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Objetivos da Unidade:
ʪ Contextualização
ʪ Material Teórico
ʪ Material Complementar
ʪ Referências
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ʪ Contextualização
Certos modos de ver o mundo implicam crer que as experiências passadas ou são longínquas
e desimportantes ou tiveram apenas um contorno ou constituição. Se nos deixarmos
in uenciar por essa visão da história, a maneira de nos relacionarmos com o presente se
desvinculará do tempo e parecerá unidimensional. Contudo, se olharmos a questão de outras
maneiras, tendo a crítica como vetor, perceberemos as inúmeras conexões entre o passado e
o presente, e abriremos campo para identi car uma série de matrizes epistemológicas que
foram ofuscadas ao longo do processo histórico. Lidar com o tempo assim possibilita
repensar o passado, agir no presente e mudar o futuro.
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ʪ Material Teórico
Introdução
Nossa disciplina se chama História da Educação, por isso faz sentido que tanto “história”
quanto “educação” sejam de nidos. Mas, antes mesmo de começar a dar de nições, aparece
um problema fundamental: será possível de nir, de maneira inequívoca, o que é história e,
principalmente, educação? Em que medida as de nições e os conceitos são su cientes para
organizar os objetos de estudo? E se as unidades se formarem com noções múltiplas e
mutáveis, em vez de de nições absolutas e atemporais?
Como se vê, os desa os são grandes e complexos, mesmo que as questões aparentemente não
sejam. Contudo, isso não signi ca um estado de paralisia: essa amplitude conceitual é uma
boa forma de abrir os caminhos de estudos, porque permite uma aproximação diversa e em
constante possibilidade de transformação.
Conceitos de História
São muitas as linhas teóricas. Vejamos algumas delas, começando pela conceituação de
história.
“Todo ser humano tem consciência do passado (de nido como o período
- HOBSBAWM, 2013, p. 17
Para o historiador Eric Hobsbawm, os problemas da história, ou seja, de seu foco de trabalho,
são vinculados ao “sentido de passado”. É interessante notar que a re exão do autor passa
por compreender o passado como uma experiência que solicita da consciência humana uma
produção de sentido. Desse modo, a história não se dá como alguma coisa xa e perene; ao
contrário, ela é construída constantemente na medida em que as pessoas se relacionam com o
passado e dimensionam esse tempo pregresso. Hobsbawm chama a atenção não só para essa
signi cação a posteriori, mas também para o fato de que a sociabilidade humana se forja em
diálogo com seu próprio passado, ou seja, se faz na medida em que conhece sua própria
história. Com base nessas pontuações de Hobsbawm, é possível perceber que a história se
realiza pela dinâmica humana de olhar para as próprias experiências e, ao mesmo tempo, pela
constante produção semântica sobre esse material, tendo em vista que o que se vive hoje não
é destacado dos sentidos do que se viveu ontem.
Figura 1 – Hot Spot (stand), instalação de Mona Hatoum
Fonte: wikiart.org
Agora, para abordar as questões conceituais sobre a história por outro ângulo, leiamos as
seguintes linhas.
Conceitos de Educação
Para começar as re exões sobre a educação, leiamos estas observações de Demerval Saviani:
“[...] o homem não se faz homem naturalmente; ele não nasce sabendo ser
homem, vale dizer, ele não nasce sabendo sentir, pensar, avaliar, agir. Para saber
pensar e sentir; para saber querer, agir ou avaliar é preciso aprender, o que
implica o trabalho educativo. Assim, o saber que diretamente interessa à
educação é aquele que emerge como resultado do processo de aprendizagem,
como resultado do trabalho educativo. Entretanto, para chegar a esse resultado a
educação tem que partir, tem que tomar como referência, como matéria-prima
de sua atividade, o saber objetivo produzido historicamente.”
Tendo em vista o seu vínculo sistêmico, a educação no atual estágio da sociedade pode ser
pensada no seguinte sentido:
Luiz Alberto Gomes, ao desenvolver as ideias do teórico alemão Theodor Adorno, salienta a
capacidade de dominação das forças capitalistas em ambientes que aparentam neutralidade,
como é o caso da educação. Desse modo, os processos de aprendizagem não estão imunes às
diretrizes sistêmicas, haja vista que a hegemonia do sistema não se faz apenas por sua
conformação econômica – seu processo de dominação é mais complexo e se enraíza nas mais
variadas atividades humanas, incluindo a educação.
“Quanto mais crítico e engajado, mais rigoroso com relação à verdade tem de ser
o investigador, o que não signi ca que sua análise alcance um per l acabado ou
de nitivo da realidade social, entre outras razões, pelo fato mesmo de que esta,
para ser, tem de estar sendo. Esta atitude vigilante caracteriza o investigador
crítico, o que não se satisfaz com as aparências enganosas. Ele sabe muito bem
que o conhecimento não é algo dado e acabado, mas um processo social que
demanda a ação transformadora dos seres humanos sobre o mundo. Por isto
mesmo não pode aceitar que o ato de conhecer se esgote na simples narração da
realidade nem tampouco, o que seria pior, na decretação de que o que está sendo
deve ser o que deve ser. Pelo contrário, quer transformar a realidade para que o
que agora está acontecendo de certa maneira passe a ocorrer de forma diferente.”
Paulo Freire destaca a importância da educação e de quem trabalha nesse campo tão
importante para os processos de transformação social. A transformação, para o autor, é uma
ação fundamental para que a sociedade mude seus rumos, para que novas formas de relação e
produção da vida possam se estabelecer, com parâmetros mais justos. E para que tal horizonte
se aproxime, Freire acredita que a educação tem um papel fundamental por meio da crítica,
que sua ação no mundo pode ser a de transformar os seres humanos e as formas sociais, para
que o futuro possa ser uma palavra conjugada em outras direções que não as que estão aí.
Figura 2 – Sobre olhar ao inverso, de Alberto Pereira
Fonte: wikiart.org
Para Sócrates, a sabedoria começa com o reconhecimento da própria ignorância, daí a famosa
frase: “Só sei que nada sei”.
Sócrates não deixou nenhuma obra escrita. Em grande parte, sua loso a foi transmitida por
Platão, seu amigo e discípulo. Sócrates acreditava que, para chegar ao conhecimento, é
necessário de nir rigorosamente os conceitos. Exemplo: para compreender o enunciado
“Diante dos atos de coragem”, é preciso descobrir o que é coragem, isto é, a de nição do
conceito, pois só então se compreende seu signi cado. Para ele, a educação deveria estar
voltada para a vida moral; o diálogo; a capacidade de pensar; a análise do conteúdo.
Já Platão acreditava que a educação não serviria apenas para se alcançar o conhecimento de
fora para dentro, mas também para despertar, no indivíduo, o que ele já sabia.
A Educação Romana
A história de Roma pode ser dividida em três períodos políticos:
Realeza
Desenvolvimento do comércio;
De 509 a 27 a. C.
República
O enriquecimento da plebe;
Império
Decadência do Império.
Comunidades tribais
Sociedades diferentes das ocidentais, mas não inferiores;
Saiba Mais
A escrita surge como uma necessidade da administração dos negócios,
à medida que as atividades se tornam mais complexas. As
transformações técnicas e o aparecimento das cidades em decorrência
da produção excedente e da comercialização alteraram as relações
humanas e o modo de sua sociabilidade. Com o tempo, enquanto nas
tribos a organização social era homogênea, indivisa, foram criadas
hierarquias devido a privilégios de classes, e no trabalho apareceram
formas de servidão e escravismo; as terras de uso comum passaram a
ser administradas pelo Estado, instituição criada para legitimar o
novo regime de propriedade; a mulher, que na tribo desempenhava
destacado papel social, cou restrita ao lar, submetida a rigoroso
controle da delidade, a m de se garantir a herança apenas para os
lhos legítimos.
Egito
Uma das mais antigas civilizações orientais;
Protagonismo dos escribas, que eram responsáveis por ler e copiar os textos
religiosos e registrar transações comerciais (dada a complexidade, a formação era
longa e minuciosa).
Índia
Civilização desenvolvida a partir dos anos 2000 a.C. às margens dos rios Ganges e
Indo;
Educação era gerida, em geral, por mestres que transmitiam “os textos sagrados
dos Vedas e dos Upanishads” (ARANHA, 2012, p. 58);
As aulas ocorriam em geral ao livre, embaixo de árvores e mediante a iniciativa
privada;
China
Sociedade estabelecida desde a metade do segundo milênio a.C.;
O I Ching (Livro das Mutações) é uma das mais antigas referências chinesas;
“Lao Tsé fundou o taoísmo a partir da noção do Tao (que originalmente signi ca
‘O Caminho’) e dos princípios opostos yin e yang, de complexa simbologia. Mais
do que opostos, representam a união dos contrastes, um todo de duas metades, a
harmonia que forma o Universo” (ARANHA, 2012, p. 59);
O ensino superior era acessado por meio de rigorosos exames e legado às classes
dirigentes;
ʪ Material Complementar
Vídeos
Leitura
ACESSE
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ʪ Referências
FREIRE, P. Conscientização e Libertação: Uma Conversa com Paulo Freire. In: Ação Cultural
para a Liberdade e Outros Escritos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2003.
GOMES, L. R. Teoria Crítica e Educação Política em Theodor Adorno. Revista HISTEDBR On-
line, Campinas, n. 39, p. 286-296, set. 2010.
HOBSBAWM, E. Sobre História. Tradução: Cid Knipel Moreira. São Paulo: Companhia das
Letras, 2013.
MARX, K.; ENGELS, F. A Ideologia Alemã. Supervisão editorial: Leandro Konder. Tradução:
Rubens Enderle, Nélio Schneider, Luciano Cavini Martorano. São Paulo: Boitempo, 2007.