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Aluno: André Luiz dos Santos

RESENHA CRÍTICA: CONTRATO DIDÁTICO E TRASPOSIÇÃO DIDÁTICA

1. Contrato Didático

O modelo denominado por Guy Brousseau como Contrato Didático (CD), tem como
premissa principal que o professor tem o dever de ensinar e os alunos o dever de aprender.
Desta forma, há a existência de responsabilidades que regem ambas as partes, que se traduzem
em regras, acordos e comportamentos recíprocos entre o professor e os alunos no
desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem (BROUSSEAU, 1986).

As “obrigações” estabelecidas na relação entre aluno e professor, dentro de um processo


de aprendizagem, podem ser comparadas a cláusulas de um contrato. Porém, Brousseau (1986)
ressalta que tais condições devem ser trabalhadas de maneira implícita, sendo reveladas
somente quando forem transgredidas.

Neste sentido, a função do professor tem de ser extremamente planejada, especialmente


pelo falo de que não se pode ser ensinado tudo, pois grande parte do processo de ensino e
aprendizagem dependerá do desenvolvimento individual de cada aluno perante o que foi
proposto. Desta forma, os estudantes irão aprender à medida em que buscarem resolver algum
determinado problema, o que ressalta que a dinâmica do CD, ou pelo menos parte dela, deve
agir de maneira implícita.

Diante do que foi posto, entende-se que se o professor, no início do processo de ensino
e aprendizagem, disser tudo que pretende dos alunos estará dificultando a possibilidade de os
estudantes construírem suas próprias resoluções e conclusões. Desta forma, pode-se entender o
CD como as regras de um jogo, onde o papel do professor é conduzir os alunos, os colocando
diante de situações que objetivem um desenvolvimento significante do processo de ensino e
aprendizagem.

Portanto, percebe-se que um CD é estabelecido em uma sala de aula partindo da relação


tripla entre o professor, os alunos e o processo de ensino e aprendizagem. Diante dos vários
modelos de CD apresentados por Brousseau (2008), é possível ressaltar que as circunstâncias
de um CD envolvem diversas situações regidas pela relação tripla professor-aluno-processo de
ensino e aprendizagem, o que por sua vez traduz que as possibilidades de contratos serem
praticamente ilimitadas devido a imensa variedade de situações-problemas que serão
enfrentadas, tanto pelos alunos, como também pelo professor.
2. Transposição Didática

O instrumento denominado como Transposição Didática (TD) é a transformação


do conhecimento científico em conhecimento escolas, para que possa assim ser
ensinado pelos professores e aprendido pelos alunos (MENEZES, 2001). Neste sentido,
o processo de TD significa averiguar, selecionar e relacionar o conhecimento científico
o tornando algo de valor no processo de ensino, sempre se adequando as possibilidades
das diferentes realidades dos estudantes.
Introduzido pelo sociólogo Michel Verret e ressaltado por Yves Chevallard, o
conceito de TD é traduzido no processo de construir um objeto de ensino e o transformar
em um objeto do saber escolar, ou seja, é a transformação do saber científico em um
saber que possa ser entendível e assimilado pelos alunos em sala de aula.
De acordo com Chevallard (1991), a TD pode ser compreendida como um
processo no qual o “saber original”, fruto do conhecimento científico, sofre algumas
transformações visando uma adaptação que irão lhe tornar um “novo saber” que será
apropriado para estar entre os conteúdos de estudos em uma sala de aula. Neste cenário,
a “distância” entre o “saber original” e o “novo saber” não representa uma hierarquia de
importância ou validade de saberes, mas sim uma consequência do fato de que os
funcionamentos didáticos deles são distintos, logo, para que um determinando
conhecimento seja ensinado em uma sala de aula, ele deve passar por algumas
transformações, pois o “saber original” não foi criado com a finalidade de ser ensinado.
Porém, é importante ressaltar que esta transformação a qual o saber é
condicionado, a fim de simplifica-lo, não deve fazer perder-se o foco do conteúdo,
provocando assim erros de conceitos e informações incorretas. Logo, a TD se apresenta
como um grande desafio aos professores, pois o fato de transformar teorias complexas
em algo que podem ser assimilados pelos alunos com mais facilidade, sem perder suas
propriedades e características principais, é algo extremamente delicado. Desta forma,
pode-se dizer que a TD possuí papel fundamental como elemento operante no processo
de ensino e aprendizagem, no entanto, muitos desafios ainda precisam ser superados
para que este método possa ser visto mais constantemente dentro das escolas.
3. Referências

BROUSSEAU, G. Fondements et Méthodes de la Didactique des Mathématiques.


Recherches em Didactique des Mathématiques, Grenoble, v. 7, n. 2, p. 33-116, 1986.

BROUSSEAU, G. Introdução ao estudo das situações didáticas: conteúdos e métodos de


ensino. São Paulo: Ática, 2008.

CHEVALLARD, Y. La Transposición Didáctica: del saber sabio al saber enseñado. La


Pensée Sauvage, Argentina, 1991.

MENEZES, E. T. Dicionário Interativo da Educação Brasileira – EducaBrasil. São Paulo:


Midiamix Editora, 2001. Disponível em: https://educabrasil.com.br/transposicao-didatica/.
Acesso em: 30 set. 2022.

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