna Khel, que encorajou Itiro Iida a desenvolver a
primeira tese brasileira em Ergonomia, a Ergonomia do Manejo. Também
na USP, Ribeirão Preto, Paul Stephaneek introduzia o tema na Psicologia.

Nesta época, no Rio de Janeiro, o Prof. Alberto Mibielli de Carvalho


apresentava Ergonomia aos estudantes de Medicina das duas faculdades
mais importantes do Rio, a Nacional (UFRJ) e a ciências Médicas (UEG,
depois UERJ); O Professor Franco Seminério falava desta disciplina, com
seu refinado estilo, aos estudantes de Psicologia da UFRJ. O maior
impulso se deu na COPPE, no início dos anos 70, com a vinda do Prof.
Itiro Iida para o Programa de Engenharia de Produção, com escala na
ESDI/RJ. Além dos cursos de mestrado e graduação, Itiro organizou com
Collin Palmer um curso que deu origem ao primeiro livro editado em
português.

Em 1960 Ruy Leme e Sérgio Penna Kehl, incorporam a ergonomia


ao design com a Abordagem do tópico "O produto e o homem" na
disciplina Projeto de Produto, no curso de Engenharia de Produção na
Escola Politécnica da USP.

Logo em 1966 a ergonomia começa a ser aplicada pela Escola


Superior de Desenho Industrial, da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, RJ. Nessa escola, o professor Karl Heinz Bergmiller inicia o
ensino de ergonomia para o desenvolvimento de projetos de produtos,
segundo o modelo de Tomás Maldonado, da Escola de Ulm, na
Alemanha. Itiro Iida busca a orientação de Bergmiller na ESDI, para a sua
tese de doutorado sobre manejo, na USP, e, em 1971, passa a ensinar
73

ergonomia na ESDI. A partir dessa experiência, a ergonomia se insere


como disciplina nos cursos de desenho industrial.

Quando da discussão de um novo currículo mínimo, aprovado


durante o 1 º ENDI - 1 º Encontro de Desenho Industrial -, no Rio de
Janeiro, em 1979, a ergonomia torna-se disciplina obrigatória nas duas
habilitações - projeto de produto e comunicação visual. O novo currículo é
aprovado pelo Conselho Federal de Educação, em janeiro de 1987.

A importância da ergonomia para o Design.


Definir o problema é o primeiro passo do processo que cria um design
inovador. A idéia que Jens Bersen nos passa em seu livro é que a
definição de um problema traz em si a chave da sua própria solução. Um
bom design é tanto uma questão de se fazer às perguntas certas quanto
de se as respondes. Confirmando que ao longo da sua evolução histórica,
o papel do design foi tornar a tecnologia utilizável em formas acessíveis e
compreensíveis para um maior número de pessoas; conforme nos relata
John Heskett.

Desta forma é de fundamental importância uma avaliação coerente


dos problemas dentro do processo de criação, para que se possa adequar
corretamente o produto a sua função. E para isto segundo Baxter, o
estabelecimento de metas e a inovação, são ingredientes de vital
importância para o sucesso de um produto, onde o design é o agente da
interface que coloca de um lado produto e de outro, consumidores e
usuários, ou seja: A interface revela o caráter de ferramenta dos objetos e
o conteúdo comunicativo das informações transformando objetos em
produtos, e sinais em informação interpretável, (Bonsiepe).

Ao modo que Flavio A. dos Santos conclui que na medida em que


os produtos se tornam cada vez mais parecidos tecnologicamente cabe
ao designer estabelecer o diferencial, dentro de uma abordagem
74

estratégica, para o aperfeiçoamento e lançamento de novos produtos no


mercado com perspectivas de sucesso. Dentro deste contexto Maria L.C.
dos Santos esclarece que o Design este intimamente ligado ao processo
de modernização da industrial no Brasil e no mundo, explorando
tendências, novas técnicas e novos materiais. Por isso antes de descrever
a metodologia própria a uma intervenção de design, é preciso desenvolver
o modo especifico que o designer tem de abordar os problemas que lhe
são submetidos, Denis Schulmann lembra que o design tem uma
abordagem e uma experiência multidisciplinar, recorrendo a um conjunto
de competências técnicas das quais algumas lhes são especificas e
outras dependem dos ofícios de engenheiros ou outros setores de uma
empresa. Mesmo assim o designer deve levantar e analisar todos os
aspectos de um produto concebendo-o através de uma série de etapas
que busquem satisfazer todas as necessidades do cliente, dentre elas, as
que estão estreitamente ligadas aos aspectos físicos e psicológicos do
usuário. Fato este que faz com que a ergonomia não seja mais vista
apenas como um instrumento de análise e reestruturação de postos de
trabalho, mas como uma importante ferramenta que se integra ao
processo de concepção, que deve ser utilizada pelo designer desde o
principio do processo, para que ele possa definir mecanismos, sistemas,
aspectos formais e os aspectos cognitivos aplicados ao produto e a
interface do mesmo, evitando toda e qualquer situação de risco não só
com relação ao usuário, mas com relação a todo o processo de criação.
PEDROSO [1998] comenta que a necessidade de gerar produtos de
acordo com as expectativas do usuário é premissa básica no seu
processo de desenvolvimento. Nesta visão, os designers são cada vez
mais orientados na pesquisa das necessidades e características dos
usuários. Cada vez mais o usuário aumenta seu grau de exigência com
relação à satisfação e à ergonomia. Neste sentido, a ergonomia constitui
uma base de informação privilegiada por seus métodos de análise.
75

Para Maurício Duque diretor da ABRAPHISET - Associação


Brasileira dos Profissionais de Higiene e Segurança do Trabalho "a
ergonomia é para o design de um produto o que a farinha é para o pão,
ou seja, não se faz pão sem farinha". Para ele, um produto que não tem
concepção ergonômica perde a sua mais importante qualidade que é a
"usabilidade", com conforto e segurança, eficiência e eficácia. Ao se
conceber um produto, o designer deve levar em consideração as
características ergonômicas do produto, como verdadeiras ferramentas do
projeto. Para Duque, este será um fator importante de fidelização do
usuário com o "novo conceito" dos produtos e com a empresa que os
produz. "Os designers que estiverem realmente de olho no futuro devem
estar atentos a esta futura demanda, pois, será esta a ótica das empresas
para conquistar seus clientes e garantir o sucesso de seus negócios".

Bibliografia:
AUMONT, Jacques - A Imagem- Campinas, SP - Papirus Editora - 1993
BAXTER, Mike - Projeto de Produto - Editora Edgard Blücher LTDA
BERNARDI, Antonio Luiz - Política e Formação de Preços - Editora Atlas
S A - 1996
BERNSEN, Jens - Design: defina primeiro o problema - SENAI/LBDI
Florianópolis 1995
BONFIM, GA - Metodologia para o Desenvolvimento de Projetos. João
Pessoa, Ed. Universitária, 1995.
BONSIEPE, Gui. - Design: do Material ao Digital - Florianópolis - FIESC
1997
CHARLOTTE; FELL, Peter - 1000 Chairs - Ed Taschen, 1983.
COUTO, HUDSON A. - Ergonomia Aplicada ao Trabalho: Manual Técnico
da Máquina Humana. Belo Horizonte. Ergo, 1995.
DORFLES, Gillo - O Design Industrial e sua estética - Editorial Presença,
LTDA. Lisboa.
HESKETT, JOHN - Desenho Industrial - Editora José Olympio - 1997
76

JURAM, J.M. - A Qualidade desde o Projeto: Novos passos para o


planejamento da qualidade em produtos e serviços. São Paulo, Pioneira
1992
IIDA, Itiro. - Ergonomia - Projeto e produção. São Paulo, Edgard Blücher,
1990. 465 p.
MORAES, Anamaria de; SOARES, Marcelo Márcio. Ergonomia no Brasil e
no mundo: um quadro, uma fotografia. Rio de Janeiro, Abergo/Univerta,
1989.
MORAES, Dijon - Limites do Design -Studio Nobel LTDA - 1997
PEDROSA, Mario - Forma e Percepção Estética Textos Escolhidos - São
Paulo: Edusp - 1995
SANTOS A Flavio - O Design como Diferencial Competitivo - Editora da
UNIVALI - Itajaí 2000.
SANTOS, L.C. Maria - Móvel Moderno no Brasil-São Paulo: Studio Nobel:
FAPESP - Edusp, 1995
SCHULMANN, Denis - O Desenho Industrial -Editora Papirus Campinas -
1994.

Artigo sobre Biomecânica

Os riscos de manusear cargas pesadas:

As atividades de manusear cargas pesadas, sem considerar as


limitações do ser humano, podem trazer sérios riscos à saúde.

O sistema circulatório, em especial o coração, pode ser afetado,


especialmente no que diz respeito ao ritmo cardíaco e pressão sangüínea. Os
77

problemas mais freqüentes, advindos do manuseio e movimentação de cargas


são: hemorragias cerebrais em pessoas com arterioscleroses (endurecimento das
artérias); em pessoas frágeis uma mudança de pressão repentina pode provocar
hérnia abdominal ou outros problemas dos órgãos abdominais (ptose: queda de
um órgão pelo relaxamento dos ligamentos viscerais ou das paredes abdominais).
Este problema acontece quando a pessoa faz este tipo de atividade de forma
esporádica, e sem os cuidados necessários (Bankoff et al, 1994).

No trabalho freqüente com cargas excessivas, principalmente


quando é iniciado com pouca idade, a tensão e esforço constante em músculos,
ligamentos, articulações, e ossos podem causar deformações, tais como,
escolioses e cifosis vertebrais, deformação do arco do pé e um estado inflamatório
e doloroso dos músculos e bolsas articulares, tais como miositis e bursites (Moura,
1978).

Os trabalhadores que realizam um duro trabalho físico,


freqüentemente apresentam diversas artroses nas articulações das vértebras,
joelhos e tornozelos, devido aos repetidos microtraumatismos (Marras et al, 1995).

Fisicamente, as mulheres possuem uma capacidade menor que o


homem para um trabalho que exija muito esforço e seja contínuo. Os principais
problemas apresentados pelas mulheres, que realizam este tipo de atividade,
estão relacionados a transtornos da circulação sangüínea nos órgãos pelvianos e
extremidades inferiores, transtornos na menstruação, prolapso, aborto e parto.
Este quadro fica acentuado se a mulher tiver realizado este tipo de atividade
desde a infância (Marçal, 1991).

No caso de crianças e adolescentes, este tipo de trabalho poderá


afetar seu desenvolvimento físico, especificamente o esquelético, podendo-se
produzir deformações na coluna vertebral, pelvis e tórax (Moura, 1978).

O levantamento e manuseio de cargas pesadas é um sério problema


em todos os países do mundo, provocando lesões relativamente sérias, e com
78

uma grande perda econômica para os países. Dores na coluna afetam 80% das
pessoas em países industrializados em algum momento na vida (Troussier et al,
1994).

Verbeek (1991) diz que as pessoas que apresentam problemas na


coluna vertebral constituem-se numa faixa cada vez maior. Diversos estudos em
vários países têm mostrado a relação entre as atividades de manuseio e
movimentação manual de cargas e a incidência de grande número de acidentes e
lesões osteoarticulares, sobretudo na região lombar (CSST, 1979; Grandjean,
1982, Yates & Karwowski, 1987; Nogueira, 1987 Hildebrandt, 1987; Doeu &
Hildebrandt, 1987; Kroemer et all, 1989, Millanvoye, 1989; Jäger & Luttmann,
1989; Gallager, 1991; Jäger & Luttmann, 1992; Haslegrave; 1994; Chaffin & Page,
1994; Marras et alli, 1995; Kim & Chung, 1995; Hildebrandt, 1995).

Segundo estudo publicado em 1976, por Finocchiaro, de um


levantamento de 5.000 perícias médicas no Estado de São Paulo, 32,44% destes
correspondia a casos de espondilopatia lombar (inflamação do tecido ósseo),
devido ao esforço físico indevido ou esforço físico em flexão (posição errada para
o esforço físico).

Os problemas lombares dos trabalhadores, em geral, continuam


aumentando. Segundo estudo realizado na Holanda (Hildebrandt, 1995), no qual
realizou- se um levantamento com 8748 trabalhadores de ambos os sexos e
diferentes profissões e ofícios, verificou-se que 26,6% apresentam dores nas
costas de forma freqüente. Observou-se também que as atividades que
apresentam maior grau de incidência são as relacionadas com o transporte e
manuseio de materiais (construção civil, serventes, estivadores, transportadores
de peso em geral). No mesmo país, segundo o Centro de Estatísticas (CBS -
Central Bureau Voor de Statistiek ), em 1987, verificou-se que 21% dos
trabalhadores desse país, tiveram licença por doença relacionada a problemas
nas costas durante esse ano, e 32% destes com incapacidade permanente .
79

Assim, manuseio e movimentação de cargas, têm como principal


risco os problemas da coluna, que são dolorosos e reduzem a mobilidade e a
vitalidade dos trabalhadores. A incidência destes problemas é responsável pelas
altas taxas de absenteísmo, pela incapacidade precoce e desgaste excessivo dos
trabalhadores (Grandjean, 1982).

É importante deixar claro que, problemas na coluna não são


exclusivos das pessoas que manuseiam cargas pesadas. Assim, para Yates &
Karwowsky (1987), a automatização e a mecanização industrial causaram o
aumento de número de postos na posição sentada, sendo que houve um aumento
da incidência de lombalgias para os trabalhadores que devem permanecer
sentados por longos períodos, devido à adoção de posturas penosas impostas
pelas exigências das tarefas (Barreira, 1989).

O impacto social destes problemas é enorme, segundo Dul &


Hildebrandt (1987). Na Holanda, em 14 milhões de pessoas, 4 milhões sofrem
lombalgias, e de cada dois adultos, um já sofreu de lombalgia em sua vida. No
mesmo país, anualmente o manuseio de materiais representa aproximadamente
25% de todos os acidentes industriais (Bobick, in Kroemer, 1989).

No Brasil, onde as estatísticas de acidentes são alarmantes,


observamos que no ano de 1994, 388.304 trabalhadores sofreram acidentes de
trabalho, segundo o Ministério da Previdência Social. Podemos acreditar que a
incidência de lombalgias é muito grande e causa, possivelmente, um enorme
custo social e econômico. Isto pode ser corroborado pelos dados obtidos junto ao
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), do Estado de Santa Catarina. Esta
instituição nos mostra que, no ano de 1994, de um total de 18.585 acidentes
registrados, 907 (4,88%) destes atingiram a região lombar, perdendo apenas para
os dedos, mãos, e pé. Outro dado importante obtido desta fonte nos mostra que,
do total de acidentes de trabalho registrados, segundo classificação por objeto
causador, deslocar peso (erguer, carregar, puxar, etc) ocupa o terceiro lugar com
1.006 (6,63%) casos.
80

Assim, fica claro que as leis são necessárias, e neste caso, devem
ser consideradas muitas variáveis para definir as cargas limites, a serem
manuseadas e movimentadas manualmente. As variáveis a serem consideradas
são: idade e sexo dos trabalhadores, características da carga, condições de
percurso (distância e inclinação), freqüência da atividade e posturas, treinamento.
No caso do Brasil, a atual legislação define um valor limite de carga máxima para
o homem (60 kg) e 20 (kg) em trabalho ocasional, para o caso das mulheres, não
existindo detalhes precisos das variáveis que influenciam este tipo de atividade, e
se realmente estas cargas são adequadas para atividades deste tipo.

2.2 Aspectos organizacionais:

Os aspectos relacionados à organização do trabalho devem ser


observados atentamente. A seguir são apresentados alguns dos fatores
organizacionais, relacionados à atividade de manuseio e movimentação de
cargas.

2.2.1 Pausas

As pausas são períodos de tempo concedidos, de acordo com a


Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, para os trabalhos contínuos de mais de
seis horas, e devem ser utilizados para as refeições e descanso (Campanhole &
Campanhole, 1995).

Do ponto de vista da Ergonomia, as pausas são as interrupções da


jornada de trabalho, que visam à recuperação da capacidade física e mental do
indivíduo. A definição dos tempos para as pausas deve ser baseada no tipo de
atividade, na cadência do trabalho, na repetitividade das tarefas e no desgaste
físico durante o trabalho (Gontijo et al, 1995).

Sendo assim, cada atividade deve ter suas pausas estabelecidas, de


acordo com critérios, avaliados a partir de uma análise ergonômica do trabalho.
81

As pausas são classificadas de acordo com sua duração (Gontijo et


al, 1995), e estas são:
a) Pausas Fisiológicas: período de tempo gasto com a recuperação da capacidade
de um músculo, após sua contração durante o trabalho;
b) Pausas de Limitação: tempo em que o indivíduo deixa de realizar a tarefa por
não ter condições físicas;
c) Pausas de Recuperação: tempo para a recuperação física e mental durante a
jornada de trabalho;
d) Pausas para Refeições: devem ser considerados alguns fatores, tais como:
reposição energética, horários, tempo para digestão, dentre outros;
e) Pausas Diárias: recomenda-se um período de no mínimo onze horas de
repouso, entre o final e o inicio das jornadas de trabalho.
f) Pausas Semanais: devem, sempre que possível, contemplar o domingo.
g) Pausas Anuais: ou chamadas de férias, devem ser de no mínimo duas
semanas para cada ano trabalhado.

O horário das refeições deve ser projetado considerando-se os


seguintes fatores: horário do inicio e final da jornada, horário da última refeição,
desgaste energético durante o trabalho, distancia até o refeitório, local de
higienização, filas, etc.

A duração das pausas para o descanso (recuperação) deve ser


projetada, de forma equilibrada, geralmente nos períodos intermediários entre o
inicio da jornada- refeição-término da jornada. Estas pausas, na medida do
possível, devem ser fora do ambiente de trabalho e em local apropriado.

Não há uma regra geral quanto à duração das pausas. Alguns autores
recomendam uma pausa de três a cinco minutos por hora trabalhada. Murrel (1965),
apresenta uma fórmula para calcular a quantidade total de descanso, que exige qualquer
atividade de trabalho, dependendo de seu custo médio de energia. A fórmula é apresentada
a seguir, onde:
82

D: tempo de descanso;
D
T: tempo total de trabalho;
= T(K-S)
K: média de kilocalorias por minuto de trabalho na atividade;
K-1,5
S: padrão de kilocalorias por minuto (adotado de 3 a 4 kcal/min).

Sempre que possível, o horário das pausas deve ser flexível e


estabelecido pelos próprios trabalhadores. Para isto, eles devem ser esclarecidos
quanto à necessidade e função das pausas.

Nas atividades que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica


do pescoço, ombros, dorso e membros superiores devem ser incluídas pausas
extras para o descanso (segundo NR-17 Ergonomia).

2.2.2 Horas extras

Do ponto de vista da ergonomia, a pratica de horas extras pode ser


considerada como um acréscimo à carga física e mental do indivíduo, o que pode
provocar sérios prejuízos à sua saúde. Recomenda-se algumas medidas a serem
adotadas, quando se faz necessário o trabalho em horas extras.

As horas extras devem ser evitadas pelos trabalhadores que


realizam atividades que exijam grande desgaste energético. Caso necessário,
durante as horas extras é recomendável que estes desenvolvam outras atividades
mais leves.

Para as atividades que requeiram a sobrecarga dos membros


superiores e dorso, principalmente quando repetitivas, as horas extras devem ser
evitadas. O excesso de carga de trabalho, nestes casos pode favorecer ou
agravar os problemas de lesões por esforço repetitivo e problemas da coluna.

2.2.3 Treinamento
83

Segundo Wisner (1987), o treinamento geral faz variarem


consideravelmente as aptidões, e a aprendizagem da tarefa, permitindo reduzir de
forma expressiva a carga de trabalho. A movimentação manual de materiais é
inevitável em qualquer local de trabalho, já que alguns movimentos só podem ser
realizados pelo homem (Moura, 1978).

No Brasil, a grande maioria das indústrias não se preocupa com


treinamento, investindo menos de 1% de horas trabalhadas, quando a média
mundial é de 3% (Costa, 1994).

O treinamento para o trabalho de manuseio de cargas, consiste,


basicamente, em conhecer as formas adequadas de trabalhar nestas condições. É
necessário desenvolver a consciência, tanto dos trabalhadores como dos
administradores, dos sérios riscos que uma atividade realizada de forma
inadequada acarretará para ambos. Nestes casos o treinamento é específico e o
mais completo possível. Devem ser consideradas as limitações individuais e
enfatizar o trabalho em equipe.

Assim, um treinamento adequado deve considerar, primeiramente, as


características dos indivíduos que irão recebê-lo. Deve ser utilizada uma
linguagem clara e objetiva. No caso de indivíduos com uma baixo nível de
escolaridade, como é o caso da maioria das pessoas que trabalham em atividades
braçais, recomenda-se enfatizar a parte prática e o uso de situações reais, nas
quais eles tenham participação ativa. Esta é uma forma confiável de captar a
atenção destes indivíduos, e obter resultados satisfatórios.

2.3 Aspectos Fisiológicos:

O manuseio e a movimentação de cargas devem ser entendidos


como uma atividade física dinâmica e estão estritamente relacionados com o
gasto energético e posturas corporais. A avaliação do gasto energético de uma
tarefa é feita através da medição do consumo de oxigênio em um dado período de
84

tempo. As posturas assumidas durante estas atividades podem trazer riscos de


lesão muscular, principalmente pelo sobre- esforço (Gontijo et al, 1995).

Desta forma, é muito importante que o trabalhador seja informado


das formas e métodos corretos para realizar as atividades, de como fazer melhor
uso da força e como diminuir os riscos de lesões.

2.3.1 Generalidades da coluna vertebral

Sendo a coluna vertebral, uma das partes mais afetadas nas


atividades de manuseio e movimentação de cargas manualmente, é que serão
apresentadas suas principais características.

2.3.1.1 Anatomia da coluna vertebral

A coluna vertebral é o eixo do esqueleto. Formado por inúmeros


ossos livres e móveis entre si, denominados vértebras, além de outros cinco ossos
fundidos chamados de sacro e mais quatro parcial ou totalmente fundidos
denominados cóccix.

Figura 1: Coluna vertebral (Knoplich, 1989).

A coluna é formada de 24 vértebras livres, sendo 7 cervicais; 12


torácicas; 5 lombares; 09 vértebras fundidas, sendo 5 sacrais e 4 coccígeas.

Cada vértebra é composta de duas partes, a sólida (lâminas


vertebrais) e a fraca (corpos vertebrais), segundo Lapièrre (1987).

A parte sólida compreende um orifício por onde passa a medula, no


centro da vértebra e ainda três asas, duas chamadas de apófises transversas e
uma de apófise espinhosa, localizadas na região posterior da coluna. Estas
apófises servem para orientar os movimentos da coluna e para a inserção dos
músculos das costas (Brandis, 1977 e Knoplich, 1982). De acordo com Hay et all
85

(1985), existem ainda nas vértebras, pequenos furos responsáveis pela passagem
dos nervos originários da medula espinhal, que são os orifícios de conjugação.

Figura 2: Anatomia de uma vértebra típica (Knoplich, 1989)

A parte central da vértebra ou corpo da vértebra (parte fraca), possui


estrutura trabecular esponjosa e estável, a qual suporta o peso do corpo. As
estruturas existentes nas vértebras livres formam o sacro, e no cóccix não é
possível reconhecer as respectivas características (Brandis, 1977).

O disco intervertebral tem como principal função a proteção e a


mobilidade da coluna. Estes discos se localizam entre as vértebras, ligando-as
entre si, em articulações semi-móveis e cartilaginosas. As principais
características destes discos são a sua espessura que varia de 3 a 7 mm, cujo
tecido é cartilaginoso, fibroso e do diâmetro do corpo das vértebras
correspondentes. Apresentam, também, um centro mole, flexível (Brandis, 1977).
Assim, a principal função destes discos é a atuação como colchão de água na
coluna vertebral, deslocando-se, compensatoriamente, em direção ao local que
sofre maior pressão, como é mostrado na figura a seguir.

Figura 3: Vértebra, discos e ligamentos, (Knoplich, 1989)

Os ligamentos se estendem ao longo da coluna em faixas, que unem


as vértebras entre si de maneira múltipla. Estes também atuam como agentes
protetores, além de limitarem certos movimentos e, segundo Brandis (1977) e
Knoplich (1982), os ligamentos também são afetados com distúrbios vertebrais,
discais e musculares.

O suporte e a estabilidade da coluna são de responsabilidade dos


músculos. A postura correta é permitida pelos músculos que moldam as curvas da
coluna.

Outra importante característica da coluna vertebral são as suas


curvaturas fisiológicas, que têm como principal função o aumento de flexibilidade e
86

a capacidade de absorver choques. Permitindo, segundo Lapièrre (1982), ser 17


vezes mais forte do que se fosse reta. Estas curvaturas se dividem em cervical,
torácica, lombar e sacral, mostradas na figura 1.

2.3.1.2 Movimentos da coluna vertebral

a) Flexão (Lapièrre, 1982): curvatura lombar desaparece; o dorso fica


arredondado; a curvatura cervical é considerável para frente;
b) Extensão (Lapièrre, 1982): curvatura lombar muito exagerada; curvatura
cervical muito exagerada; curvatura torácica torna-se reta;
c) Inclinação lateral (Lapièrre, 1982): coluna vertebral se encurva no seu conjunto;
curvatura cervical acentuada de sobremaneira.

Figura 4: Movimentos da coluna vertebral.

2.3.2 Os músculos do dorso no levantamento de pesos

A forma mais comum de levantar uma carga é utilizando os músculos


do dorso. Contudo, esta é a forma mais errada de procedimento para tal (Moura,
1978).

A figura 5 mostra claramente que o levantamento de peso utilizando


os músculos do dorso exige uma grande força por parte destes.

Figura 5: Músculos dorsais no levantamento de cargas (Couto,


1995).

Os músculos do dorso devem ser considerados apenas como


músculos posturais, pois, são músculos tônicos, e, como tais, têm pouca força. Ao
contrário, os músculos das nádegas e das coxas, que são músculos fásicos,
possuem grande força muscular. Assim, a musculatura dos membros inferiores é
que deve fazer o esforço físico de elevação do corpo, quando se está levantando
um peso.
87

Figura 6: Os músculos das costas (DiDio, 1974).

2.3.3 Postura

A postura é a organização dos segmentos corporais no espaço. "A


atividade postural se expressa na imobilização das partes do esqueleto em
posições determinadas, solidárias umas às outras, e que conferem ao corpo uma
atitude de conjunto. Essa atitude indica o modo pelo qual o organismo enfrenta os
estímulos do mundo exterior, e se prepara para reagir" (Gontijo et al, 1995).

A postura submete-se às características anatômicas e fisiológicas do


corpo humano e possui um estreito relacionamento com a atividade do indivíduo,
sendo que a mesma pessoa adota diferentes posturas, nas mais variadas
atividades que realiza.

Além da fadiga muscular imediata, os efeitos em longo prazo das


posturas inadequadas são numerosos: sobrecarga imposta ao aparelho
respiratório, formação de edemas, varizes e problemas nas articulações,
particularmente na coluna vertebral. Tais afecções acarretam então a recusa, às
vezes de forma não explicita, dos trabalhadores atingidos, aos postos de trabalho
em que suas limitações posturais são demasiado fortes (Couto, 1995).

2.3.3.1 Definição de termos utilizados na avaliação postural

Alguns termos técnicos serão utilizados na avaliação postural, os


quais são definidos a seguir:

a) Avaliação Postural: forma de detectar anormalidades na simetria


dos segmentos corporais (Neto, 1991);
b) Cifose: curvatura da coluna vertebral de convexidade posterior (Otto, 1987);
c) Desvio Postural: desvio do eixo corporal, provocando tensão muscular e
ligamentar. Para aliviar esta tensão, os segmentos do corpo se ajustam de forma
compensatória (Neto, 1991);
d) Escoliose: desvio lateral da coluna vertebral, podendo haver alterações
88

estruturais ósseas (Silveira, 1992; Neto, 1991);


e) Hiperlordose: acentuação da curvatura lombar fisiológica, originária de uma
fragilidade da musculatura abdominal e/ou do glúteo máximo (Silveira, 1992; Neto,
1991). Encurvamento da coluna vertebral para diante (Otto, 1987);
f) Inclinação Lateral de Ombro: Observando-se a simetria dos ombros, identifica-
se que um lado está mais baixo que outro, o que pode ser um sinal de possível
escoliose (Neto, 1991);
g) Lordose: estado normal da curvatura lombar (Neto, 1991);
h) Ortostática: posição em pé, com pequeno afastamento lateral dos pés, braços
relaxados ao longo do tronco e olhar ao horizonte;
i) Simetrógrafo: aparelho que identifica a assimetria dos segmentos corporais
(Neto, 1991);

2.3.3.2 Fatores determinantes na postura (CSSTQ, 1983)

As principais características do trabalho que têm uma influência


direta sobre a postura são:

a) Exigência de força: a resistência dos comandos, peso dos


instrumentos, cargas a deslocar e a direção da força a ser exercida determinam a
organização dos segmentos corporais, a fim de opor uma força resultante e
manter o equilíbrio postural;
b) Duração da tarefa: uma postura inadequada é suportável por um período de
tempo curto e ocasionalmente. A cadência acelerada das tarefas geralmente
provoca problemas posturais e a rápida fadiga;
c) O trabalho em pé: a principal desvantagem é o aumento do custo energético,
fadiga muscular nos membros inferiores, coluna, e outros membros solicitados.
Por outro lado tem a vantagem de permitir uma maior mobilidade (comparado ao
trabalho sentado), permite exercer maiores forças, melhor alcance e visualização;
d) Exigência visual; exigência de precisão dos movimentos; dimensões do espaço
de trabalho; fixação da estação de trabalho, dentre outras.

2.3.3.3 Origem das lesões na movimentação de materiais


89

A grande maioria das lesões é provocada pelo esforço intenso de


grupos musculares e tendões, que são utilizados pelo organismo, quando são
movimentadas cargas pesadas (Couto, 1995).

Os fatores apresentados a seguir, podem ser alguns dos


responsáveis por isto:
a) Inexistência de equipamentos mecânicos, para o manuseio de cargas;
b) Trabalhadores não capacitados fisicamente, limites de peso exigidos maiores
que os suportáveis e/ou ritmo e duração do trabalho intensos;
c) Métodos não adequados de manusear as cargas;
d) Falta de trabalho em grupo (companheirismo), deixando para uns poucos todo o
peso;
e) Falta de equipamentos de proteção individual ou coletiva;
f) Falta de limpeza e/ou higiene no local, objetos espalhados, chão molhado ou
úmido, podem ser causa de insegurança.

2.3.3.4 Problemas na coluna vertebral

As lombalgias dos trabalhadores podem ser ocasionadas de forma


genérica, como uma incorreta utilização da máquina humana, na maioria das
vezes por desconhecer- se os limites da coluna vertebral (Couto, 1995).

No homem, o aparecimento das lombalgias tem estreita relação com


a profissão exercida por este. As profissões com uma grande sobrecarga física,
somada a uma postura inadequada ao realizar o esforço, expõem o trabalhador a
dores, (geralmente na zona lombar, parte baixa das costas). Este tipo de
lombalgias é devido ao trabalho de caráter ocupacional.

O manuseio e a movimentação de cargas pesadas, o trabalho


prolongado em posições inclinadas do tronco, as trepidações contínuas, são as
causas mais freqüentes do aparecimento de diferentes tipos de lombalgias
(Sicard,1973). Como conseqüência, esta doença é encontrada principalmente nos
90

trabalhadores braçais, serventes, mineiros, pedreiros, carpinteiros, agricultores e


estivadores.

As lombalgias não só afetam a saúde do próprio trabalhador como


também existem conseqüências sociais, tais como, absenteísmo, mudança de
profissão por incapacidade laboral, gastos previdenciários, dentre outros, que não
devem ser negligenciados.

Algumas lombalgias, relacionadas mais diretamente ao manuseio e


movimentação manual de cargas são apresentadas a seguir:
a) Escoliose: desvio lateral da coluna. Há dois tipos dela, a verdadeira ou
estrutural (caracterizada por ser de difícil correção e acompanhada de agressões
nas estruturas ósseas e, às vezes, de rotação das vértebras) e a funcional
(proveniente basicamente de vícios posturais);

Figura 7: Escoliose (Super interessante, 1995)

b) Cifose: acentuação da curva torácica fisiológica. Há dois tipos de


cifosis, segundo Lapièrre (1987), uma do ponto de vista fisiológico (flexível e
rígida) e outra do ponto de vista anatômico (longa e alta). Existem quatro tipos de
cifoses, que são apresentadas a seguir:
1. Flexível: caracterizada por ser reversível e não existir comprometimento dos
ossos, sendo causada, por exemplo, pela osteoporose entre as pessoas de mais
idade;
2. Rígida: provoca uma limitação progressiva, dentre os adultos, das articulações
de extensão;
3. Longa: é caracterizada por um grande arco que parte da região lombar para a
dorsal; 4. Alta: possui um arco bem curto sobre a região dorsal.

Figura 8: Cifose (Knoplich, 1982; Cailliet, 1979).

c) Hiperlordose: é basicamente uma acentuação da curvatura lombar


fisiológica. É caracterizado por uma musculatura abdominal alongada e a glútea
91

enfraquecida, razão pela qual a pélvis sofre uma basculação anterior e o


abdomem será projetado para frente.

Esta patologia é diferenciada da patologia normal ou fisiológica


chamada de Lordose (Lapièrre, 1987).

Figura 9: Lordose e hiperlordose (Knoplich, 1982; Caillet, 1979)

As patologias mais freqüentes, dentre os trabalhadores que realizam


atividades de movimentação de materiais e esforços intensos, são apresentadas a
seguir:

a)Hérnia de Virilha: esta doença é comum em trabalhadores que


realizam atividades de movimentação de cargas. Acontece quando os
trabalhadores dobram as costas em conjunto com o corpo, para levantar alguma
carga. Este esforço cria uma pressão abdominal durante o estágio inicial do
esforço. Esta pressão é percebida, devido a um aperto na região da cintura. A
tensão causada por este esforço se dirige para baixo na cavidade abdominal, e as
vísceras são empurradas contra a parede abdominal. Como conseqüência, os
pontos mais fracos sofrem rupturas (parte mais baixa da parede do abdomem,
uma de cada lado da região da virilha) (Moura, 1978).

b)Hérnia de disco: a coluna vertebral, é composta por uma série de


ossos (vértebras), separados por discos intervertebrais. Estes discos funcionam
como um amortecedor de choques, e também auxiliam na movimentação da
coluna vertebral (Moura, 1978).

Ao se carregar qualquer peso, é importante que este seja distribuído


de forma equilibrada em cada uma das vértebras e discos. Assim, se a coluna
ficar fora do centro, torna-se desconfortável. Um trabalho freqüente nestas
condições gera danos crônicos. Daí a importância de manter a coluna reta no
levantamento de cargas.
92

É desaconselhável levantar ou manusear um peso, durante um


movimento de rotação do corpo com base fixa. Nestes casos, os problemas acima
mencionados são ampliados de forma alarmante.

c)Fraturas; geralmente ocorrem por descuidos dos próprios


trabalhadores, alguns exemplos são apresentados a seguir:
1. Deixar cair cargas no pé, quando estas não são seguras de forma adequada ou
o seu peso excede os limites do trabalhador;
2. Não usar luvas, no caso de objetos cortantes;
3. Deixar uma brecha entre o operário e a bancada é a causa de muitos acidentes
(no caso de deixar cair o peso, e de tentar salvar a situação).
Casos como os mencionados anteriormente, e outros, podem levar a sérias
fraturas ou luxações dos músculos na parte inferior das costas.

d)Luxações; acontece quando a extremidade de um osso ao nível de


uma articulação se desloca. O caso mais freqüente, ocorrido nas atividades que
movimentam cargas, se dá nas costas, no momento de carregar uma carga, e
fazer uma rotação com base (pés) fixa.

As tensões desnecessárias de grupos musculares, sobretudo ao se


usarem técnicas inadequadas, provocam um cansaço maior, tornando os
músculos cansados ou fatigados, podendo provocar sérios danos aos tecidos
musculares.

e)Deformidades físicas; o emprego de técnicas inadequadas, se


traduz na adoção de posturas inadequadas, afetando as curvas da coluna
vertebral e alterando a musculatura.

As deformidades acontecem quando o trabalhador se utiliza de um


músculo padrão ao ponto de se tornar um hábito. Assim, observa-se que com o
tempo, o trabalhador adota uma postura que é característica de seu trabalho
(Moura, 1978).
93

Um exemplo claro desta situação, se observa na figura 10, onde se


vê a postura adotada por um trabalhador jovem ao carregar um peso nas costas e
a postura provocada pelo envelhecimento natural.

Figura 10: Postura de um jovem carregando uma carga e postura


natural adotada na velhice (Moura, 1978)

f)Distensão muscular; é considerada a lesão mais freqüente dentre


as ocasionadas pelo manuseio e movimentação inadequado de cargas.

Esta lesão se caracteriza, pelo movimento realizado de forma brusca


e violenta, e é acompanhada de intensa dor na movimentação. Geralmente ocorre
devido a métodos inadequados no manuseio.

2.3.3.5 Lesões por esforços repetitivos - LER's

As atividades de manuseio e movimentação de cargas manualmente


se caracterizam por uma grande repetitividade, levando o trabalhador a realizar
atividades iguais durante certo período de tempo, este é o caso observado na
construção civil (carregamento de cimento, tijolos, madeiras, etc), e outros setores
(estivadores, agricultura, etc). Esta repetitividade somada a uma força, contribuem
de forma importante para o aparecimento das Lesões por Esforços Repetitivos
(LER's).

As LER's, são lesões musculares e/ou dos tendões e/ou fáscicas


e/ou dos nervos, nos membros superiores ocasionadas pela utilização
biomecanicamente incorreta dos mesmos, que resultam em dor, fadiga, queda da
performance do trabalho, incapacidade temporária.

Conforme o caso, podem evoluir para uma síndrome dolorosa


crônica, nesta fase agravada por todos os fatores psíquicos (no trabalho ou fora
dele) capazes de reduzir o limiar de sensibilidade dolorosa do indivíduo "(Couto,
1991).
94

Os principais fatores que contribuem para o aparecimento das


Lesões por Esforços Repetitivos, segundo Couto (1991), são: força (quanto maior
a força exigida na tarefa, maior será o risco de se desenvolver LER's);
repetitividade (quanto maior o número, e freqüência dos movimentos num grupo
muscular, maior será o risco de desenvolver as lesões). No entanto, quando se
associam força e repetitividade, a probabilidade de lesões aumenta 16,6 vezes e a
probabilidade de tenossinovite aumenta 29,4 vezes. Como fator isolado, a
repetitividade é mais importante que a força na origem da síndrome do túnel do
carpo, lesão muito freqüente em atividades que requerem repetidos movimentos
das mãos (Gontijo et al, 1995).

Os fatores acima citados são os mais importantes envolvidos no


aparecimento destas lesões, entretanto pode-se citar outros que também
colaboram tais como: vibração e frio, sexo e a dupla jornada de trabalho. As
mulheres são mais predispostas a adquirir as lesões de que os homens, pelos
seguintes motivos: seus músculos e tendões possuem menor resistência, e fatores
hormonais também aceleram o aparecimento das LER's (gravidez,
anticoncepcionais e retirada de ovários).

Outros fatores que influenciam no aparecimento das LER's são: a


postura estática do corpo durante o trabalho; tensão no trabalho; desprazer
gerado por trabalho em ciclos, com pouca criatividade e autonomia; traumatismos
anteriores e atividades anteriores, assim como outros fatores de caráter
psicossocial.

2.4 Indicadores gerais de saúde:

Os indicadores gerais de saúde abordados por este estudo, visam à


obtenção de um perfil da população de trabalhadores, do ponto de vista da saúde
destes. Para um melhor entendimento dos indicadores a serem utilizados, estes
são apresentados a seguir.

2.4.1 Composição corporal


95

O excesso de gordura corporal é o que representa a obesidade, o


que, segundo Duarte (1995), tem um prejuízo considerável para a saúde.

Camargo e Veiga (1990), num estudo realizado no Ambulatório de


Nutrição do Hospital Universitário, em Cuiabá, Mato Grosso, verificaram que os
pacientes obesos atendidos apresentavam outras patologias associadas à
obesidade, principalmente hipertensão e constipação intestinal.

Segundo Coitinho (1991), estudos com a população brasileira de


adultos e idosos, indicam que 6,8 milhões são obesos, e que 27 milhões
apresentam excesso de peso. O excesso de peso corporal da população brasileira
é indicado como um sério problema de saúde coletiva no Brasil.

Os padrões mínimos de gordura essencial, para homens, situam-se


em torno de 3% e, para as mulheres entorno de 12% do peso corporal total.
Enquanto valores acima de 20%, para homens, e 30%, para mulheres, podem ser
considerados como uma quantidade de gordura excessiva (Mcardle et al, 1992).
Para a população em geral, recomenda-se níveis entre 12 e 18%, para homens, e
entre 16 e 25%, para as mulheres. Estes parâmetros são importantes, tanto para a
performance atlética, quanto para o bem- estar, sendo considerados indicadores
da saúde de uma população (Heyward, 1991).

Nieman (1990) apresenta valores padrão para a população não


atleta, baseados nos níveis de percentuais de gordura relativo ao peso corporal,
para o sexo masculino e feminino.

Tabela 1: Percentual de Gordura (Nieman, 1990)

3.4.2 Proporção Cintura-Quadril - PCQ

Além da quantidade de tecido adiposo, um importante


desenvolvimento na área da composição corporal é o estudo da distribuição da
gordura pelo corpo (Bouchard, 1988). Recentemente, estudos têm demonstrado,
que o acúmulo predominante de tecido adiposo na região abdominal, confere no
96

aumento do risco de doenças cardiovasculares e morte prematura (Larson, 1988).


Este índice é obtido através da divisão da circunferência de cintura pela
circunferência do quadril. Do ponto de vista clínico, Pauliot et al (1994), sugere
que a distribuição do tecido adiposo deve ser considerada um importante item na
avaliação para a prevenção de risco de doenças cardiovasculares.

A classificação para esta proporção é apresentada na tabela a


seguir.

Tabela 2: Fator de risco na proporção cintura-quadril (Bjorntorp,


1987).

Segundo Brownell (1994), a distribuição de gordura no corpo


caracteriza o tipo andróide (gordura localizada no abdomem), ocorrendo com
maior freqüência nos homens. Este tipo de localização central de gordura está
associado com maior morbidade e mortalidade do que aquela gordura distribuída
abaixo da cintura, principalmente localizada na região da pelvis e coxa superior,
denominada de gordura ginoide ou periférica, ocorrendo com maior freqüência nas
mulheres.

2.4.3 Índice de Massa Corporal - IMC

Uma medida utilizada para estimativa do sobrepeso é o IMC, o qual é


obtido através da divisão do peso (kg) pela altura (m). Estudos mostram que
adultos com um IMC, entre 20 e 30 são relativamente saudáveis, aqueles com
valores acima de 30 e abaixo de 20 tendem a apresentar problemas de saúde e
baixa longevidade (Edlin e Golant, 1992).

Para muitas pessoas, o IMC de 30, corresponde a um percentual


20% acima do ideal, referenciando a altura.

Gráfico 1: Risco de morte relacionado ao IMC (Edlin e Golant, 1992)

2.4.4 Fumo
97

O Brasil tem hoje cerca de 33 milhões de fumantes, o que


corresponde a 40% da população acima de 15 anos. O fumo mata entre 80.000 e
100.000 pessoas por ano no país, incapacita outras 100.000 para o trabalho,
segundo informações do Ministério da Saúde (Barboza, 1991).

O impacto do tabaco sobre a saúde tem sido amplamente


documentado (Rush, 1976; Benowitz et al, 1986; Barboza, 1991; Glantz, 1995). No
tocante à gravidez, ao câncer de pulmão, a certas doenças respiratórias e a
diversas condições cárdio e cerebrovasculares, a relação causal com o fumar já
está substancialmente comprovada (Population Reports, 1979).

2.4.5 Álcool

Segundo o Conselho Estadual de Entorpecentes do Paraná, em


1993 (Nahas, 1995), o álcool é a droga mais consumida no Brasil, e 30% das
pessoas que consomem, desenvolvem algum tipo de problema. O consumo diário
de álcool é prejudicial à saúde, afetando diferentes órgãos, podendo produzir
doenças sérias, tais como: câncer, cirrose hepática, gastrite, alterações no
sistema nervoso, dentre outras (Nahas, 1995).

Uma percentagem de 15% da população do Brasil é alcoólatra,


sendo responsável pela violência familiar. Fora deste sério problema, Nahas
(1995), cita que 60% dos operários brasileiros bebem diariamente, e, inclusive,
durante o expediente, o que se relaciona diretamente com causas de acidentes no
trabalho, já que o álcool produz efeitos colaterais, tais como, perda da
concentração, coordenação motora, dentre outras.

2.4.6 Atividade física

A atividade física é definida como qualquer movimento corporal,


produzido pelos músculos esqueléticos, que resulta em gasto energético maior
que os dos níveis de repouso (Carpenter et al, 1985).
98

Os exercícios físicos, postura corporal, junto com a participação da


ergonomia, podem funcionar como um excelente meio de prevenir e impedir
muitos problemas lombares. Assim, é observado que indivíduos mais fracos
necessitam de maior esforço físico para realizarem determinadas tarefas, ficando
mais expostos a lesões (Achour, 1995). Hunter apud Achour (1995), enfatiza que
indivíduos que tenham bom condicionamento físico, têm menos incidência de dor
na coluna, e mesmo quando esta aparece a sua duração é menor, comparado
com indivíduos que apresentam um estilo de vida sedentário, que se traduz
naturalmente por um pior condicionamento físico.

Para Troup (1979), um programa de exercício físico poderá contribuir


para amenizar a carga no trabalho, evitando a adoção de posturas inadequadas, e
proteger de alguns perigos do trabalho manual.

Como mencionado anteriormente, a atividade física ocupa um lugar


importante na prevenção de algumas doenças. No caso de atividades nas quais
não existe uma preocupação com atividade física, e são requeridos esforços
físicos intensos, como é o caso da construção civil, uma atividade física no lazer
serve como auxilio, e funciona, de certa forma, como um preventivo no
aparecimento de doenças (Achour, 1995).

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